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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Unidade Universitária de Paranaíba


Profª. Drª. Léia Comar Riva

→ 2h/a

Conteúdo Programático:1

EFEITOS JURÍDICOS DO MATRIMÔNIO

➢ Conceito dos efeitos jurídicos do casamento: São consequências que se projetam


no âmbito social, nas relações pessoais e econômicas dos cônjuges, nas relações
pessoais e patrimoniais entre pais e filhos, dando origem a direitos e deveres,
disciplinados por normas jurídicas.

O matrimônio produz os seguintes efeitos jurídicos:

• Efeitos sociais
• Efeitos pessoais
• Efeitos patrimoniais

I - Efeitos Jurídicos Sociais do Matrimônio

- Criação da família instituída pelo casamento (CF, art. 226, §§ 1º e 2º; CC, art 1.511 e
seguintes).

- Estabelecimento do vínculo da afinidade entre cada cônjuge ou companheiro e os


parentes do outro (CC, art. 1.595, §§ 1º e 2 º).

- Emancipação do consorte de menor idade (CC, art. 5º, parágrafo único, II).

- Constituição do estado de casado.

II - Efeitos Jurídicos Pessoais do Matrimônio

1) Direitos e deveres de ambos os consortes

➢ Os deveres estão no plano da eficácia → produzir os efeitos jurídicos


Desejados

1
No resumo da matéria abaixo foram utilizadas citações retiradas das bibliografias indicadas, já
disponibilizadas.
➢ O casamento gera efeitos jurídicos, trazendo deveres para ambos os cônjuges
(esses efeitos e deveres estão no plano da eficácia).

→CC. arts. 1.565-1.570 - Eficácia do casamento: regras e princípios atinentes à vida


em comum.

→ Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de


consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
- Comunhão plena de vida
- Igualdade de direitos e deveres CF, art. 226, § 5º e CC, arts. 1.511; 1.565 e 1.567-1.570

§ 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.


§ 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar
recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo
de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.

- Princípio da não intervenção do Estado ou da liberdade

→ Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:


➢ A quebra desses deveres dá origem separação/divórcio sanção

I. Fidelidade mútua (CC, art. 1.573, I).

II. Vida em comum no domicílio conjugal

III. Mútua assistência (CC, art. 1.573, III).

IV. Sustento, guarda e educação dos filhos [...]


→solidariedade social – CF/1988, art. 3°, I.

V. Respeito e consideração mútuos (CC, art. 1.573, III)

→ Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo


marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
§ único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá
tendo em consideração aqueles interesses.
→ Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que
seja o regime patrimonial.

→ Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e
outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao
exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes.

→ Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido,
encarcerado por mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado,
episodicamente, de consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro
exercerá com exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens.

Maria Helena Diniz* Do casamento decorrem certos direitos e deveres. Os cônjuges são
titulares deles, em virtude de lei e devem exercê-los conjuntamente. O exercício desses
direitos e deveres pertence, igualmente, a ambos.
- Exercer a direção da sociedade conjugal (CC, arts. 1.567 e 1.570).
- Representar legalmente a família (CC, arts. 1.634, V, e 1.690).
- Fixar domicílio da família (CC, arts. 1.569 e 1.567, parágrafo único).
- Proteger o consorte na sua integridade física ou moral.
- Colaborar nos encargos (CC, arts. 1.565, 1.567 e 1.568).
- Velar pela direção moral e material da família (CC, art. 1.568).
- Dirigir a comunidade doméstica (CC, arts. 1.643, 1.644, 1.565 e 1.568).
- Adotar, se quiser, os apelidos do consorte (CC, art. 1.565, § 1º).
- Direito de se opor à fixação ou mudança do domicilio determinada por um deles (CC,
arts. 1.569 e 1.567, parágrafo único).
- Direito de exercer livremente qualquer profissão lucrativa.
- Praticar qualquer ato não vedado por lei (CC, art. 1.642, VI).
- Litigar em juízo cível ou comercial, salvo se a causa versar sobre direitos reais
imobiliários (CPC, art. 10; CC art. 1647, II), podendo: propor separação judicial e
divórcio; contratar advogado; requerer interdição do consorte (CC, art. 1.768,
II);promover a declaração de ausência de seu consorte; reconhecer filho; praticar atos
relativos à tutela ou cautela; aceitar mandato; aceitar ou repudiar herança ou legado.
- Pleitear seus direitos na Justiça Trabalhista (CLT, art 792).
- Requerer na Justiça Eleitoral alistamento (Lei n. 4.737/65, art. 43).
- Exercer o direito de defesa, na Justiça Criminal, sem anuência do cônjuge.
- Não perder sua nacionalidade se se casar com estrangeiro.
- Aplicar-se a lei brasileira na ordem da vocação hereditária, se estrangeiro se casar com
brasileiro (LI, art. 10, § 1º).
- Não poder casar-se novamente aquela que teve casamento anulado ou a viúva antes de
decorridos 10 meses de viuvez, salvo se antes do término desse prazo der à luz um filho.
- Não poder casar-se o viúvo enquanto não fizer o inventario dos bens do casal e deles
der partilha aos filhos.
- Poder de decisão sobre planejamento familiar (CC, arts. 1.565, § 2º, e 1.513; e CF/88,
art. 226, § 7º).

