Título - Gestão ambiental em organizações: as contradições percebidas pelas trabalhadores
Autor- Dra. Kátia Barbosa Macêdo – Universidade Católica de Goiás
katia.macedo@cultura.com.br Co-autores- Elise Alves dos Santos, Universidade Católica de Goiás - elise_alves@yahoo.com.br Ana Tereza Elias Siqueira -bolsista Universidade Católica de Goiás aninhates@yahoo.com.br Jamaile de Souza Reis Universidade Católica de Goiás jamaile@gmail.com Keila Mara de Oliveira Farias - Faculdades Alves Faria keila_mara@uol.com.br Luiza Ferreira Rezende de Medeiros – doutoranda pela Universidade de Brasília luiza502@bol.com.br Resumo - A presente pesquisa teve como objetivo levantar dados a respeito de organizações goianas que atuam em Gestão Ambiental, enfocando a implantação dos programas de GA, tendo como objetivo geral conhecer como os trabalhadores representam os programas desenvolvidos pelas organizações onde atuam. Para que o SGA seja efetivo é fundamental que este esteja integrado ao planejamento global da empresa; e que haja efetivo envolvimento de todos os setores e pessoas responsáveis por sua implantação. É necessário ainda refletir a política ambiental garantindo uma mudança de comportamento e submeter- se a uma revisão periódica. Muitas vezes, as organizações que implantam os SGA buscam tão somente o reconhecimento externo, de forma que a questão central do meio ambiente assume um papel secundário. Trata-se de estudo de casos, de caráter descritivo e exploratório, que foi realizado em parceria com a FIEG e Agência Ambiental do Estado de Goiás. Foram coletados dados em 10 organizações goianas. Como instrumentos para coleta de dados foi utilizado a análise documental, e entrevista semi-estruturada Para o tratamento dos dados foi realizada a Análise Gráfica do Discurso de Lane. A partir do discurso dos trabalhadores emergiram núcleos de pensamento que indicam representações dos trabalhadores envolvidos no processo que consideram que: motivos distintos foram considerados para decisão de implantar as ações; foram utilizadas abordagens diferenciadas para conscientizar e sensibilizar os trabalhadores; alguns afirmaram que houve adequação das atividades e declararam conhecer o Programa, avaliando-o como bom; em outras, trabalhadores declararam que as ações visavam mais ao cumprimento da legislação, que houve pouco investimento para sensibilização/implantação deste, e que não gerou mudanças, sendo que muitos desconhecem seu funcionamento. Com relação à pergunta “A organização possui algum sistema de gestão ambiental?”, se observou diferentes respostas para os níveis gerencial e operacional. Fica claro que os trabalhadores de uma maneira geral não têm esclarecimentos maiores quanto aos programas e ações desenvolvidas nas organizações, e que muitas vezes apenas a área administrativa envolve- se no processo. Dessa forma é possível afirmar que nem sempre o objetivo da organização está voltado para a sensibilização dos funcionários acerca da importância da questão ambiental. Ao falarem sobre o motivo pelo qual a organização buscou a implementação do SGA, percebe-se uma clara diferenciação entre o discurso dos trabalhadores da área operacional e administrativa, já que muitas vezes as informações ficam restritas à área administrativa, e quando os trabalhadores não sabem relatar os motivos, nem tampouco descrever o que é o próprio Sistema de Gestão Ambiental. Dados referentes à implementação do SGA, e a questão da inclusão do SGA no planejamento estratégico também ficam restritos tão somente ao departamento responsável pela Gestão Ambiental. No que se refere ao planejamento acerca do Sistema de Gestão Ambiental, emergiram respostas que tal levantamento foi realizado a partir de estudos, e à medida em que surgiam dúvidas acerca da implementação, novos estudos eram realizados. Os trabalhadores da área administrativa afirmaram que tinham conhecimento acerca do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental, mas que tais estudos não eram a base para a implantação dos programas. A implantação do programa. Observa-se que os trabalhadores da área muitas vezes declaram não conhecer o programa e não sabem informar dados básicos acerca dos mesmos, ainda que esses programas estejam em andamento, ou mesmo que as