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Mendes & Mendonça Advocacia

JOHN HAYSON SILVA MENDONÇA


OAB/MA Nº 16.247

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO


DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO LUIS - MA

Justiça gratuita, Lei 1060/50

TALES LEMOS DA MOTA, brasileiro, casado, professor, com CPF


nº 550.556.053-91, RG nº 000072054397-5 SSP-MA, residente e domiciliado no
endereço, Rua 2, nº 55, quadra 6D, unidade 101, Conjunto Nova Metrópole, Cidade
Operária, São Luis – MA, CEP: 65.010-000, vem, por meio de seus advogados que
esta subscreve, a presença de Vossa Excelência, propor a presente, com fulcro nos
Códigos de Direito do Consumidor e Código de Processo Civil,

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E


MORAIS POR ERRO MÉDICO

Em face de CENTRO DE MEDICINA E DIAGNOSTICO LTDA.


(CEMED / HOSPITAL PORTUGUÊS), empresa privada, inscrita no CNPJ/MF
sob nº 00.782.825/0001-05, com sede, sito na Rua do Passeio, nº 365, Centro, São
Luis – MA, CEP: 65.015-370, pelos motivos de fato e de direito expostos a seguir:

I- DA JUSTIÇA GRATUITA

Requer a Vossa Excelência, o deferimento dos benefícios da


Gratuidade de Justiça, com fulcro no artigo do art. 98 do Novo do Código de
Processo Civil, por não ter o Requerente, condições de arcar com custas
processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família.

Endereço: Rua Epitácio Cafeteira, n° 4-C. Jardim São Cristóvão- São Luís CEP 65.055-180
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II – DOS FATOS

O Requerente foi diagnosticado pelo Dr. Carlos Augusto da Silva


Ramos, CRM 900, que o paciente necessitava se operar com urgência pois estava
com fistula anal.
Foi então que no mês de outubro/2017 fez a cirurgia para a incisão e
drenagem de toda a lesão no Hospital Português, pelo mesmo médico que havia
diagnosticado a doença.
O Paciente pagou R$ 1.400,00 (hum mil e quatrocentos reais) ao
médico, R$ 600,00 (seiscentos reais) pelo anestesista e mais R$ 1.000,00 (mil
reais) pelas despesas hospitalares, totalizando R$ 3.000,00 por todos os
procedimentos.
Logo após a cirurgia o Paciente aguardou nos corredores do hospital,
de bruços, em uma posição constrangedora, onde todos que passavam olhavam a
sua situação, somente depois de horas foi transferido para um apartamento, nesta
hora começou a sentir dores e perguntou para os enfermeiros se não havia
prescrição de algum remédio pelo médico, porém o enfermeiro não lhe deu
nenhuma resposta concisa.
Um dia após a cirurgia o Reclamante teve alta, onde o médico não
passou qualquer remédio, apenas disse que tudo havia sido feito, não restando
qualquer ação a ser realizada por ele, onde o Paciente apenas precisava descansar e
fazer a troca de curativos em casa.
Logo após sair do hospital as dores, que já estava sentindo,
aumentaram, desta forma foi na UPA da Cidade Operaria e no mesmo instante que
chegou os enfermeiros afirmaram que sua situação ainda era grave, disseram que a
fistula não foi corretamente drenada e que um dos lados estava muito inchado, eles
ainda isolaram toda a enfermaria para que pudesse ser feito os
curativos, sendo que no momento eles ainda puderam drenar alguma secreção.
O Demandante entrou em contato várias vezes com o médico,
relatando a situação e questionando as dores, mas, tudo que o médico dizia é que
todos os procedimentos tomados eram suficientes, que não precisava fazer mais
nada e que tudo era normal, não precisava de remédios ou de novos procedimentos
hospitalares, apenas aguardar a cicatrização.

