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Este encarte é parte integrante da edição de nº 300 do Jornal da Imagem São Paulo, agosto de 2003

Caderno Dois
Reunião do Clube Roentgen – Junho de 2003
Escola Responsável: Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo
Coordenador: Dra. Hea Jung Yoo

Dr. Rodrigo Ribeiro Tiengo

Adamantinoma
História Clínica
Figura 1: Radio-
M.E.A., 25 anos, masculino, branco, grafia convencio-
natural e procedente de São Paulo. nal evidencia lesão
osteolítica excêntri-
Q.D.: Relata tumoração de crescimento ca na metáfise
lento na região distal da perna direita há distal da tíbia, com
2 anos. Há 1 ano passou a apresentar dor aspecto
localizada com discreta melhora com uso multiloculado e
de anti-inflamatórios não hormonais. erosão da cortical
Nega déficit funcional. anterior.

Exame físico: Figura 3: Estudo de RM mostrando sinal


- Tumor bem delimitado na extremi- heterogêno do tumor, principalmente em
dade distal da perna direita, endurecido, T2, onde se observam áreas de acentuado
fixo aos planos profundos. hipersinal (áreas císticas ou hemorrágicas)
- Doloroso à palpação, sem sinais em meio a tecido com hipossinal
flogísticos, sem lesões cutâneas associadas. correspondendo às áreas sólidas da lesão.

Diagnóstico

Adamantinoma

Discussão
Figura 2: As imagens de TC mostram um
Adamantinoma é um tumor raro, local-
tumor excêntrico erodindo a face anterior e
mente agressivo, que classicamente
medial da tíbia com envolvimento do canal
envolve o terço médio da tíbia. Foi
medular, que apresenta realce heterogêneo
inicialmente comparado com o
após a injeção do meio de contraste. Nota- Figura 4: Intensa impregnação heterogênea
ameloblastoma da mandíbula devido à
se ainda halo de esclerose na interface do do tumor após a injeção do contraste
semelhança histológica. Histologicamente
tumor com o osso remanescente. paramagnético.
é composto de células epitélio-“like” em
um estroma fibroso denso.
Acomete paciente de 10 a 50 anos, com
discreta predominância no sexo masculi- primário seja possível. Alterações Os achados de ressonância magnética são Referências Bibliográficas
no (5:4). Manifesta-se clinicamente como epifisárias são raras. inespecíficos. Podem apresentar
tumor doloroso, que pode estar presente Recorrência tumoral é freqüente após esclerose (caracterizada por sinal de 1. Grainger, R.G. et al.. Diagnostic
por meses ou até mesmo anos. terapia inadequada. Metástases, principal- baixa intensidade em T1 e T2), edema Radiology. 4 th ed. London: Churchill
A principal característica deste tumor é a mente para os pulmões, ocorrem em peri tumoral ou pequenas áreas focais de Livingstone, 2001.
predileção pelos ossos tubulares longos, aproximadamente 25% dos casos, geralmen- hipersinal na cortical da tíbia que podem 2. Stoller, W.D. Ressonância Magnética
mais especificamente a tíbia, que é te vários (2 a 5) anos após o diagnóstico. corresponder a defeitos osteolíticos em Ortopedia e Medicina Esportiva. 2 nd
acometida em cerca de 90% dos casos. Na radiografia convencional e tomografia adjacentes ao osso esclerótico. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
Outros ossos envolvidos, em ordem computadorizada aparecem como lesão 2000.
decrescente, incluem o úmero, ulna, osteolítica com localização central ou Diagnóstico diferencial 3. Dorfman, H.D.; Czerniak, B. Bone
fêmur, fíbula e rádio. excêntrica, multiloculada, discretamente Tumor. 1 st ed. St. Louis: Morby, 1998.
As lesões são predominantemente expansiva, bem ou mal delimitada. Esclerose Deve ser feito com displasia osteofibrosa, 4. Resnick, D.; Niwayama, G. Diagnosis
diafisárias, embora extensão para óssea adjacente é comum, mas reação displasia fibrosa, metástase e cisto ósseo of bone and joint disorders. 2nd ed.
metáfises ou acometimento metafisário periosteal é rara na ausência de fratura. aneurismático. Philadelphia: W.B. Saunders Company.

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