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N? L 20/ 14 Jornal Oficial das Comunidades Europeias 28 . 1 .

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DECISÃO DA COMISSÃO
de 23 de Dezembro de 1992

relativa a um processo de aplicação do artigo 85? do Tratado CEE


(FV/33.814 — Ford/Volkswagen)

(Apenas fazem fé os textos nas línguas alemã e inglesa)

(93/49/ CEE)

A COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 97,6 mil milhões de dólares dos Estados Unidos.
No mesmo ano, o grupo Ford situava-se na quinta
Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade posição no mercado comunitário de veículos de
Económica Europeia, passageiros, com uma parte de mercado de
11,6% .
Tendo em conta o Regulamento n? 17 do Conselho, de
6 de Fevereiro de 1962, primeiro regulamento de execu­ (3) Em 1990, a VW foi o principal construtor de veí­
ção dos artigos 85? e 86? do Tratado (l), com a última culos automóveis na CEE, com 15,5% do mer­
redacção que lhe foi dada pelo Acto de Adesão de Espa­ cado, o que representa vendas de 2 049 000 unida­
nha e de Portugal, e, nomeadamente, os seus artigos 6? e des. No mesmo ano, o seu volume de negócios foi
8?, de 65,3 mil milhões de marcos alemães.
Tendo em conta a notificação de um acordo relativo a
veículos para fins múltiplos concluído em 4 de Fevereiro (4) A Ford e a VW cooperavam já no âmbito de uma
de 1991 pela Ford of Europe Inc., Brentwood, Reino empresa comum situada na América do Sul (Auto­
Unido, e pela Volkswagen AG, Wolfsburg, Alemanha, latina). Todavia, estas actividades não incluem a
produção de VFM.
Tendo em conta o resumo da notificação publicado (2),
nos termos do n? 3 do artigo 19? do Regulamento n? 17, C. O acordo

Após consulta do Comité consultivo em matéria de acor­ (5) O acordo prevê que a Ford e a VW procedam, em
dos, decisões e práticas concertadas e de posições domi­ comum, ao desenvolvimento, estudo técnico e
nantes, construção de um VFM. As duas empresas consti­
í tuirão uma empresa comum (Autoeuropa) em que
Considerando o seguinte : cada uma terá uma participação de 50 % e que fi­
cará sujeita ao controlo comum. A Ford e a VW
I. OS FACTOS investirão, no total, cerca de 2,9 mil milhões de
dólares no projecto ; todos os custos relativos ao
A. O processo desenvolvimento, estudo técnico e construção do
VFM serão equitativamente repartidos pela Ford e
( 1) A presente decisão diz respeito a um «acordo de pela VW. Prevê-se que a EC dure, pelo menos, o
fundação» celebrado entre dois construtores de ciclo de vida previsto para o VFM, ou seja, apro­
veículos automóveis, a Ford of Europe (Ford) e a ximadamente dez anos .
Volkswagen AG (VW), relativo à constituição de
uma empresa comum (EC), tendo em vista o de­
senvolvimento e produção de um veículo para fins (6) As instalações da EC serão construídas num ter­
múltiplos (VFM), em Portugal. Posteriormente, as reno não industrial localizado perto de Setúbal,
partes notificaram o Acordo de empresa comum Portugal, e a produção de VFM deverá iniciar-se
que dá aplicação ao «acordo de fundação» («o em Janeiro de 1995. O desenvolvimento do pro­
acordo»). duto será predominantemente efectuado pela VW
na Alemanha, enquanto a Ford será responsável
B. As partes principalmente pela produção e pelo funciona­
mento da fábrica. A capacidade de produção diá­
(2) A Ford é uma filial da Ford Motor Company, ria da EC será de 830 unidades, o que representa
Dearborn, Estados Unidos da América, cuja acti­ uma produção anual de 190 000 unidades. Ambas
vidade principal se situa no sector da produção, as empresas fornecerão motores e transmissões,
montagem e venda de veículos automóveis e res­ sendo a maior parte dos restantes componentes
pectivos componentes. Em 1990, o volume de ne­ adquiridos a fornecedores externos.
gócios mundial da Ford Motor Company foi de
(7) As partes acordaram em diferenciar os seus VFM,
(l) JO n? 13 de 21 . 2. 1962, p. 204. a fim de preservar a sua imagem de marca e para
O JO n? C 182 de 13. 7. 1991 , p. 8 . que os consumidores distingam facilmente as res­
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pectivas versões de VFM. As principais diferenças gonetas ligeiras. Todavia, devido a uma melhor
entre os modelos serão as seguintes : distribuição do espaço, podem, de um modo geral,
distinguir-se das carrinhas convencionais pelo seu
— Motores : a VW equipará as suas versões com maior conforto de «transportador familiar». Os
os seus próprios motores, sistema de embraia­ VFM podem também distinguir-se dos veículos
gem e sistemas de controlo de motor. O comerciais, não primariamente vocacionados para
mesmo se verificará relativamente às versões transporte de passageiros, quer por uma concep­
normais da Ford (que, segundo as previsões, ção similar à de um automóvel de passageiros quer
representarão 75 % das suas vendas totais). Os ainda pela altura respectiva, normalmente inferior.
restantes modelos a gasóleo e de alto de gama
(motores de 2,8 litros) da Ford serão equipa­
dos com motores VW, ( 11) Deste modo, devido às suas características espe­
ciais, o VFM pode ser considerado um segmento
— Design : relativamente ao design exterior, dis­ de mercado relativamente novo e distinto, apesar
tinguir-se-ão no tocante ao aspecto frontal de ser parcialmente substituível por veículos de
(tampa do motor, faróis, nomeadamente de segmentos próximos.
nevoeiro, grelha do radiador e logotipos de
marca), faixas laterais, tampões das rodas, lu­ ( 12) A Ford oferece já um modelo de VFM, o «Aero­
zes da rectaguarda, aplicações e logotipos, bem star», produzido nos Estados Unidos da América.
como pintura metalizada. No interior, as dife­ As vendas deste modelo, relativamente antigo e
renças dizem respeito ao painel dos instrumen­ destinado especialmente ao mercado americano no
tos (cor, instrumentação e desenho gráfico), qual entrou com êxito, continuaram negligenciá­
volantes, alavancas de velocidades, tecidos e veis na Europa (menos de 1 % do segmento de
cor dos assentos, dos painéis interiores das mercado de VFM em 1990). Actualmente, a Ford
portas e dos painéis laterais. e a Nissan colaboram no desenvolvimento do mo­
delo destinado ao mercado americano que deverá
Ambas as empresas oferecerão, além disso, séries suceder ao Aerostar. Além disso, a Ford participa
diferentes (a VW apresentará cinco séries e a Ford numa acção de cooperação com a Mazda, na qual
três), bem como diferentes extras facultativos (por tem também uma participação minoritária. A
exemplo, computador de viagem, tejadilho de Mazda é um construtor de VFM, apesar de, ac­
tualmente, não vender estes modelos no mercado
abrir e ar condicionado). comunitário.