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O Consumidor então apenas continuou indo para a UPA, pois, as


dores não cessavam e a parte do corpo continuava inchando sem parar, porém,
após alguns dias uma outra médica que estava no local, disse que o procedimento
cirúrgico foi feito de forma equivocada e imperfeita, e lhe orientando a ir no
socorrão I com certa urgência, devido à grande possibilidade de infecção, pois os
sintomas de náuseas, dores e febre já eram sentidos.
No dia 01 de novembro de 2017 o Autor foi a consulta com o Doutor
Kilson Martins Coelho, CRM-MA 4291, foi logo encaminhado a nova cirurgia de
fistula anal, pois o procedimento anterior não havia resolvido toda a lesão e a
demora no procedimento poderia agravar a doença.
Fez a cirurgia no mesmo dia, porém sem anestesia, o que aumentou a
dor sofrida pelo paciente, fez a incisão e drenagem dos dois lados da fistula,
diferente da cirurgia anterior, e ficou internado na enfermaria 7ª, leito 49.
Logo no dia seguinte os médicos do socorrão I identificaram um
sangramento no local e lhe transferiram para outro procedimento cirúrgico de
cauterização no socorrão II, que foi executado pelo Doutor Leonardo Fernandes
Fontenele, CRM-MA 3076.
Após a terceira cirurgia o Autor teve que ficar até o dia 04 de
novembro de 2017 em observação, depois recebeu alta pelo médico, foi para casa
tomar remédios, fazer os curativos e fazer acompanhamento com o proctologista no
hospital Aldenora Belo com o prazo de recuperação mínimo de 2 meses.
Vale ressaltar que até hoje o Paciente continua fazendo tratamento,
sofrendo com dores, tendo que tomar remédios, tendo assim que pedir licença
médica do seu trabalho e sendo impossibilitado de realizar qualquer tarefa
cotidiana, onde todo esse desgaste, com duas cirurgias extras, uma sem anestesia, a
deformação do seu corpo e toda a evolução de um procedimento simples para a
gravidade da conjuntura existiu devido à má conduta e erros médicos cometidos
pela Requerida, a qual devia ter prestado um serviço de qualidade e efetuado
procedimento correto e simples para curar a mazela, desta forma não propiciando
tal tortura ao Cliente.
É importante frisar que o Requerente, terá que passar por outro
procedimento cirúrgico, correspondendo essa a terceira cirurgia a ser
realizada, onde desde a primeira intervenção médica vem tendo desgastes físicos,
morais e financeiro, sendo que sua vida e sua rotina mudaram completamente e

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nunca retornou à sua normalidade, tudo devido ao procedimento técnico impreciso


do hospital.
Não restou assim outra opção ao Requerente a não ser mover a
presente ação, requerendo a restituição dos danos sofridos devidos aos descasos e
erros médicos causados no hospital particular.

III- DO DIREITO

DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Pela situação supracitada, contempla-se que o Requerente confrontou


diversos problemas com a Requerida, a má fé na resolução dos impasses e a
frequente tentativa de ludibriar o cliente, obrigando o Requerente a passar por
situações constrangedoras e dolorosa, tudo devido à má prestação de um serviço
oneroso.
Causaram assim danos diversos, de natureza patrimonial e
deontológica para o Requerente. Senão vejamos o que cita o Código de Defesa do
Consumidor (Lei 8.078/90) em seu artigo 3º caput e § 2:
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
[...]
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista (grifo nosso).
De acordo com a lei supracitada a Requerida é sem dúvida tipificada
como uma fornecedora e deveria seguir as regras impressas no Código em suas
relações com consumidores, por outro lado vemos o Requerente, que também
atende os requisitos citados no artigo 2º, também da Lei 8.078/90, que diz: “Art.
2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.”
Na mesma linha caminha destaca o magistério de Cláudia Lima
Marques em situações semelhantes, de forma a proteger o consumidor
hipossuficiente na relação, vejamos:

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A evolução da jurisprudência culminou com a consolidação jurisprudencial


