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DECISÃO DA COMISSÃO
de 23 de Dezembro de 1992
(93/49/ CEE)
A COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 97,6 mil milhões de dólares dos Estados Unidos.
No mesmo ano, o grupo Ford situava-se na quinta
Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade posição no mercado comunitário de veículos de
Económica Europeia, passageiros, com uma parte de mercado de
11,6% .
Tendo em conta o Regulamento n? 17 do Conselho, de
6 de Fevereiro de 1962, primeiro regulamento de execu (3) Em 1990, a VW foi o principal construtor de veí
ção dos artigos 85? e 86? do Tratado (l), com a última culos automóveis na CEE, com 15,5% do mer
redacção que lhe foi dada pelo Acto de Adesão de Espa cado, o que representa vendas de 2 049 000 unida
nha e de Portugal, e, nomeadamente, os seus artigos 6? e des. No mesmo ano, o seu volume de negócios foi
8?, de 65,3 mil milhões de marcos alemães.
Tendo em conta a notificação de um acordo relativo a
veículos para fins múltiplos concluído em 4 de Fevereiro (4) A Ford e a VW cooperavam já no âmbito de uma
de 1991 pela Ford of Europe Inc., Brentwood, Reino empresa comum situada na América do Sul (Auto
Unido, e pela Volkswagen AG, Wolfsburg, Alemanha, latina). Todavia, estas actividades não incluem a
produção de VFM.
Tendo em conta o resumo da notificação publicado (2),
nos termos do n? 3 do artigo 19? do Regulamento n? 17, C. O acordo
Após consulta do Comité consultivo em matéria de acor (5) O acordo prevê que a Ford e a VW procedam, em
dos, decisões e práticas concertadas e de posições domi comum, ao desenvolvimento, estudo técnico e
nantes, construção de um VFM. As duas empresas consti
í tuirão uma empresa comum (Autoeuropa) em que
Considerando o seguinte : cada uma terá uma participação de 50 % e que fi
cará sujeita ao controlo comum. A Ford e a VW
I. OS FACTOS investirão, no total, cerca de 2,9 mil milhões de
dólares no projecto ; todos os custos relativos ao
A. O processo desenvolvimento, estudo técnico e construção do
VFM serão equitativamente repartidos pela Ford e
( 1) A presente decisão diz respeito a um «acordo de pela VW. Prevê-se que a EC dure, pelo menos, o
fundação» celebrado entre dois construtores de ciclo de vida previsto para o VFM, ou seja, apro
veículos automóveis, a Ford of Europe (Ford) e a ximadamente dez anos .
Volkswagen AG (VW), relativo à constituição de
uma empresa comum (EC), tendo em vista o de
senvolvimento e produção de um veículo para fins (6) As instalações da EC serão construídas num ter
múltiplos (VFM), em Portugal. Posteriormente, as reno não industrial localizado perto de Setúbal,
partes notificaram o Acordo de empresa comum Portugal, e a produção de VFM deverá iniciar-se
que dá aplicação ao «acordo de fundação» («o em Janeiro de 1995. O desenvolvimento do pro
acordo»). duto será predominantemente efectuado pela VW
na Alemanha, enquanto a Ford será responsável
B. As partes principalmente pela produção e pelo funciona
mento da fábrica. A capacidade de produção diá
(2) A Ford é uma filial da Ford Motor Company, ria da EC será de 830 unidades, o que representa
Dearborn, Estados Unidos da América, cuja acti uma produção anual de 190 000 unidades. Ambas
vidade principal se situa no sector da produção, as empresas fornecerão motores e transmissões,
montagem e venda de veículos automóveis e res sendo a maior parte dos restantes componentes
pectivos componentes. Em 1990, o volume de ne adquiridos a fornecedores externos.
