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EXEGESE DO SALMO 46
RECIFE
11/2013
ANDREW PHELLIPP C. LIMA DE ALMEIDA
EXEGESE DO SALMO 46
RECIFE
11/2013
SUMÁRIO
Os primeiros capítulos dos salmos são dados para o interprete como um índice, ou como
a mensagem introdutória para a compreensão de todo o resto. “Enquanto que o capítulo
1 é uma orientação ao leitor para receber a coleção do livro inteiro, o salmo 2 torna
explícito o conteúdo essencial da instrução – o Senhor reina”!1 Ao tratarmos do assunto
dos Salmos, não temos como pretensão destacar alguns dos principais temas teológicos
contidos no livro, mas entender qual é máxima de seu conteúdo.
“A felicidade prometida no salmo 1 só é possível uma vez que Deus está pronto a
mediar a vida verdadeiramente feliz no governo do seu ungido”.2 Essa felicidade parece
até certo ponto paradoxal, uma vez que do capítulo 3 até o capítulo 13, o autor retrata
um cenário de profunda dor e lamento, todavia a mensagem começa a ganhar sua
estrutura nos capítulos posteriores, principalmente nos últimos 13 capítulos do livro,
aonde o lamento é transformado em louvor e o sofrimento em glória. A mensagem dos
salmos nos ensina que:
1
McCann, “Psalms”, P.689
2
Futato, Mark D. Interpretação dos Salmos 1º edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, P.64
3
Futato, Mark D. Interpretação dos Salmos 1º edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, P.67
1
É importante salientar que a estrutura dos salmos culmina para um propósito bem
definido. Todos os livros nele contido contêm uma clara esperança de que tanto o Rei
divino quanto o Rei messiânico um dia viriam cumprir suas promessas. “Assim como os
salmos proveu uma esperança ao antigo povo de Deus, instando com eles para que
olhassem adiante para o dia em que o rei viria; assim os salmos nos dão esta mesma
esperança a nós hoje”. 4
Quanto ao contexto dos salmos Bruce Waltke diz que um salmo pode ser lido
em múltiplos contextos históricos, dada a natureza crescente do cânon das escrituras. 5
Para ele o significado do texto poderia ser lido de forma diferente por parte do poeta
original, dos editores, da comunidade pós-exílica e dos autores do novo testamento.
Alguns estudiosos propõem que ele foi escrito em um momento de grande adversidade.
Derek Kidner afirma que “seu tom robusto e desafiador sugere que foi composto em um
momento de crise, que torna duplamente impressionante sua confissão de fé” 6. Allan
Harman também caminha nesta mesma direção, mostrando que o plano de fundo
histórico de sua composição é de vicissitude. Ele assegura que Jerusalém está sendo
atacada7.
O salmo em questão está em grande possibilidade de fazer parte do contexto
histórico em que Deus livrou Jerusalém das mãos dos Assírios no tempo do rei Ezequias
(II Re 18:13 _19:37). Se a pesquisa for fidedigna, é possível que o próprio Ezequias o
tenha escrito. João Calvino, elucidando este salmo certifica:
“quanto ao tempo em que este salmo foi escrito, é algo também incerto, a
menos que, talvez, nos seja possível pressupor que foi escrito quando
subitamente suspendeu-se o cerca da cidade mediante a terrível e dolorosa
destruição que Deus infligiu sobre o exército de Senaqueribe (2Rs 19.35).
Esta opinião prontamente admito, porque concorda mais com todo o escopo
do salmo”8.
Outros estudiosos, como Rosenmuller e Allan Harman, indicam como sendo a vitória de
Josafá, quando os moabitas e amonitas insurgiram contra ele em Jerusalém.
4
Futato, Mark D. Interpretação dos Salmos 1º edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, P. 80
55
Bruce K. Waltke, “A canonical process approach to the psalms”.
6
KIDNER, D. Salmos 1-72: Introdução e Comentário, 2. Ed. São Paulo: Sociedade Religiosa e Edições
Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão, 1981. p.195.
7
HARMAN, A. Comentário do Antigo Testamento: Salmos, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011.
p.203.
8
CALVINO, JOÃO. Série Comentários Bíblicos: Salmos, vol. 2. São Paulo: Editora Fiel, 2011. p. 317-318.
2
Diante das suposições contextuais, prefiro assegurar-me da posição adotada por
Calvino, em que Jerusalém estava diante da invasão de Senaqueribe, pois reflete melhor
as imagens contidas no salmo.
