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EXCELENTÍSSIMO(A) SR(A). DR(A).

JUIZ(A) DE DIREITO DO PLANTÃO


CRIMINAL DA COMARCA DE FORTALEZA - CEARÁ

URGENTE - COVID 19 - RESOLUÇÃO nº 62 DO CONSELHO NACIONAL DE


JUSTIÇA - CNJ

O ACUSADO É HIPOSSUFICIÊNTE E POR ESTE MOTIVO NÃO TEM COMO


ARCAR COM O PAGAMENTO DE FIANÇA.

PROCESSO Nº 0266511-19.2021.8.06.0001

RICARDO SOUSA DA SILVA, já devidamente qualificado, vem à presença de


V. Exa. expor e requerer o que adiante se segue:

Trata-se de auto de prisão em flagrante pela suposta prática do crime de previsto


no art. 5 e 7 da Lei nº 11.340/2006.

No tocante ao Auto de prisão em flagrante, a bem da verdade, não se constata vício


que impeça sua homologação.

No entanto, no que toca às condições pessoais do Autuado, há de se levar em conta


que o mesmo não se dedica a atividades criminosas, bem como o fato ocorrido se trata
de uma eventualidade, sendo o acusado portador de BONS ANTECEDENTES, BOA
CONDUTA SOCIAL, PRIMÁRIO, conforme se pode constatar em fls. Nº 31 deste
inquérito policial.

Ressalta-se que o senhor Ricardo fora inicialmente agredido conforme seu


próprio depoimento, restando claro que não existiu a prática material do referido
crime em questão imputado ao senhor Ricardo, assim o mesmo não merece
prosperar pois de fato o acusado não deu motivo ao fato.

No mais, o senhor Ricardo tem RESIDÊNCIA FIXA, sendo o endereço:


TRAVESSA SANTA ISABEL, nº 140, CURIÓ, FORTALEZA/CE.

Assim, observando as características da prisão, resta claro que as


circunstâncias ora mencionada demonstram que o requerente é um simples cidadão,
que está tendo a infelicidade de ser acusado do referido crime. Portanto, fazendo jus
a liberdade provisória do acusado, levando em consideração o não uso de violência ou
grave ameaça como já dito diante da acusação que lhe é feita, bem como suas condições
pessoais, o que se torna exagerado e sem fundamento o seu cárcere preventivo.

No mais, se trata de uma pessoa digna, como já dito, e que se encontra em boas
condições frente a sociedade, conforme supramencionado, haja vista seu real objetivo,
ficando óbvio que por uma infelicidade está sendo acusado do referido crime.
Logo, conforme características pessoais do acusado, percebe-se que o mesmo
não se dedica a atividade criminosa, motivo esse que por si só não seria cabível
mantê-lo preso, juntamente com criminosos contumaz, pois, como se sabe, seria
instigar o requerente para entrar no mundo do crime. Portanto, sendo o mais
adequado a liberdade provisória, mesmo que com o cumprimento de medidas
cautelares diversas da prisão, EXCETO O MONITORAMENTO ELETRÔNICO,
TENDO EM VISTO O ALTO RISCO DE PRECONCEITO PARA COM PESSOAS
NESSA SITUAÇÃO e tendo em vista tratar-se de pessoa cidadã.

Por fim, não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução
criminal e, tampouco, risco a ordem econômica, conforme supramencionado, razão pela
qual, repita-se, a ordem pública não se encontra ameaçada, bem como, o Autuado em
liberdade em nada irá dificultar a instrução penal.

No mais, leva-se em consideração que a nossa atual situação em consequência da


pandemia do COVID-19, conforme recomendação nº 62 do CNJ, fica clara a real
desnecessidade do cárcere de Ricardo Sousa, conforme supramencionado.