organizações já tenham obtido alguma certificação de gestão ambiental, como ISO 14000 ou similares. Fica claro assim, a contradição no discurso entre as áreas administrativa e operacional, pois os trabalhadores que atuam em nível gerencial ou na área administrativa têm mais acesso às informações do programa, porém não as repassam de forma coerente às demais áreas da organização. Ao serem perguntados sobre as atividades de divulgação para que os trabalhadores conhecessem os programas, do discurso dos trabalhadores da área administrativa emergiram respostas relacionadas à realização de palestras e treinamentos visando a sensibilização dos trabalhadores sobre o programa. Observa-se que há uma incoerência entre tais informações, já que as respostas dos trabalhadores da área operacional declaram desconhecer dados básicos dos programas e sobre as ações desenvolvidas nas organizações onde atuam. Ao se questionar se a organização modificou algum processo após a implantação do SGA, o que se percebe é que não foram relatadas mudanças nem relacionadas à forma de os trabalhadores desenvolverem suas atividades rotineiras. Assim, não há uma adequação ao sistema junto aos trabalhadores, o que remete mais uma vez a questão de um questionamento mais aprofundado do motivo pelo qual as organizações buscam um SGA, e a partir disso surge a questão de que se as organizações o fazem visando utilizar o programa como marketing, para atender à exigências externas, ou se realmente objetivam desenvolver uma sensibilização dos trabalhadores em relação às questões ambientais, e realmente desenvolverem ações que visem prevenir e diminuir impactos negativos no meio ambiente. Um treinamento que vise sensibilizar os trabalhadores para questão ambiental deve envolver aspectos de sensibilização ambiental; motivação e comunicação extensivos a todos os trabalhadores da organização. Constatou- se que não existem indicadores, monitoramento nem produção de relatórios periódicos para avaliar o desempenho ambiental das organizações. Alguns trabalhadores do grupo administrativo até reconhecem a necessidade de implantá-las. Já os trabalhadores da área operacional não sabem do que se trata ou têm apenas uma vaga noção. Quando isso ocorre, atribui-se o conhecimento a outro departamento que não o seu. Quanto ao consumo de energia e de água, redução na produção de resíduos e níveis de poluição liberados, o grupo gerencial afirma que houve uma redução considerável, porém sem dados quantitativos sistematizados. Enquanto o grupo de trabalhadores que atuam na área operacional afirma que “acham que houve” uma redução, ou ainda que desconhecem qualquer informação a esse respeito. Foram considerados como pontos positivos para a organização após a implantação de ações de gestão ambiental a divulgação de uma imagem institucional externa positiva; o sentimento de gratificação de algumas pessoas envolvidas com o programa em contribuir com a preservação do meio ambiente e limpeza das ruas; foi mencionado que houve aumento na lucratividade,a partir do início da venda de materiais recicláveis; houve mais economia na compra de produtos e ainda houve redução das faturas de pagamento de energia e água. Mais do que aspectos negativos relacionados ao programa, pode-se detectar falhas relacionadas com sua concepção, falta de planejamento que garantisse sua implantação de forma adequada, falta de envolvimento da cúpula. Ainda, falta de indicadores claros e objetivos, falta de acompanhamento e avaliação do programa. Todos esses fatores contribuíram para o comprometimento dos resultados do programa. Ficou clara a dificuldade marcante de entendimento e conhecimento por parte dos trabalhadores com relação ao programa, o que dificultou sobremaneira que eles respondessem a algumas perguntas da entrevista; a constatação de que houve falhas na comunicação do programa e ações, tendo em vista a inexistência quase generalizada de trabalhadores sensibilizados para a questão ambiental e sua importância; infere-se que houve pouco investimento e envolvimento da cúpula junto à implantação do programa, tendo em vista que os trabalhadores de ambos os grupos declararam que houve falta de divulgação, comunicação, execução, andamento e controle das práticas de gestão ambiental. Sobre