(8) A Ford e a VW comprometeram-se a adquirir O VW «Caravelle» não pode ser considerado um


quantidades fixas de VFM (em princípio cada uma autêntico VFM, de acordo com a descrição acima
adquirirá 50 % da produção da EC) e peças à EC apresentada; este modelo deriva de um veículo co­
numa base de «custo mais», sendo penalizados no mercial e não possui todas as características de
caso de não adquirirem as quantidades mínimas. VFM acima mencionadas, faltando-lhe essencial­
As partes procederão à distribuição dos respectivos mente o conforto, a facilidade de manobra, a velo­
veículos como melhor entenderem. A Ford e a cidade e a flexibilidade de um VFM.
VW distribuirão os seus VFM individualmente
através das respectivas redes de distribuição e sob
a sua marca própria. (13) O segmento de mercado dos VFM na Europa é
dominado pela Renault «Espace», da qual foi ac­
tualmente lançada uma nova versão. A «Espace»
D. O mercado relevante retoma um conceito desenvolvido pela Matra SA
(Matra), responsável pela montagem do veículo,
sendo o mesmo distribuído através da rede de dis­
(9) Um VFM pode ser definido como um veículo des­ tribuição da Renault e sob o nome desta última.
tinado a transportar até sete pessoas em três filas Os outros concorrentes da Renault «Espace» são
ou, em alternativa, cinco pessoas, o que permite veículos japoneses ou construídos nos Estados
um espaço para bagagem consideravelmente Unidos da América. Em 1990, os participantes no
maior. Os assentos amovíveis e rebatíveis nas se­ segmento dos VFM na CEE tinham as seguintes
gunda e terceira filas proporcionam uma elevada partes de mercado :
flexibilidade que torna os VFM adequados tanto a
trabalho como a lazer. Os VFM podem igual­ — Renault 54,7 %
mente , distinguir-se pela sua concepção e caracte­ — Chrysler Voyager 15,6%
rísticas específicas, que tornam a sua condução e
facilidade de manobra semelhantes às dos veículos — Mitsubishi Space Wagon 12,0 %
de passageiros. — Nissan Prairie 7,6 %
— Toyota Previa 3,9 %
(10) Os VFM colmatam uma lacuna existente entre as
carrinhas convencionais de cinco portas e as fur — Toyota Space Cruiser 1 9 0A
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(14) O segmento de mercado dos VFM (cujo volume ao desenvolvimento e produção independente de
actual é inferior a 100 000 unidades, o que o torna VFM. Contrariamente às observações publicadas
negligenciável relativamente ao mercado automó­ na comunicação da Comissão, de 13 de Julho de
vel global) tem sido considerado pela maior parte 1991 , a produção de um VFM tornar-se-ia lucra­
dos analistas e dos produtores um segmento sus­ tiva a partir de um volume anual de produção
ceptível de se expandir significativamente na Eu­ muito inferior às 110 000 unidades. Além disso, a
ropa a médio e a longo prazo. Todavia, o volume Matra alega que o acordo entre a Ford e a VW
total das vendas na CEE não deve ultrapassar as viola o artigo 86? do Tratado. A cooperação pre­
350 000 unidades antes de 1995 . vista nos acordos levaria a que as duas empresas
conquistassem uma posição dominante no mer­
cado dos VFM, o que lhes permitiria — tendo em
(15) A entrada neste segmento de mercado pode, de conta as economias de escala e o montante pre­
um modo geral, considerar-se relativamente difícil, visto de auxílios estatais — eliminar a concorrên­
uma vez que é necessário um investimento signifi­ cia no sector, criando, por exemplo, barreiras ao
cativo tanto a nível do desenvolvimento como da acesso ao mercado ou adoptando um comporta­
produção. A viabilidade económica da produção mento predatório que teria de ser considerado
exige também uma certa capacidade mínima de abusivo.
produção, calculada, pelas partes no presente caso
e pelos outros construtores de veículos automó­
veis, em mais de 110 000 unidades por ano. Toda­
via, estão actualmente a ser estudados diversos III. APRECIAÇÃO JURÍDICA
projectos de VFM, prevendo-se a entrada de no­
vos participantes no mercado, antes do final de sé­
culo. A. N? 1 do artigo 85?