3. ANÁLISE LITERÁRIA
9
FURTATO, D. M. Interpretação dos Salmos, São Paulo: Cultura Cristã, 2011. p.88.
10
Futato, Mark D. Interpretação dos Salmos 1º edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, P. 127
3
celebravam a majestade de Jerusalém e o seu significado escatológico
futuro”.11
11
Cf. WILLIAMS, Tyler. Uma classificação dos salmos baseado na crítica da forma de acordo com
Hermam Gunkel. Trad. Bio Nascimento, Alberta, Canadá, 2009, p.2
4
10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; Tricolon
sou exaltado entre as nações, Paralelismo – Sintético
sou exaltado na terra. Duas imagens
11 Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Bicolon
Jacó é o nosso refúgio. Paralelismo – Sinonímico
Duas imagens
B A
mestre
5
xr:qo+-ynEb.li = l.Preposição!Be Substantivo masculino plural xr;q onome próprio = dos
filhos Corá.
tAmïl'[]-l[;( = l[; Proposição= em tAml'[] Substantivo feminino no plural = mulheres
aflições)
ac'îm.nI = Verbo no niphal perfeito na terceira pessoa do singular masculino = ser
encontrado, aparece, ,presente, ele encontra
dao)m. = Advérbio = muito, mui grande (magnitude, grandeza, força)
Não temeremos.
rymiäh'B. = B. Preposição rwm Verbo hiphil infinitivo construto = mesmo se altere.
#r<a'_ = Terra.
6
jAmïb.W = w> Conjuntivo B. Preposição jwm Verbo qal infinitivo construto = Cambalear
Atåw"a]g:B. = B.
Preposição hw"a]G: Substantivo singular com sufixo na terceira pessoa do
singular = na majestade dele, orgulho
7
`!Ay*l.[, = Adjetivo masculino no singular = Altíssimo (nome de Deus)
jAM+Ti-lB =.lB; Adverbio jwm Verbo niphal imperfeito na terceira pessoa feminino do
!t:ïn" = Verbo qal perfeito na terceira pessoa masculina do singular = faz, dar.
AlªAqB =B. Preposição lAq Substantivo masculino singular construto com sufixo na
8
gWmïT' = Verbo qal imperfeito na Terceira pessoa feminina do singular = derrete.
#r<a'(= Terra
bqoå[]y: yheÞl{a/ Wnl'÷-bG") f.miWnM'_[i tAaåb'c. hw"åhy> Sal. 46:7
`hl's,(
hw"åhy>= SENHOR
tAaåb'c. =Substantivo no plural = exércitos
Wnl'÷-bG")f.mi= bG"f.mi
Substantivo masculino singular l. Preposição com sufixo na
primeira pessoa do plural
yheÞl{a/ = Deus
bqoå[]y: = Jacó
`#r<a'(B' = na Terra
9
étAmx'l.mi= Gerra
hceçq.-d[; =d[; Preposição hc,q' Substantivo masculino no singular = na medida em
rBev;y>â = Verbo piel imperfeito na Terceira pessoa masculina do singular = para quebrar.
#Ceqä iw>=w> Conjunção #cq Verbo piel com Vav consecutivo no perfeito da terceira
@roðf.yI= Verbo qual imperfeito na terceira pessoa masculina do singular = para queimar.
vae(B' = B. Preposição h; Artigo vae Substantivo singular = no fogo.
ykiänOa'-yK i= yKi
Conjunção ykina
O ' Pronome independente na primeira pessoa do
singular= que eu.
~yhi_l{a/= Deus
~Wrïa'=~wr Verbo qal imperfeito na primeira pessoa comum do singular = Euexaltado
#r<a'(B'=Na terra.
10
bqoå[]y: yheÞl{a/ Wnl'÷-bG")f.miWnM'_[i tAaåb'c. hw"åhy> Sal. 46:12
`hl's,(
hw"åhy>= SENHOR.
tAaåb'c. = Substantivo no plural = exércitos.
yheÞl{a/ = Deus
bqoå[]y: = Jacó
5. TRADUÇÕES COMPARADAS
11
Nova Tradução na Linguagem de Hoje: Ao regente do coro – para soprano.
