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Física Termodinâmica e Ondas

Aula 05

Cristiano Cancela da Cruz


CONVERSA INICIAL

Seja bem-vindo ao quinto encontro de Física: Termodinâmica e


Ondas! Como você está? Preparado para iniciar mais uma aula?
Então, bons estudos!

Algumas propriedades da matéria variam de acordo com a


temperatura, se essa mudança ocorrer sempre para a mesma
temperatura dizemos que ela é uma propriedade térmica do
material, ou seja, ela depende da temperatura.

A água é uma substância em que suas propriedades dependem


totalmente da temperatura em que ela se encontra. Por exemplo,
quando uma quantidade de água é colocada em uma panela
para ferver, ao atingir a temperatura de ebulição o movimento
cinético das partículas da água é tão intenso, isso se pode
verificar na superfície da água, que moléculas d’água devido a
energia elevada, se desprendem na superfície do líquido e
passam para o estado gasoso.

Se fecharmos a panela hermeticamente, mas deixarmos uma


pequena saída, por exemplo, como em uma panela de pressão,
o vapor liberado sai na forma de um jato com alta velocidade
devido à pressão elevada. Se o orifício de saída da panela for
bloqueado, a pressão no interior da panela irá aumentar
chegando ao ponto em que a panela irá explodir.

Isso mostra que existe uma relação íntima entre a temperatura e


a pressão d’água no interior da panela. Além dessas duas
grandezas a quantidade de água e o volume do recipiente
também irão influenciar no processo.

Essa dependência entre pressão, temperatura, volume e massa


da substância determinam as propriedades macroscópicas da
matéria. Porém, podemos descrever uma substância utilizando
propriedades microscópicas e, nesse caso, significa investigar o
comportamento em relação a velocidade, massa, e energia
cinética das moléculas individuais dessa substância.

Nesta aula estudaremos a forma mais simples em que a matéria


pode se encontrar, o gás ideal, verificando a relação existente
entre as propriedades térmicas macroscópicas desse gás com o
comportamento microscópio de suas moléculas individuais.
Boa aula!

Assista à primeira videoaula de hoje com o professor Cristiano,


disponível no material on-line.

CONTEXTUALIZANDO

A matéria no estado gasoso está muito presente em nosso


cotidiano, sendo indispensáveis para a sobrevivência dos
vegetais, animais e, também, para o desenvolvimento da
sociedade, sendo aplicado na indústria, nos meios de
transportes, etc. Pela sua importância e aplicações torna-se
indispensável entender a sua constituição, características e
propriedades.

Os gases possuem características peculiares, como o volume


variável que se adapta sempre ao recipiente que o contém, a sua
grande capacidade de realizar difusão e por ser muito
compressível.

Eles são formados por moléculas ou átomos que se movem


constantemente. As moléculas ocorrem quando dois ou mais
átomos fazem ligações químicas, vamos ver alguns exemplos
nas telas seguintes!

- O ar atmosférico que respiramos, sua constituição basicamente


é formada pelo gás nitrogênio (N2), o mais abundante da
atmosfera e pelo gás oxigênio (O2), importante para nossa
sobrevivência.

- O gás carbônico, liberado pelos escapamentos dos motores a


combustão, pela queima de combustíveis fósseis, e até por
nossa respiração, seu nome científico, dióxido de carbono (CO2).
Ele é o maior responsável pelo efeito estufa, mas por outro lado
é absorvido pelas plantas no processo natural chamado
fotossíntese, também é utilizado para gaseificar os refrigerantes
e águas.

- O gás metano (CH4), um gás natural usado como fonte de


geração de energia limpa por ser menos poluente que o carvão e
os derivados do petróleo.
- O gás ozônio (O3) encontrado na atmosfera em grandes
altitudes, ele é responsável por absorver grande parte da
radiação ultravioleta emitida pelo sol.

Já os gases formados apenas por átomos englobam os gases


nobres. Como exemplos temos:

- O gás hélio (He), devido a sua baixa densidade, é muito


utilizado para encher balões, se misturado ao oxigênio é utilizado
no tratamento de asma, pois por ser leve, reduz o esforço
muscular da respiração;

- O gás neônio (Ne), usado em letreiros luminosos, o famoso


“neon”.