E. Auxílios estatais (18) O acordo entre a Ford e a VW relativo à consti­


tuição de uma EC em Portugal para o desenvolvi­
mento e produção em conjunto de VFM inte­
(16) O Governo português notificou o seu projecto de gra-se no âmbito do n? 1 do artigo 85? que, inter
auxílio financeiro à EC em Junho de 1991 . A Co­ alia, proíbe todos os acordos entre empresas sus­
missão, num processo distinto, decidiu não levan­ ceptíveis de afectarem o comércio entre Estados­
tar quaisquer objecções às medidas de auxílio pro­ -membros e que tenham por objecto ou efeito a
postas nos termos do n? 3 do artigo 92? do Tra­ restrição da concorrência.
tado CEE. A Matra introduziu recurso contra esta
decisão junto do Tribunal de Justiça das Comuni­
dades Europeias. (19) A Ford e a VW são concorrentes importantes no
mercado automóvel europeu e mundial ; oferecem
ambas uma vasta gama de veículos a motor no es­
II. OBSERVAÇÕES DE TERCEIROS sencial concorrentes uma da outra. Tendo em
conta as suas capacidades financeiras, técnicas e
de investigação, cada empresa é, em princípio, ca­
(17) Na sequência da publicação, nos termos do n? 3 paz de produzir o seu próprio VFM.
do artigo 19? do Regulamento n? 17 (vide nota n? i