Canção do grupo de Corá. 1 Deus é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não
falta em tempos de aflição. 2 Por isso, não teremos medo, ainda que a terra seja abalada,
e as montanhas caiam nas profundezas do oceano. 3 Não teremos medo, ainda que os
mares se agitem e rujam, e os montes tremam violentamente. 4 Há um rio que alegra a
cidade de Deus, a casa sagrada do Altíssimo. 5 Deus vive nessa cidade, e ela nunca será
destruída; de manhã bem cedo, Deus a ajudará. 6 As nações ficam apavoradas, e os
reinos são abalados. Deus troveja, e a terra se desfaz. 7 O SENHOR Todo-Poderoso está
do nosso lado; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. 8 Venham, vejam o que o SENHOR
tem feito! Vejam que coisas espantosas ele tem feito na terra! 9 Ele acaba com as
guerras no mundo inteiro; quebra os arcos, despedaça as lanças e destrói os escudos no
fogo. 10 Ele diz: “Parem de lutar e fiquem sabendo que eu sou Deus. Eu sou o Rei das
nações, o Rei do mundo inteiro”. 11 O SENHOR Todo-Poderoso está do nosso lado; o
Deus de Jacó é o nosso refúgio.
Nova Versão Internacional: Para o mestre de música. Dos coraítas. Para vozes
agudas. Um cântico. 1 Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre
presente na adversidade. 2 Por isso não temeremos, ainda que a terra trema e os montes
afundem no coração do mar, 3 ainda que estrondem as suas águas turbulentas e os
montes sejam sacudidos pela sua fúria. [Pausa] 4 Há um rio cujos canais alegram a
cidade de Deus, o Santo Lugar onde habita o Altíssimo. 5 Deus nela está! Não será
abalada! Deus vem em seu auxílio desde o romper da manhã. 6 Nações se agitam,
reinos se abalam; ele ergue a voz, e a terra se derrete. 7 O SENHOR dos Exércitos está
conosco; o Deus de Jacó é a nossa torre segura. [Pausa] 8 Venham! Vejam as obras do
SENHOR, seus feitos estarrecedores na terra. 9 Ele dá fim às guerras até os confins da
terra; quebra o arco e despedaça a lança; destrói os escudos com fogo. 10 “Parem de
lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra”.
11 O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa torre segura.
12
versão coloca o título desta maneira: “Cântico sobre Alamote”. Na NTLH o termo
“Alamote” é traduzido como “para soprano”, uma tradução possível, apesar do
significado do termo ser incerto. A tradução literal do termo é “sobre moças” e alguns o
entendem como uma referência à voz feminina ou aos instrumentos que deveriam
acompanhar a voz feminina. A NVI traduz o termo “Alamote” por “para vozes agudas”,
semelhante à NTLH. Além dessa observação, outro fato interessante é a interpretação
dada pela NTLH para a expressão “Ser exaltado”; a mesma é traduzida por ser rei, e
isso no presente, não sendo uma boa interpretação, uma vez que o vocábulo está no
imperfeito do hebraico, que denota um tempo futuro.
6. COMENTÁRIO TEOLÓGICO
provavelmente ser distinguida de batah, “depender de”, refugiar-se em”, por denotar
uma ação mais repentina. A etimologia é duvidosa. Com os seus derivados a raiz é
usada 56 vezes, predominantemente nos salmos e na literatura poética e hínica
semelhante. Embora empregada literalmente para o ato de abrigar-se de uma
tempestade, ou de ir para os montes em situação de perigo, a palavra com maior
freqüência, designa figuradamente a ação de procurar refúgio, e conseqüentemente, pôr
sua confiança em alguma potência importante, inclusive Deus. Essa idéia de refugiar-se
pode muito bem ter origem na experiência comum das pessoas em situação de guerra,
sejam refugiados, sejam combatentes, para quem os montes adjacentes significavam um
imediato ponto elevado e seguro, ou rocha firme, para os quais o defensor desamparado
podia correr em busca de proteção; desta maneira, o termo é usado como sinônimo de
fortaleza, ou lugar de escape. Deus é sempre o único refúgio para o seu povo. Buscar
refúgio ressalta a insegurança e a insuficiência até mesmo dos homens mais poderosos;
Ela enfatiza o aspecto defensivo ou externo da salvação em Deus, o imutável em quem
encontramos abrigo.
13
intervindo. Ambos os conceitos se resumem na expressão: socorro bem presente, que
indica Sua prontidão para ser “achado” e sua “suficiência” para qualquer situação”. 12
Outra expressão que aparece ainda no verso um é o vocábulo: hr'z>[, - Ajudar, apoiar.
A exceção do acadiano e do etíope, esta raiz ocorre em todas as línguas semíticas.
