Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
1
Bióloga. Discente do PARFOR Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina – PR. Professora da Educação
Básica. E-mail: julainegui@yahoo.com.br
2
Mestre em Educação. Docente da Universidade Estadual de Londrina – PR. E-mail:
dircemoraes@sercomtel.com.br
14969
Introdução
Gráfico 1 – Autorretrato 1
Fonte: Autoras.
exemplo, pois não era uma característica de todas as turmas, mas de alguns alunos, e, com
essa constatação, percebeu-se que era necessário propor atividades diversificadas que
atendessem as diferenças. Outra proposta que surgiu da reflexão dos docentes foi a realização
de assembleias para discutir junto com os alunos encaminhamentos dos trabalhos e dos
problemas.
Aqui se percebe que a avaliação formativa cumpre seu papel, pois um dos seus
principais objetivos “é o de obter informações acerca de como os alunos aprendem, ajudando-
os deliberada e sistematicamente a compreender o que fazem e a melhorar suas
aprendizagens” (FERNANDES, 2006, p. 32).
Na primeira semana do mês de julho, os desenhos foram devolvidos aos alunos junto
com o questionário que foi utilizado como segundo procedimento no mês de abril. Neste foi
solicitado que observassem o que haviam desenhado para posteriormente pensarem e
registrarem se suas concepções sobre si permaneciam ou não.
O gráfico dois apresenta as mudanças em relação às categorias após um tempo de
trabalho. Os alunos foram incentivados a se autoavaliarem em relação ao próprio autorretrato
que haviam feito anteriormente, fazendo uma análise sobre o processo percorrido e em
relação à forma como se viam e como se veem neste momento. O instrumento atingiu seu
objetivo, pois possibilitou aos alunos perceberem-se e observar as mudanças à sua volta.
Gráfico 2 – Autorretrato 2
Fonte: Autoras.
Ao fazer uma relação entre os dois gráficos (gráfico 1 e 2), percebe-se que, dos
13,43% que apontaram ser bagunceiros no gráfico 1, agora só 2,98% se consideram assim. O
14976
item estudioso subiu de 14,92% para 19,4%. Assim, podemos inferir que a autoavaliação
proporcionou um momento de análise, de construção e reconstrução de sua conduta e mostra
ainda que estes alunos conseguiram se observar e olhar o entorno. Várias mudanças
ocorreram também na parte pedagógica e física da escola, como a diversificação das
atividades, a organização de projetos para aqueles alunos e ainda a reorganização das turmas.
Para a confirmação do que foi dito, temos Regnier (2002, p. 05) expressando que a
autoavaliação é
[...] um processo pelo qual o indivíduo avalia por si mesmo, e geralmente para si
mesmo, uma produção, uma ação, uma conduta da qual ele é o autor ou ainda suas
capacidades, seus gostos, suas performances e suas competências ou a si mesmo
enquanto totalidade.
Fonte: Autoras.
14977
Podemos concluir, após a leitura do gráfico 3, que a maioria dos alunos tem noção de
que para aprender é preciso considerar as condições e a realidade do ambiente e que estes têm
a capacidade de detectar questões que interferem no processo de aprendizagem e, ao terem a
chance de pensar e manifestar seus pensamentos, saem da passividade e passam a agir com
maturidade, não no sentido de obediência extrema, mas de entendimento do que cada
momento escolar representa e requer como tarefa de cada personagem que dele faz parte.
O terceiro procedimento também foi um questionário autoavaliativo aplicado na
primeira semana de julho, por meio do qual os discentes puderam fazer uma análise do
autorretrato e do questionário aplicado no mês de abril, verificando, assim, as permanências e
mudanças em relação aos compromissos assumidos. Neste momento, também tiveram a
oportunidade de perceber quais compromissos estavam sendo cumpridos, bem como avaliar o
seu próprio trabalho como aluno. Neste momento, os alunos tiveram a possibilidade revê-los e
reavaliá-los. Esta atividade autoavaliativa teve também o propósito de possibilitar um
“autocontrole dos estudos”, como sugerem de Arredondo e Diago (2009). A pergunta eleita
para a análise foi: como avalia seu trabalho como aluno, após um trimestre, o qual também
tem uma parcela de responsabilidade para a sistematização e construção dos conhecimentos?
( ) igual ao início do ano ( ) melhor ( ) Pior
Fonte: Autoras.
