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JOHAN KONINGS

> ZULEI CA AP ARE CI DA SILVANO

(ORGS.)

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Q.
DEUTERONÔMI O
“Escuta, Israel”
D a d o s In te r n a c io n a is d e C a ta lo g a ç ã o n a P u b lic a ç ã o (C IP )
(C â m a ra B r a sile ir a d o L iv r o , SP, B r asil)

D e u tero n ô m io : “Escuta, Israel” / Johan Konings, Zuleica Aparecida Silvano


(orgs.). - São Paulo : Paulinas, 2020.
280 p. (Coleção pão da palavra)

ISBN 978-85-356-4604-7

1. Bíblia. A.T. - D euteronôm io I. K onings, Johan II. Silvano, Zuleica Aparecida

20-1467 C D D 222.1506

ín d ic e s p a r a c a t á lo g o s is te m á tic o :
1. Bíblia. A.T. - D euteronôm io 222.1506

Angélica Ilacqua - Bibliotecária - C R B -8/7057

I a ed ição — 2 0 2 0

D ireção-geral: Flávia Reginatto


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C o p id esq u e: M ônica Elaine G. S. da Costa
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SUM ARIO
A P R E S E N T A Ç Ã O ...................................................

D E U T E R O N Ô M I O : P R I M E I R O A C E S S O .................................... 13
J o h an K o n in g s e K a r in a C o le ta

O r ig e m ...........................................................................................................14
Estrutura e c o n t e ú d o .................................................................................. 16
L inguagem , g e o g r a fia e t e m p o ................................................................. 19
D esta q u es t e o ló g ic o s .................................................................................. 2 0

O D E U T E R O N Ô M IO E A H IS T O R IO G R A F IA
D E U T E R O N O M I S T A ............................................................................... 25
J a ld e m ir V itó r io

Percurso lite r á r io ........................................................................................ 2 7


Percurso t e o ló g i c o ...................................................................................... 3 0
Percurso h e r m e n ê u t ic o ..............................................................................43
Percurso t r a d ic io n a l................................................................................... 49
C o n c lu sã o ..................................................................................................... 6 0

AS L E G IS L A Ç Õ E S S O C I A I S D O D E U T E R O N Ô M I O .......... 63
F r a n c is c o M á r c i o B e z e r r a d o s S a n t o s

A preo cup aç ão c o m o s m a r g in a liz a d o s ..................................................6 4


O D eu tero n ôm io : p ro jeto e m d e fe s a d o s p o b r e s ..................................6 8
“N ão en d ur eça s o teu c o r a ç ã o pa ra c o m o s p o b r e s ” ( D t 1 5 ,7 )......... 77
Por um cu lto q ue fa ç a v i v e r ...................................................................... 8 0
C o n c lu sã o ..................................................................................................... 8 2

AS LEIS P O L Í T I C A S (D t 1 6 ,1 8 - 1 8 ,2 2 ) ................................................. 85
Z u le ic a A p a r e c id a S i l v a n o

O s ju izes sã o g u a r d iõ e s da A lia n ç a ( D t 1 6 ,1 8 -1 7 ,1 3 ) ......................... 88


O rei é um irm ão ex e m p la r ( D t 1 7,1 4 -2 0 ).............................................. 97
Os sacerdotes levitas representam Deus junto ao povo (D t 18,1-8) ...101
Os profetas são escolhidos para falar em seu nome (D t 18,9-22)....103
C o nclusão........................................................................................ 107

A S L E IS C Ú L T I C A S D O D E U T E R O N Ô M I O ........................ 109
J a ld e m ir V ito r io

A centralização do culto em Jerusalém ...........................................111


O sacerdócio levítico e sua função cú ltica...................................... 117
As m uitas form as de cultuar D eus.................................................. 123
O consum o cúltico de c a rn e ............................................................129
A rejeição dos cultos id o látrico s..................................................... 132
O prim ogênito dos anim ais..............................................................135
A s festas cúlticas.............................................................................. 136
Os im pedidos de participar do c u lto .............................................. 139
Pureza cultuai no acam pam ento..................................................... 140
C o nclusão.........................................................................................141

T E O L O G IA D A U N ID A D E E D A A L IA N Ç A
N O D E U T E R O N Ô M I O .................................................................143
F á b io C r is tia n o R a b e lo

Teologia da A liança e da unidade................................................... 144


A reform a de Josias e o advento do ju d aísm o ................................ 158
C o nclusão.........................................................................................163

A T E O L O G IA D A R E T R IB U IÇ Ã O
N O D E U T E R O N Ô M I O ................................................................ 165
E r ik e C o u to L o u r e n ç o

A retribuição no O riente Próximo A ntigo......................................166


Lidando com as diferentes form as de retribuição.......................... 183
C onclusão.........................................................................................184

A R E L E IT U R A D O D E U T E R O N Ô M IO
N O S E V A N G E L H O S ................ ............................................................. 1 8 7
J a c ir d e F r e ita s F a r ia

O D euteronôm io no Evangelho segundo M arcos.......................... 188


O D euteronôm io no Evangelho segundo M ateus.......................... 199
O Deuteronôm io no Evangelho segundo Lucas............................. 209
O Deuteronôm io no Evangelho segundo Jo ão ............................... 212
O Shemá Israel nos E vangelhos...................................................... 219
O Shemá e N icodem os.................................................................... 226
C onclusão........................................................................................ 228

O D EU TER O N Ô M IO N O N O V O TESTAM ENTO:


DOS ATOS DOS APÓSTOLOS AO APOCALIPSE ............... 231
M arcu s M arean o

A tos dos A póstolos.......................................................................... 233


Corpus P aulinum ............................................................................. 236
H ebreus............................................................................................ 252
A pocalipse........................................................................................255
C onclusão.........................................................................................259

REFERÊNCIAS D O D EU TER O N Ô M IO
N O N OV O TESTAMENTO: .......................................................261
REFERÊNCIAS ..................................................................................265
ÍN DICE REM ISSIVO ......................................................................275
Ca pít u l o 7