Empregado aproximadamente 80 vezes no AT, em geral azar indica apoio militar. O uso
do vocabulário com referência ao Egito é ilustrativo. O Egito cairá apesar daqueles que
lhe dão apoio. O termo também é usado como composto a nomes próprios com formas
do nome divino: Azareel (Deus ajudou), Azriel (Deus é minha ajuda), Azarias (O
Senhor ajudou), Esdras (Ajuda) e Ebenézer (Pedra de ajuda). O auxílio divino é, muitas
vezes, de natureza militar; isso se dá em diversas ocasiões em que os servos de Deus
travavam suas lutas; tal consciência, referente a ajuda divina concedida, era sem dúvida
o estímulos para as batalhas. No Salmo 46 (texto em estudo), Jerusalém, talvez no
século oitavo, é livrada das mãos de Senaqueribe por intermédio da ajuda divina; é bem
possível que este salmo tenha também uma ênfase escatológica, assim como em Isaías
63:5. Em sua ira e vindicação contra as nações, Deus não recebe ajuda humana alguma.
Em face da ajuda divina, Israel terá proteção e segurança e vencerá os seus inimigos.
Essa expressão também pode está associada a ajuda pessoal, como o ajudador dos
pobres, órfãos, enfermos, perseguidos, aflitos e de tantos outros dilemas humanos.
tArªc'b.÷ - O Substantico “tsarah” pode designar qualquer coisa estreita que impõe
12
KIDNER, D. Salmos 1-72: Introdução e Comentário, 2. Ed. São Paulo: Sociedade Religiosa e Edições
Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão, 1981. p.196.
14
ac'îm. - No AT essa raíz é usada aproximadamente 450vezes, a maioria delas no Qal;
embora o seu sentido básico seja achar, “matsa” também assume outras nuanças de
sentido. O termo deve ser observado junto as línguas cognatas como o aramaico, o
etiópico e com o ugarítico; ambas as línguas traduzem essa raiz com palavras similares.
Por essa identificação com outros idiomas, a expressão no gral Qal, não deve ser
traduzida apenas no sentido de achar, mas também o de “chegar, encontrar e alcançar”;
ou seja, a expressão denota o resultado que se chega após um período de procura; como
está em Is 55.6 “buscai ao Senhor enquanto se pode achar”.
A palavra hebraica que é traduzida por “bem presente” quer dizer que “Ele é
encontrado”. Esta palavra está no pretérito, que é melhor traduzido como: “nEle se tem
encontrado”.13 Isso realmente se associa ao termo “tribulações”. Isto é, Deus não é
socorro simplesmente em um momento especifico, mas Ele intervém em seu povo em
todas as tribulações.
Comentando este Salmo, João Calvino afirma:
“é obvio que o proposito do salmista era exaltar o poder e a
benevolência de Deus para com seu povo, bem como mostrar quão
pronto está Deus para oferecer-lhes assistência, para que no tempo de
suas adversidades não olhem para todos os lados ao redor de si, mas
que repousem satisfeitos unicamente com Sua proteção”14.
ar"ynIâ- Expressão derivada do verbo “yare” que pode denotar a emoção do medo, a
previsão intelectual do mal, sem que haja ênfase na reação emocional, reverência ou
respeito, comportamento íntegro ou piedade ou adoração religiosa formal. O temor aqui
descrito pode ser derivado tanto pelos grandes feitos de Deus, como por situações
desconfortáveis. No salmo 46 a expressão na verdade é de destemor, pois o verbo está
ligado a partícula negativa “al{ . A intenção do Salmista era de afirmar que apesar dos
13
Melhor compreensão ver a parte de Análise Gramatical deste trabalho nas páginas: 2-9.
14
CALVINO, João. Comentário dos Salmos. Vol. II.
15
O salmista passa a seguinte mensagem: mesmo que a terra esteja em caos, os
montes sejam arrancados e lançados nos mares, no meio das tribulações e agitações.
Ainda que as águas tumultuem e se avolumem e por sua fúria os montes percam sua
firmação. Ainda que os montes de Jerusalém se abalem diante da tribulação, o salmista
diz: “não temeremos” porque é Deus o refúgio, é Deus a Fortaleza.