2), a Comissão recebeu as observações da Matra,


nas quais apresentava também uma denúncia, dis­ (20) O desenvolvimento de novos modelos constitui um
tinta, nos termos do n? 3 do artigo 17? contra o dos elementos chave da concorrência no sector au­
projecto. No entender da Matra, o acordo entre a tomóvel e um factor determinante do êxito de um
Ford e a VW viola os artigos 85? e 86? do Tra­ construtor. Quaisquer acordos entre concorrentes
tado CEE e não preenche os critérios de isenção susceptíveis de restringir estas actividades devem
previstos no n? 3 do artigo 85? Alega, essencial­ ser considerados restrições graves da concorrência.
mente, que os acordos terão como efeito uma res­ O desenvolvimento e v produção comuns de um
trição importante da concorrência e não contri­ VFM pela Ford e pela VW, que pressupõem um
buem para a promoção do progresso técnico ou elevado investimento das empresas-mãe e, além
económico, uma vez que o VFM da EC seria disso, a obrigação de adquirir quantidades fixas de
construído através de métodos de produção e tec­ VFM à EC, traduz o facto de nenhuma empresa­
nologia comuns e não apresenta importantes ino­ -mâe ter qualquer interesse económico em exercer
vações. O acordo tambéfri não pode ser conside­ individualmente actividades neste sector.
rado indispensável nos termos do n? 3 do artigo
85?, uma vez que a Ford e a VW podem penetrar
individualmente no segmento de mercado de
VFM. Em princípio, as empresas possuem ambas (21) Além disso, a cooperação entre a Ford e a VW
os recursos financeiros e a tecnologia necessários conduzirá à troca e à partilha extensivas de, inter
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alia, saber-fazer técnico, afectando assim o com­ A cooperação permite aos parceiros complementa­
portamento, do ponto de vista da concorrência, rem-se a nível dos recursos no domínio da enge­
das duas empresas-mãé nos segmentos de mercado nharia e das capacidades técnicas. Desta coopera­
vizinhos, nomeadamente o das carrinhas ou das ção resultará um melhoramento da produção atra­
furgonetas ligeiras. vés da racionalização do desenvolvimento do pro­
duto e da fabricação. Os progressos técnicos serão
incentivados em razão da partilha dos conheci­
(22) O acordo afectará consideravelmente o comércio mentos técnicos existentes e na respectiva conver­
entre os Estados-membros, uma vez que foi con­ são num VFM significativamente aperfeiçoado e,
cluído entre dois construtores de automóveis de sob muitos aspectos, inovador. A produção destes
nível internacional e diz respeito ao desenvolvi­ veículos na Comunidade será melhorada através
mento e à fabricação em comum de um produto a do estabelecimento de uma nova e moderna fá­
ser vendido em toda a Comunidade. brica na qual se utilizará a mais recente tecnologia
de produção (nomeadamente, linha de construção
de chassis e soldadura integralmente automati­
B. N? 3 do artigo 85? zada, prensa tandem de grandes dimensões com
1 200 toneladas e autómatos). A implementação de
um novo conceito de fornecimento de componen­
(23) A empresa comum, entre a Ford e a W, é carac­ tes permitirá entregas geridas por computador na
terizável pelos seguintes elementos : alimentação das linhas de produção, originando
existências mínimas e eliminação dos atrasos. Será
— o segmento de mercado VFM representa um criado um parque industrial de 30 hectares, pró­
relativamente baixo volume de produção, e ximo da fábrica, a fim de proporcionar aos princi­
pelo menos no médio prazo assim permane­ pais fornecedores (que representam mais de 700
cerá, não obstante as previsões positivas (ponto componentes diferentes) acesso directo às instala­
H), ções. Este novo conceito pretende tornar-se no sis­
— nem a Ford nem a VW têm sido até a data tema logístico de componentes «just in time» mais
fornecedores a merecer referência naquele seg­ eficiente do mundo, com melhores resultados do
mento de mercado (ponto 12), que o sistema de distribuição de componentes
«Kanban» inventado pelos japoneses.
— a estrutura do segmento em questão caracte­
riza-se pela clara posição preponderante de um
fornecedor não exposto a qualquer considerá­ (26) Os VFM produzidos pela EC representarão um
vel concorrência de (outros) fornecedores eu­ contínuo desenvolvimento no progresso técnico da
ropeus (ponto 13), produção, na Comunidade. Em muitos aspectos fi­
xarão novos padrões no segmento dos VFM, rela­
— o veículo será produzido em novas e modernas tivamente aos concorrentes. O veículo apresentará,
instalações (ponto 6), nomeadamente, um novo sistema de suspensão, à
frente e à rectaguarda, um novo eixo e um novo
— a empresa comum produzirá efeitos extrema­ conceito de tejadilho, bem como sistemas integra­
mente positivos a nível das infra-estruturas e dos de segurança dos passageiros. Será também
do emprego numa das mais pobres regiões da consideravelmente melhorado do ponto de vista
Comunidade (ponto 36). ecológico, nomeadamente porque os produtos po­
tencialmente perigosos (por exemplo, CFC e PVC)
serão drasticamente reduzidos ou totalmente eli­
Tomando em consideração as excepcionais cir­ minados no produto final. Além disso, o nível de
cunstâncias do caso, o acordo notificado entre a possibilidade de reciclagem será significativamente
Ford e a VW preenche os quatro critérios de isen­ aumentado, devendo os VFM liderar este seg­
ção as abrigo do n? 3 do artigo 85?: mento no que diz respeito às baixas emissões e à
elevada eficiência de combustível.

1 . Melhoramento da produção de bens ou promoção


do progresso técnico ou económico 2. Parte equitativa do lucro reservada aos consumi­
dores

(24) Esta cooperação coloca à disposição dos consumi­


dores europeus um veículo avançado destinado a (27) Prevê-se que o consumidor europeu venha a bene­
satisfazer as suas necessidades e cujas várias séries ficiar directamente da empresa comum. Na se­
serão vendidas em toda a Comunidade, individual­ quência da cooperação, essencialmente devido à
mente, pelas empresas participantes. tecnologia de produção sofisticada e às economias
de escala, o consumidor terá ao seu dispor duas
versões de VFM de grande qualidade e de preço
(25) As empresas dispõem ambas de saber-fazer impor­ razoável, que serão distribuídas em toda a Comu­
tante no domínio da investigação e da automação. nidade através das redes alargadas de vendas das
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partes. A Ford e a VW serão obrigadas a transferir (31) As partes apresentaram à Comissão os custos to­
benefícios para o consumidor uma vez que, na se­ tais do investimento necessário, caso o desenvolvi­
quência da sua penetração no mercado, paralela à mento e produção dos VFM se efectuasse indivi­
de outros construtores do segmento em expansão dualmente na base proposta, calculando as vendas
dos VFM, a pressão da concorrência sobre todos anuais individuais entre 80 000 e 90 000 VFM
os fornecedores aumentará, do que resultará um cada. O volume de produção mínimo de VFM ba­
segmento de mercado mais equilibrado (ver pontos seia-se no conceito de viabilidade económica
37 a 39). Além disso, a par da VW, um terceiro acima descrito; as empresas calculam que essa pro­
construtor europeu de veículos automóveis partici­ dução deverá ser anualmente superior a 110 000
pará neste segmento de mercado. unidades. Estes dados, dependentes da situação es­
pecífica de cada caso, correspondem às declara­
ções de concorrentes num processo semelhante re­
lativamente ao segmento de VFM actualmente
também em estudo pela Comissão. Tendo em
3. Carácter indispensável das restrições para atingir conta os investimentos de que cada empresa neces­
resultados vantajosos sita para o desenvolvimento e produção individual
de VFM, e o volume de produção necessário à
rentabilidade, não se pode considerar que as em­
presas, separadamente, obteriam lucros razoáveis
(28) A empresa comum constituída pelos dois principais com as vendas previstas, uma vez que o segmento
construtores de veículos automóveis, a Ford e a dos VFM é reduzido em comparação com outros
VW, tendo em vista a produção de um VFM, segmentos de mercado. Mesmo que as empresas
pode ser considerada indispensável, durante o pe­ atingissem os seus objectivos de venda, o projecto
ríodo de isenção, à luz das circunstâncias excep­ comum só deverá ser lucrativo dentro de alguns
cionais do presente caso e das condições que a anos, apesar das economias de escala e dos auxí­
Comissão entende necessárias para a concessão lios financeiros consideráveis concedidos pelas au­
dessa isenção. toridades portuguesas.