A T E O L O G IA DA R E T R IB U IÇ Ã O
N O D E U T E R O N Ô M IO
E r ik e C o u to L o u r e n ç o *

Denom ina-se “retribuição” o princípio segundo o


qual as pessoas são recom pensadas ou castigadas con­
forme suas ações boas ou más, dando-se destaque a
essas últimas.
O senso comum pensa a retribuição nesses term os,
entendendo que se deve tratar as ações más do ser hu­
mano com as apropriadas punições e as boas, com as
justas recompensas. Diversos códigos jurídicos e morais,
como o rom ano, se baseiam tam bém nesse princípio,
que, por sua vez, rem onta às civilizações do O riente
Próximo Antigo, ambiente geográfico e cultural do povo
da Bíblia Hebraica.
Por isso, encontram os a retribuição tam bém no
Antigo Testamento, sendo aplicada mais frequentem ente
nos textos em que se descreve a adm inistração da justiça
divina. Nesse sentido teológico, a retribuição se refere,
principalm ente, ao agir de D eus para com os seres

* E r ike C o u to L o u r e n ç o é b a c h a r e l e m L e tra s C lá ssic a s ( G r e g o ) p e la U n iv e r si­


d a d e F ed er a l d e M in a s G e r a is (U F M G ). M e str e e m T e o lo g ia p e la F a cu ld a d e
J esu íta d e F ilo so fia e T eo lo g ia (F A J E ). P r o fe sso r d e H e b r a ic o B íb lic o .

165
hum anos, dando-lhes recom pensas ou castigos por seus
atos de bondade ou perversidade.1
Um a classe de israelitas, os “sábios”, possuía especial
apreço por esse pensam ento. Diversos textos espalhados
pela Bíblia H ebraica, por possuírem características em
com um , fazem p arte do gênero literário que passou
a ser conhecido como “de sabedoria” ou “sapiencial”.
E ntre os elementos que caracterizam essas obras estão
elogios à ordem de D eus na Criação, instruções para
um a vida correta, e como evitar o mal e a perversidade
e escolher o bem. Todavia, a form a como a “teologia da
retribuição” se apresenta na literatura sapiencial é bas­
tante complexa, indo desde afirm ações que sustentam a
retribuição até duras críticas, senão negações completas,
a esse princípio.
O D euteronôm io, apesar de não ser classificado
como pertencente à literatura sapiencial, possui carac­
terísticas comuns com essa literatura, dentre as quais
está a concepção de retribuição. Contudo, essa é tratada
no D euteronôm io de variadas maneiras, indo desde a
reafirm ação do dogma até a refutação dele.

A R E T R IB U IÇ Ã O N O O R IE N T E P R Ó X IM O A N T IG O

A Bíblia H ebraica não foi a prim eira a apresentar


a retribuição. Esse princípio já era adotado entre os
povos do O riente Próxim o Antigo, como atestam suas
literaturas que chegaram até nós.
E ra por meio da retribuição que deuses e reis con­
seguiam ordenar e reger seus servidores. Os documentos

1 V A N N O Y , J. R . T e o lo g ia d a R e tr ib u iç ã o . In: V A N G E M E R E N , W. A . (O rg .).
N o v o D ic io n á r io I n te r n a c io n a l d e T e o lo g ia e E x e g e s e d o A n tig o T e s ta m e n to . São
P a ulo : C u ltu ra C r istã, 2 0 1 1 . v. 4, p. 1 1 2 9 -1 1 3 7 .

166
legais mesopotâmicos afirmavam que as divindades pu­
niríam aqueles que se recusassem a viver de acordo com
as leis promulgadas por elas e ratificadas pelos regentes.
Assim, a rebelião contra as autoridades era considerada
um pecado contra os deuses, os que outorgaram os p o ­
deres aos governantes e legisladores, os quais, por sua
vez, eram os encarregados de aplicar as penas sob a lei
divina da retribuição.2
Um texto babilónico denom inado Conselhos de Sa­
bedoria, do século X V I a.C. e de autoria desconhecida,
contém um a série de exortações que eram, possivelmente,
usadas pelos sábios para instruir seus filhos e pupilos.3
Em um trecho (linhas 56-65) é possível perceber como
a retribuição era com preendida por eles:

A o s h u m ild e s, te n h a p ie d a d e d e les. N ã o d e s p e ç a o s m is e ­
ráveis n em [...] to rças o n ariz para eles: c o m isso , u m d eu s
d o h o m e m to rn a -se fu r io so , isso n ã o agrada a S ha m ash,
e le o re co m p e n sa r á c o m m a l. D á c o m id a para co m er, cer­
veja para beber, o fe r e ç a o q u e é p e d id o , pr ovê e honre:
n isso u m d eu s d o h o m e m tem prazer, é aprazív el a S h a ­
m ash , e le o re co m p e n sa r á c o m favor. F a ça b o a s a ç õ e s e
seja so líc ito to d o s o s d ia s d e tu a v id a .4

Os tratados de vassalagem entre os povos do Oriente


Próximo Antigo continham juram entos baseados na lei

2 L A A T O , A .; D E M O O R , J. C . In tr o d u c tio n . In: L A A T O , A .; D E M O O R , J.
C . (O r g s.). T h e o d i c y i n t h e w o r l d o f t h e B i b l e . M ichiga n: B rill, 2 0 0 3 . p. xxx-xxxii.
3 L A M B E R T , W. G . B a b y l o n i a n W i s d o m L i t e r a t u r e . W in o n a L a k e (In d ia n a ):
E ise n b ra u n s, 1996 . p. 96.
4 V A N D E R T O O R N , K. T h e o d ic y in A k k a d ia n L iter a tu r e. In: L A A T O , A .;
D E M O O R , J. C. (O rg s.). T h e o d i c y i n t h e w o r l d o f t h e B i b l e . M ich ig a n: B rill,
20 03 . p. 60 -6 1.