- O argônio (Ar), também é utilizado no interior de lâmpadas, mas


neste caso, misturado com o nitrogênio, funciona muito bem em
lâmpadas incandescentes.

- O criptônio (Kr) é utilizado em lâmpadas de alta performance,


que tem uma temperatura de cor maior e alta eficiência, porque
reduz a taxa de evaporação do filamento mais do que o argônio.
Lâmpadas de halogênios, em particular, utilizam criptônio com
uma pequena quantidade de iodo e bromo.

- O xenônio (Xe) é utilizado na lâmpada de arco de xenônio que,


devido ao seu espectro quase contínuo se assemelha a luz do
dia, sendo utilizada em projetores de filmes e lâmpadas de
automóveis.

Devido às dimensões extremamente reduzidas, e das altas


velocidades de propagação, não conseguimos ver os átomos e
moléculas dos gases, nem com instrumentos. Para poder estudá-
los é necessária a criação de um modelo cinético, conhecido
como teoria cinética dos gases ou teoria do gás ideal, tal
hipótese permite explicar o comportamento macrométrico e
micrométrico dos gases.

De acordo com a teoria, os gases são formados por partículas


que estão muito afastadas umas das outras, estão em
movimento constante, com velocidades relativamente altas, com
direção e sentido aleatórios. A velocidade das partículas está
relacionada com a temperatura do gás, para temperaturas
maiores essas partículas se movimentem com maior velocidade,
pois há aumento de sua energia cinética média, que é
diretamente proporcional à temperatura termodinâmica (na
escala Kelvin).

O professor Cristiano faz a contextualização do que


aprenderemos hoje, confira no material on-line.

PESQUISE

TEMA 1: Equações de estado

Podemos definir as características de uma substância através


das grandezas físicas de pressão, volume, temperatura e massa
(quantidade da substância). Para uma certa combinação de
valores dessas grandezas, a substância encontra-se em
determinado estado, se uma dessas grandezas for modificada, e
nesse caso dizemos que a substância sofreu um processo, as
outras também irão mudar e a substância passará para outro
estado. Portanto, como essas grandezas determinam o estado
da substância, elas são chamadas de variáveis de estado.

É possível representarmos a relação existente entre as variáveis


de estado da substância por meio de uma equação, denominada
equação de estado. Por exemplo, se a característica observada
da substância no estado sólido for a dilatação térmica, podemos
expressar seu volume pela equação de estado:

A equação vista relaciona as variáveis volume, pressão e


temperatura em um estado inicial, respectivamente, Vo, Po e
To, com as variáveis em um estado final, V, P e T. As constantes
que aparecem na equação, ( coeficiente de dilatação
volumétrica e k (constante de compressibilidade) são
características inerentes ao tipo de substância.

Já vimos a primeira parte dessa equação

quando estudamos a
expansão térmica dos objetos; quando a temperatura da maioria
das substâncias aumenta, seu volume aumenta também. O que
não levamos em consideração na expansão térmica foi a
pressão, pois neste estudo a pressão permanecia constante.
Portanto:

Agora os processos e as substâncias que iremos estudar terão


dependência da pressão, e como com o aumento da pressão há
redução do volume, na equação:

Ocorre subtração da parcela que representa a variação da

pressão . Portanto, a equação acima


completa é uma equação de estado para dilatação de
substâncias no estado sólido.

Existem outros tipos de equações de estado para diversos outros


tipos de substâncias. As substâncias que iremos estudar agora e
obter as equações de estado serão os gases, como existem
diversos tipos de gases, especificaremos o nosso estudo e ele
será chamado de gás ideal, a forma mais simples em que a
matéria pode se encontrar.

Para estudo do gás ideal iremos utilizar o seguinte aparato


experimental:
Figura 1 – Aparato experimental hipotético para estudo do
comportamento dos gases.