gócios mundial da Ford Motor Company foi de
(7) As partes acordaram em diferenciar os seus VFM,
(l) JO n? 13 de 21 . 2. 1962, p. 204. a fim de preservar a sua imagem de marca e para
O JO n? C 182 de 13. 7. 1991 , p. 8 . que os consumidores distingam facilmente as res
28 . 1 . 93 Jornal Oficial das Comunidades Europeias N°. L 20 / 15
pectivas versões de VFM. As principais diferenças gonetas ligeiras. Todavia, devido a uma melhor
entre os modelos serão as seguintes : distribuição do espaço, podem, de um modo geral,
distinguir-se das carrinhas convencionais pelo seu
— Motores : a VW equipará as suas versões com maior conforto de «transportador familiar». Os
os seus próprios motores, sistema de embraia VFM podem também distinguir-se dos veículos
gem e sistemas de controlo de motor. O comerciais, não primariamente vocacionados para
mesmo se verificará relativamente às versões transporte de passageiros, quer por uma concep
normais da Ford (que, segundo as previsões, ção similar à de um automóvel de passageiros quer
representarão 75 % das suas vendas totais). Os ainda pela altura respectiva, normalmente inferior.
restantes modelos a gasóleo e de alto de gama
(motores de 2,8 litros) da Ford serão equipa
dos com motores VW, ( 11) Deste modo, devido às suas características espe
ciais, o VFM pode ser considerado um segmento
— Design : relativamente ao design exterior, dis de mercado relativamente novo e distinto, apesar
tinguir-se-ão no tocante ao aspecto frontal de ser parcialmente substituível por veículos de
(tampa do motor, faróis, nomeadamente de segmentos próximos.
nevoeiro, grelha do radiador e logotipos de
marca), faixas laterais, tampões das rodas, lu ( 12) A Ford oferece já um modelo de VFM, o «Aero
zes da rectaguarda, aplicações e logotipos, bem star», produzido nos Estados Unidos da América.
como pintura metalizada. No interior, as dife As vendas deste modelo, relativamente antigo e
renças dizem respeito ao painel dos instrumen destinado especialmente ao mercado americano no
tos (cor, instrumentação e desenho gráfico), qual entrou com êxito, continuaram negligenciá
volantes, alavancas de velocidades, tecidos e veis na Europa (menos de 1 % do segmento de
cor dos assentos, dos painéis interiores das mercado de VFM em 1990). Actualmente, a Ford
portas e dos painéis laterais. e a Nissan colaboram no desenvolvimento do mo
delo destinado ao mercado americano que deverá
Ambas as empresas oferecerão, além disso, séries suceder ao Aerostar. Além disso, a Ford participa
diferentes (a VW apresentará cinco séries e a Ford numa acção de cooperação com a Mazda, na qual
três), bem como diferentes extras facultativos (por tem também uma participação minoritária. A
exemplo, computador de viagem, tejadilho de Mazda é um construtor de VFM, apesar de, ac
tualmente, não vender estes modelos no mercado
abrir e ar condicionado). comunitário.
(14) O segmento de mercado dos VFM (cujo volume ao desenvolvimento e produção independente de
actual é inferior a 100 000 unidades, o que o torna VFM. Contrariamente às observações publicadas
negligenciável relativamente ao mercado automó na comunicação da Comissão, de 13 de Julho de
vel global) tem sido considerado pela maior parte 1991 , a produção de um VFM tornar-se-ia lucra
dos analistas e dos produtores um segmento sus tiva a partir de um volume anual de produção
ceptível de se expandir significativamente na Eu muito inferior às 110 000 unidades. Além disso, a
ropa a médio e a longo prazo. Todavia, o volume Matra alega que o acordo entre a Ford e a VW
total das vendas na CEE não deve ultrapassar as viola o artigo 86? do Tratado. A cooperação pre
350 000 unidades antes de 1995 . vista nos acordos levaria a que as duas empresas
conquistassem uma posição dominante no mer
cado dos VFM, o que lhes permitiria — tendo em
(15) A entrada neste segmento de mercado pode, de conta as economias de escala e o montante pre
um modo geral, considerar-se relativamente difícil, visto de auxílios estatais — eliminar a concorrên
uma vez que é necessário um investimento signifi cia no sector, criando, por exemplo, barreiras ao
cativo tanto a nível do desenvolvimento como da acesso ao mercado ou adoptando um comporta
produção. A viabilidade económica da produção mento predatório que teria de ser considerado
exige também uma certa capacidade mínima de abusivo.