167
da retribuição divina: se fossem quebrados, acarreta­
riam em m aldições. Indubitavelm ente, esses tratados
influenciariam a Teologia da Aliança, que encontram os
no Deuteronôm io. Vejamos, como exemplo, um trecho
de um tratado hitita, que rem onta ao século X III a.C.,
firm ado entre Tudhaliya IV e K urunta de Tarhuntasha:

Q u e m quer q u e retire o rein a d o da terra d e T arhuntasha


d e um d e sc e n d e n te d e K urunta o u re d u z a -o o u orde ne
q u e seja a b o lid o ou tir e -lh e o q u e quer qu e m eu pai e eu
lh e d e m o s, o u a lte re u m a ú n ica palavra d e ssa tábua, que
a d e u sa d o so l d e A r in n a e o d e u s d a te m p e sta d e d e H atti
tirem a rea le za da terra d e H a tti d e ssa p e s s o a .5

Os hititas criam tam bém que um a punição divina


poderia, com justiça, recair sobre todos que violassem
as prescrições célticas dos deuses, como esquecer-se das
oferendas apropriadas para cada celebração ou dem orar­
l e nas ofertas ou rituais.6 Isso pode ser visto em um
texto que rem onta ao século X IV a.C., Instruções para
Sacerdotes e Oficiais do Templo (2,52-72):

S e o te m p o c o r re to para cele b ra r u m ritua l vier, e aq ue le


q u e é su p o sto a p er fo r m á -lo v ier a té v ó s, ó sa cerd o tes,
“u n g id o s sa c e r d o te s”, sa cer d o tisa s e o fic ia is d o tem plo,
e agarrar v o sso s j o e lh o s , [d izend o] “as c o lh e ita s e stã o à
m in h a fre n te ”, o u “d e sp e sa s d e um c a sa m e n to ” o u “um a
jo rn a d a ” o u a lg u m a o u tra c o isa , “e n tã o p erm ita -m e sair
[...]”. N ã o c o n c e d a is e s s e p e d id o d o h o m em . N ã o sejais

5 H O F F N E R JR .; H . A . T h e o d ic y in H ittite Texts. In: L A A T O , A .; D E M O O R ,


J. C . (O r g s .). T h e o d i c y i n t h e w o r l d o f t h e B i b l e . M ic hig an: Brill, 20 0 3. p. 95 -9 6.
6 H O F F N E R J R ., T h e o d ic y in H ittite T exts, p. 9 4 -9 5 .

168
p e rsu a d id o s. N ã o fa ça is b a rg a n h a s c o m a v o n ta d e d o s
d e u se s. S e um h o m e m v o s persua dir, e v ó s to m a r d e s o
p a g a m en to , o s d e u se s o d e m a n d a r ã o d e v ó s em u m m o ­
m en to m a is tard e. E le s se v o lta rã o co n tra v ó s, tu a s e s ­
p o sa s, filh o s e serv o s. T ra ba lh ai so m e n te para a v o n ta d e
d o s d e u se s. E n tã o vó s c o m e r e is, b e b e r e is e fa reis fa m ília s
a v ó s m esm o s. M a s n ã o fa ça is a v o n ta d e d e um h o m e m .
N ã o v en d a is m o rte n em a co m p ra i.7

H enri F ran k fo rt explica com o a retribuição era


concebida no Egito antigo:

O s e g íp c io s afirm av am qu e a p u n iç ã o d o o r g u lh o e d e o u ­
tras fa lh a s eram um n e g ó c io d o s d e u se s, m a s e le s criam
qu e a retrib uiçã o d iv in a fr e q u e n te m e n te atuava n ã o por
m eio d e u m a in te rferên cia d ireta n o s a ssu n to s h u m a n o s,
m as in d ire ta m e n te , p or m eio da m a n u ten çã o d e M a 'a t, a
o rd em e sta b e le cid a . D e s s e p o n to d e v ista , o s u c e ss o de
um h o m em na v id a a p a r e c e c o m o prova d e su a falta d e
atrito c o m a q u ela o r d e m .8

Por conseguinte, se os seres hum anos não vivessem


conforme essa ordem divina do m undo (às vezes, re ­
presentada tam bém como um a deusa de mesmo nome,
Ma'at), havia a possibilidade de passarem por sofrimentos
em suas vidas, algo tam bém presente na tradição de sa­
bedoria hebraica.9 Vemos isso em Instruções de Ptahotep
(18,312-315):

7 I b id ., p. 95.
8 F R A N K F O R T , H . A n c i e n t E g y p t i a n R e l i g i o n : a n in terp re ta tio n . M iN e o la ; N o v a
York: D o v e r P u b lica tio n s, 20 1 1 . p. 70.
9 L A A T O ; D E M O O R , In tro d u c tio n , p. xxxi.

169
L o n g a é a v id a d o h o m e m cuja co n d u ta é M a ' a t , qu e anda
d e a co rd o c o m se u s (p róp rio s) p a sso s. C o n clu irá um te s ­
ta m e n to p o r isso , m as o avaren to n ã o terá tú m u lo .10

No mesmo texto, há outra instrução (5,99-118) que


reforça esse pensamento:

N ã o tra m es co n tra as p e sso a s, p o is o d eu s p u n e na m esm a


m ed id a . S e um h o m e m disser: “viv erei para is s o ”, faltará
o p ã o em su a b o c a . S e um h o m em afirm ar: “serei ric o ”
(é p o rqu e), diz: “to m a rei para m im o qu e v ir ”. S e um h o ­
m em disser: “rouba rei a lg u é m ”, term in a rá se n d o d ad o a
um estr a n g e iro . A tram a co n tra as p e sso a s nã o triunfa, e
sim a v o n ta d e d o d eu s. V iv e e n tã o em m eio à p az e o que
e le s [os d eu ses] d erem virá p or si m e s m o .11

A retribuição era, assim, a forma normal de justiça


no mundo que rodeava o antigo Israel.12

A r e tr ib u iç ã o n o A n tig o T e s ta m e n to

Em alguns textos do Antigo Testamento, encontra­


mos referências aos “sábios” (Jr 18,18; Ez 7,26). Eles
eram , possivelmente, um a classe especial de escribas,
servidores nas cortes de Judá do fim do século VI a.C.
até o exílio babilónico (587 a.C.).
Segundo John Gabei, os “sábios” sustentavam a visão
de que, no mundo ordenado por Deus, o com portam ento

10 A d a p ta d o d e A R A Ú J O , E . E s c r i t o p a r a a e t e r n i d a d e ' , a litera tu ra n o E g ito


fa r a ô n ic o . B rasília : E d ito r a U n iv e r sid a d e d e B rasília; S ã o P aulo: Im p ressa
O fic ia l d o E s ta d o , 2 0 0 0 . p. 25 2 .
11 I b id ., p. 24 8 .