DA JURISPRUDÊNCIA

Em casos análogos/idênticos, relacionado a mero usurário de drogas, a


jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará já se manifestou, vejamos:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO. ROUBO MAJORADO E


RECEPTAÇÃO. ART. 157, § 2.º, INC. II, C/C ART. 70, E ART. 180, C/C ART. 69,
TODOS DO CÓDIGO PENAL. RECURSO DEFENSIVO. DOSIMETRIA.
PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA-BASE EM RELAÇÃO AO DELITO DE
ROUBO MAJORADO. REANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
POSSIBILIDADE. RECONHECIDO O EQUÍVOCO NA CONSIDERAÇÃO DE
ASPECTOS CONTRÁRIOS À JURISPRUDÊNCIA PÁTRIA. APLICAÇÃO DA
SÚMULA 444, DO STJ. BASILAR FIXADA NO MÍNIMO LEGAL PARA AMBOS
OS APELANTES. 2. PLEITO DE COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DA
CONFISSÃO ESPONTÂNEA E DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA PARA O
RÉU PEDRO LUCAS GOES. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 3.
MANUTENÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA NO
FECHADO PARA PEDRO LUCAS GOES, COM A MODIFICAÇÃO DO
REGIME INICIAL PARA O SEMIABERTO EM FAVOR DO RÉU
DEUZENILTON COSTA EVANGELISTA. INTELIGÊNCIA DO ART. 33, §§ 2.º
E 3.º, DO CP. 4. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. ACÓRDÃO Vistos,
relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal nº 0106305-36.2018.8.06.0001,
em que interposta apelação por Pedro Lucas Goes e Deuzenilton Costa Evangelista contra
sentença exarada pelo Juízo da 4ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, pela qual
restaram condenados pelos crimes previstos no art. 157, § 2.º, inc. II (duas vezes) c/c art.
70, e art. 180, caput, todos do Código Penal, em concurso material de delitos. ACORDAM
os Desembargadores integrantes da 2ª Câmara Criminal deste Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará, por unanimidade de votos, em CONHECER do recurso e
DAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do voto do eminente Relator. Fortaleza, 02 de
dezembro de 2020. Desa Francisca Adelineide Viana Presidente do Órgão Julgador Des.
Antônio Pádua Silva Relator

(Relator (a): ANTONIO PADUA SILVA; Comarca: Fortaleza; Órgão julgador: 4ª Vara
Criminal; Data do julgamento: 02/12/2020; Data de registro: 02/12/2020)

PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. RECEPTAÇÃO E


ROUBO MAJORADO. ART. 180 E ART. 157, § 2.º, INCISO II, C/C ART. 69,
TODOS DO CPB. RECURSO DEFENSIVO. DELITO DE RECEPTAÇÃO.
PLEITO DE RECONHECIMENTO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DA
ACUSADA PELA PRESCRIÇÃO. ACOLHIMENTO. PENA DEFINITIVA
FIXADA EM 1 (UM) ANO DE RECLUSÃO. TRÂNSITO EM JULGADO PARA
A ACUSAÇÃO. MENOR DE 21 (VINTE E UM) ANOS DE IDADE NA ÉPOCA
DO FATO. TRANSCURSO DE MAIS DE 2 (DOIS) ANOS DESDE A
PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA. ART. 107, INC. IV, PRIMEIRA FIGURA, ART.
109, INC. V, ART. 115, PRIMEIRA PARTE, E ART. 119, TODOS DO CPB, C/C
ART. 61, DO CPP. TESES ABSOLUTÓRIA E DE DESCLASSIFICAÇÃO
PREJUDICADAS. 2. DELITO DE ROUBO MAJORADO. PEDIDO DE
APLICAÇÃO DO CONCURSO FORMAL PRÓPRIO. OFENSA A DOIS
PATRIMÔNIOS DISTINTOS DURANTE A MESMA AÇÃO. APLICAÇÃO DA
FRAÇÃO DE AUMENTO DE 1/6 (UM SEXTO) DE ACORDO COM O NÚMERO
DE CRIMES PRATICADOS (DOIS). REDIMENSIONAMENTO DA PENA. 3.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos
os presentes autos da apelação nº 0063615-94.2015.8.06.0001, em que interposta
apelação por Francisca Wanderlane da Silva Machado, contra sentença exarada pelo Juízo
da 10ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, pela qual restou condenada pelos crimes
previstos no art. 157, § 2.º, inc. II, c/c art. 69 e art. 180, todos do Código Penal.
ACORDAM os Desembargadores integrantes da 2ª Câmara Criminal deste Tribunal de
Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade de votos, em CONHECER do recursos para
DAR-LHE PROVIMENTO, tudo nos termos do voto do eminente Relator. Fortaleza, 11
de novembro de 2020. Desa. Francisca Adelineide
Viana Presidente do Órgão Julgador Des. Antônio Pádua Silva Relator