Uma caixa hermeticamente fechada onde o gás ideal será


bombeado por uma bomba e confinado em seu interior. Esta
caixa possui um pistão móvel, ao lado esquerdo, que permite
variar o seu volume; um aquecedor na parte inferior que permite
variar a temperatura do gás, a qual é monitorada por um
termômetro acoplado na parte superior e também possui um
medidor de pressão, ao lado direito. Para o estudo precisamos
medir a pressão, o volume, a temperatura e a quantidade de gás
do interior da caixa em diversos estados e através desses
resultados determinar uma equação de estado que englobe
todas essas variáveis.

Porém, iremos descrever a quantidade de gás, não pela massa


do gás, mas sim pelo número de mols, designado por n, como
você acompanha na próxima tela.

A massa molar M de uma substância representa a massa dessa


substância por mol, e a massa total de uma certa quantidade
dessa substância é o número de mols n multiplicado pela massa
molar M:
Por intermédio desta equação, quando sabemos o número de
mols do gás preso na caixa, podemos calcular facilmente a
massa de gás contida ali dentro.

Dica: Acessando o site a seguir você tem acesso a um


simulador:

https://phet.colorado.edu/sims/ideal-gas/gas-
properties_pt_BR.jnlp

Procedendo da maneira descrita, medindo as variáveis de estado


do gás para os mais diferentes estados e processos e testando
as mais diversas possibilidades, os cientistas chegaram às
seguintes considerações:

1 – Se mantivermos a temperatura e a pressão constante e o


número de mols n do gás for duplicado do estado inicial para o
estado final, o volume do gás irá duplicar. Portanto, o volume do
gás é proporcional ao número de mols n.

2 - Mantendo a temperatura e o número de mols do gás


constante, se a pressão for dobrada, o volume do gás se reduz à
metade. O volume do gás é inversamente proporcional à pressão
do gás.

3 – Se dobrarmos a temperatura do gás, a pressão também irá


dobrar, desde que o volume e o número de mols sejam mantidos
constantes.

Combinado as três equações de proporcionalidade em uma


única equação, obtemos:
A constante de proporcionalidade é designada por R e é
chamada de constante dos gases ideais.

Rearranjando:

Essa equação é uma equação de estado, e é chamada equação


de estado do gás ideal.

O valor da constante dos gases ideias R depende das unidades


utilizadas para P, V e T. Se todas as unidades forem a do
sistema internacional S.I., o valor aproximado de R com quatro

algarismos significativos é:

Porém, se as unidades das variáveis forem outras, o valor de R


também irá mudar, por exemplo, é muito comum em química
representar o volume em litros (L), e a pressão em atmosfera
(atm), neste caso o valor da constante dos gases com quatro
algarismos significativos será:

Se substituirmos a equação:
Na equação de estado do gás ideal:

Teremos:

Rearranjando os termos:

Mas como a razão da massa da substância pelo seu volume é


a densidade ,

Temos uma expressão para a densidade do gás:

Uma outra expressão que podemos obter ocorre se durante o


processo

de transformação do gás entre dois estados, inicial e final, a


massa dele permanecer constante, o número de mols n do gás
também será constante,
O que você viu mostra que a razão sempre será constante
em qualquer estado em que se encontra o gás.

Essa também
é uma equação
de estado do gás
ideal, mas ela só é
válida se a massa
do gás

permanecer constante.

Leitura Obrigatória - Livro da disciplina (Pesquise na sua


Biblioteca Virtual)

Sears e Zemansky. Física II.Páginas: 219 – Estratégia para


solução de problemas (exemplo 18.1). p.220 (exemplo 18.1 e
18.2).

Mais sobre as equações de estado o professor Cristiano nos


explica, confira no vídeo disponível no material on-line.

TEMA 2: Diagramas de variáveis de estado

Para seu melhor entendimento de como a substância está se


comportando para os mais diversos processos de transformação
do gás é muito comum representá-los por meio de gráficos
(diagramas).