12 L A A T O ; D E M O O R , In tr o d u c tio n , p. xxxii.

170
está relacionado com a sorte que se possui em vida: quem
age bem prosperará, enquanto quem age mal sofrerá as
consequências de suas más ações.13
A pesar de não existir um term o hebraico específico
para retribuição, existem diversas raízes e palavras que
abarcam idéias como essas, sendo aplicadas ora às re ­
compensas hum anas, ora às divinas. D entre os term os
principais estão os substantivos sãkãr, “salário” (Gn 30,28;
Is 40,10; 62,11; Ecl 9,5) e témürãh, “intercâm bio” (Lv
27,10; R t 4,7; Jó 15,31; 20,18; 28,17), e os verbos sãlam,
“ter o suficiente, em plenitude”, que pode significar
também “pagar” (ISm 24,20; 2Rs 4,7); gãmal, “fazer o
bem” (SI 103,10; Pr 12,14; 19,17; Jr 51,56); pãqad, “ocupar­
l e atentam ente de” (Os 4,9.7); zãkar, “recordar-se” (D t
25,17; Jr 14,10; 15,15); súb, “retornar, voltar-se” (Gn 50,15;
2Sm 22,21; Z c 9,12); e nãqãm, “vingar-se” (D t 32,35; SI
18,48; Ez 25,14.17).14
Por serem altam ente letrados e terem vivido nas
cortes reais, os sábios conseguiam entrar em contato com
as civilizações vizinhas, especialm ente a assíria, a hitita
e a egípcia, fazendo com que possuíssem um a cultura
“internacional”. Jó, Provérbios e Eclesiastes são obras que
expressam a tradição dos sábios. D entre esses livros, o que
mais exprime o pensam ento dos sábios é o de Provérbios.
Em sua form a final, ele é constituído de um a série de
instruções para os mais jovens sobre o mundo e a con­
duta necessária para aí ser bem-sucedido. Um versículo
representa bem o ensino geral de Provérbios: “Ao justo

13 G A B E L , J. B.; W H E E L E R , C h . A B í b l i a c o m o l i t e r a t u r a : u m a in tr o d u ç ã o . S ã o
P aulo: L o y o la , 1993.
14 Z E R A F A , P. R e trib u tio n in th e O ld T e s ta m e n t./I ng e/ícu m , R o m a , v. 50 , n. 3/4,
p. 4 6 3 -4 9 4 ,1 9 7 3 .

171
nada acontece de mal, mas os ímpios estão cheios de
infelicidade” (Pr 12,21). As influências externas também
podem ser percebidas, como o princípio de Maat egípcio,
que possivelmente influenciou o comprom etim ento e o
louvor à sabedoria (Pr 3,13-20) ensinada em Provérbios.15
Os outros livros, apesar de possuírem ensinam entos
que condizem com a retribuição, questionam tal prin­
cípio em diversos lugares. O livro de Jó dá destaque a
essa crítica, pois sua personagem principal é descrita
como justa e íntegra diante de Deus, mas sua condição
não a im pediu de receber todo tipo de calam idade e
desgraça em sua vida. Os seus amigos o acusam de
pecado, de algum a falha ética ou mesmo de fingir que
é justo sem realm ente sê-lo (Jó 4,1-5,27; 8,1-22; 11,1-20;
15.1- 35; 18,1-21; 20,1-29; 22,1-30; 25,1-6). Eles estavam
defendendo justam ente a teologia da retribuição. Jó,
porém , replicava a todo o m omento, afirm ando que era
justo e que nada disso que afirm avam tinha realm ente
ocorrido com ele (Jó 6,1-7,21; 9,1-10,22; 12,1-14,22;
16.1- 17,16; 19,1-29; 21,1-34; 23,1-24,25; 26,1-27,23). Até
que, sem saída, ele profere, em direção a Deus, um la­
mento, reafirm ando sua justiça e seu sofrim ento, o qual,
aos seus olhos, não tin h a fundam ento (Jó 29,1-31,40).
E ntão Y H W H lhe responde, conduzindo a visão de Jó
para o m istério da C riação e da ação divina no mundo,
sem que houvesse necessidade de explicações para os
seres hum anos (Jó 38,1-41,26).
Eclesiastes aprofunda a crítica iniciada em Jó. Se
esse sustenta que não há garantias de que ações boas

15 S H U P A K , N .; W E I N F E L D , M .; C O H E N , H . O l a m H a t a n a c h : M ish lei [O
M u n d o d a B íblia: P ro v érb io s]. Tel A viv: D iv r ei H a y a m im , 19 96. p. 34 -3 5.

172
ou más terão as devidas consequências, aquele ensina
que não deve haver garantia algum a para quaisquer
ações hum anas, havendo, em seu lugar, algum as poucas
certezas, como o mundo ser imutável (Ecl 1,4) e de que
a m orte vem depois da vida (Ecl 9,5). Por conseguinte,
toda forma de elucubração hum ana, em vista de garan­
tir certezas em relação ao futuro, é inútil ou “vaidade”,
hébel (Ecl 1,14).

