Você está na página 1de 4

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NO CONTEXTO DAS NOVAS

TECNOLOGIAS DIGITAIS: MUDANÇAS E DESAFIOS –

A realidade mudando rotas na educação

Rosemaire Alves Pinto dos Santos – Instituto Federal do Espírito Santo

Mara Cota Morais – Instituto Federal do Espírito Santo

INTRODUÇÃO

A transformação que está ocorrendo na sociedade nos últimos tempos, com certeza será um
marco histórico conforme Assolini (2016, p. 1), já previu, “a evolução tecnológica na sociedade
contemporânea pode ser considerada a terceira grande transformação global na história da
humanidade, após a neolítica e industrial”, todos os espaços o que vemos ocorrer é a adaptação aos
aparelhos e ferramentas que estão neles embutidas para a interação com o mundo em lugares e tempos
diversos.
No que tange a apreensão da leitura e da escrita temos muitos desafios, mas exige do professor
uma sabedoria que nos moldes tradicionais não acontecia. Estamos atualmente imersos nos conteúdos
digitais, as redes sociais, o acesso a informação, bibliotecas virtuais, plataformas com hipermídias de
ensino, e o que faz a diferença é a habilidade para explorar a favor da aprendizagem.
Devido a dinâmica da Pandemia do Coronavírus, muitos professores que ainda não sabiam
usar os aparelhos tecnológicos, tiveram que a passos largos encarar o desafio, escolas que proibiam
celulares dentro do seu espaço físico, tiveram que recorrer a eles para seu uso como ferramenta na
hora de lançar as atividades, era o instrumento que a maioria dos estudantes tinham, ou a família, o
ensino não podia parar, o aluno tinha que estabelecer vínculo com a escola, ocupar o tempo dos
discentes também estabelecia uma forma salutar no equilíbrio mental, o Whatsapp era o aplicativo
mais funcional em se tratando de uma abordagem mais ampla, quase todos os discentes o tinham no
seu aparelho, as atividades portanto eram enviadas em arquivo para o seu desenvolvimento.
Professores fazendo vídeos, ou usando os tutoriais do Youtube, como forma de minimizar os
problemas de aprendizagem na explicação de conteúdo foi o que ocorreu aqui na região sul do Espírito
Santo, mais precisamente em Mimoso do Sul. Veja o que Lévy (1998, p. 17) fala:

A mediação digital remodela certas atividades cognitivas fundamentais que envolvem a


linguagem, a sensibilidade, o conhecimento e a imaginação inventiva. A escrita, a leitura, a
escuta, o jogo e a composição musical, a visão e a elaboração das imagens, a concepção, a
perícia, o ensino e o aprendizado, reestruturados por dispositivos técnicos inéditos, estão
ingressando em novas configurações sociais.

Estamos numa transformação acelerada na dinâmica de comunicação, que a criatividade pode


ser explorada com várias formas de escrita e leitura dentro de um texto nos moldes digitais, a
conectividade caminha na rede, temos que repensar nossas práticas e quebrar as amarras do
conhecimento de forma engessada.

Transformações docentes para o Ensino Básico

O uso das tecnologias digitais pelo docente está em plena transformação, e os recursos das
mídias sociais mais populares devem ser um suporte para aproximar alunos e professores, essa
interação com a realidade usando Whatsapp, Twitter, Facebook, Tik Tok, Blog, Meet, Youtube e
outros mais tem que estar presentes em planejamentos das aulas ainda mais na atual conjuntura de
aulas online e presencial no Ensino Básico que está ocorrendo desde o ano de 2020 até agora junho
de 2021. O espaço de ensino está se reestruturando para abarcar uma nova forma de ensinar e aprender,
filtrar informações, fazer a curadoria tem que ser hábito de alunos e professores, dar referências de
autores, pois nem tudo que está na Internet é público, saber o que postar e como postar, usar sites
confiáveis com base cientificamente comprovada.

A Internet construiu uma escola sem muros, onde basta o aluno ser bem orientado que ele
proativamente constrói o seu conhecimento de acordo com suas preferências. Segundo Ferreiro e
Teberosky ( 1999, p. 165) “ [...] contabilizar todos os atos de leitura que um adulto efetua e aos quais
a criança assiste [...] lê sobre diferentes suportes materiais [...] mas qualquer que seja o portador do
texto ou a situação, todos eles são atos de leitura[...]”, neste processo vão construindo saberes, mal
sabia elas que essa leitura dos espaços iam se transformar em uma fronteira ilimitada com o uso das
ferramentas tecnológicas onde ficaram muito mais visíveis a dinâmica social do ato de ler e escrever,
o professor como mediador expõe as bases que ele deseja dentro dos descritores estudados e pode
lançar mão de plataformas como rede social, blogs, vídeos, áudios, sites com hipertextos, aplicativos
de reforço de conteúdos etc.