(29) A cooperação constitui a única forma de que as


partes dispõem para oferecer, a breve prazo, um (32) Neste contexto, a Comissão reconhece que as par­
produto competitivo, de grande qualidade e con­ tes não poderão penetrar satisfatoriamente no seg­
cebido tendo em conta as necessidades específicas mento dos VFM apenas através de uma simples
dos consumidores europeus do segmento de mer­ adaptação dos modelos já existentes como o Ford
cado dos VFM, relativamente recente e com um «Aerostar» (cujas vendas não têm tido grande êx­
volume de produção reduzido. O exame deste ito na Comunidade) ou o VW «Caravelle». O
caso levou a Comissão a aceitar os argumentos «Aerostar» foi inicialmente concebido como veí­
dos participantes na empresa comum no sentido de culo comercial e posteriormente convertido em
que os resultados benéficos da cooperação não po­ VFM para o mercado americano, consideravel­
deriam, nessa medida, ser atingidos de outra mente diferente do europeu. Essencialmente de­
forma. As partes, exercendo a título independente vido a redes de estradas muito avançadas, a par­
as actividades em causa, não poderiam desenvolver ques de estacionamento para veículos de maiores
e produzir o VFM nas mesmas condições, de dimensões e ao preço substancialmente inferior
forma tão rápida e eficiente, em Portugal, como dos combustíveis, as preocupações dos consumido­
através da cooperação. res dos Estados Unidos da América, a nível do es­
tacionamento e de problemas de congestiona­
mento, e, consequentemente, da dinâmica e da fa­
cilidade de manobra de um VFM, são muito me­
(30) Actualmente, nenhuma das partes tem capacidade nores. Deste modo, o «Aerostar» não responde às
suficiente para assegurar um volume de produção exigências específicas dos consumidores europeus,
equivalente ao dá EC respeitando os critérios nomeadamente a nível da concepção aerodinâ­
acima descritos. Além disso, através da coopera­ mica, motores mais rápidos e de menores dimen­
ção, as partes complementam-se a nível dos res­ sões, menor consumo de combustível, maior facili­
ponsáveis pela concepção técnica e das capacida­ dade de manobra, motores diesel eficientes do
des técnicas, uma vez que este projecto exige um ponto de vista de combustível e versões de volante
nível elevado de mão-de-obra muito especializada. à direita ; estes aspectos exigirão um modelo inte­
Para o efeito, a Ford, inter alia, colocará à dispo­ gralmente novo e não apenas uma mera adapta­
sição da empresa pessoal especializado em enge­ ção. O mesmo se aplica ao «Caravelle», modelo
nharia de produção e a VW em engenharia de relativamente grande (até 9 passageiros) e pesado ;
produto. Desta forma, as partes poderão concen­ este veículo necessitaria de uma remodelação pra­
trar-se em determinadas actividades, o que aumen­ ticamente total a fim de perder a sua imagem de
tará a eficácia do seu funcionamento. furgoneta ligeira e se apresentar como veículo com
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as características típicas dos VFM, especialmente independente, todos os direitos de propriedade in­
no que diz respeito à facilidade de manobra. telectual e introduzir alterações a nível do design
dos seus modelos sem conhecimento da outra
parte. Todavia, a fim de garantir repercussões mí­
Por último, e por razões semelhantes, também não nimas sobre a concorrência, de manter um certo
é possível construir um VFM do tipo projectado grau de diferenciação dos produtos e de limitar
através da simples adaptação dos modelos de car­ eventuais efeitos conexos, a Comissão tenciona
rinha existentes das partes (por exemplo, Passat e impor uma série de condições e obrigações (ver
Sierra). Em especial, as plataformas das carrinhas ponto 41). No termo do período de isenção, a Co­
são demasiado estreitas e curtas para que o seu de­ missão procederá a um novo exame da sua decisão
sign tenha as características-chave de um VFM para o que terá em conta a evolução do mercado
dos VFM.
(possibilidade de transportar até sete passageiros
em três filas, peso bruto do veículo consideravel­
mente superior).
(35) O projecto de cooperação VFM entre a Ford e a
Nissan estabelece expressamente o direito de as
(33) Esta apreciação do projecto comum Ford/VW não partes comercializarem os seus produtos a nível
mundial . A Ford tenciona vender na Comunidade
é de qualquer forma afectada pelo facto de a Ma­ um determinado número de VFM a clientes do
tra, tal como alguns produtores japoneses, terem
podido penetrar individualmente no mercado dos segmento superior deste mercado. A Nissan lançou
recentemente outro VFM no mercado da Comuni­
VFM uma vez que a sua situação não é compará­
vel com a das partes da empresa comum. dade, o modelo «Serena». A cooperação em curso
entre a Ford e a Mazda não exclui a concorrência
no sector dos VFM entre estas duas marcas, tal
como prova a denúncia de dumping apresentada
A partir de meados dos anos 80, com o lança­ nos Estados Unidos da América pela Ford e outras
mento da «Espace» e o desenvolvimento do mer­ contra produtores japoneses de VFM, nomeada­
cado do segmento dos VFM, a Matra manteve mente contra a Mazda.
sempre uma forte posição de liderança, com mais
de 50 % do mercado, muito à frente do seu mais
próximo concorrente (ver ponto 13), apenas su­
jeita a uma concorrência limitada por parte de for­ (36) Para efeitos da apreciação do presente caso, a Co­
missão teve também de ter em conta o facto de o
necedores não europeus. A sua posição permitiu­
-lhe obter lucros com uma produção anual relati­ projecto representar o maior investimento estran­
vamente baixa. Além disso, a Matra teve de entrar geiro individual em Portugal. Prevê-se que con­
num processo de cooperação com a Renault a fim duza, inter alia, à criação de cerca de 5 000 postos
de distribuir os seus veículos . A Renault é também de trabalho e, indirectamente, a mais 10 000, e
fornecedor do componentes essenciais para a «Es­ ainda que atraia outros investimentos na indústria
pace».
de fornecimentos. Contribui deste modo para a
■promoção do desenvolvimento harmonioso da Co­
munidade e para a redução das disparidades regio­
nais, um dos objectivos básicos do Tratado. Con­
Os fornecedores japoneses encontram-se numa si­ tribui também para intensificar a integração do
tuação diferente na medida em que podem benefi­ mercado europeu uma vez que cria vínculos mais
ciar de economias de escala importantes resultan­ estreitos entre Portugal e a Comunidade a nível de
tes de um mercado Aacional forte e, em grande uma das suas mais importantes indústrias. Tais
medida, fechado. Os VFM japoneses representam, factos poderiam não ser suficientes para conceder
em alguns aspectos, um compromisso entre os di­ a isenção, a menos que as condições do n? 3 do
ferentes requisitos dos mercados europeu e ameri­ artigo 85? fossem preenchidas, mas foi um dos ele­
cano. Por estes motivos, os japoneses, graças às mentos que a Comissão teve em conta.
suas estratégias de preços competitivos, vendem na
Europa alguns VFM enquanto nos Estados Unidos
da América, o maior mercado de VFM no mundo,
as suas vendas são muito superiores. 4. Não eliminação da concorrência