as análises críticas periódicas do SGA, quase todas as organizações pesquisadas não realizam tais análises e quando as realizam, não o fazem periodicamente. A sensibilização sobre a questão ambiental emerge em um momento em que cada trabalhador, age localmente pensando de forma global. Essa sensibilização não ocorre simplesmente a partir da implementação de ações por parte das organizações, como meio de obter determinadas certificações, mas surge através da implementação programas educativos, trocando experiências. Os resultados obtidos na pesquisa indicam um envolvimento instrumental com o Sistema de Gestão Ambiental, visando atender à pressões externas e obter acesso à liberação de verbas e financiamentos, logo um dos interesses comercial. As organizações para atender a exigências externas, optaram por manipular os processos de sistema de gestão ambiental, como um meio de atender as exigências, não se trata, como mencionado, de uma questão de sensibilização e envolvimento com a questão ambiental, mas sim de manutenção do sistema econômico. Levantou-se várias contradições, no que se refere à implantação do sistema de gestão ambiental. Compreende-se que as organizações não definiram sua política ambiental, o que indica que ela não assumiu compromissos efetivos ao meio ambiente ou com um processo de melhoria contínua. Existe um discurso de uma política de gestão integrada, mas esta não está nem disponível aos trabalhadores nem é divulgada para os clientes. Os resultados desta pesquisa não mostram essas ações, aliás, foi relatado pelos trabalhadores que essas ações não ocorreram, deixando claro que o foco das organizações era interesse econômico. A incorporação dos conceitos de um SGA, no cotidiano dos trabalhadores requer uma mudança de cultura em todos os níveis. A inserção desses novos conceitos na cultura da organização exige um sistema de sensibilização eficiente entre seus vários níveis hierárquicos por meio do estabelecimento de um sistema de educação ambiental que mobilize todos os seus integrantes. Como as organizações atuavam com o sistema de gestão ambiental para atender a pressões externas, a preocupação em desenvolver ações de educação ambiental não era prioridade. Tema e Eixo em que se insere – Trabalho Introdução Com o aumento da conscientização da questão ambiental pelos consumidores e o fortalecimento de movimentos sociais, surgiram e se multiplicaram legislações específicas para o meio ambiente, transferindo a responsabilidade de tratamento de resíduos, efluentes e reciclagem de materiais para as organizações. O mercado verde criou oportunidades de negócios em várias frentes diferentes. Ao implantarem Sistemas de Gestão Ambiental, as empresas podem modificar processos, fornecedores, desenho e embalagens dos produtos ou serviços visando alcançar seus objetivos. Para Donaire (1999), na América Latina, as prioridades dizem respeito às políticas de desenvolvimento e à luta contra o subdesenvolvimento e suas manifestações. Entre os problemas ambientais mais comuns destaca-se o da poluição, em sua expressão mais tradicional ligada à industrialização, à mecanização da agricultura e ao crescimento urbano. O problema ambiental latino-americano é a depredação passada e presente dos recursos da região. Esses recursos têm sido sobre utilizados por uma exploração em benefício de grupos poderosos. Nesse sentido, as ações dos países latino-americanos devem enfocar em três aspectos: recuperação do meio ambiente degradado; avaliação da degradação futura do meio ambiente; potencialização de recursos ambientais. No Brasil, a preocupação ecológica e sua interiorização organizacional é fruto de influências externas, da legislação ambiental e das pressões exercidas pela comunidade. Para Viola e outros (1998), o ambientalismo brasileiro emergiu na primeira metade de década de 1970, por meio de algumas poucas associações que realizavam campanhas de denúncia e conscientização pública de âmbito local, as quais obtiveram mínima repercussão na opinião pública Dentre os motivos que levam organizações a incorporarem a variável ambiental em sua gestão, geralmente ocorrem: necessidade de obedecer às leis; empresas devem tornar-se mais eficazes, reduzindo custos com reciclagem, diminuição do consumo de