A nossa Base Nacional Comum Curricular – BNCC – (2017), nas suas competências
específicas, reforça o uso das tecnologias como elemento fundamental na construção integral do
indivíduo que no cenário pandêmico se tornou a base educacional, do quadro e giz as telas digitais,
com reuniões, aulas, vídeos, sites instrucionais e outros, não esquecendo das formações continuadas
aos professores que cada vez mais intensificam o uso das tecnologias.
Realidade Educacional local

A realidade educacional hoje na cidade de Mimoso do Sul está voltada em uma educação
engajada, com busca ativa, procurando diminuir números de evasão, haja vista a crescente nota do
IDEB – Índice de Desenvolvimento na Educação Básica – e querendo que isso se perpetue até chegar
à excelência, mesmo neste período pandêmico. O aplicativo que se tornou eficaz para uma
comunicação entre escola e alunos foi o Whatsapp, por ser bem popular, onde professores e alunos
estão conectados a todo momento, as atividades são lançadas em arquivos com orientações sobre
encontros síncronos e assíncronos, links para serem acessados, atividades a serem feitas em livros ou
no arquivo enviado.

Não podemos, portanto, deixar de demonstrar que a forma presencial é essencial para
apreensão de conteúdos nas séries inicias, dada a devida importância de um professor no seu
acompanhamento individual e persistente aos alunos com dificuldades de leitura e escrita, onde o
docente fica em vigilância, reformulando e reavaliando o aprendizado. Este ensino híbrido está
proporcionando uma evolução na descoberta de aplicativos voltados inclusive para a leitura e a escrita,
como reforço aos conteúdos trabalhados, essa dinâmica de fazer revezamento para o distanciamento
de forma preventiva ao Coronavírus, de acordo com o tamanho da sala, oportunizou ao professor um
acompanhamento mais individualizado e criterioso aos alunos com déficit de aprendizagem,
conforme já havia falado Freire (2011,p. 137), “ nestas relações com a realidade e na realidade, trava
o homem uma relação específica – de sujeito para objeto – de que resulta o conhecimento , que
expressa a linguagem “ , mostrando mais uma vez que a quantidade de aluno em sala de aula em
séries iniciais deve ser reduzida para melhor apreensão de conteúdo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As mudanças trazidas pela cibercultura com relação a comunicação nos espaços de ensino
remodelam as habilidades cognitivas de apreensão do conhecimento, e as mudanças evoluíram muito
após a pandemia do Coronavírus. A necessidade de aplicar novas metodologias para absorção de
conteúdos vieram através das tecnologias digitais, as ferramentas usadas foram ínfimas na busca ao
atendimento do aluno, onde a presença do professor foi reduzida aos aparelhos celulares em um
primeiro momento e agora voltando em forma de revezamento conforme espaço físico da escola pode
atender diante do tamanho da sala, estabelecida pela Secretaria de Saúde do Estado, a escola nunca
mais será a mesma.

Professores e alunos em processo de aprendizagem constante, os muros da escola não existem


mais dentro desse contexto interacional, cabe agora a mediação, descobertas para um ensino mais
volumoso e menos chato, atendendo as gerações que nasceram nessa era digital. Até as escolas mais
interioranas como as de Mimoso do Sul no Espírito Santo, conseguiram manter o vínculo de alunos
durante a quarentena, só onde não havia sinal de telefone não houve conectividade, pois a maioria da
população tem um dispositivo móvel em casa.

REFERÊNCIAS.

ASSOLINI, Elaine. Linguagem e Tecnologia: Implicações práticas no contexto escolar. Revista


Revide. Nov. 2016. Disponível em: https://WWW.revide.com.br/blog/elaine-assolini/linguagem-e-
tecnologia-implicações/. Acesso em: 20 jun. 2021.

LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. São Paulo. Edições Loyola, 1998.

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Tradução Diana Myriam
Lichtenstein, Liana Di Marco e Mário Corso. Porto Alegre: Artmed, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

Você também pode gostar