A te o lo g ia d a r e tr ib u iç ã o n o D e u te r o n ô m io

A pesar de não poder ser classificado propriam ente


como de gênero sapiencial, D euteronôm io contém di­
versas idéias sim ilares àquelas encontradas nos livros de
sabedoria bíblica. Isso se explica pelo fato de que esse
livro fora influenciado pela tradição dos sábios israelitas,
os quais, como vimos, sustentavam tal princípio. E, seme­
lhantem ente à literatura dessa tradição, o Deuteronôm io
também tece duras críticas ao princípio da retribuição.
Todavia, o livro lida de form a diferente com a retri­
buição, quer a expressando por meio de idéias e fórmulas
próprias, quer a criticando contundentem ente. Segundo
John Gam mie, esse tratam ento dado pelo D euteronôm io
à teologia da retribuição pode ser dividido em quatro
níveis, conforme a sua form a de atuar: a) como um prin­
cípio impessoal; b) como um princípio assegurador da
atuação de Y H W H ; c) como um a concepção teocêntrica
a respeito da atuação de Y H W H no passado, no presente
e no futuro; e d) como um princípio que é inapropriado
ou inaplicável para explicar a vida do israelita.16

16 G A M M IE , J. G . T h e o lo g y o f retrib utio n in th e B o o k o f D e u te r o n o m y . C a t h o l i c
B ib lic a l Q u a r te r ly , W ash in g ton , v. 3 2 , n. 1, p. 1 -1 2 ,1 9 7 0 .
P r in c íp io im p e s s o a l

Klaus Koch afirm ava que existia no Antigo Testa­


m ento um a relação de causa e efeito, a qual denominou
“nexo ação-consequência”. Deus não entra aqui como
juiz prem iador ou castigador, isto é, não é o respon­
sável pelo resultado da ação hum ana, mas som ente
garantidor do perfeito funcionam ento desse nexo, como
um a espécie de p arteira que ajuda a criança a nascer.17
D e fato, o direito ou a ação hum ana e sua recom pen­
sa ou efeito estão intrínsecam ente ligados no Antigo
Testam ento. Por exemplo, quando atentam os ao term o
hattat, percebem os que seu significado pode ser tanto
“pecado” (ação hum ana) quanto “castigo pelo pecado”
(efeito correspondente).18
Esse tipo de “retribuição” é um a rem iniscência de
princípios mágicos presentes em sociedades antigas, que
regiam o destino das pessoas e geravam automaticamente
consequências para as suas ações erradas não somente
sobre si, mas sobre a comunidade.
Ele aponta D t 22,8 como exemplo de uso dessa
concepção: “quando edificares um a casa nova, far-lhe-
-ás, no terraço, um parapeito, para que nela não ponhas
culpa de sangue, se alguém de algum modo cair dela”.19
Koch entende que frases como “assim elim inarei
o m al de vosso m eio” (D t 24,7; 13,2-6, 17,2-7) têm
subjacente a ideia de que os m alfeitores deveríam
ser elim inados p a ra que o m al, praticado po r eles,

17 V A N N O Y , T e o lo g ia d a R e tr ib u iç ã o , p . 11 29.
18 B O N O R A , A . R e trib u c ió n . In: N u e v o D i c c i o n a r i o d e T e o l o g ía B í b l i c a . M adri:
P a u lin a s, 1990 . p. 1 6 6 2 -1 6 6 3 .
19 G A M M I E , T h e o lo g y o f retr ib u tio n in th e B o o k o f D e u te r o n o m y , p. 6.

174
fosse expurgado da sociedade, im pedindo, assim, que
pessoas inocentes sofressem as consequências daquilo
que, inevitavelm ente, viriam como resultado de suas
más ações. Tais idéias se originaram , possivelm ente,
em um a época pré-deuteronôm ica, quando as únicas
instituições reconhecidas eram a cidade, a fam ília e os
anciãos, os quais se preocupavam com a proliferação
de más ações.20

P r in c íp io a s s e g u r a d o r d a o p e r a ç ã o d e Y H W H 21
Nesse ponto, a retribuição entra em um segundo
nível, derivado do anterior, quando Deus é explícita­
mente mencionado como aquele que atuará em prol do
fiel. Exemplos desse tipo são passagens em que ocorre a
preposição lêmaan, que significa “a fim de que”, “para
que”, como em D t 5,33: “andareis em todo o cam inho
que Y H W H vosso Deus vos ordenou, para que vivais,
sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que
ides conquistar”.
Por ser um a espécie de personificação da atuação
de Y H W H , o princípio em questão reage não somente
às ações más, mas, tam bém , às boas, proporcionando
bênçãos ao israelita, como vida longa, farta procriação de
filhos e posse da terra. Assim, apesar de aparentem ente
teocêntrica, ele possui um acentuado caráter antropo-
cêntrico, perceptível pela função reativa, não ativa, de
Y H W H , bem como pelo foco que dá ao bem -estar do
ser hum ano. “O homem, em um verdadeiro sentido real,

20 I b id ., p. 6-7 .
21 G a m m ie o d e fin e d o se g u in te m o d o : “ U m p r in c íp io d e a c o r d o c o m o qu al o s
fié is s ã o a sseg u ra d o s d e q u e Y H W H irá in v a r ia v e lm e n te o p e r a r ” ( i b i d . , p. 7 ).