de que este contrato possui uma função social muito específica, toca
diretamente direitos fundamentais, daí ser sua elaboração limitada pela
função, pela colisão de direitos fundamentais, que leva a optar pelo direito à
vida e à saúde e não aos interesses econômicos em jogo. Como ensina o STJ:
“A exclusão de cobertura de determinando procedimento médico/hospitalar,
quando essencial para garantir a saúde e, em algumas vezes, a vida do
segurado, vulnera a finalidade básica do contrato. 4. Saúde é direito
constitucionalmente assegurado, de relevância social e individual.” (REsp
183.719/SP, rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 18/09/2008,
DJe 13/10/2008).” (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de
Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 6ª Ed. São
Paulo: RT, 2011, pp. 1028-1029)
Isso também é o que afirma o próprio STJ, quanto aos erros médicos
e a responsabilidade fim que lhes é presumida:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. CIRURGIA ESTÉTICA.
OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
REGRA DE INSTRUÇÃO. ARTIGOS ANALISADOS: 6º, VIII, E 14, § 4º, DO
CDC. 1. Ação de indenização por danos materiais e compensação por danos
morais, ajuizada em 14.09.2005. Dessa ação foi extraído o presente recurso
especial, concluso ao Gabinete em 25.06.2013. 2. Controvérsia acerca da
responsabilidade do médico na cirurgia estética e da possibilidade de
inversão do ônus da prova. 3. A cirurgia estética é uma obrigação de
resultado, pois o contratado se compromete a alcançar um resultado
específico, que constitui o cerne da própria obrigação, sem o que haverá a
inexecução desta. 4. Nessas hipóteses, há a presunção de culpa, com inversão
do ônus da prova. 5. O uso da técnica adequada na cirurgia estética
não é suficiente para isentar o médico da culpa pelo não
cumprimento de sua obrigação. 6. A jurisprudência da 2ª Seção, após o
julgamento do Reps 802.832/MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe
de 21.09.2011, consolidou-se no sentido de que a inversão do ônus da prova
constitui regra de instrução, e não de julgamento. 7. Recurso especial
conhecido e provido. (STJ - REsp: 1395254 SC 2013/0132242-9, Relator:
Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 15/10/2013, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/11/2013) (grifamos)
Dessa maneira temos o nítido consentimento de que essa é uma
relação entre cliente e fornecedor, ainda mais pelo fato do procedimento médico ter
sido oneroso, o usuário deve ser protegido, se fazendo necessária a incidência do
Código de Direito do Consumidor para regular essa vinculação e reconhecer a
hipossuficiência do Requerente.

DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

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Vale salientar que o Requerente até a presente data sofre abalo moral
visto está sentindo dores desde a operação erradamente procedida pelo hospital
contratado, ferindo de morte a norma prescrita no dispositivo 14, da Lei
consumerista, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
No mesmo giro cumpre destacar o que prescreve a norma do artigo
186 (927), do Código Civil, pátrio, verbis: Artigo 186 (927). “Aquele que por ação
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
O vultuoso constrangimento por ser obrigado a esperar horas e horas
nos corredores do hospital, tendo feito uma cirurgia nas proximidades do “ânus”,
órgão que naturalmente nos traz um certo acanhamento, de bruçose, com certeza,
foi demasiadamente humilhante ao Autor que percebia as pessoas transitando a
sua volta e zombando daquela situação.
O Requerente sofreu risco de vida, devido a um procedimento
cirúrgico deficiente, onde o Hospital não lhe deu qualquer assistência e lhe deixou a
mercê de uma possível infecção, o que poderia lhe ocasionar a morte, sendo que
tudo que ocorreu é passível de gerar danos morais, é o que verificamos nos dizeres
jurisprudenciais do TJ-MA:

RESPONSABILIDADE CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. EXAME MÉDICO. BIÓPSIA. FALSO
DIAGNÓSTICO NEGATIVO DE CÂNCER. OBRIGAÇÃO DE
RESULTADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL E
DANO ESTÉTICO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA
387/STJ. DECISÃO AGRAVADA, QUE SE MANTÉM POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Na espécie, narram as decisões
recorridas que a emissão de resultado negativo de câncer, quando,
na verdade, o diagnóstico era positivo, retardou de tal forma o
tratamento que culminou, quando finalmente descoberto, em
intervenção cirúrgica drástica provocando defeito na face, com
queda dos dentes e distúrbios na fala; contudo, não a tempo
suficiente a fim de evitar o sofrimento e o óbito do paciente. 2.
Este Tribunal Superior já se manifestou no sentido de que
configura obrigação de resultado, a implicar responsabilidade
objetiva, o diagnóstico fornecido por exame médico. Precedentes.
3. No caso, o Tribunal de origem, com base no acervo fático-
probatório dos autos, de forma bem fundamentada, delineou a
configuração dos dois danos - o moral e o estético. 4. Nos termos
da jurisprudência deste Tribunal Superior, consolidada na