matérias- primas, energia e evitando desperdícios; elas devem ser mais competitivas e abrir novos mercados; elas não devem correr o risco de comprometer sua imagem junto à opinião pública associando sua imagem a poluição e degradação ambiental; responsabilidade social e ética das empresas com a sociedade no presente e no futuro. Gestão Ambiental nas Organizações: Sistema de Gestão Ambiental Um SGA é “a parte do Sistema de Gestão Global que inclui a estrutura organizacional, o planejamento de atividades, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para o desenvolvimento, implantação, alcance, revisão e manutenção da política ambiental”, segundo normas da ISO14000. A implantação do SGA ocorre em cinco etapas sucessivas e contínuas: 1- Política ambiental da organização. 2- Planejamento, 3- Implementação e operação; 4- Monitoramento e ações corretivas e 5- Revisões gerenciais. O SGA distingue-se das ações descontínuas, pontuais, não integradas de controle da poluição da empresa. O sucesso do SGA vai depender: Do comprometimento da alta direção, de ele estar integrado ao planejamento global da empresa, do envolvimento de todos os setores e pessoas responsáveis pela sua implantação, e de ele refletir a política ambiental, de ele garantir uma mudança de comportamento, de ele considerar recursos humanos, físicos, e financeiros necessários, de ser dinâmico e sofrer revisão periódica. Elkington e Burke (1989 in DONAIRE 1999) sugerem os dez passos necessários para a excelência ambiental: desenvolva e publique uma política ambiental; estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos; defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal; divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades; obtenha recursos adequados; eduque e treine seu pessoal e informe aos consumidores e a comunidade; acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios; acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental; contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental e ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos. Para a implantação são necessárias algumas decisões anteriores: escolha de um responsável; formar o Comitê de coordenação/Implantação; sensibilizar e treinar os envolvidos e treinar para o comitê de coordenação/Implantação. Donaire sugere uma avaliação do posicionamento da empresa em relação à questão ambiental, possibilitando avaliar seu perfil, e inclui nove variáveis a serem observadas: ramo de atividade da empresas; produtos, examinando se são renováveis ou não, se é possível reciclagem, se há aproveitamento de resíduos, se há poluidores, a quantidade de energia; processo – um processo deve estar próximo a : poluição zero, nenhuma produção de resíduos, nenhum risco para os trabalhadores, baixo consumo de energia e eficiente uso dos recursos; conscientização ambiental; padrões ambientais; comprometimento gerencial; capacitação do pessoal; capacidade da área de Pesquisa e Desenvolvimento e capital. Para Maimon (1999), os empresários e gestores encontram algumas dificuldades no processo de implantação de um Programa de Gestão Ambiental nas organizações. Essas dificuldades serão aqui tratadas como barreiras à implantação dos Programas de Gestão Ambiental. As principais são: organizacionais, sistêmicas, comportamentais, técnicas, econômicas e governamentais. Um dos problemas enfrentados ao implantar os Programas de Gestão Ambiental é a falta de incentivos governamentais para a redução dos impactos ambientais e para compatibilização da política industrial com a segurança dos investimentos realizados. Qualquer alteração na política industrial pode inviabilizar os Programas de Gestão Ambiental. Com o objetivo de atender a algumas dessas motivações, organizações passaram a desenvolver mudanças para a implantação do sistema de gestão ambiental. Os trabalhadores da organização são afetados de formas diferentes pela implantação desse novo sistema de gestão, que muitas das vezes modifica completamente as atividades exercidas por eles na organização. A forma como o trabalhador da organização percebe, vivencia e representa a implantação de um sistema de gestão ambiental depende do impacto que esta causa nos processos organizacionais que ele participa. Dessa forma, a