produção, calculada, pelas partes no presente caso
e pelos outros construtores de veículos automó
veis, em mais de 110 000 unidades por ano. Toda
via, estão actualmente a ser estudados diversos III. APRECIAÇÃO JURÍDICA
projectos de VFM, prevendo-se a entrada de no
vos participantes no mercado, antes do final de sé
culo. A. N? 1 do artigo 85?
alia, saber-fazer técnico, afectando assim o com A cooperação permite aos parceiros complementa
portamento, do ponto de vista da concorrência, rem-se a nível dos recursos no domínio da enge
das duas empresas-mãé nos segmentos de mercado nharia e das capacidades técnicas. Desta coopera
vizinhos, nomeadamente o das carrinhas ou das ção resultará um melhoramento da produção atra
furgonetas ligeiras. vés da racionalização do desenvolvimento do pro
duto e da fabricação. Os progressos técnicos serão
incentivados em razão da partilha dos conheci
(22) O acordo afectará consideravelmente o comércio mentos técnicos existentes e na respectiva conver
entre os Estados-membros, uma vez que foi con são num VFM significativamente aperfeiçoado e,
cluído entre dois construtores de automóveis de sob muitos aspectos, inovador. A produção destes
nível internacional e diz respeito ao desenvolvi veículos na Comunidade será melhorada através
mento e à fabricação em comum de um produto a do estabelecimento de uma nova e moderna fá
ser vendido em toda a Comunidade. brica na qual se utilizará a mais recente tecnologia
de produção (nomeadamente, linha de construção
de chassis e soldadura integralmente automati
B. N? 3 do artigo 85? zada, prensa tandem de grandes dimensões com
1 200 toneladas e autómatos). A implementação de
um novo conceito de fornecimento de componen
(23) A empresa comum, entre a Ford e a W, é carac tes permitirá entregas geridas por computador na
terizável pelos seguintes elementos : alimentação das linhas de produção, originando
existências mínimas e eliminação dos atrasos. Será
— o segmento de mercado VFM representa um criado um parque industrial de 30 hectares, pró
relativamente baixo volume de produção, e ximo da fábrica, a fim de proporcionar aos princi
pelo menos no médio prazo assim permane pais fornecedores (que representam mais de 700
cerá, não obstante as previsões positivas (ponto componentes diferentes) acesso directo às instala
H), ções. Este novo conceito pretende tornar-se no sis
— nem a Ford nem a VW têm sido até a data tema logístico de componentes «just in time» mais
fornecedores a merecer referência naquele seg eficiente do mundo, com melhores resultados do
mento de mercado (ponto 12), que o sistema de distribuição de componentes
«Kanban» inventado pelos japoneses.
— a estrutura do segmento em questão caracte
riza-se pela clara posição preponderante de um
fornecedor não exposto a qualquer considerá (26) Os VFM produzidos pela EC representarão um
vel concorrência de (outros) fornecedores eu contínuo desenvolvimento no progresso técnico da
ropeus (ponto 13), produção, na Comunidade. Em muitos aspectos fi
xarão novos padrões no segmento dos VFM, rela
— o veículo será produzido em novas e modernas tivamente aos concorrentes. O veículo apresentará,
instalações (ponto 6), nomeadamente, um novo sistema de suspensão, à
frente e à rectaguarda, um novo eixo e um novo
— a empresa comum produzirá efeitos extrema conceito de tejadilho, bem como sistemas integra
mente positivos a nível das infra-estruturas e dos de segurança dos passageiros. Será também
do emprego numa das mais pobres regiões da consideravelmente melhorado do ponto de vista
Comunidade (ponto 36). ecológico, nomeadamente porque os produtos po
tencialmente perigosos (por exemplo, CFC e PVC)
serão drasticamente reduzidos ou totalmente eli
Tomando em consideração as excepcionais cir minados no produto final. Além disso, o nível de
cunstâncias do caso, o acordo notificado entre a possibilidade de reciclagem será significativamente
Ford e a VW preenche os quatro critérios de isen aumentado, devendo os VFM liderar este seg
ção as abrigo do n? 3 do artigo 85?: mento no que diz respeito às baixas emissões e à
elevada eficiência de combustível.