O diagrama mais comum e também o mais útil é o gráfico da


pressão em função do volume, para as mais diversas
temperaturas. Esse gráfico é chamado diagrama PV e cada
curva representada no gráfico mostra o comportamento do gás a
uma temperatura específica, chamada de isoterma. A figura 2
mostra um diagrama PV com cinco isotermas de um gás ideal
com massa constante:

O diagrama PV é uma representação gráfica da equação de


estado de um gás ideal. Neste diagrama a temperatura mais
elevada ocorre na isoterma T5 e a menor temperatura na
isoterma T1, as outras temperaturas são intermediárias, T5 > T 4 >
T3 > T 2 > T 1. Cada curva representa a pressão do gás em função
do volume a uma temperatura constante.

Vamos analisar alguns processos simples, por exemplo, um


processo que ocorre a temperatura T2 constante, entre os
estados a e b.

Figura 3 – Diagrama PV mostrando o processo a-b a


temperatura constante.
Repare no gráfico que ao variar do estado a para o estado b tem
a pressão do gás diminuída, mas o volume aumentado. Veja
também que o processo ocorreu sobre a isoterma T2, ou seja, a
temperatura não variou, é um processo isotérmico. Esse
processo é um processo reversível, ele poderia ocorrer no
caminho inverso, de b para a.

Outro tipo de processo ocorre quando o volume do gás


permanece constante, verifique na figura 4 a representação
deste processo no diagrama PV, entre os estados c e d.

Figura 4 - Diagrama PV mostrando o processo c - d a volume


constante.

Para transformar o gás do estado c para o estado d, a pressão


do gás foi reduzida, e a temperatura passou da isoterma T4 para
isoterma T1, ou seja, de uma temperatura maior para uma
temperatura menor, a temperatura diminuiu. Porém o volume
continua o mesmo, constante, pois Vc é igual a Vd. Processos
que ocorrem com o volume constante são chamados de
isocóricos, ou isovolumétricos. Este processo também é
reversível e poderia ocorrer do estado d para o estado c.

Ainda podemos analisar processos que ocorrem a pressão


constante, chamados isobáricos. Veja no diagrama da figura 5,
um processo isobárico entre os estados e – f.
Figura 5 - Diagrama PV mostrando o processo e - f a pressão
constante.

Neste processo o gás no estado e sofre expansão, aumento do


volume, até o estado f. A temperatura neste caso também
aumenta, passando da isoterma T 2 para a isoterma T5. Esse
processo ilustrado aqui é reversível, ou seja, ele pode ocorrer no
caminho inverso, do estado f para o estado e.

Leitura Obrigatória (pesquise o livro na sua Biblioteca Virtual)

Sears e Zemansky. Física II. p. 222. Equação de van der Waals.

Sobre este tema, clique a seguir para assistir a recapitulação que


o professor Cristano faz, video disponivel no material on-line.

TEMA 3: Propriedades moleculares da matéria

Até aqui definimos algumas propriedades da matéria como


dilatação, elasticidade, densidade, calor específico e equações
de estado, baseadas em propriedades macroscópicas da
matéria. Agora iremos relacionar esses comportamentos
macroscópicos com sua origem em uma análise microscópica.

Para entendermos essas propriedades microscópicas será


necessário o conhecimento prévio da estrutura da matéria. O
componente elementar da estrutura de toda matéria que
conhecemos são os átomos. Quando um átomo interage com
outro átomo por meio de ligações químicas, juntos eles formam
as moléculas. Logo, podemos dizer que toda matéria é formada
por moléculas.
Como já vimos, nos gases as moléculas que o formam, movem-
se livremente exercendo pouca interação entre elas, nos líquidos
e também nos sólidos, as moléculas são mantidas ligadas por
forças de origem elétrica, de menor intensidade nos líquidos e
maiores nos sólidos. Essa força elétrica entre as moléculas pode
ser atrativa ou repulsiva. Quando as moléculas possuem cargas
de mesmo sinal, a força será de repulsão e de sinais contrários,
será de atração.