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Súmula 387 do STJ, é possível a cumulação de danos morais e


estéticos. 5. Nesta feita, a agravante, no arrazoado regimental, não
deduz argumentação jurídica nova alguma capaz de alterar a
decisão ora agravada, que se mantém, na íntegra, por seus
próprios fundamentos. 6. Agravo regimental não provido.
(grifamos)
Diz ainda o entendimento da jurisprudência do TJ-MA:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. MORTE. IMPRUDÊNCIA.
CULPA CONFIGURADA. I - A carência de adoção de medidas eficazes
e indispensáveis para o sucesso da cirurgia caracteriza
responsabilidade civil do profissional da área médica, mormente
quando resulta morte do paciente. II - Inteligência dos arts. 159 e 1.545 o
Código Civil. III - Apelação improvida. (TJ-MA - AC: 161712001 MA, Relator:
ANTONIO GUERREIRO JÚNIOR, Data de Julgamento: 18/12/2001,
IMPERATRIZ). (grifamos)
Desse modo e em conformidade com provas da prática abusiva da
Requerida (cirurgia ineficaz que comprometeu a saúde), a qual até a presente data
gera desconforto e abalo emocional para o Requerente, além de ter sofrido com
duas cirurgias extras, continuar até hoje gastando com medicamentos,
esparadrapos, gases, soro fisiológico e luvas, deste modo, pleiteia-se a título de
dano moral a quantia de R$ 60.000,00.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A relação em tela caracteriza-se como de consumo, uma vez que a


Autora se utiliza de serviço como seu destinatário final, sendo a Ré pessoa jurídica
detentora de maior capacidade técnica, econômica e jurídica.
Logo estão às partes em consonância com o que preconiza o artigo 2º
e 3º do Código de Direito do Consumidor (CDC).
A Lei 8.072/90, reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor no
mercado de consumo e em respeito à sua dignidade e à proteção de seus interesses
econômicos, estatui a inversão do ônus da prova em seu artigo 6º, inciso VIII, in
albis:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: I – (..).
VIII – A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência.
Assim, requer-se a inversão do ônus da prova em favor da parte
hipossuficiente na relação consumerista aqui delineada, para que a Requerida

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comprove que o procedimento cirúrgico efetuado seria suficiente para extinguir a


patologia que acometia o Autor.

DA RESTITUIÇÃO DOS DANOS MATERIAIS

Conforme as provas acostadas o Autor foi diagnosticado pelo Doutor


Carlos Augusto com fistula anal, a qual deveria ser extirpada com certa urgência
para que não gerasse maiores complicações de saúde no paciente.
Imediatamente o Autor solicitou cirurgia, questionou o Médico sobre
quanto e como seria o pagamento, ele disse que seria cobrado R$ 3.000,00 (três
mil reais) por todo o procedimento cirúrgico, disse que toda a doença seria
extinguida com a intervenção cirúrgica e rapidamente o Cliente iria se recuperar,
porém afirmou que o valor teria que ser a vista, fazendo que o Paciente agisse
rapidamente, pedisse empréstimos e zerasse sua poupança para que a cirurgia
ocorresse o mais breve possível.
Dessa forma o paciente agiu rapidamente e fez a cirurgia conforme
provas em anexo.
Ocorre excelência que logo após o procedimento o Autor já se sentiu
constrangido por ficar nos corredores do hospital, praticamente com suas partes
intimas a mostra e com todos que passavam rindo de sua situação.
Depois do constrangimento veio o sofrimento, as dores e o inchaço da
área do corpo recém operada, a omissão do médico em tratar o erro, ocasionando
duas novas cirurgias no local por médicos de hospitais públicos, Socorrão I e
Socorrão II, ou seja, o que foi pago na instituição médica não teve qualquer
garantia, tudo que foi feito ali apenas acelerou o risco a saúde do Autor.
Em linhas iniciais, registramos que, no caso em ensejo, não se
descura que a atividade médica, mesmo em conta de uma relação contratual, não
tem o dever de curar o doente. Certamente a ele integra o dever de ocupar-se em
oferecer os cuidados imperiosos, máxime aplicando-se nesse desiderato seus
conhecimentos e recursos adequados. Ao contrário disso, ou seja, a obtenção certa
de êxito no tratamento, é trazer à tona uma obrigação de resultado. Não é o caso
aqui tratado, certamente.
Na situação em espécie, todavia, é inescusável que o Autor houvera
um enorme despreparo técnico por parte do médico. Situação, acredite, comezinha

