Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/324916355
CITATION READS
1 143
1 author:
Tales Simoes
University of São Paulo
2 PUBLICATIONS 1 CITATION
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Tales Simoes on 30 January 2019.
Edição electrónica
URL: http://journals.openedition.org/confins/12994
DOI: 10.4000/confins.12994
ISSN: 1958-9212
Editora
Hervé Théry
Refêrencia eletrónica
Tales Henrique Nascimento Simões, « A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano »,
Confins [Online], 35 | 2018, posto online no dia 18 abril 2018, consultado o 08 maio 2018. URL : http://
journals.openedition.org/confins/12994 ; DOI : 10.4000/confins.12994
Confins – Revue franco-brésilienne de géographie est mis à disposition selon les termes de la licence
Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions
4.0 International.
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 1
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 2
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 3
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 4
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 5
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 6
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 7
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 8
Figura 2: MERCOSUL
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 9
desenvolvimento, dentre os quais estão três dos cinco membros do Mercosul – Argentina,
Paraguai e Uruguai -, e países como China, Índia, Turquia e Indonésia. Em segundo lugar,
a investida para atenuar a influência do Mercosul na região no momento de debilidade
econômica de seus membros, em consonância com os interesses geopolíticos dos EUA,
dentre os quais pode-se apontar: a) o avanço do livre-comércio na América do Sul, por
meio da organização de uma frente econômica neoliberal; b) contrabalançar o peso dos
países considerados líderes regionais – Brasil, Argentina e Venezuela, não por acaso todos
estados-membros do Mercosul –, principais artífices dos processos de integração regional
sul-americano, que alijam os EUA do seu centro decisório, ao diminuir sua histórica
hegemonia.
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 10
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 11
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 12
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 13
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 14
Considerações finais
58 O cenário sul-americano do século XXI é caracterizado por indefinições geopolíticas que
abrem espaço para o advento de novos polos de poder e de influência na região.
Historicamente atrelada ao papel hegemônico desempenhado pelos EUA, a América do Sul
atesta a ascensão e o declínio do protagonismo de atores extrarregionais e
intrarregionais. A escalada da importância econômica e comercial da região da Bacia do
Pacífico, vinculada ao deslocamento do centro dinâmico da economia mundial para os
países asiáticos, bem como o relativo declínio econômico de Brasil, Argentina e Venezuela
nos últimos anos, culminaram na possibilidade de os países da Aliança do Pacífico
almejarem nova projeção no posicionamento da hierarquia do poder regional.
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 15
59 Contudo, o êxito da AP como bloco regional não está assegurado. Embora ela se destaque
pela flexibilidade e pelo desejo de construir cadeias produtivas para inserção conjunta na
economia global, seus membros se unem basicamente por afinidades ideológicas
neoliberais e pela relação de proximidade com os EUA, com o qual possuem tratado de
livre comércio.
60 A vulnerabilidade econômica é um dos traços mais marcantes dos países do agrupamento,
que padecem de duas debilidades consideráveis. A primeira consiste no estreito vínculo a
que estão submetidos ao desenvolvimento dos EUA, de modo que sua autonomia no plano
externo é altamente comprometida. A segunda refere-se ao caráter primário-exportador
de suas economias, suscetíveis às constantes oscilações do mercado internacional.
61 Somam-se ainda a baixa interdependência econômica e política entre seus membros, o
fato de suas economias não serem complementares e as assimetrias econômicas
existentes. O volume de transição comercial intrarregional ainda é bastante tímido:
segundo o Banco Mundial (2016), o comércio intrarregional na Aliança do Pacífico
representava apenas 3,42% em 2014. À guisa de comparação, o comércio intra-Mercosul
correspondia a 14% do comércio exterior de seus membros no mesmo ano.
62 Ademais, o poder da Aliança do Pacífico em termos econômicos e de mercado não
representa uma ameaça ao Mercosul. Para o ex-ministro de Relações Exteriores do Brasil,
Antonio Patriota (2013), a eliminação de tarifas propugnada pela AP não tem grande
implicação, tendo em vista que já existem acordos de livre-comércio entre eles como
membros da ALADI, sob o patrocínio do Tratado de Montevidéu de 1980. Segundo o
diplomata, a CEPAL havia diagnosticado, desde 2010, que o nível de liberalização
comercial entre os países da AP superava os 90%, com exceção da relação comercial entre
Peru e México, que foi alvo de um acordo de livre-comércio em 2011. Com relação ao
Mercosul, foram firmados, também ao amparo da ALADI, acordos para a eliminação de
tarifas comerciais entre o bloco e os países sul-americanos da Aliança do Pacífico, os quais
deverão promover, até 2019, a liberalização total do comércio regional.