(Relator (a): ANTONIO PADUA SILVA; Comarca: Fortaleza; Órgão julgador: 10ª
Vara Criminal; Data do julgamento: 11/11/2020; Data de registro: 11/11/2020)

Quanto ao periculum libertatis, não se constata no presente APF e, nesse


entendimento é a Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, vejamos:

HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ART. 33, CAPUT, DA LEI


N.º 11.343/2006, E ART. 329, DO CÓDIGO PENAL. PRISÃO PREVENTIVA.
TESES DE CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DO
DECRETO PRISIONAL E DE AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
AUTORIZADORES DA PRISÃO PREVENTIVA. CABIMENTO. PERICULUM
LIBERTATIS NÃO EVIDENCIADO. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
RELEVÂNCIA DAS CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. APLICAÇÃO DE
MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. ORDEM CONHECIDA E
CONCEDIDA. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus
nº 0624837- 33.2020.8.06.0000, impetrado por Kilviane Alexandre Santos Silva em favor
de Denis Erculano dos Santos, contra ato do Exmo. Senhor Juiz de Direito da Vara Única
da Comarca de Icapuí. ACORDAM os desembargadores integrantes da 2ª Câmara
Criminal deste Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade de votos, em
conhecer do writ e dar-lhe provimento, nos termos do voto do eminente Relator.
Fortaleza, 06 de maio de 2020. Desa. Francisca Adelineide Viana Presidente do Órgão
Julgador Des. Antônio Pádua Silva Relator

(Relator (a): ANTONIO PADUA SILVA; Comarca: Icapuí; Órgão julgador: Vara Única
da Comarca de Icapuí; Data do julgamento: 06/05/2020; Data de registro: 06/05/2020)

A prisão cautelar é medida excepcional e deve ser decretada apenas quando


devidamente amparada pelos requisitos legais previstos na legislação de regência, em
observância ao princípio constitucional da presunção de inocência ou da não
culpabilidade, sob pena de antecipar a reprimenda a ser cumprida quando da condenação
definitiva.

Juízo valorativo sobre a gravidade genérica do crime imputado aos pacientes não
constitui fundamentação idônea a autorizar a prisão cautelar, se desvinculados de qualquer
fator concreto ensejador da configuração dos requisitos do art. 312 do CPP.

Há de se entender que a prisão do Acusado em nada irá contribuir para a


elucidação dos fatos, e sim causar-lhe grande mal, condenando-a antecipadamente ao
desemprego e submetendo-o ao risco da desagregação social e familiar, pois o cárcere em
nosso país, como comprovado cientificamente, é a fábrica de marginais e bandidos.

Requer o NÃO arbitramento de fiança, haja vista ser pessoa pobre na


acepção jurídica, não podendo arcar com custas processuais ou extraprocessuais
sem que comprometa a renda da sua família.

Em relação a MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO,


REQUER A NÃO IMPOSIÇÃO DO MONITORAMENTO ELETRÔNICO,
TENDO EM VISTA A EXISTÊNCIA DE PRECONCEITO NO MEIO DE
TRABALHO, E TAL SITUAÇÃO SE TORNARIA UM ENORME EMPECILHO
PARA A VIDA PROFISSIONAL DO SENHOR RICARDO, MOTIVO ESSE QUE,
REITERANDO, REQUER A NÃO IMPOSIÇÃO DO TORNOZELAMENTO
ELETRÔNICO, POIS O MESMO NÃO OFERECE RISCO A INSTRUÇÂO
PROCESSUAL.

Ademais, é perfeitamente cabível OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES


diversas da prisão.

Desta feita, requer seja oportunizado o Autuado responder o processo em


liberdade, mediante medidas cautelares diversas da prisão, haja vista ser a prisão a
ÚLTIMA RATIO.
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Fortaleza/CE – 25 de Setembro de 2021

NELSON FERNANDES ROCHA


OAB-CE nº 29.851

FRANCISCO MATHEUS BARROS SANTOS


OAB-CE nº 7075-E

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