percepção, vivências e representações que o trabalhador do nível operacional se baseia para construir seu discurso sobre o tema pode ser completamente diferente da de seus colegas que atuam no nível estratégico/tático. Compreender (via uma análise discursiva) a percepção, vivências e representações dos trabalhadores da organização quanto à gestão dos programas ambientais, pode tanto contribuir para a ampliação do conhecimento científico sobre o assunto, como para a elaboração de propostas de melhoria ns organizações. Desse modo pode auxiliar na conscientização/sensibilização dos trabalhadores para os impactos ambientais causados pelas atividades que desenvolve, bem como esclarecer aos administradores das organizações sobre a importância da implantação de um sistema de gestão ambiental. Objetivo O presente estudo teve como objetivo levantar dados sobre as representações que os trabalhadores têm sobre os Sistemas de Gestão Ambiental ou Ações de Gestão Ambiental em organizações goianas, partindo de seu discurso. Para tal, teve como parceiros a Secretaria do meio Ambiente, e o SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, tendo em vista que ambos promovem o Prêmio de Gestão Ambiental em Goiás. Método Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório que foi realizada por meio de estudos multicasos. A presente pesquisa contou com a participação de 10 organizações localizadas na região metropolitana de Goiânia. Tais organizações foram selecionadas a partir de um critério de possuírem alguma ação voltada para o meio ambiente. A amostra foi composta por 61 trabalhadores, de ambos os sexos, com idade variando entre 18 a 56 anos, com escolaridade variando entre analfabetos até ensino superior completo, sendo que foram subdivididos em trabalhadores de nível operacional e nível gerencial. Os dados foram coletados por meio de análise documental e entrevistas semi-estruturadas, realizadas individualmente, e com consentimento expresso dos sujeitos. Também desenvolveu a análise documental de todas as organizações que possuíam documentos específicos sobre gestão ambiental. O roteiro de entrevista abordou cinco categorias: comprometimento e política ambiental; planejamento; implementação; medição e avaliação e análise crítica e melhoria. A técnica escolhida para a análise de dados foi a análise gráfica do discurso de Silvia Lane (1985). Resultados Os resultados serão apresentados considerando os núcleos e categorias que emergiram do discurso dos participantes, e serão apresentados considerando as categorias do roteiro: Categoria 1- Comprometimento e Política Os trabalhadores de uma maneira geral não têm esclarecimentos maiores quanto aos programas e ações desenvolvidas nas organizações, e que muitas vezes apenas a área administrativa envolve-se no processo. Dessa forma é possível afirmar que nem sempre o objetivo da organização está voltado para a sensibilização dos funcionários acerca da importância da questão ambiental. Ao responderem o motivo pelo qual a organização buscou a implementação do SGA, percebe-se uma clara diferenciação entre o discurso dos trabalhadores da área operacional e administrativa, já que muitas vezes as informações ficam restritas à área administrativa, e quando os trabalhadores não sabem relatar os motivos, nem tampouco descrever o que é o próprio Sistema de Gestão Ambiental. Dados referentes à implementação do SGA, e a questão da inclusão do SGA no planejamento estratégico também ficam restritos tão somente ao departamento responsável pela Gestão Ambiental. Categoria 2- Planejamento Observou-se que para a questão “se foi realizado algum estudo para verificar a viabilidade da implementação do SGA”, emergiram respostas que tal levantamento foi realizado a partir de estudos, e à medida em que surgiam dúvidas acerca da implementação, novos estudos eram realizados. Ao serem perguntados sobre o EIA/RIMA, os trabalhadores muitas vezes não sabiam o que estava sendo perguntado. Os trabalhadores da área administrativa afirmaram que tinham conhecimento acerca do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental, mas que tais estudos não eram a base para a implantação dos programas. Os principais motivos para a implementação do SGA ocorrem por exigências externas, exigências