O módulo da força elétrica é proporcional ao inverso da distância

entre as cargas ao quadrado, . A lei que descreve o

comportamento da força elétrica entre duas cargas carregadas é


a lei de Coulomb, porém ela é válida para cargas pontuais e
apesar que microscopicamente as moléculas não se comportam
como cargas pontuais, sendo mais complexas que isso, a lei de
Coulomb dá uma boa aproximação no cálculo da força elétrica.

A força entre as moléculas de um gás varia com a distância r


entre elas, quando essa distância é muito grande a força
intermolecular normalmente é de atração e muito pequena. Ao
comprimir esse gás, as moléculas se aproximam, reduzindo a
distância r que, de acordo com a lei de Coulomb, faz a força
elétrica atrativa aumentar. Se a tendência é essa, menor a
distância entre as moléculas, maior força atrativa, nos leva a
concluir, que em algum momento elas irão se tocar.

No entanto, experiências mostram que isso não acontece, pois


quando as moléculas chegam a determinada distância de
equilíbrio ro - quando se encontram no estado líquido ou no
estado sólido - as forças intermoleculares se anulam. Se a
compressão tem intensidade suficiente para forçar as moléculas
a uma distância menor que a distância de equilíbrio ro as forças
entre as moléculas tornam-se repulsivas fazendo-as se
afastarem e voltarem para a posição de equilíbrio.

Como as moléculas sempre estão em movimento cinético e este


caracteriza a temperatura da substância, para temperaturas
baixas a energia cinética das moléculas é menor e para
temperaturas altas é maior. Desta maneira, as moléculas em
temperaturas baixas se condensam passando para fase líquida
ou para fase sólida e a distância média entre as moléculas passa
a ser a distância de equilíbrio ro.
Em temperaturas mais altas a agitação térmica das moléculas é
maior e, consequentemente, a energia cinética das moléculas
também é maior. Essa agitação elevada faz com que as
distâncias intermoleculares aumentem afastando as moléculas a
uma distância maior de ro, vencendo a força atrativa e a
substância passa para a fase gasosa.

A distância entre as moléculas no estado gasoso normalmente é


grande e por isso as forças Coulombianas de atração entre elas
é muito pequena. Devido ao grande espaço entre as moléculas
de gás, elas movem-se em linha reta até colidirem com outras
moléculas ou com as paredes do recipiente.

Mol e número de Avogadro

Quando queremos medir a quantidade de determinada


substância no estado sólido, a maneira mais fácil é determinar
essa quantidade através da massa da substância, bastaria
colocar o objeto na balança e determinar sua massa. O mesmo
procedimento poderia ser utilizado para um líquido, mas neste
caso, seria necessário colocar o líquido em um recipiente, medir
a massa total e no fim descontar a massa do recipiente. Ou
simplesmente determinar o volume do líquido, pois o seu volume
é igual ao volume ocupado do recipiente que o contém.

Mas como fazer isso com um gás?

Poderíamos realizar o mesmo procedimento feito para o líquido,


colocar o gás em um recipiente fechado, medir a massa total e
descontar a massa do recipiente, desta forma teríamos a massa
do gás.

Mas há limitações para o processo que você leu, porque o gás é


bastante leve, ainda mais para pouca quantidade, necessitando
de uma balança de bastante precisão. Teríamos dificuldade
também para determinar sua quantidade por meio do volume do
recipiente, pois o gás é bastante compressível e em um
recipiente rígido poderíamos certa quantidade de gás, ou mais,
que ele ocuparia o mesmo volume.

Para facilitar esse tipo de tarefa, o mais adequado seria utilizar


uma medida de quantidade de matéria chamado mol. Um mol de
qualquer elemento químico contém um número fixo de
moléculas, o mesmo número para todos os elementos e
compostos. Essa quantidade de elementos é definida com base
no elemento químico carbono 12. Sendo um mol a quantidade
de substância que contém um número de entidades elementares
igual ao número de átomos existentes em 0,012 kg de carbono
12.

Quando nos referimos a “entidades elementares”, significa no


estudo dos gases, as moléculas do gás, ou átomos no caso de
gases monoatômicos.