2) Direitos e deveres dos pais para com os filhos

- Sustentar e educar os filhos (CC, arts. 1.566, IV, 1.568, 1.634, I a VII; CP, arts. 244,
245, 246, 247).
- Poder familiar (CC, arts. 1.631 e parágrafo único, 1.690 e § único, 1.637, 1.638 e 1.696).
- Não pode o pai, na separação de fato, reclamar filho menor que está em poder da mãe,
salvo por motivo grave.
- Deliberarem, ambos os pais, na separação judicial consensual, a respeito da guarda dos
filhos (CC, art. 1.583; CPC, art. 1.121, II e III).
- Observar-se na separação litigiosa o disposto no CC, art. 1.584, 1.589, 1.579 e 1.703.
- Não perder o genitor que contrai novas núpcias o direito ao poder familiar quanto aos
filhos menores do leito anterior (CC, arts. 1.588 e 1.636, § único).
- Os pais deverão criar, cuidar e educar (sustentar) os filhos e esses deverão
amparar os pais na velhice, doença e na impossibilidade desses sustentarem-se por si
próprios.
- Os pais têm direito ao usufruto e a administrar os bens dos filhos menores. Esses direitos
serão estudados junto com os efeitos patrimoniais do poder familiar.

III - Efeitos Jurídicos Patrimoniais do Matrimônio

Regime matrimonial de bens entre os cônjuges (CC - arts. 1.639 a 1.688)

➢ Conceito:

É o conjunto de normas aplicáveis às relações e interesses econômicos resultantes do


casamento. É o estatuto patrimonial dos consortes.

Regime matrimonial de Bens: "conjunto de regras relacionadas com interesses


patrimoniais ou econômicos resultantes da entidade familiar, sendo as suas normas,
em regra, de ordem privada" (Tartuce e Simão)

O instituto do regime de bens disciplina as relações econômicas entre os cônjuges durante


o casamento.

→ Princípios fundamentais do regime de bens:


➢ Liberdade dos pactos antenupciais [...]
➢ Mutabilidade jurídica do regime adotado (art. 1.639, parágrafo 2º, CC) [...]
➢ Imediata vigência da data da celebração do casamento [...]
➢ Variedade de regime de bens

Há quatro regimes de bens previstos no Código Civil brasileiro:


- Regime de comunhão parcial de bens (arts. 1.658-1.666);
- Regime de comunhão universal de bens (arts. 1.667-1.671);
- Regime de participação final nos aquestos (arts. 1.672-1.686);
- Regime de separação de bens (convencional) (arts. 1.687-1.688).
►Variedade de regime de bens

1) Regras gerais quanto ao regime de bens (arts. 1.639-1.652)

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento,


estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.

§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde


a data do casamento.

§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante


autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges,
apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os
direitos de terceiros.

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou


ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da
comunhão parcial.

►Imediata vigência da data da celebração do casamento: Caso os nubentes nada


convencionaram antes do casamento ou se a convenção foi ineficaz ou eivada de nulidade,
o regime que irá vigorar será o de comunhão parcial de bens, que por isso é denominado
o regime legal.

§ único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar


por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma,
reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o
pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no


casamento:

Tartuce e Simão: "toda vez que desaparecer a causa ou motivo que impôs aos nubentes o
regime de separação obrigatória prevista no art. 1.641 do Código de 2002, poderão os
cônjuges pleitear a alteração do regime de separação obrigatória de bens, com base no §
2º do art. 1.639".
- incisos I e III, o regime é imutável até que se resolva a situação.
- inciso II, o regime é imutável mesmo.

A) Incidência da Súmula 377, STF


* Na separação convencional → há separação absoluta → sendo livre a disposição de
bens, sem a necessidade de outorga conjugal. Arts. 1.687-1.688, CC.

* Na separação obrigatória ou legal → aplica a Súmula 377 STF. Art. 1.641, CC

B)

Importante: art. 978/CC: “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga


conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integram o
patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. Nesse caso, EM TODOS OS
REGIMES DE BENS, poderá o empresário casado alienar bens.

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas


suspensivas2 da celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos (antes da Lei n. 12.344/2010 era 60


anos);

• O regime é imutável, salvo se reconhecida a inconstitucionalidade desse artigo

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

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Art. 1.523. Não devem casar:
I. o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e
der partilha aos herdeiros.
II. a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois
do começo da viuvez ou da dissolução da sociedade conjugal, salvo se der à luz a algum filho ou se
provar a inexistência de gravidez;
III. o divorciado enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV. o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não tiverem saldadas as
respectivas contas.

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