dos consumidores. Observou-se que uma das preocupações das organizações em buscarem a implementação de tais ações, são advindas das exigências externas da mesma. Já que tanto os fornecedores, quanto os consumidores cobram das organizações uma postura de maior comprometimento com o meio ambiente. A opta por implantar sistema de gestão ambiental, ou ações de gestão ambiental como meio de atender às exigências do mercado, consumidores e fornecedores, e não centrando no objetivo de sensibilização das pessoas envolvidas, já que os próprios trabalhadores não conhecem o programa implantado. A maioria das organizações não possui um departamento especificamente responsável pela Gestão Ambiental, sendo geralmente gerenciado por algum departamento ligado à área administrativa, ou mesmo tendo pessoas responsáveis, sem nem mesmo constituir um departamento específico para tal objetivo. Assim, deve-se ter claro que a disseminação da prática da gestão ambiental certamente contribui para a maior sensibilização e envolvimento da sociedade com relação ao tema ambiental, gerando efeitos positivos no comportamento dos dirigentes das organizações e estimulando atitudes pró-ativas em favor da qualidade ambiental. Assim, o planejamento deve abranger tanto questões políticas, quanto questões visando à conscientização interna e externa da organização. Categoria 3 - Implantação Observa-se que os trabalhadores da área muitas vezes declaram não conhecer o programa e não sabem informar dados básicos acerca dos mesmos, ainda que esses programas estejam em andamento, ou mesmo que as organizações já tenham obtido alguma certificação de gestão ambiental, como ISO 14000 ou similares. Há contradição no discurso entre as áreas administrativa e operacional, pois os trabalhadores que atuam em nível gerencial ou na área administrativa têm mais acesso às informações do programa, porém não as repassam de forma coerente às demais áreas da organização; há uma incoerência entre tais informações, já que as respostas dos trabalhadores da área operacional declaram desconhecer dados básicos dos programas e sobre as ações desenvolvidas nas organizações onde atuam. Não houve relatos de que a organização modificou algum processo após a implantação do SGA, o que se percebe é que não foram relatadas mudanças nem relacionadas à forma de os trabalhadores desenvolverem suas atividades rotineiras. Assim, não há uma adequação ao sistema junto aos trabalhadores, o que remete mais uma vez a questão de um questionamento mais aprofundado do motivo pelo qual as organizações buscam um. De acordo com Reis (2002), um treinamento que vise sensibilizar os trabalhadores para questão ambiental deve envolver aspectos de sensibilização ambiental; motivação e comunicação extensivos a todos os trabalhadores da organização. Um processo de treinamento e desenvolvimento eficaz deve envolver várias etapas e elementos essenciais, a saber: Identificação das necessidades específicas de treinamento e desenvolvimento da organização; Desenvolvimento de planos dirigidos de treinamento; Verificação e avaliação da conformidade do programa de treinamento previsto com os requisitos legais ou organizacionais; Treinamento de grupos específicos de trabalhadores de nível gerencial e operacional, de todas as áreas da organização; Documentação do treinamento realizado e Avaliação dos resultados do treinamento recebido. Categoria 4 - Medição e Avaliação Na maioria das entrevistas realizadas, constatou-se que não existem indicadores, monitoramento nem produção de relatórios periódicos para avaliar o desempenho ambiental das organizações. Alguns trabalhadores do grupo administrativo até reconhecem a necessidade de implantá-las. Já os trabalhadores da área operacional não sabem do que se trata ou têm apenas uma vaga noção. Quando isso ocorre, atribui-se o conhecimento a outro departamento que não o seu. Categoria 5 - Análise Crítica e Melhoria Quanto ao consumo de energia e de água, redução na produção de resíduos e níveis de poluição liberados, o grupo gerencial afirma que houve uma redução considerável, porém sem dados quantitativos sistematizados. Enquanto o grupo de trabalhadores que atuam na área operacional afirma que “acham que houve” uma redução, ou ainda que desconhecem