O número de moléculas existente em um mol da substância


denomina-se número de Avogadro, NA, quem tem como valor
numérico:

NA = 6,02214199 x 1023 moléculas /mol

A massa molar M é a massa de um mol da substância, valor


obtido pelo produto do número de Avogadro NA multiplicado pela
massa m de uma única molécula.

M = NA . m

Leitura Obrigatória (Pesquise na Biblioteca Virtual)

Sears e Zemansky. Física II. Página 225, exemplo 18.5

Quer conhecer mai sobre as propriedades moleculares da


matéria? Acompanhe, para isso, a explicação do professor
Cristiano.
TEMA 4: Modelo cinético – Molecular de um gás ideal

A aplicação de materiais especiais na indústria tem se


intensificado ultimamente, aços com resistência elevada, fibra de
carbono, vidros com propriedades especiais, materiais
semicondutores, estão cada vez mais sendo utilizados. Muitos
deles criados e desenvolvidos com propriedades especiais para
aplicações específicas.

Para se chegar ao melhor refinamento, na relação propriedade –


aplicação de determinado material se faz necessário uma análise
criteriosa na estrutura atômica e molecular da substância, da
matéria prima empregada, com o desenvolvimento de teorias
moleculares.

O objetivo aqui é estudar um modelo cinético – molecular simples


para o gás ideal. Para isso iremos considerar que o gás ideal é
formado por um grande número de partículas confinadas no
interior de um recipiente, no qual elas estão em constante
movimento. Com base neste modelo cinético-molecular iremos
entender a relação entre a equação de estado do gás ideal e as
leis de Newton.

O modelo cinético molecular do gás ideal, baseia-se em quatro


hipóteses.

1 – O recipiente no qual o gás está confinado possui volume V e


contém um número N muito grande de partículas (moléculas)
idênticas, todas com a mesma massa m.

2 – As partículas do gás são suas moléculas e essas são


consideradas puntiformes com volume muito pequeno se
comparado com a distância entre as partículas e as paredes do
recipiente.

3 – O movimento das moléculas é perpétuo e obedecem às leis


de Newton. Cada molécula colide eventualmente, com as
paredes do recipiente, com colisões elásticas.

4 – As paredes do recipiente possuem massa infinita, são


perfeitamente rígidas e não se movem.

Baseado nestas quatro hipóteses iremos verificar as relações


existentes entre as grandezas macrométricas do gás, como
pressão, temperatura e volume com grandezas micrométricas,
como velocidade, energia cinética das partículas do gás e forças
nas colisões.

Colisões e pressão do gás

De acordo com as hipóteses do gás ideal, existe um número


muito grande de moléculas do gás confinado em um recipiente
rígido, essas moléculas são muito pequenas se comparado à
distância que as separa uma das outras e também das paredes
do recipiente, ou seja, elas podem se mover livremente e tem
muito espaço para fazer isso e estão movendo-se a todo
momento. Veja a figura 6 que mostra uma ilustração das
moléculas de determinado gás ideal, confinadas em um
recipiente na forma de um cubo e bem fechado.

Figura 6 – Recipiente hermeticamente fechado com as moléculas


do gás ideal confinadas.

Como essas partículas (moléculas) estão movendo-se


constantemente e em alta velocidade, é de se esperar que em
alguns momentos uma partícula, ou outra colidam, não só com a
parede do recipiente, mas também uma com outra.

No momento iremos dar atenção as colisões que as partículas


realizam contra as paredes do recipiente, pois estas em especial
representam a origem da pressão do gás.

Como a pressão é definida como a razão entre a força exercida e


a área de aplicação dessa força, matematicamente:
Para determinar a pressão do gás ideal, será necessário
encontrar a força média que as partículas aplicam em
determinada área da parede do recipiente.

Se realizarmos uma análise qualitativa da situação, facilmente se


percebe que existe uma relação entre a força exercida pela
quantidade de colisões, ou seja, quanto mais colisões existirem
maior a força aplicada na parede e maior a pressão do gás e
quanto menos colisões, menor a força e, consequentemente,
menor será a pressão.

Outro fator que irá influenciar será a massa das partículas m,


quanto maior a massa, maior a força aplicada durante a colisão e
vice-versa.