63 Com relação à ALBA, Bernal-Meza (2015) atenta para o posicionamento do governo
venezuelano de considerar a existência da Aliança do Pacífico como um desafio à própria
sobrevivência da ALBA e ao seu projeto de integração regional que envolve propostas
ambiciosas nas agendas sociais, culturais, econômicas e financeiras. A proposta do
presidente Nicolás Maduro5, durante a XII Cúpula de Presidentes da ALBA em julho de
2013, de criar uma zona econômica entre a ALBA e o MERCOSUL como uma contraposição
ao modelo de regionalismo aberto da Aliança do Pacífico é ilustrativa nesse sentido.
64 Outro importante desafio para o êxito da Aliança do Pacífico está na ascensão ao governo
dos EUA de Donald Trump, um político que se concentra em um discurso antiglobalização
e em uma plataforma econômica protecionista, que pode dificultar sobremaneira o acesso
das exportações do bloco àquele mercado. A expectativa dos países da AP de integrar-se à
economia mundial de maneira mais rápida e efetiva por meio do megabloco da Parceria
Transpacífico (TPP) desintegrou-se com a decisão de Donald Trump de retirar os EUA do
acordo. Não menos importante é a possibilidade de revisão do NAFTA, com efeitos
deletérios para a economia do México e, por extensão, da Aliança do Pacífico.
65 Apesar de em termos econômicos a criação da AP não apresentar desafios relevantes para
o Mercosul e para o Brasil, as repercussões geopolíticas devem ser acompanhadas com a
devida atenção por parte dos países da América do Sul. Com efeito, a profusão de
interesses geopolíticos na região, emanados a partir da conformação da Aliança do
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 16
BIBLIOGRAFIA
AMORIM, Celso. Palestra proferida por ocasião da II Conferência Nacional de Política Externa e
Política Internacional. Rio de Janeiro. Novembro de 2007.
BERNAL-MEZA, Raúl. Alianza del Pacífico versus ALBA y MERCOSUR: Entre el desafío de la
convergencia y el riesgo de la fragmentación de Sudamérica. Pesquisa & Debate. Revista do Programa
de Estudos Pós-Graduados em Economia Política, v. 26, n. 1, 2015.
BRASIL. Ministério de Defesa. Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa. 2012.
Disponível em: <http://www.defesa.gov.br/arquivos/estado_e_defesa/ END-PND_Optimized.pdf>.
Acesso em 20 dez. 2016.
COSTA, W.M. O Brasil e a América do Sul: cenários geopolíticos e os desafios da integração. In:
OLIVEIRA, E.R. de (Org.). Segurança e Defesa Nacional: da competição à cooperação regional. São Paulo:
Fundação Memorial da América Latina, 2007.
DEL PACÍFICO, Alianza. Abecé de la Alianza del Pacífico. Alianza del Pacífico (en línea), sección:
Asuntos institucionales, Colombia, 2014. Disponível em: <http://alianzapacifico. net/documents/
ABC_esp. pdf>. Acesso em 28 nov. 2016.
FONSECA JR., G. A Legitimidade e outras questões internacionais. Poder e ética entre as nações. São
Paulo: Paz e Terra, 1998.
PASTRANA BUELVAS, Eduardo. La Alianza del Pacífico: de cara a los proyectos regionales y las
transformaciones globales. Bogotá: Fundación Konrad Adenauer, 2015.
TRAVASSOS, Mário. Projeção Continental do Brasil. São Paulo: Companhia Editoria Nacional, 1935.
2a. ed. ampl.
WORLD TRADE ORGANIZATION. International trade statistics. World Trade. Organization, 2017.
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 17
NOTAS
1. Disponível em: <http://elpaisdigital.com.ar/contenido/argentina-mira-al-pacfico-
oportunidades-y-riesgos-del-libre-cambio/412> Acesso em 31 out. 2017.