qualquer informação a esse respeito. Foram considerados como pontos positivos para a organização após a implantação de ações de gestão ambiental a divulgação de uma imagem institucional externa positiva; o sentimento de gratificação de algumas pessoas envolvidas com o programa em contribuir com a preservação do meio ambiente e limpeza das ruas; foi mencionado que houve aumento na lucratividade,a partir do início da venda de materiais recicláveis; houve mais economia na compra de produtos e ainda houve redução das faturas de pagamento de energia e água. Mais do que aspectos negativos relacionados ao programa, pode-se detectar falhas relacionadas com sua concepção, falta de planejamento que garantisse sua implantação de forma adequada, falta de envolvimento da cúpula. Ainda, falta de indicadores claros e objetivos, falta de acompanhamento e avaliação do programa. Todos esses fatores contribuíram para o comprometimento dos resultados do programa. Sobre as análises críticas periódicas do SGA, quase todas as organizações pesquisadas não realizam tais análises e quando as realizam, não o fazem periodicamente . Conclusões No que se refere à sensibilização sobre a questão ambiental, essa emerge em um momento em que cada trabalhador, consciente de suas responsabilidades com relação ao meio ambiente e às gerações futuras, age localmente pensando de forma global. Essa sensibilização não ocorre simplesmente a partir da implementação de ações por parte das organizações, como meio de obter determinadas certificações, mas surge através da implementação programas educativos, trocando experiências, num respeito ao 'saber fazer' existente em todas as culturas. Ao iniciar a implantação do SGA, a organização deve promover momentos de sensibilização e conscientização de todos os trabalhadores. Os resultados desta pesquisa não mostram essas ações, aliás, foi relatado pelos trabalhadores que essas ações não ocorreram, deixando claro que o foco das organizações era interesse econômico. A incorporação dos conceitos de um SGA, no cotidiano dos trabalhadores requer uma mudança de cultura em todos os níveis. A inserção desses novos conceitos na cultura da organização exige um sistema de sensibilização eficiente entre seus vários níveis hierárquicos por meio do estabelecimento de um sistema de educação ambiental que mobilize todos os seus integrantes. Como as organizações atuavam com o sistema de gestão ambiental para atender a pressões externas, a preocupação em desenvolver ações de educação ambiental não era prioridade. Quando não há um envolvimento real da cúpula com o projeto, ele fica prejudicado, pois ocorre uma adoção de forma temporária e ou parcial a tecnologia em questão, para aplacar as pressões, sem, no entanto, realizar mudanças consistentes ou mudar aquilo que se considera intocável no status quo. Com base nos dados apresentados, pode-se afirmar que os trabalhadores percebem o sistema de gestão ambiental das organizações onde atuam como uma incógnita, tendo em vista a falta de informações sobre o mesmo. Como pode ser verificado ao longo do trabalho, a questão ambiental, sistematizada ou não, já faz parte do ambiente das organizações estudadas, ainda que, na maioria das organizações não existe uma preocupação direta com o meio ambiente. Observa-se que existem vários fatores que levam uma determinada organização a um processo de mudança, dentre esses é possível citar, tanto implicações no ambiente externo, quanto pressões do governo e do mercado, e no ambiente interno, como novos objetivos ou pressões dos grupos de influência, são alguns dos impulsionadores da mudança. Referências ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas.Rumo à certificação ISO14000. São Paulo: jan/fev 1996. ACKERMAN, Robert, BAUER, Raymond. Corporate social responsiveness. Reston/Virginia : Reston Publishing/Prentice- Hall, 1976. p.15. BORGER,Fernanda Gabriela- Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial, tese de doutorado da Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2001. DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na Empresa. – 2 ed. – São Paulo: Atlas, 1999 HOFFMAN, A. J. Integrating environmental and social issues into corporate pratice. 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