175
é o determ inador de seu próprio destino; os fiéis são
inform ados do princípio de acordo com o qual Y H W H ,
em sua compaixão, irá operar”.22
O conhecido texto de D t 28,1-45, que lista uma
série de bênçãos e m aldições, se encontra nesse nível de
retribuição, em que a ação hum ana se m ostra prim ária
em relação à ação de Y H W H , condicionada a ela, algo
perceptível pelo uso da p artícu la “se” (’im). Porém,
em se tratando dessas bênçãos, deve-se ter precaução
para aplicar essa form a de retribuição, pois elas estão
circunscritas no contexto da teologia da A liança, em
que são apontadas como não m erecidas, dependentes
da vontade de Y H W H , já que a obediência de Israel
é sem pre falha (D t 9,4-6; 2Rs 13,22-23; 14,26-27; Ne
9,19-35; Jr 2,6; A m 2,9-11).
D e todo modo, as garantias dadas ao fiel, qualifi­
cadas como “eudem onistas”, são encontradas ao longo
do livro do Deuteronôm io. A abundância de bens e a
satisfação como sinais de prosperidade aparecem em D t
28,8a.b, “Y H W H ordenará que a bênção perm aneça con­
tigo, em teus celeiros e em todo em preendim ento da tua
m ão”, e em ll,13a,15, “portanto, se de fato obedecerdes
aos m andam entos que hoje vos ordeno [...] darei erva no
cam po para o teu rebanho, de modo que poderás comer
e ficar saciado”.
Essas expressões, por sua vez, são similares àquelas
encontradas na literatura sapiencial, como a abundân­
cia dos celeiros (Pr 3,10) e a satisfação pelo trabalho
(P r 12,11; Jó 27,13-14). O ju sto que em presta, em

22 I b id ., p. 8.

176
contraposição ao ímpio que pede em prestado, é também
um tem a sapiencial (SI 37,21; 112,5), que ocorre igual­
mente em D t 28,12c, “e em prestarás a muitas nações,
mas tu mesmo não pedirás em prestado”. Essa benção
redunda também não somente em farta progênie para o
israelita (D t 6,3; 28,4), um princípio sapiencial (Jó 5,25;
SI 128), como tam bém na prosperidade de seus próprios
filhos (D t 11,21; 12,28; 30,19).
Encontram -se, portanto, três ideais m ateriais ao
longo do Deuteronôm io, a longevidade, a linhagem e
a fartura, que são os mesmos almejados na literatura
sapiencial.
A consequência dessas aspirações é a felicidade,
tomada ela mesma como um a retribuição, como se vê
em D t 26,11, “alegrar-te-ás, então, por todas as coisas
boas” (12,18; 16,15), e em Pr 29,6; Jó 22,19; Ecl 3,12; 8,15.
Elas resultam tam bém em um bom estado corporal,
como é possível ver nos livros sapienciais (Pr 3,8; 4,22;
13,17). No Deuteronôm io, isso se encontra na ideia de
que Y H W H afastaria dos israelitas fiéis à Torá qualquer
enferm idade (D t 7,15). Por outro lado, se não a cum ­
prissem, viriam várias pragas das quais não poderíam
se curar (D t 28,27-28.35). Distingue-se aqui a úlcera,
que é justam ente aquilo que atingiu a Jó (Jó 2,7), sendo
descrito até mesmo em term os sem elhantes aos deste
livro sapiencial no Deuteronôm io, “da planta dos pés
ao alto da cabeça” (D t 28,35).
A expressão deuteronôm ica que sintetiza todos os
motivos apresentados acima, cuja base se encontra nos
objetivos utilitaristas e pragm áticos característicos da
literatura de sabedoria, é: “Feliz és tu, ó Israel!” (D t
33,29), aparecendo ela m esm a, fora do P entateuco,

177
som ente entre os livros sapienciais e poéticos da Bíblia
(SI 1,1; 2,12; Pr 3,13; 8,34; 20,7; 28,14).
E ssa plenitude de vida é descrita, no D euteronô-
mio, com o um a bênção p a ra aqueles que são fiéis a
Y H W H , em contraposição às m aldições que recebem
os que descum prem a vontade de Y H W H (D t 11,26-28;
27-28), servindo de estím ulo p ara o cum prim ento tanto
de m andam entos específicos (D t 5,16; 12,25.28; 16,20)
como da Torá em geral (D t 4,20; 5,26.30; 10,13). O utras
coleções legais do Pentateuco apontam m otivações di­
ferentes p ara o cum prim ento dos m andam entos, como
o Código da Santidade e sua referência teocêntrica
(Lv 22,31), em que a autoridade divina é suficiente
p ara conduzir o israelita à obrigação da observância
dos m andam entos.
Destaca-se a bênção divina na ação hum ana, utili­
zando-se a expressão “trabalho da tua m ão” (D t 28,12c),
a mesma encontrada em Jó 1,10b, “abençoaste a obra das
suas m ãos”. U m dos principais propósitos dessa atuação
divina é social: o israelita é abençoado com fartura de
bens para o auxílio dos pobres e dos desprovidos de
recursos materiais (D t 14,29; 15,18; 24,19). Este propósito
tam bém é de tradição sapiencial, como pode-se ver em
Pr 22,9, “o hom em generoso será abençoado, porque dá
de seu pão ao fraco” (D t 11,25; 28,27).
O utro tem a que perpassa todo o livro do Deutero-
nôm io é a herança da terra, como em D t 4,1, “agora,
pois, ó Israel, ouve os estatutos e as norm as que eu
hoje vos ensino a praticar, a fim de que vivais e entreis
para possuir a terra que vos dará Y H W H , o Deus dos
vossos pais”. Ele tam bém é um im portante motivo da
literatura sapiencial, como é possível perceber no SI 37,

178
em que se diz que aqueles que esperam em Y H W H ,
que são os justos ou os humildes, “herdarão a terra”
(SI 37,9.11.22.29). Em Provérbios, a m esm a ideia se
encontra na expressão “os retos habitarão a terra” (Pr
2,21a; 21,22; 10,30). Jó possui o mesmo motivo, quando
afirm a que “[Deus] deixa a terra em poder do ímpio e
encobre o rosto aos seus governantes: se não for ele,
quem será então?” (Jó 9,24). Moshe Weinfeld entende
que essa herança apontada é a posse das terras dos pais
pelos filhos, cujos limites não poderiam ser revogados
por ninguém (Pr 22,28). Segundo o mesmo princípio,
o ímpio, ao contrário, não conseguiría deixar a terra
por herança aos seus filhos (Jó 18,17-19; Is 14,21-22).23
Ele entende ainda que a diferença entre as passagens
deuteronôm icas e as da literatura sapiencial é que nes­
tas a posse da terra se dá por um indivíduo, enquanto
naquelas, por um a nação.24
Porém, há um a insistência no livro de que tanto a
eleição de Israel quanto a dádiva da terra são dons do
Deus que ama, sem que, para isso, houvesse qualquer
condição do tam anho ou do poder de Israel (D t 7,7-8).
D e m odo sem elhante ao tem a da vida abundan­
te, o motivo da herança da terra, ao ser absorvido
pela tradição deuteronôm ica, passou pelo processo de
nacionalização. A terra, que, na literatura sapiencial,
era um a herança dos justos de geração em geração,
se transform a, no D euteronôm io, em posse para todo