partes. A Ford e a VW serão obrigadas a transferir (31) As partes apresentaram à Comissão os custos to
benefícios para o consumidor uma vez que, na se tais do investimento necessário, caso o desenvolvi
quência da sua penetração no mercado, paralela à mento e produção dos VFM se efectuasse indivi
de outros construtores do segmento em expansão dualmente na base proposta, calculando as vendas
dos VFM, a pressão da concorrência sobre todos anuais individuais entre 80 000 e 90 000 VFM
os fornecedores aumentará, do que resultará um cada. O volume de produção mínimo de VFM ba
segmento de mercado mais equilibrado (ver pontos seia-se no conceito de viabilidade económica
37 a 39). Além disso, a par da VW, um terceiro acima descrito; as empresas calculam que essa pro
construtor europeu de veículos automóveis partici dução deverá ser anualmente superior a 110 000
pará neste segmento de mercado. unidades. Estes dados, dependentes da situação es
pecífica de cada caso, correspondem às declara
ções de concorrentes num processo semelhante re
lativamente ao segmento de VFM actualmente
também em estudo pela Comissão. Tendo em
3. Carácter indispensável das restrições para atingir conta os investimentos de que cada empresa neces
resultados vantajosos sita para o desenvolvimento e produção individual
de VFM, e o volume de produção necessário à
rentabilidade, não se pode considerar que as em
presas, separadamente, obteriam lucros razoáveis
(28) A empresa comum constituída pelos dois principais com as vendas previstas, uma vez que o segmento
construtores de veículos automóveis, a Ford e a dos VFM é reduzido em comparação com outros
VW, tendo em vista a produção de um VFM, segmentos de mercado. Mesmo que as empresas
pode ser considerada indispensável, durante o pe atingissem os seus objectivos de venda, o projecto
ríodo de isenção, à luz das circunstâncias excep comum só deverá ser lucrativo dentro de alguns
cionais do presente caso e das condições que a anos, apesar das economias de escala e dos auxí
Comissão entende necessárias para a concessão lios financeiros consideráveis concedidos pelas au
dessa isenção. toridades portuguesas.
as características típicas dos VFM, especialmente independente, todos os direitos de propriedade in
no que diz respeito à facilidade de manobra. telectual e introduzir alterações a nível do design
dos seus modelos sem conhecimento da outra
parte. Todavia, a fim de garantir repercussões mí
Por último, e por razões semelhantes, também não nimas sobre a concorrência, de manter um certo
é possível construir um VFM do tipo projectado grau de diferenciação dos produtos e de limitar
através da simples adaptação dos modelos de car eventuais efeitos conexos, a Comissão tenciona
rinha existentes das partes (por exemplo, Passat e impor uma série de condições e obrigações (ver
Sierra). Em especial, as plataformas das carrinhas ponto 41). No termo do período de isenção, a Co
são demasiado estreitas e curtas para que o seu de missão procederá a um novo exame da sua decisão
sign tenha as características-chave de um VFM para o que terá em conta a evolução do mercado
dos VFM.
(possibilidade de transportar até sete passageiros
em três filas, peso bruto do veículo consideravel
mente superior).
(35) O projecto de cooperação VFM entre a Ford e a
Nissan estabelece expressamente o direito de as
(33) Esta apreciação do projecto comum Ford/VW não partes comercializarem os seus produtos a nível
mundial . A Ford tenciona vender na Comunidade
é de qualquer forma afectada pelo facto de a Ma um determinado número de VFM a clientes do
tra, tal como alguns produtores japoneses, terem
podido penetrar individualmente no mercado dos segmento superior deste mercado. A Nissan lançou
recentemente outro VFM no mercado da Comuni
VFM uma vez que a sua situação não é compará
vel com a das partes da empresa comum. dade, o modelo «Serena». A cooperação em curso
entre a Ford e a Mazda não exclui a concorrência
no sector dos VFM entre estas duas marcas, tal
como prova a denúncia de dumping apresentada
A partir de meados dos anos 80, com o lança nos Estados Unidos da América pela Ford e outras
mento da «Espace» e o desenvolvimento do mer contra produtores japoneses de VFM, nomeada
cado do segmento dos VFM, a Matra manteve mente contra a Mazda.