14978
O gráfico mostra que 68,29% dos 82 alunos julgam ter melhorado em seu trabalho
como aluno, enquanto 23,18% dizem estar como no início do ano. É importante considerar
que alguns destes alunos em sua justificativa afirmaram estar bem, pois entregam os
trabalhos, respeitam os colegas e professores e participam das aulas, e isso os ajuda a
aprender, por isso não precisam melhorar; sendo assim, estar igual ao início do ano não
significa algo negativo para muitos dos 23,18%. Poucos alunos disseram ter piorado: apenas
4,88%. Abaixo algumas justificativas expressas pelos educandos:
Aluno A: Eu melhorei, eu participo mais das atividades.
Aluno B: Melhorei porque estudo mais para as provas e porque mudei de sala.
Aluno C: Por que eu parei de conversar e estou estudando.
Aluno D: Por que estou prestando mais atenção nas aulas.
Em relação à constatação desses resultados pode-se inferir que a avaliação “[...] não se
tornará mais formativa só pela operacionalização de instrumentos ditos de autoavaliação.
Tudo depende do uso que o aluno poderá fazer desse instrumento, do sentido que lhe dará e
de sua participação [...]” (HADJI, 2001, p. 105).
O gráfico cinco faz parte da análise realizada no início do mês de julho, e os dados
foram obtidos em resposta à pergunta: “A autoavaliação realizada anteriormente ajudou a
pensar sobre a sua vida escolar? Por quê?”
Fonte: Autoras.
14979
Em relação à primeira pergunta sobre como o aluno avalia os momentos em que teve
possibilidade de refletir sobre a vida escolar, se foram importantes e o por quê, as respostas
foram satisfatórias, pois todos afirmam que sim e justificam que este momento de reflexão
proporcionou mudanças positivas em todos os aspectos considerados como prejudiciais para
que a aprendizagem ocorresse.
A segunda pergunta questionou se os momentos de reflexão realizados a partir da
proposta da autoavaliação contribuíram para melhorar a vida acadêmica em quais dos
aspectos. Dentre os participantes, cinco alunos disseram ter melhorado ao mesmo tempo nos
aspectos: comportamento; aprendizagem; participação nas aulas. Sete dos oito alunos
entrevistados consideram ter melhorado na aprendizagem, na participação das aulas e no
compromisso com os estudos.
Tais resultados demonstram o quanto é importante proporcionar momentos de reflexão
e diálogo com os alunos sobre os aspectos que envolvem o processo de aprendizagem, a fim
de discutir, entender e estabelecer metas de trabalho a partir daquilo que se constata como
fragilidade ou que pode estar atrapalhando, podendo corrigir o que considera como negativo,
partindo dos apontamentos e necessidades percebidas pelo grupo em questão, pois, se o aluno
não participa das discussões, opinando, concordando ou discordando, estabelecendo metas,
ele não se assume como corresponsável por aquilo que se estabelece.
A autoavaliação, quando assumida e exercitada na perspectiva formativa e não
punitiva, “[...] dá a chance aos alunos de apresentarem diferentes percepções sobre seu
desempenho e sobre sua forma de compreender o processo de aprendizagem” (VILLAS
BOAS, 2008, p. 66); com este movimento, o aluno tem possibilidades de construir a
capacidade de regular as ações necessárias que vão modificar os aspectos do processo de
aprendizagem na parte em que é responsável.
que expressa: “[...] propiciar condições para ajudar o aluno a pensar sobre si mesmo [...] é
prepará-lo para uma aprendizagem significativa na caminhada da vida”.
O último instrumento aplicado favoreceu uma análise geral do trabalho, pois, com as
respostas dos educandos, foi possível perceber que a autoavaliação é um momento que pode,
sim, contribuir para uma reconstrução do processo da aprendizagem e tornar o aluno parte
integrante dele e favorecer o desenvolvimento da sua autonomia.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ÁLVAREZ MÉNDEZ, Juan Manuel. Avaliar para conhecer: examinar para excluir. Porto
Alegre: ArtMed, 2002.
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. 11. ed. Campinas:
Papirus, 2004.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências humanas e sociais. 2.ed. São Paulo: Cortez,
1998.
SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios e instrumentos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
SANTOS, Leonor. Auto-avaliação regulada: por quê, o quê e como? mar. 2002. Disponível
em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/msantos/textos/DEBfinal.pdf>. Acesso em: 12 jun.
2012.
______. Virando a Escola do avesso por meio da avaliação. Campinas: Papirus, 2008.