A mesma ideia de confiança que o Salmo 121 transmite:
“Elevo os olhos para os montes:de onde me virá o socorro?O meu
socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.Ele não permitirá que
os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda. É certo que
não dormita, nem dorme o guarda de Israel. O Senhor é quem te
guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará
o sol, nem de noite, a lua. O Senhor te guardará de todo mal; guardará
a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora
e para sempre.”15
A confiança dos salmistas não esta firmadas nas coisas criadas por Deus,
entretanto, no Deus que criou todas as coisas. É este Deus Todo-Poderoso que se revela
como “refúgio” e “fortaleza”, “socorro bem presente nas tribulações”.
rh'ªn" – Rio, ribeiro. Palavra usada 120 vezes no AT. o substantivo também é
encontrado nas línguas semíticas. A palavra é usada geralmente para se referir aos
principais rios das terras bíblicas.
forma literal deve ser traduzido como “Canal”. No tempo do Rei Ezequias ele edificou a
cidade e esses canais foram melhorados, se tornaram secretos e levavam água para
várias partes de Jerusalém. A água vinha em um canal fino de pouca espessura
comparado aos rios, mas, as aguas sempre chegavam a toda Jerusalém.
O salmista faz uma comparação: ainda que os mares estejam turbulentos, há um rio
cujas correntes, ou cujos canais, alegram a cidade de Deus.
15
BÍBLIA DE GENEBRA. Ed. Cultura Cristã. São Paulo. 1998. p.707-708.
16
supremacia da divindade. Elyon também é descrito como o lugar de proteção e abrigo
para Israel (Sl 9:2; 91:1,9) e seu rei (Sl:21:7,8). Parece que Elyon tem um interesse
especial por Sião (Sl 46:4,5; 87:5), muito embora seja o Senhor dos céus e da terra. O
termo aparece também em alguns compostos, a mais freqüente é El Elyon.
escorregar. Esse verbo, que ocorre como uma figura de linguagem designativa de
grande insegurança, também pode denotar confiabilidade e certeza quando aplicado a
Deus e tendo como prefixo uma partícula negativa, como é o caso do Salmo 46:5. Aqui
encontramos a segurança daqueles que se refugiam no Senhor; eles serão inabaláveis,
pois têm ao Senhor como sua rocha e salvação. Deus lhe estende a mão para que não
escorreguem. Embora as montanhas possam sair do lugar e as colinas possam tremer, o
amor leal de Deus jamais se afastará e sua aliança jamais tremerá.
17
W[d>Wâ – Essa raiz aparece mais de 994 vezes, é usada em todos os graus que expressa
uma variedade de aspectos de conhecimento adquirido pelos sentidos. Seus sinônimos
mais próximos são discernir e reconhecer; também é encontrada nas línguas semíticas.
~Wrïa' – Ser exaltado, estar no alto, erguer-se. Três grandes idéias estão presentes em
usos não cúlticos de rum e seus derivados. 1 – Altura literal; 2 – Altura como símbolo
de noções positivas, tais como glória e exaltação; e 3 – como símbolo de noções
negativas, tais como arrogância e orgulho. O termo é utilizado descrevendo literalmente
o sentido de altura, no entanto, essa é uma expressão idiomática para referir-se a alta
posição de Deus. No AT essa é uma expressão comum, descrevendo Deus como o mais
elevado, acima de tudo e de todos.
18
7. HOMILIA
INTRODUÇÃO:
ELUCIDAÇÃO:
19
Quarto Livro dos Salmos 90-106
Quanto ao tempo em que este Salmo foi escrito, é algo também incerto, a menos que,
talvez, nos seja possível pressupor que foi escrito quando subitamente suspendeu-se o
cerco da cidade por meio de uma terrível e dolorosa destruição que Deus infligiu sobre
o exército de Senaqucribe (2 Rs. 19:35)
Diante destes fatos, gostaria de propor o seguinte tema para o sermão desta
manhã:
20
3 - ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se
estremeçam.
Aqui o salmista começa com uma expressão ou sentimento geral, antes de começar a
falar do livramento mais específico. Ele começa mostrando que Deus é suficientemente
poderoso para proteger a seu povo peculiar e que lhes comunica base sólida de
esperança. Na primeira parte deste versículo o salmista usa um paralelismo sinonímico,
ou seja duas palavras, mas uma mesma idéia, quando ele diz “Refúgio e Fortaleza”. A
idéia no original é que Deus seria em meio a crise, a perseguição e as lutas do dia-a-dia,
abrigo que protege do perigo, não somente um mero aprigo, mas um forte abrigo, uma
fortaleza de proteção contra uma grande tempestade. Na segunda parte do versículo, a
expressão “Socorro bem presente na angústia”. No hebraico a idéia é de uma ênfase a
algo bem perto, ou seja algo tão próximo que sentimos a sua presença. Deus tem sido
achado, Ele tem sido testado e provado por Seu povo. Ele nunca Se desvia das aflições
dos seus servos. Ele é socorro, verdadeiramente, eficazmente, constantemente; Ele está
presente ou perto dos seus, bem ao lado e pronto para socorrer, e isto é enfatizado pela
palavra “bem” em nossa versão, Ele é mais presente do que um amigo ou parente pode
ser, sim, mais presente do que o próprio problema. A esta verdade confortante é
adicionada a consideração de que Seu auxílio vem no momento de necessidade. Ele não
é como o outono que nos leva no inverno; Ele é um amigo na necessidade e um amigo
de fato. Esta parte do versículo, também pode ser traduzida por “nele se encontra um
excelente socorro nas tribulações”. O verbo “encontrar”, é escrito no completo niphal
dando a entender que Deus seria achado nos momentos de adversidades.
