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AO JUÍZO DO

PRIORIDADE: EXEQUENTE COM MAIS DE 70 ANOS

CARLOS ANTÔNIO COELHO, brasileiro, viúvo, engenheiro civil,


portador da carteira de identidade RG de nº 934.383 SSP/DF e inscrito no CPF sob o nº
013.954.836-04, residente e domiciliado na SQSW quadra 103, bloco F, apartamento
407, Brasília/Distrito Federal, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de
seu advogado subscritor (procuração – documento 1), apresentar

CONTESTAÇÃO

nos autos que lhe move ALZIRA MARIA MARRA, o que faz pelos fatos e
fundamentos que abaixo enuncia:

I – DOS FATOS
Trata-se de ação declaratória e de indenização por danos morais oposta pela
autora em face do réu, além de BSB CONFIANCE SERVICOS IMOBILIARIOS LTDA
– ME, e COMPANHIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO DISTRITO FEDERAL
CAESB.

A autora busca a desconstituição do débito referente às contas de água e esgoto


entre as datas de .

Requer ainda a autora a condenação dos réus em danos morais, em razão de ter
sido protestada por tais débitos.

Ocorre que não cabe ao requerido a responsabilidade pelos débitos, tampouco


poderia ele requerer o cancelamento de serviço contratado pela requerida.
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Escritório: Qd. 28, loja 10, sala 102, Setor Oeste Comercial, Gama, Brasília/DF
Telefone: (61)9157-5574/3393-7680
Ademais, a responsabilidade do requerido é subjetiva, não sendo aplicável à
relação entre ele e a requerente o CDC.

II – DOS FUNDAMENTOS
a) Da inaplicabilidade do CDC

Primeiramente cumpre ao requerido informar que a relação dele com a


requerente não se amolda ao CDC, não podendo, portanto, incidir sobre ele as regras de
responsabilidade aplicadas às relações de consumo.

Inicialmente a relação entre a requerente e o requerido é puramente civil, o


requerente é pessoa física, sendo engenheiro aposentado, desse modo o aluguel do
imóvel é usado apenas como complemento de renda pelo requerido.

Conforme deixa claro o CDC sua aplicabilidade é restrita aos casos em que há
uma relação entre consumidor e fornecedor, no caso em tela as partes encontram-se em
pé de igualdade, sendo que o requerido não se encaixa nem de longe na figura do
fornecedor indicado no art.3º do CDC:

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

O requerido não pode e nem deve ser considerado como fornecedor, razão pela
qual pugna pelo afastamento do CDC ao requerido.

b) Da responsabilidade pelo cancelamento

Em síntese, a requerente informa que não é responsável pelas contas de água,


porém tal posição não encontra amparo no direito.

O TJDFT já assentou em sua jurisprudência que a responsabilidade pelo


cancelamento ou alteração da titularidade é o do usuário, não havendo como imputar tal
responsabilidade ao locador. Nesse sentido:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO
DECLARATÓRIA. FATURA CAESB. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. NÃO
COMPROVAÇÃO. OBRIGAÇÃO PESSOAL E NÃO "PROPTER REM".
NÃO COMUNICAÇÃO À CONCESSIONÁRIA DA ALTERAÇÃO DE
PROPRIEDADE. COBRANÇA LEGITIMA. 1. Firmado contrato de
prestação de serviços de água e esgoto com a agravante é de
responsabilidade da demandante a comunicação à empresa prestadora
do serviço, em caso de cancelamento do contrato ou transferência de
titularidade da conta de água. Fato que não está demonstrado nos autos.
2. Enquanto não efetuada a transferência de titularidade junto à
empresa prestadora do serviço, presume-se legítima e legal a cobrança
daquele que solicitou a prestação do serviço, responsabilizando-se pelo
pagamento. 3. Agravo de Instrumento conhecido e desprovido. (Acórdão
1268810, 07265860320198070000, Relator: FABRÍCIO FONTOURA
BEZERRA, 5ª Turma Cível, data de julgamento: 1/4/2020, publicado no
DJE: 7/8/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Ao requerido não há como imputar um débito que ele não produziu.

Após a saída da autora o imóvel foi fechado, sendo que por não ter autora
cancelado o contrato com a Caesb as cobranças permaneceram.

Observe-se que a cobrança se deu pelo mínimo de consumo, demonstrando


que a cobrança não se deu pelo uso, mas sim pela simples existência do contrato
entabulado entre a autora e a Caesb, desse modo fica clara a responsabilidade da
autora pelos débitos.

c) Da responsabilidade subjetiva e da excludente do nexo de causalidade


(culpa da vítima)

Uma vez afastada a aplicabilidade do CDC não pode o requerido ser obrigado a
indenizar a autora sem provas de sua conduta.

Com o devido respeito às argumentações lançadas pela requerente, estas não


merecem prosperar, vez que, como adiante será demonstrado, o alegado DANO sofrido
pela Autora não restou caracterizado, tampouco comprovado.

Para caracterização do dever de indenizar prevalece o entendimento de que são


quatro as premissas da responsabilidade civil: a conduta, a culpa genérica, o nexo de
causalidade e o dano.

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No presente caso e diferente do alegado na exordial, trata-se de verdadeira
responsabilidade civil subjetiva, isto é, compete à requerente demonstrar a culpa do
requerido, além de demonstrar o dano ocasionado.

Cabia à requerente o cancelamento do contrato de fornecimento de água, sendo


ela a titular.

Não houve ato ilícito indenizável por parte do requerido. A conduta que gerou o
suposto dano foi praticada da requerente, a qual não agiu com o devido cuidado ao
finalizar o contrato de aluguel.

A conduta do requerido no presente caso é apenas a de ser proprietário do


imóvel, uma vez que sequer houve o consumo de água por parte dele, e a suposta
conduta omissiva apontada pela requerente decorre de ato falho da própria requerente,
não podendo ser imputado ao requerido essa responsabilidade.

No mais, não foi o requerido quem levou os títulos à protesto, tal conduta é
exclusiva da Caesb.

Assim, não há como responsabilizar o requerido.

II – DOS PEDIDOS:

Isto posto, requer que sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos da


requerida.

Termos em que pede deferimento.

Brasília/DF, 12 de dezembro de 2020

Monteiro Logan Corrêa Batista Marques


OAB/DF nº 48.924

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LISTA DE DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A INICIAL

Documento 01 – Procuração
Documento 02 – CNH do Autor
Documento 03 – Comprovante de pagamento de custas
Documento 04 – Petição inicial do processo de conhecimento nº 1375-0/2015
Documento 05 – Sentença do processo de conhecimento nº 1375-0/2015
Documento 06 – Acordão e Trânsito em Julgado Processo de conhecimento 1375-
0/2015
Documento 07 – Cópia do recurso apresentado a JARI
Documento 08 – Cópia do julgamento da JARI do qual o autor não foi intimado
Documento 09 – Auto de infração
Documento 10 – Decisão do cumprimento de sentença
Documento 11 – Petição informando o cumprimento de sentença
Documento 12 – Ofício da PGDF solicitando o cumprimento da sentença
Documento 13 – Manifestação informando o descumprimento da decisão
Documento 14 – Julgamento do recurso na JARI após o retorno equivocado do processo
ao segundo procedimento (de aplicação de penalidade de suspensão do direito de
dirigir)
Documento 15 – Processo 055.023463-2013

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