A quantidade de colisões poderá ser modificada quando se altera


a quantidade de partículas N do gás dentro do recipiente, se
colocar mais, aumentam as colisões e se retirar, diminuem; ou
quando se altera a velocidade das partículas, maior velocidade,
mais colisões e menor velocidade, menos colisões e também
quando se altera o volume V do recipiente, maior volume, menos
colisões, menor volume mais colisões. Logo, a força das colisões
nas paredes do recipiente, depende do número de partículas N,
da massa das partículas m, do volume do recipiente V e da
velocidade dessas partículas.

Vamos analisar a colisão de uma das partículas do gás com uma


das paredes do recipiente, veja a figura 7:
Figura 7 – Colisão elástica da molécula de gás (partícula) com a
parede do recipiente.

A figura mostra uma molécula do gás se aproximando da parede


do recipiente com uma velocidade . Como a trajetória da
molécula é retilínea nos instantes seguintes ela irá colidir com a
parede do recipiente e essa colisão será elástica, havendo,
portanto, conservação do momento linear e da energia cinética,
não há perda de energia. Então, depois da colisão, o módulo da
velocidade da molécula será o mesmo, havendo apenas
mudança na direção e sentido.

Como se pode ver na figura, os componentes do vetor


velocidade da molécula, antes de depois da colisão são iguais
em módulo. Para o eixo x, , há apenas
mudança na direção e no sentido e para o eixo y,
, neste caso, a direção e o sentido é o
mesmo. Como o movimento da molécula no eixo y é paralelo à
parede e não varia entre os instantes antes e depois da colisão,
ele não aplica força na parede. Aplicando o teorema do momento

linear - impulso, para o eixo x, temos: .

A variação do momento linear da partícula, antes de depois da


colisão é igual ao impulso (J ) da força aplicada no momento da
colisão.

Sendo o impulso o produto da força pelo intervalo de tempo em


que a força foi aplicada, temos:

Portanto:
Mas como, , então:

Essa é a força aplicada na parede do recipiente no intervalo de


tempo , devido a colisão de uma molécula. Para
determinarmos a força total aplicada na parede devemos somar
as forças aplicadas por todas as moléculas que colidiram nela no
intervalo de tempo .

Isso só será possível para as moléculas que encontram-se


afastadas da parede uma distância x dada pelo produto da
velocidade pelo intervalo de tempo .

Considerando que todas as moléculas N confinadas no recipiente


estão distribuídas uniformemente, o número de moléculas por
unidade de volume, será dada por .

No entanto, não são todas as moléculas que efetivamente irão


colidir com a parede do recipiente no intervalo de tempo . As
moléculas que podem colidir estão dentro de um volume do gás
limitado pela área A da parede do recipiente e a distância
e dessas moléculas, limitadas neste volume, em
média, apenas a metade está se aproximando da parede, a outra
metade estará se afastando, então:
Logo, o número de moléculas que poderá colidir com a mesma
parede do recipiente e ao mesmo tempo será dado por:

Se cada molécula durante a colisão aplica uma força:

A força total F, aplicada por todas as moléculas que colidem ao


mesmo tempo na parede de área A, será dada pelo produto do
número de moléculas que colidem pela força aplicada por uma
molécula:

Simplificando:

Sabendo como calcular a força aplicada a parede do recipiente


pelas moléculas do gás, podemos determinar a pressão do gás

pela relação:

A pressão exercida pelo gás confinado depende do número de

moléculas por unidade de volume , da massa m das

moléculas e da velocidade das moléculas.


Leitura Obrigatória (pesquise na sua Biblioteca Virtual):

Sears e Zemansky. Física II. Página 229. Estratégia para solução


de problemas 18.2.

Acesse a videoaula a seguir para ver o que o professor Cristiano


tem a nos dizer, disponivel no material on-line.