APLICAÇÃO:
21
adversidades ou não, mas o que quero te falar é que nós podemos ter a certeza de um
socorro que não falha. Sabemos que muitos de nossos colegas vivem tempos de
adversidades, na vida sentimental, espiritual, familiar, financeira e até mesmo
ministerial, mas louvado seja o nome do Senhor que Nele podemos encontrar este
abrigo e ter a certeza do seu socorro.
5 Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde antemanhã.
22
A suma de tudo é: A proteção pela mão divina deve, acima de tudo, residir no
fato que Deus habita no meio da cidade e toda esperança de segurança depende
unicamente de sua presença. Além do mais, embora Deus nem sempre surja
imediatamente em socorro, segundo a pressa dos desejos humanos, todavia Ele sempre
virá em tempo oportuno, a fim de fazer evidente a verdade expressa neste versículo
APLICAÇÃO:
10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado
na terra.
A expressão Senhor dos Exércitos indica que Deus é aquele que vai adiante do
seu exército, como também, não é apenas Senhor do exército de Israel, mas de todos os
exércitos da terra, inclusive dos exércitos inimigos. Por causa disso o salmista declara
que o povo deveria se aquietar porque Deus é exaltado sobre todas as nações. Este verbo
“aquietai-vos”, está no hiphil imperativo masculino plural, dando a idéia de que Deus
ordenou a acalmar, sossegar, relaxar os braços, descansar em meio a adversidade,
porque é Ele que põem termos a guerra até aos confins do mundo, quebra o arco e
despedaça a lança; queima os carros no fogo. Deus domina tudo, tem o controle do
universo em suas mãos, por isso a ordem de Deus para aquietar-se. Demonstrando a sua
total Soberania.
23
sustenta todas as coisas com a Sua onipotência, e determina os fins que elas estão
destinadas a cumprir.”
O salmo 115:3 diz: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada”;
I Cr. 29:11 diz: “Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a
majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o
reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos.” ;
Sl. 24:1 diz: “Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o
mundo e os que nele habitam.”
Conta-nos a história que quando João Wesley morria em Londres, certamente
muitos pensamentos lhe acudiram à mente e ao coração, mas suas últimas palavras
foram estas: “O Senhor dos Exércitos está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio.”
Em meio ao sofrimento de sua alma, ele entendia que Deus tinha o controle de tudo em
suas mãos.
APLICAÇÃO:
Somos pessoas que até cremos na soberania de Deus, mas quando estamos na
adversidade esquecemos que Deus tem o domínio de todas as coisas e que nada foge do
seu controle. É preciso tranqüilizar o coração, nos aquietar, sossegar a alma e saber que
o nosso Deus é o Senhor dos Exércitos, o dono do ouro e da prata, o Senhor do
universo, o todo poderoso, o Deus da paz e que as nossas vidas estão confiadas nesse
Deus.
CONCLUSÃO:
24
Castelo forte é o nosso Deus,
Espada e bom escudo!
Com seu poder defende os seus
Em todo transe agudo.
Com fúria pertinaz
Persegue Satanás
Com ânimo cruel!
Mui forte é o Deus fiel,
Igual não há na terra.
25
8. BIBLIOGRAFIA
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2013.
BRUCE. F.F. Comentário Bíblico NVI – Antigo e Novo Testamentos. Ed. Vida. São
Paulo. 2009.
CALVINO, João. Série Comentários Bíblicos: Salmos, vol. 2. São Paulo: Editora Fiel,
2011.
26
MAISTER, Mauro. Palestra sobre os Salmos.
ROBERTSON, Palmer. Terra de Deus: o significado das terras bíblicas para o plano
redentor de Deus. Traduzido por Hope Gordon Silva. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
27