2. Fonte: World Trade Organization (2017). Os demais destinos das exportações mexicanas em
2016 foram: União Europeia (5,2% do total exportado), Canadá (2,8%) e China (1,4%).
3. Disponível em: <http://elpaisdigital.com.ar/contenido/argentina-mira-al-pacfico-
oportunidades-y-riesgos-del-libre-cambio/412> Acesso em 31 out. 2017.
4. Decisão CMC 32/2000 – Relançamento do Mercosul/Relacionamento Externo.
5. ALBA plantea crear fuerza económica alterna a la Alianza del Pacífico. El Universo, Quito,
Equador, 30 jul. 2013. Disponível em: <http://www.eluniverso.com/noticias/2013/07/30/
nota/1226851/zona-economica-comun-propuesta-tras-cita-paises-alba>. Acesso em 03 nov. 2017.
RESUMOS
O artigo analisa os impactos do advento da Aliança do Pacífico na arquitetura de governança
regional da América do Sul em termos políticos, econômicos e estratégico-militares e suas
consequências no processo de integração regional sul-americano. A Aliança do Pacífico é
percebida como uma reação às iniciativas de integração em curso na região, que visam dotar seus
países de maior autonomia em um cenário de crescente multipolaridade e indefinições
geopolíticas. O antagonismo entre os projetos de integração regional, em particular entre o
Mercosul e a Aliança do Pacífico, resultam inexoravelmente na fragmentação da América do Sul,
permitindo a influência e a atuação de potências externas e contribuindo para a vulnerabilidade
e enfraquecimento dos países da região, além de atuar como óbice à solidificação do projeto
regional sul-americano. Assim, analisam-se igualmente os interesses geopolíticos em jogo na
América do Sul por parte de atores extrarregionais, notadamente os Estados Unidos e a China.
Le présent article analyse les impacts de l'avènement de l'Alliance du Pacifique sur l'architecture
de la gouvernance régionale de l'Amérique du Sud — impacts d’ordre politique, économique,
militaire et stratégique — et leurs conséquences sur le processus d'intégration régionale sud-
américain. L'Alliance du Pacifique apparait comme une réaction aux initiatives d'intégration en
cours dans la région qui cherchent à doter les pays d'une plus grande autonomie dans un
contexte de multipolarité et d’incertitudes géopolitiques croissantes. L'antagonisme entre les
projets d'intégration régionales, en particulier entre le Mercosur et l'Alliance du Pacifique,
conduit inexorablement à la fragmentation de l'Amérique du Sud, ce qui ouvre un champ
d’influence et d’action à certaines puissances étrangères. Ce phénomène conduit à renforcer la
vulnérabilité des pays de la région et s’érige en obstacle pour le projet régional sud-américain.
Les intérêts géopolitiques d’acteurs étrangers en Amérique du Sud feront aussi l’objet de notre
analyse, notamment en ce qui concerne les États-Unis et la Chine.
The paper analyzes the impacts of the advent of the Pacific Alliance in South American regional
governance architecture in political, economic and strategic-military terms and its consequences
on the South American regional integration process. The Pacific Alliance is perceived as a
Confins, 35 | 2018
A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano 18
reaction to ongoing integration initiatives in the region, aimed at endowing these countries with
greater autonomy in a scenario of increasing multipolarity and geopolitical uncertainties. The
antagonism between regional integration projects, particularly between Mercosur and the Pacific
Alliance, inexorably results in the fragmentation of South America, allowing the influence and
action of foreign powers and contributing to the vulnerability and the weakening of the
countries of the region, as well as acting as an obstacle to the solidification of the South
American regional project. Thus, the geopolitical interests at stake in South America by extra-
regional actors, notably the United States and China, are also analyzed.
ÍNDICE
Mots-clés: Alliance Pacifique, Mercosur, Intégration régionale sud-américaine, Amérique du Sud
Palavras-chave: Aliança do Pacífico, Mercosul, Integração Regional Sul-Americana, América do
Sul
Índice geográfico: Pacífico e América do Sul
Keywords: Pacific Alliance, Mercosur, South American Regional Integration, South America
AUTOR
TALES HENRIQUE NASCIMENTO SIMÕES
Universidade de São Paulo. taleshenrique@usp.br
Confins, 35 | 2018