TEMA 5: Pressão e energias cinéticas moleculares

Você deve ter notado na dedução das equações da força


aplicada por cada molécula na parede do recipiente que a
componente da velocidade no eixo y, , foi desprezada, pois
essa, como estava paralela a parede do recipiente não causava
efeito durante a colisão. Por outro lado, se escolhêssemos outra
parede do recipiente, como a parede inferior, a componente y
daria sua contribuição, em contrapartida, a componente x, ,
seria desprezada.

No entanto, se analisarmos o módulo da velocidade da


molécula, ela pode ser escrita em termos das suas componentes
ao quadrado por:

Se tirarmos a média dessa relação entre todas as moléculas do


gás:

Como o efeito da gravidade que atua em cada molécula pode ser


desprezado, não existe diferença entre as velocidades em cada
eixo e podemos escrever:
Logo:

Ou:

Substituindo na equação da pressão , temos:

Rearranjando os termos:

Como você deve ter adivinhado, a quantidade entre colchetes,


é a energia cinética média (k) de translação de

uma única molécula do gás. Para determinarmos a energia


cinética de translação (ktr) de todas as moléculas, devemos
multiplicar esse valor pelo número de moléculas N, então:

Lembrando da equação de estado do gás ideal:

Igualando as equações:
A energia cinética translacional média de n mols do gás é dada

por:

Essa equação mostra que a energia cinética das moléculas do


gás é diretamente proporcional a temperatura absoluta do gás.

Analisando a equação para uma única molécula, a energia


translacional média, é a energia translacional média total dividida
pelo número de moléculas N.

Lembrando que o número total de moléculas do gás confinado


pode ser obtido em termos do número de Avogadro n, pela
relação:

Ou Então:

A razão entre a constante dos gases ideal R e o número de


Avogadro NA , ocorre frequentemente na teoria molecular

dos gases, ela é chamada de constante de Boltzmann,


designada pela letra minúscula k:
Constante de Boltzmann

Reescrevendo a energia cinética translacional de uma única


molécula em termos da constante de Boltzmann, temos:

Ou para um mol de moléculas do gás, usando a relação

Pode-se verificar pelas equações que a energia cinética


translacional de uma única molécula, ou de um mol de moléculas
do gás, depende exclusivamente da temperatura T do gás.

Muitas vezes é conveniente escrever a equação de estado do


gás ideal em termos do número de moléculas N e da constante
de Boltzmann k, utilizando as relações vistas até aqui, e

, temos:

Velocidades moleculares
Utilizando as equações, e

, podemos escrever equações para

determinar a velocidade quadrática média das


moléculas do gás. Primeiro a equação da energia cinética

translacional de uma única molécula: .

Isolando a velocidade média ao quadrado e tirando a raiz


quadrada:

E pela equação da energia cinética translacional para um mol de


moléculas,

Isolando a velocidade média ao quadrado e tirando a raiz


quadrada:

Estas equações mostram que para uma dada temperatura T do


gás, as moléculas com massas m diferentes, apesar de
possuírem a mesma energia cinética translacional, possuem
velocidades quadráticas médias diferentes.

Leitura Obrigatória (Pesquise na Biblioteca Virtual)

Sears e Zemansky. Física II. p. 229. Exemplo 18.6.


TROCANDO IDEIAS

Pesquise por outros exemplos de processos isotérmicos, depois


acesse o fórum da disciplina e comente com seus colegas quais
você encontrou. Explore também as pesquisas deles que foram
colocadas no fórum.

NA PRÁTICA

Clique no ícone a seguir para explorar alguns exemplos de


propriedades térmicas da matéria:

http://demonstracoes.fisica.ufmg.br/demos/pira/4A

Após visualizar os exemplos, pesquise também por outros.

Estamos chegando ao fim deste encontro, confira na videoaula a


seguir a proposta prática pelo professor Cristiano.

SÍNTESE

Chegamos ao fim deste encontro. O professor Cristiano sintetiza


o que você aprendeu na aula de hoje na videoaula disponível no
material on-line.

E não se esqueça: se ficou com dúvidas em algum ponto, retome


o conteúdo!

REFERÊNCIAS

SEARS E ZEMANSKI. Física II. Termodinâmica e Ondas. 12ª


edição. Editora Pearson.

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