(34) As restrições da concorrência decorrentes da coo­ (37) A cooperação entre a Ford e a VW não conduzirá
peração entre a Ford e a VW limitam-se ao indis­ à eliminação da concorrência no segmento dos
pensável para o funcionamento da EC. As partes VFM. Considerando a posição de líder da Renault
dispõem ambas de inteira liberdade de distribuição «Espace», incentivará, pelo contrário, a concorrên­
dos respectivos VFM que serão vendidos indivi­ cia uma vez que oferece outras opções nesta área,
dualmente sob as respectivas marcas e em versões pelo que dela resultará, em última instância, uma
diferenciadas. As partes podem utilizar, por forma estrutura mais equilibrada deste segmento de mer­
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cado. Registar-se-á também um aumento da con­ petitivas que permitam à Ford e à VW impedir
corrência a nível dos preços e da qualidade nos uma concorrência efectiva uma vez que não lhes
próximos cinco a dez anos, a par da maior pene­ permite adoptarem um comportamento em grande
tração de outros construtores, nomeadamente ja­ medida independente dos seus concorrentes neste
poneses, neste segmento. segmento. Neste contexto, a Comissão — contra­
riamente às observações da Matra — não entende,
apesar de as várias previsões da procura de VFM
na Comunidade não serem seguras, que a oferta
(38) Tendo em conta que, também a nível da distribui­ excederá drasticamente a procura durante um pe­
ção, existe concorrência no mercado automóvel ríodo significativo até ao final do século. Mesmo
europeu, a Comissão considera que a diferencia­ que tal situação se verifique, os excessos de capa­
ção dos produtos e das margens de lucro no seg­ cidade poderiam apenas, nesse caso, conduzir à
mento dos VFM deixará espaço suficiente para a intensificação da concorrência sem criarem novas
concorrência entre a Ford e VW, apesar de cada posições dominantes. A Renault «Espace» tem li­
uma adquirir as respectivas versões de VFM à EC, derado o sector dos VFM desde que foi lançada
em princípio, ao mesmo preço. A Comissão consi­ no mercado, em meados dos anos 80. Devido à
dera, no presente caso, que o grau de diferencia­ sua elevada qualidade e reputação, tem sempre li­
ção dos produtos atingido na produção dos VFM derado este segmento, a uma grande distância dos
tanto a nível visual quanto técnico — que deverá seus concorrentes mais próximos . Com base na
ainda ser aumentado — é o mínimo necessário cooperação reforçada com a Renault, a Matra de­
para garantir que a Ford e VW mantenham a sua senvolverá e oferecerá um novo tipo de «Espace»
identidade própria e prossigam estratégias de em 1995, pelo que a sua presença enquanto con­
venda individuais no sector dos VFM. Pelas razões corrente no mercado dos VFM continuará impor­
que em seguida se apresentam, pode partir-se do tante. A Ford e a VW, conjuntamente com outros
princípio de que a Ford e a VW entrarão, na reali­ construtores (novos candidatos, bem como japone­
dade, em concorrência directa uma com a outra. ses), continuarão a garantir um grau de concor­
Em primeiro lugar, as partes têm um incentivo : o rência efectiva no segmento de mercado dos VFM.
aumento dos lucros através do aumento das ven­
das individuais, uma vez que o acordo não prevê
qualquer partilha dos lucros. Em segundo lugar, a
estratégia de produção de massa no sector auto­ (40) As observações apresentadas pela Matra à Comis­
móvel visa oferecer aos consumidores uma vasta são, bem como os seus argumentos apresentados
gama de produtos a fim de estabelecer ou reforçar na audição de 15 de Junho de 1992, em resposta à
a lealdade à marca e não apenas a um modelo. nota da Comissão de 13 de Julho de 1991 , não
Esta concorrência global forçará a Ford e a VW a suscitam, pelos motivos já referidos, qualquer nova
competirem directamente também no segmento apreciação dos acordos notificados, que não a
VFM. acima descrita (em especial, ver pontos 23 e se­
guintes).