23 W E I N F E L D , M . M e k o r o sh e l re ’a y o n h a g e m u l b e s e fe r D e v a r im [A o r ig e m
d a id e ia d e retr ib u içã o n o livro d o D e u te r o n ô m io ], T a r b i z , J e ru sa lém , v. 1933,
p. 1 - 8 , 1 9 1 5 .
24 W E I N F E L D , M . (O r g .). O l a m H a t a n a c h : D e v a r im [O M u n d o d a B íblia :
D e u te r o n ô m io ], 6. ed . Tel A viv: D iv r ei H a y a m im , 2 0 0 2 . p. 60.

179
Israel. É possível perceber ainda alguns aspectos do
motivo sapiencial original, como D t 19,14a, “não des­
locarás as fronteiras do teu vizinho, colocadas pelos
antepassados”; proibição que ecoa aquela que im pedia
a rem oção dos “m arcos antigos” das terras dos pais por
seus herdeiros (P r 22,28).

P r in c íp io p e s s o a l d e Y H W H 25
A terceira form a pela qual a retribuição se apresenta
no D euteronôm io tem o foco no relacionam ento entre
Deus e o ser hum ano, com um a ênfase teocêntrica.
Essa perspectiva leva em consideração alguns ele­
mentos, como o fato de Israel não ter agido prim eira­
mente, mas, sim, Deus, quando o elegeu dentre todas
as nações (D t 7,6) e lhe deu os m andam entos para seu
bem (D t 10,12-13).
Por isso, apesar de a ira divina ser um a resposta às
ações más de Israel (como o bezerro de ouro no monte
Sinai, D t 9,7-8), ela não é determ inada de modo inexo­
rável nem é variável conform e as ações hum anas, mas
é desencadeada por Deus, quem determ ina considerar
ou não as ações hum anas (D t 9,6).
Vejamos o seguinte trecho de D t 6,23-25: “quanto a
nós, porém , fez-nos sair de lá para nos introduzir e nos
dar a terra que, sob juram ento, havia prom etido aos nos­
sos pais. Y H W H ordenou-nos então cum prirm os todos
estes estatutos, tem endo a Y H W H nosso Deus, para que
tudo nos corra bem, todos os dias; para dar-nos a vida,

25 G a m m ie o d e fin e c o m o um p r in c íp io “p e ss o a l, u m a c o n c e p ç ã o te o c ê n tr ic a por
m e io d a q u a l as a ç õ e s p a ssa d a s e p r e s e n te s d e Y H W H p o d e m se r d e sc r ita s”
(G A M M I E , T h e o lo g y o f retr ib u tio n in th e B o o k o f D e u te r o n o m y , p. 9).

180
como hoje se vê. Esta será a nossa justiça: cuidarm os
de pôr em prática todos estes m andam entos diante de
Y H W H nosso Deus, conform e nos ordenou”.
Essa passagem expressa que o Deus que salvou e
libertou Israel, isto é, agiu por graça, convida-o tam bém
para observar a Lei, para poder viver na terra e ser feliz.
Assim, a observância da Lei é a expressão da fidelidade
de Israel como resposta à salvação de Deus, recebida por
ele gratuitam ente. D e fato, o D euteronôm io aponta que
a infidelidade de Israel à Lei acarretará a ira de Deus
sobre a nação. Conclui-se que Y H W H não retribui na
m edida completa o que o ser hum ano merece, mas, sim,
na m edida que ele estabelece.
Tendo como base os níveis anteriores, percebe-se
que as prim eiras duas formas de retribuição possuem
contornos antropocêntricos, enquanto essa terceira tem o
foco teocêntrico, como o de Y H W H , o Deus da Aliança.26

P r in c íp io e n te n d id o c o m o lim ita d o

Por fim, temos a últim a form a como a retribuição


aparece no quinto livro do Pentateuco: ela é com pre­
endida como lim itada, não totalm ente apropriada, para
explicar a relação de Deus com o israelita. Por isso, em
vários textos do D euteronôm io, algum as conotações
antropocêntricas da ideia de retribuição são, d ireta
ou indiretam ente, substituídas, desafiadas ou mesmo
contrariadas, sendo utilizadas, no lugar delas, outras
explicações.27

26 I b id ., p . 8-9.
27 I b id ., p . 10.

181
A perícope de D t 8,1-9,6, por exemplo, utiliza outras
m aneiras, que não as form as da teologia da retribuição
anteriores, para explicar os modos do agir divino no
meio de seu povo: a) a hum ilhação de Israel por Y H W H
não é motivada por algum pecado específico, mas é um
teste para ver se ele cum priría os m andamentos divinos
(D t 8,2); b) a fome que Israel passa no deserto é o meio
utilizado por Deus para discipliná-lo, como um pai ao
seu filho, apontando que o ser hum ano não deve viver
somente de pão (D t 8,3.5). Não é sem propósito que essa
é a mesma linguagem de instrução usada também em
Provérbios (Pr 3,12); c) a lem brança de que Deus, não
o ser hum ano, é a fonte, a força para que esse adquira
suas riquezas (D t 8,18); e d) a lembrança de que Israel
não teve m érito pela herança da terra, mas sim a pro­
messa divina aos patriarcas, o que pode ser percebido
em D t 9,4-6.
Em D t 8,1-9,6, a ação de Y H W H não está mais
em função da retribuição, mas, sim, de outros princípios,
como a disciplina e a prom essa feita aos patriarcas.
Y H W H é m ostrado como livre em sua atuação, não se
limitando a mero guardião ou controlador das consequên­
cias das ações hum anas. Portanto, a falta de explicitação
da retribuição em passagens deuteronômicas como essas
pode ser considerada um a verdadeira refutação às outras
form as de retribuição anteriores.
E sta quarta m aneira de ver a retribuição impera na
mensagem do Deuteronômio, de modo semelhante ao que
ocorre no livro de Jó, em que a doutrina da retribuição
aparece nos discursos dos amigos de Jó, enquanto ela
mesma é refutada nas falas do personagem que dá nome
ao livro. D e fato, o D euteronôm io pode ser elencado

182
entre os livros que criticam o princípio da retribuição,
como Jó e Eclesiastes.