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a qualquer médico noviço na profissão. É dizer, à luz da lei, houvera inconfundível


imperícia médica e, por isso, exige-se a reparação do dano perpetrado.
Conforme dita o Honroso Doutrinador Sérgio Callieri:
Culpa e erro profissional são coisas distintas. Há erro profissional quando a
conduta médica é correta, mas a técnica empregada é incorreta; há imperícia
quando a técnica é correta, mas a conduta médica é incorreta. A culpa médica
supõe uma falta de diligência ou de prudência em relação ao que era
esperável de um bom profissional escolhido como padrão; o erro é a falha do
homem normal, consequência inelutável da falibilidade humana. E, embora
não se possa falar em um direito ao erro, será́ este escusável quando
invencível à mediana cultura mé- dica, tendo em vista circunstâncias do caso
concreto.” (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil
[livro eletrônico]. 12ª Ed. São Paulo: Atlas, 08/2015. Apub. ISBN 978-85-97-
00076-4)
O procedimento do hospital foi errôneo, desde o momento em que
não curou as duas fístulas que estavam prejudicadas e inchadas, ainda depois
quando não passou qualquer medicamento para o Paciente e posteriormente
quando se omitiu a prestar socorro ao Paciente que recebeu alta do hospital,
sentindo dores.
Diz assim a resolução 193/2009 do Conselho Federal de medicina:
É vedado ao médico:
Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão,
caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência.
(grifamos)
Temos assim a certeza de que as ações e omissões do médico e do
hospital causaram prejuízos materiais e morais que deverão ser indenizados, visto
o nexo de causalidade e as sequelas que até hoje são sentidas.
AÇÃO INDENIZATÓRIA. ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA.
REALIZAÇÃO DE CIRURGIA. PACIENTE INTERNADA PELO SUS.
DESCABIMENTO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS MÉDICOS, POIS AS
DESPESAS FORAM CUSTEADAS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.
DANO MATERIAL CONFIGURADO. RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS
PELA OPERAÇÃO. DANO MORAL EXISTENTE. INDENIZAÇÃO DE R$
2.000,00 REAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. 1. Diante
do farto conjunto probatório acostado aos autos, verifica-se que a internação
foi feita pelo SUS, sendo o médico e a equipe pagos pelo procedimento. Não
houve qualquer retificação na ficha da paciente acerca de suposta
transferência do SUS para a condição de particular, conforme se verifica da
ficha juntada às fls. 109/110. 2. Afigura-se inconcebível que um médico, com
mais de 20 anos de experiência, não tomasse as devidas precauções para que
fosse retificada a ficha da paciente, fazendo constar sua condição de
internada particular, até mesmo para garantir o recebimento da verba

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honorária a que faria jus, ou sequer checasse no prontuário (fls. 109/110)


estar ela internada pelo SUS. Diga-se que totalmente improcedente o
argumento de que o médico não sabia acerca da condição de internada pelo
SUS da autora, eis que foi o próprio que a encaminhou para atendimento no
Hospital - para atendimento pelo Sistema Único de Saúde. 3. O contrato
verbal, se existiu, deveria ter sido feito antes da cirurgia, sendo esclarecido os
valores que seriam cobrados e providenciada a troca da modalidade da
internação, assegurando a transparência do negócio e a boa-fé das partes. 4.
Desta forma, comprovado o dano, a culpa e o nexo de causalidade, correta a
condenação do médico ao pagamento de dano material aos autores,
consubstanciado nos valores que ilicitamente recebeu pela cirurgia coberta
pelo SUS. 5. No que diz com a indenização por dano moral, comprovada a
reprovável conduta do réu, bem como o transtorno gerado na vida dos
autores, impõe-se o dever de indenizar. Ademais, destaca-se que, além do
caráter compensatório, este tipo de dano deve servir como meio punitivo, de
forma a inibir a repetição de tal comportamento, revelando-se a quantia de
R$ 2.000,00 (dois mil reais) capaz de compensar o abalo sofrido sem,
contudo, favorecer exageradamente a parte ofendida, evitando o
enriquecimento ilícito. 6. Parcial provimento da apelação dos autores para
majorar a verba honorária e deferir a indenização por danos morais e
desprovimento da apelação do réu.
Dia ainda o Código Civil:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se dá ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros
cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização
seja arbitrada e paga de uma só vez.
Art. 951. O disposto nos artigos. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de
indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional,
por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente,
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
(grifamos)
Sem dúvida a conduta praticada pela Requerida durante e após o
procedimento cirúrgico abalaram e prejudicaram o Paciente de várias maneiras, a
imperícia, negligência e imprudência médica são nítidas, onde até o momento
trazem transtornos e gastos pós-operatórios ao Consumidor, sem falar que ele foi
obrigado a pedir licença médica do seu cargo de professor público para continuar
com o tratamento, pois não tem condições de trabalhar.
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Por fim, afirmamos a responsabilidade objetiva do Requerido