C. Artigo 86?
D. Artigos 6? e 8? do Regulamento n? 17

(39) O artigo 86? é aplicável unicamente nos casos em


que as empresas abusam de uma posição domi­ (41) Nos termos do n? 1 do artigo 8? do Regulamento
nante previamente existente. Na situação presente n? 17, uma decisão de aplicação do n? 3 do artigo
as partes não têm uma posição dominante, no seg­ 85? do Tratado deve ser tomada por período de­
mento dos VFM. E, mesmo que tivéssemos em terminado e pode incluir condições e obrigações.
conta a existência de uma tal posição dominante, O n? 1 do artigo 6? do mesmo regulamento obriga
o simples risco de uma utilização abusiva — tal a Comissão a indicar a data a partir da qual essa
como pretende a Matra — não seria motivo sufi­ decisão produz efeitos. Nos termos deste artigo,
ciente de natureza a justificar a aplicação do ar­ no presente caso, a decisão pode produzir efeitos
tigo 86? Pelas razões acima referidas, a coopera­ a partir da data da notificação, isto é, 4 de Feve­
ção entre a Ford e a VW não conduzirá a uma reiro de 1991 . Tendo em conta todas as circuns­
posição dominante na acepção do artigo 86? do tâncias relevantes no presente caso e, especial­
Tratado. mente, a fim de permitir que os elevados investi­
mentos das partes se tornem rentáveis, a decisão
deve abranger um período de dez anos a partir do
início da produção o que, aproximadamente, cor­
À luz das condições de concorrência no segmento responde ao período de vida de um VFM. Esta de­
dos VFM, a cooperação, apesar do auxílio estatal cisão está sujeita a uma série de condições e obri­
ao projecto e das economias de escala dele resul­ gações que a Comissão considera necessário im­
tantes, não criará, provavelmente, vantagens com­ por, em conformidade com as suas atribuições ao
28 . 1 . 93 Jornal Oficiai das Comunidades Europeias N? L 20/21