L ID A N D O C O M A S D I F E R E N T E S F O R M A S D E
R E T R IB U IÇ Ã O

Considerando o prim eiro nível (o nexo ação-conse-


quência) e o terceiro (intervenção divina), pode-se supor
que as concepções de retribuição estão em aparente
antinomia, como, de fato, vimos ocorrer ao longo do
Antigo Testamento, em geral, e no Deuteronóm io, em
particular, fugindo a explicações fáceis e artificiosas, que
tentam conciliá-las.28
Pr 11,3, aparentem ente, apoia o nexo ação-conse-
quência. Em contrapartida, logo adiante tem-se Pr 16,1,
sustentando a ideia de que Deus intervém de form a livre
no âmbito humano, sem que esse possa prever. Assim, em
alguns lugares, Deus é m ostrado como um fiador, um a
parteira no processo de ação que determ ina o destino
(D t 22,8). Em outros, porém , ele intervém com liberda­
de, castigando ou prem iando, provando ou desculpando
conforme a sua vontade, incluindo as mais longínquas
gerações (D t 5,10).
Por isso, essas diferentes afirm ações do A ntigo
Testamento, que parecem se contradizer m utuam ente,
devem ser com preendidas do m odo que vimos neste
estudo. Elas contêm concepções que são sustentáveis do
ponto de vista bíblico, sendo difícil explicá-las a partir
da suposição de evolução do pensam ento ou da datação
dos textos.29

28 B O N O R A , R e tr ib u c ió n , p. 1664.
29 I b id ., p. 1664.

183
Todavia, A n to n io B onora afirm a que algum as
idéias fundam entais sobre Deus devem perpassar todas
as concepções vistas anteriorm ente sobre a teologia da
retribuição: Deus livre e infalivelmente deseja a salvação,
o bem -estar e a vida para o ser humano, mas, de fato,
algo necessário para isso é que esse acolha livremente
os dons de Deus e o obedeça. Assim, pode-se afirm ar
que, por mais díspares que alguns textos bíblicos pare­
çam ser, eles possuem esse aspecto coerente no tocante
à relação entre Deus e o ser hum ano.30

CO NCLUSÃO

O D euteronôm io lida de m aneira particular com a


retribuição. A teologia deuteronôm ica, de form a geral,
supera a definição de retribuição como um princípio
impessoal, quase mágico.
A pesar de haver rem iniscências dessa concepção, o
D euteronôm io reafirm a incisivamente que a vontade e a
bondade absolutas de Deus, por um lado, e a liberdade
decisoria do ser hum ano, por outro, são fatores decisivos
nos resultados das ações humanas.
A vontade divina e a hum ana, porém , não estão
em nível de igualdade, pois a eleição experim entada por
Israel, e tudo aquilo que a acom panha, como a herança
da terra, são dons que nascem da livre decisão e amor
divinos. Esses, sim, não estão condicionados a nada,
muito menos às decisões e ações humanas.
Todavia, a recepção de tais dons por parte de Israel,
isto é, a resposta às dádivas de Y H W H , não pode ser
feita de qualquer jeito, mas, sim, com responsabilidade.

30 I b id ., p. 1669.

184
Nesse sentido, pode-se afirm ar que a realização da graça
de Deus, de fato, “depende” de um a decisão livre, porém
responsável, por parte do ser hum ano.
D esse m odo, p o d e-se co m p reen d er o ap aren te
“problem a” que ocorre no D euteronôm io, no tocante
à variedade de modos de como o tem a da retribuição
é abordado, da seguinte maneira: apesar de a teologia
deuteronômica apontar repetidam ente que Israel é justi­
ficado pela bondade divina, ela acrescenta tam bém que
a vontade de Y H W H , expressa em seus m andam entos,
deveria ser buscada e cumprida.

185
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“ N o D e u t e r o n ô m io , o ú n ic o j e it o d e o p o v o m o str a r
- 1 o a m o r a o S e n h o r é p e la f id e lid a d e à s p a la v r a s r e c o m e n ­
d a d a s e m D t 6,4: ‘E sc u ta , ó Isr a e l, o S e n h o r te u D e u s é
U M ! P o r ta n to , a m a rá s o S e n h o r te u D e u s c o m to d o o teu
o. c o r a ç ã o , c o m to d a a tu a a lm a e c o m to d a as tu a s f o r ç a s ’.
A o a p r o fu n d a r m o s o D e u t e r o n ô m io , c a d a um d e n ó s ta m ­
b é m é c o n v id a d o a a m a r a D e u s c o m su a in te lig ê n c ia , v o n -
Q ta d e e s e n tim e n to s ( c o r a ç ã o ); c o m to d a a su a e n e r g ia vita l
( a lm a ), e c o m to d o s s e u s b e n s m a te r ia is (fo r ç a s ). A m á -lo ,
O p o r ta n to , s ig n ific a e n tr e g a r -se to ta lm e n te ; o b e d e c e r às
su a s in s tr u ç õ e s , se r v i-lo , se r s o lid á r io c o m o s m a is v u ln e ­
rá v eis e ter o c o r a ç ã o d is p o n ív e l p a r a s e m p r e e s c u t á - lo .”

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