Hospital pelos atos errôneos praticados pelo Médico que causaram e ainda causam
prejuízos irreparáveis ao Autor, conforme decisão emanada do próprio Tribunal de
Justiça do Maranhão, in verbs:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO MÉDICO - CIRÚRGICO DEFICIENTE.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTABELECIMENTO
HOSPITALAR. COMPROVAÇÃO DA CULPA DO MÉDICO RESPONSÁVEL
PELA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA. DEVER DE INDENIZAR
CARACTERIZADO. APELO DESPROVIDO. I - Segundo amplo e
consolidado entendimento doutrinário-jurisprudencial, é objetiva a
responsabilidade do hospital pelos danos causados a pessoas que
utilizem os serviços prestados pelo nosocômio. II - No caso concreto, não
há como afastar a responsabilidade solidária do médico e do hospital em que foi
realizado o procedimento cirúrgico da autora/apelada, porquanto, embora o
corpo clínico possuísse autonomia funcional, subordinava-se
administrativamente aos regulamentos da entidade hospitalar, relação que
caracteriza, em sentido amplo, o vínculo da preposição. Precedente do STJ:
AgRg no Ag 1.092.134/SC, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 17.02.09, DJe de 06.03.09. III - Evidenciados os elementos
informadores da responsabilidade civil, impõe-se o dever de reparação ou de
ressarcimento, por parte do ofensor à vítima. IV - A fixação do dano moral deve
atentar para a eficácia da reparação da lesão sofrida, mas evitando, por outro
lado, o enriquecimento sem causa da vítima. V - Na hipótese dos autos,
constatado que o montante da indenização a tal título se revelou suficiente em
face da gravidade do dano - reconhecida na sentença -, é de se manter o valor do
ressarcimento arbitrado. Do mesmo modo em relação aos danos materiais, visto
que comprovado o prejuízo sofrido pela autora/apelada. VI - Apelação
desprovida. (TJ-MA - AC: 160582010 MA, Relator: MARCELO CARVALHO
SILVA, Data de Julgamento: 11/08/2010, SAO LUIS)
Desta feita se requer o reembolso dos R$ 3.000,00 (três mil
reais) hora pagos ao médico, ao anestesista e pelas custas da cirurgia, visto que o
contrato verbal hora firmado foi totalmente descumprido e o procedimento hora
realizado não resultou em qualquer resultado prometido e mais R$ 3.000,00 (três
mil reais) pelos gastos com transporte para outros hospitais e unidades de saúde,
por gastos com materiais de saúde (gases, esparadrapos, luvas e etc...), totalizando
assim R$ 6.000,00 (seis mil reais), por todos os danos materiais sofridos.

IV- DOS PEDIDOS

a) A CITAÇÃO da Requerida para, querendo, apresentar defesa, sob


pena de revelia;
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Mendes & Mendonça Advocacia

JOHN HAYSON SILVA MENDONÇA


OAB/MA Nº 16.247

b) A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, nos termos do art. 6º,


VIII, do Código de Defesa do Consumidor, obrigando assim a
Requerida Prestadora a demonstrar cabalmente a eficácia da
cirurgia;
c) Condenação da Requerida em R$ 6.000,00 (seis mil reais) a
título de DANO MATERIAL, tanto pelo procedimento cirúrgico
ineficaz e enganoso quanto pelos custos arcados devido aos
tratamentos.
d) Condenação por DANOS MORAIS no valor de R$ 60.000,00
(sessenta mil reais), tendo em vista que o Requerente sofreu os
mais diversos tipos de prejuízo, mas, sem dúvidas, o maior deles
foi de cunho deontológico;
e) A condenação da requerida nos honorários advocatícios e as
custas sucumbenciais;
f) Concessão da JUSTIÇA GRATUITA.
Pretende-se provar o alegado por todos os meios de provas admitidas
em direito, documental, já anexada, depoimento pessoal do representante da
requerida e outras que se fizerem necessárias para a solução da lide, de já
requeridas.
Dá-se a causa o valor de R$ 66.000,00 (sessenta e seis mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

São Luís - MA, 04 de fevereiro de 2019

JOHN HAYSON SILVA MENDONÇA


advogado
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LENA LUCIA CUNHA MENDES


bacharel em direito
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