sempre uma forte posição de liderança, com mais
de 50 % do mercado, muito à frente do seu mais
próximo concorrente (ver ponto 13), apenas su
jeita a uma concorrência limitada por parte de for (36) Para efeitos da apreciação do presente caso, a Co
missão teve também de ter em conta o facto de o
necedores não europeus. A sua posição permitiu
-lhe obter lucros com uma produção anual relati projecto representar o maior investimento estran
vamente baixa. Além disso, a Matra teve de entrar geiro individual em Portugal. Prevê-se que con
num processo de cooperação com a Renault a fim duza, inter alia, à criação de cerca de 5 000 postos
de distribuir os seus veículos . A Renault é também de trabalho e, indirectamente, a mais 10 000, e
fornecedor do componentes essenciais para a «Es ainda que atraia outros investimentos na indústria
pace».
de fornecimentos. Contribui deste modo para a
■promoção do desenvolvimento harmonioso da Co
munidade e para a redução das disparidades regio
nais, um dos objectivos básicos do Tratado. Con
Os fornecedores japoneses encontram-se numa si tribui também para intensificar a integração do
tuação diferente na medida em que podem benefi mercado europeu uma vez que cria vínculos mais
ciar de economias de escala importantes resultan estreitos entre Portugal e a Comunidade a nível de
tes de um mercado Aacional forte e, em grande uma das suas mais importantes indústrias. Tais
medida, fechado. Os VFM japoneses representam, factos poderiam não ser suficientes para conceder
em alguns aspectos, um compromisso entre os di a isenção, a menos que as condições do n? 3 do
ferentes requisitos dos mercados europeu e ameri artigo 85? fossem preenchidas, mas foi um dos ele
cano. Por estes motivos, os japoneses, graças às mentos que a Comissão teve em conta.
suas estratégias de preços competitivos, vendem na
Europa alguns VFM enquanto nos Estados Unidos
da América, o maior mercado de VFM no mundo,
as suas vendas são muito superiores. 4. Não eliminação da concorrência
(34) As restrições da concorrência decorrentes da coo (37) A cooperação entre a Ford e a VW não conduzirá
peração entre a Ford e a VW limitam-se ao indis à eliminação da concorrência no segmento dos
pensável para o funcionamento da EC. As partes VFM. Considerando a posição de líder da Renault
dispõem ambas de inteira liberdade de distribuição «Espace», incentivará, pelo contrário, a concorrên
dos respectivos VFM que serão vendidos indivi cia uma vez que oferece outras opções nesta área,
dualmente sob as respectivas marcas e em versões pelo que dela resultará, em última instância, uma
diferenciadas. As partes podem utilizar, por forma estrutura mais equilibrada deste segmento de mer
N? L 20/20 Jornal Oficial das Comunidades Europeias 28 . 1 . 93
cado. Registar-se-á também um aumento da con petitivas que permitam à Ford e à VW impedir
corrência a nível dos preços e da qualidade nos uma concorrência efectiva uma vez que não lhes
próximos cinco a dez anos, a par da maior pene permite adoptarem um comportamento em grande
tração de outros construtores, nomeadamente ja medida independente dos seus concorrentes neste
poneses, neste segmento. segmento. Neste contexto, a Comissão — contra
riamente às observações da Matra — não entende,
apesar de as várias previsões da procura de VFM
na Comunidade não serem seguras, que a oferta
(38) Tendo em conta que, também a nível da distribui excederá drasticamente a procura durante um pe
ção, existe concorrência no mercado automóvel ríodo significativo até ao final do século. Mesmo
europeu, a Comissão considera que a diferencia que tal situação se verifique, os excessos de capa
ção dos produtos e das margens de lucro no seg cidade poderiam apenas, nesse caso, conduzir à