abrigo do n? 3 do artigo 8? do Regulamento n? A. Condições


17, bem como para garantir as condições prévias
de uma decisão nos termos do n? 3 do artigo 85?
no presente caso. Neste contexto, a Comissão con­ 1 . As empresas-mãe manterão entre os VFM produzidos
sidera que o sector da indústria automóvel não é pela EC, pelo menos, as diferenças a nível dos moto­
somente caracterizado por uma densa rede de for­ res descritas na notificação. A Ford não pode utilizar
necedores na área dos componentes mas, além motores a gasóleo ou a gasolina da VW em mais de
disso, também por crescentes cooperações hori­ 25 % dos seus VFM, ao longo de um qualquer pe­
zontais que incluem a produção em comum de ríodo que exceda três anos.
veículos. Adicionalmente, uma quantidade de for­
necedores tem posições accionistas em empresas
concorrentes. Estas condições/obrigações devem 2. As empresas-mãe estabelecerão processos e cláusulas
assegurar, inter alia, a manutenção de um determi­ de salvaguarda adequados a fim de garantirem que
nado nível de diferenciação dos produtos que per­ todas as informações sensíveis do ponto de vista da
mita aos parceiros concorrerem activamente entre concorrência e não do domínio público, os requisitos
si a nível da distribuição (ver ponto 38). Em espe­ de quantidade, programas e estratégias de comerciali­
cial, a Comissão considera que, os motores, como zação, políticas de distribuição, preços de venda por
componentes vitais dos VFM, devem ser diferen­ grosso e a retalho, bem como as suas intenções a nível
tes. Tendo em conta as circunstâncias especiais do das características de modelo de base e das opções,
presente caso, permitiu-se, todavia, que a Ford ad­ não sejam do conhecimento do pessoal da outra em­
quirisse uma certa percentagem de motores VW, presa-mãe, mas apenas do da EC, o qual necessita de
durante um período limitado. As partes podem òs conhecer para garantir o seu funcionamento ade­
também encomendar individualmente as quantida­ quado. Os empregados que têm necessidade dessas in­
des de que necessitem à EC. Com o objectivo de formações devem assinar um compromisso de confi­
limitar os efeitos potencialmente negativos da em­ dencialidade que os obriga a :
presa comum sobre a concorrência global entre
parceiros, a Comissão considerou adequado
obrigá-los a tomarem determinadas precauções a a) Não utilizar estas informações de concorrência
nível da troca de informações sensíveis entre si e a para outros fins que não os relacionados com a
EC. Tendo em vista a referida situação no sector empresa comum
automóvel, devem também as partes informar a
Comissão sobre a sua cooperação futura com ou­
e
tros produtores de veículos automóveis ou com
outros fornecedores, bem como sobre a utilização
das licenças adquiridas no âmbito do seu projecto. b) Não comunicarem essas informações ao pessoal da
Com o objectivo de evitar uma repartição do mer­
outra empresa-mâe.
cado e para facilitar/ aos consumidores europeus a
importação de VFM a partir de outros Estados­
-membros, as partes deverão — face às garantias
oferecidas à Comissão — distribuir os seus VFM 3. Qualquer pretensão por parte de qualquer das empre­
sas-mãe no sentido de não comercializar num Estado­
através de toda a Comunidade e submeter um pe­
dido de homologação para aqueles veículos de -membro da CEE o respectivo VFM, exige aprovação
acordo com o modelo em vigor para a Comuni­ prévia da Comissão.
dade Europeia. Por último, a Comissão, tendo em
conta a sua experiência, exigiu às partes que pre­
vissem uma forma de se separarem efectivamente 4. No caso de o acordo da empresa comum cessar, cada
no caso de a isenção não ser prorrogada, empresa-mâe deve conceder ou obter a concessão de
todas as licenças tecnológicas necessárias (estejam ou
não sob patente) para permitir à outra empresa-mâe
TOMOU A PRESENTE DECISÃO : continuar a produzir VFM separadamente.

Artigo 1°.
5 . As empresas-mãe não podem alargar, sem aprovação
Nos termos do n? 3 do artigo 85? do Tratado CEE, o prévia da Comissão, a sua gama de produtos da em­
disposto no n? 1 do artigo 85? é declarado inaplicável presa comum a outras categorias de veículos diferen­
aos acordos de fundação entre a Ford of Europe Inc. tes dos VFM.
«Ford» e a Volkswagen AG «VW», notificados em 4 de
Fevereiro de 1991 , bem como aos acordos de execução
posteriores ao acordo acima referido. B. Obrigações

Artigo 2o.
1 . Anualmente, depois do primeiro ano de produção, a
A isenção concedida no artigo 1? encontra-se sujeita às empresa comum deve apresentar à Comissão um rela­
seguintes condições/obrigações : tório do qual conste o seu volume de produção total
N? L 20 /22 Jornal Oficial das Comunidades Europeias 28 . 1 . 93

de VFM acabados, discriminado por modelos e espe­ Por «empresa-mãe» entende-se a Ford Motor Company
cificações de motores. Também anualmente, e depois Inc., Estados Unidos da América, e a Volkswagen AG,
do primeiro ano de produção, cada empresa-mãe deve Alemanha, e o grupo de sociedades de que cada uma é
apresentar à Comissão um relatório individual no qual proprietária ou que controla.
figurem as suas vendas globais de VFM produzidos
pela empresa comum, por Estado-membro da CEE, Artigo 3?
bem como a estimativa das suas partes de mercado em
cada Estado-membro, e ainda as exportações totais de A isenção produz efeitos a partir da data da notificação
VFM para fora da Comunidade. do acordo até 31 de Dezembro de 2004.

2. Cada empresa-mãe é obrigada a :


Artigo 4o.
a) Informar a Comissão, previamente à assinatura, de
qualquer acordo referente a: São destinatárias da presente decisão :
— qualquer aquisição de acções em qualquer nova 1 . Ford of Europe, Inc.,
unidade controlada conjuntamente, Eagle Way,
— qualquer investimento numa nova linha de pro­ Brentwood,
dutos em qualquer unidade já existente e con­ GB-Essex CM13 3BW;
trolada conjuntamente,
— qualquer futuro projecto conjunto de investiga­ 2. Volkswagen AG,
ção, D-W-3810 Wolfsburg.
no sector automóvel, com qualquer construtor de
veículos, que possa ter repercussões significativas, Feito em Bruxelas, em 23 de Dezembro de 1992 .
a nível de concorrência, no Espaço Económico
Europeu ; Pela Comissão
b) Comunicar anualmente à Comissão as modalida­ Leon BRTTTAN
des de execução de cada uma das condições cons­
tantes desta decisão . Vice-Presidente

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