mento dos VFM deixará espaço suficiente para a intensificação da concorrência sem criarem novas
concorrência entre a Ford e VW, apesar de cada posições dominantes. A Renault «Espace» tem li
uma adquirir as respectivas versões de VFM à EC, derado o sector dos VFM desde que foi lançada
em princípio, ao mesmo preço. A Comissão consi no mercado, em meados dos anos 80. Devido à
dera, no presente caso, que o grau de diferencia sua elevada qualidade e reputação, tem sempre li
ção dos produtos atingido na produção dos VFM derado este segmento, a uma grande distância dos
tanto a nível visual quanto técnico — que deverá seus concorrentes mais próximos . Com base na
ainda ser aumentado — é o mínimo necessário cooperação reforçada com a Renault, a Matra de
para garantir que a Ford e VW mantenham a sua senvolverá e oferecerá um novo tipo de «Espace»
identidade própria e prossigam estratégias de em 1995, pelo que a sua presença enquanto con
venda individuais no sector dos VFM. Pelas razões corrente no mercado dos VFM continuará impor
que em seguida se apresentam, pode partir-se do tante. A Ford e a VW, conjuntamente com outros
princípio de que a Ford e a VW entrarão, na reali construtores (novos candidatos, bem como japone
dade, em concorrência directa uma com a outra. ses), continuarão a garantir um grau de concor
Em primeiro lugar, as partes têm um incentivo : o rência efectiva no segmento de mercado dos VFM.
aumento dos lucros através do aumento das ven
das individuais, uma vez que o acordo não prevê
qualquer partilha dos lucros. Em segundo lugar, a
estratégia de produção de massa no sector auto (40) As observações apresentadas pela Matra à Comis
móvel visa oferecer aos consumidores uma vasta são, bem como os seus argumentos apresentados
gama de produtos a fim de estabelecer ou reforçar na audição de 15 de Junho de 1992, em resposta à
a lealdade à marca e não apenas a um modelo. nota da Comissão de 13 de Julho de 1991 , não
Esta concorrência global forçará a Ford e a VW a suscitam, pelos motivos já referidos, qualquer nova
competirem directamente também no segmento apreciação dos acordos notificados, que não a
VFM. acima descrita (em especial, ver pontos 23 e se
guintes).
C. Artigo 86?
D. Artigos 6? e 8? do Regulamento n? 17
Artigo 1°.
5 . As empresas-mãe não podem alargar, sem aprovação
Nos termos do n? 3 do artigo 85? do Tratado CEE, o prévia da Comissão, a sua gama de produtos da em
disposto no n? 1 do artigo 85? é declarado inaplicável presa comum a outras categorias de veículos diferen
aos acordos de fundação entre a Ford of Europe Inc. tes dos VFM.
«Ford» e a Volkswagen AG «VW», notificados em 4 de
Fevereiro de 1991 , bem como aos acordos de execução
posteriores ao acordo acima referido. B. Obrigações
Artigo 2o.
1 . Anualmente, depois do primeiro ano de produção, a
A isenção concedida no artigo 1? encontra-se sujeita às empresa comum deve apresentar à Comissão um rela
seguintes condições/obrigações : tório do qual conste o seu volume de produção total
N? L 20 /22 Jornal Oficial das Comunidades Europeias 28 . 1 . 93
de VFM acabados, discriminado por modelos e espe Por «empresa-mãe» entende-se a Ford Motor Company
cificações de motores. Também anualmente, e depois Inc., Estados Unidos da América, e a Volkswagen AG,
do primeiro ano de produção, cada empresa-mãe deve Alemanha, e o grupo de sociedades de que cada uma é
apresentar à Comissão um relatório individual no qual proprietária ou que controla.
figurem as suas vendas globais de VFM produzidos
pela empresa comum, por Estado-membro da CEE, Artigo 3?
bem como a estimativa das suas partes de mercado em
cada Estado-membro, e ainda as exportações totais de A isenção produz efeitos a partir da data da notificação
VFM para fora da Comunidade. do acordo até 31 de Dezembro de 2004.