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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto Politécnico – Departamento de Engenharia Química

Aline Aparecida Bragança Miranda


Letícia Mara Sant’Ana
Liege de Assis Pinto
Yohanne Carolinne Duarte Ramos

REMOÇÃO DE CÁLCIO POR TROCA IÔNICA EM COLUNA

Belo Horizonte – MG
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3
1.1 Objetivos 5
1.1.1 Objetivo geral 5
1.1.2 Objetivos específicos 5
2 PARTE EXPERIMENTAL 5
2.1 Materiais e métodos 5
2.1.1 Materiais 5
2.1.2 5
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 8
4 CONCLUSÃO 13
REFERÊNCIAS 13
1 INTRODUÇÃO

A troca iônica é uma operação que envolve reações reversíveis em que


ocorre dupla troca entre um eletrólito em solução e outro eletrólito insolúvel
com o qual a solução é colocada em contato (TREYBAL, 1980).
Os sistemas de troca iônica contêm duas fases independentes uma é
constituída pela solução e a outra pela resina trocadora de íons. No caso mais
simples, a solução possui dois eletrólitos (cátion e ânion) e o solvente,
enquanto a resina possui sua forma iônica ligada a um grupo funcional e o
solvente que fica retido no interior dos poros (Vieira, 2008).
O comportamento do processo depende da natureza das espécies
iônicas, tais como tamanho, carga e grau de hidratação. Estes fatores
influenciam a capacidade de troca iônica, ou seja, quantidade total de íons
trocáveis (Vieira, 2008).
Por ser um procedimento semelhante ao de adsorção, o equilíbrio para
reações de troca iônica pode ser representado por modelos de isotermas de
adsorção como de Langmuir, Freundlich ou Thomas, assim como pela lei de
ação de massa (Vieira, 2008). Porém o mais simples e utilizado para descrição
de procedimentos de troca iônica é o modelo de Thomas linearizado (1)
(NOGUEIRA, 2010):

Onde V é o volume de líquido, k1 é a constante cinética do modelo, Q é a


vazão de alimentação, qo é a capacidade de adsorção, mc é a massa de
adsorvente, Co é a concentração inicial.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral

Dimensionar uma coluna de troca iônica, determinando-se a massa de


resina, diâmetro e altura, com base nos dados obtidos de uma coluna piloto.

1.1.2 Objetivos específicos

● Determinar a curva de trespasse (ou ruptura) em uma coluna de troca


iônica preenchida com resina catiônica, utilizando como alimentação
uma solução contendo 1g/L de Cálcio;
● Determinar os parâmetros do modelo cinético de Thomas a partir dos
resultados da curva de trespasse;
● Dimensionar uma coluna de troca iônica e determinação da massa de
resina, diâmetro e altura, com base nos dados da coluna piloto.
2 PARTE EXPERIMENTAL
1.1 Materiais e métodos
1.1.1 Materiais
Os materiais utilizados na prática são:
● 5 erlenmeyers;
● Bureta de 25 mL;
● 1 espátula;
● Graal e pistilo de porcelana;
● Balão volumétrico de 250 mL;
● Negro de eriocromo T;
● Cloreto de sódio PA;
● EDTA PA;
● Sulfato de magnésio PA;
● Cloreto de amônio PA;
● Reservatório de 10L;
● Ponteiras descartáveis;
● Pipetador;
● Coluna de vidro (Di=17 mm);
● Solução de NH4OH concentrada;
● Resina catiônica Amberlite IRA 120 Na;
● Algodão;
● Esferas de vidro.

1.1.2 Metodologia experimental

1.1.2.1 Determinação da concentração de cálcio


Para preparar o indicador negro de eriocromo T, foi pesado 0,5 g de
negro de eriocromo T e adicionado 100 g de cloreto de sódio (NaCl), triturando-
os em graal de porcelana.
A solução tampão foi preparada através da dissolução de 1,179 g de
EDTA e 0,780 g de sulfato de magnésio em 50 mL de água destilada. Depois,
foi adicionado 16,9 g de cloreto de amônio e 143 mL de hidróxido de amônio
concentrado, e o balão volumétrico foi completado até 250 mL.
Em seguida, foi pipetada 5mL de amostra e transferida para um
erlenmeyer de 125 mL. Foram adicionados 1mL de solução tampão e entre 0,1
e 0,2 g do indicador negro de eriocromo T. Essa solução foi titulada com
solução de EDTA 0,01 mol/L até a viragem de vinho para azul. Assim, foi
possível determinar a concentração de íons cálcio, tendo como base a
estequiometria de reação de cálcio e EDTA de 1:1.

1.1.2.2 Montagem da coluna


Para montagem da coluna, foi colocado um pedaço de algodão na parte
inferior da coluna, próximo à saída, para impedir a obstrução desta e ela foi
fixada em um suporte. Foram adicionados 20 g de resina catiônica tratada (que
teve contato prévio com uma solução de 160 g/L de NaCl por 30 minutos),
formando o leito fixo.
Foi acrescentado um pedaço de algodão, agora no topo da coluna, para
manter o leito compactado. Os parâmetros operacionais foram registrados,
como massa de resina (kg), comprimento do leito (m), diâmetro interno (m),
área transversal (m2), entre outros.

1.1.2.3 Execução do ensaio


Primeiramente, foi preparado 10 L da solução de íons de cálcio a uma
concentração de 1 g/L. Em seguida, foi coletada uma amostra para
determinação da concentração inicial (C0). Feito isso, a bomba peristáltica foi
ligada e a vazão foi ajustada em 45, através do visor digital.
Foi iniciada a contagem de tempo quando a solução começou a ser
alimentada no topo da coluna e a cada 5 minutos, foram coletadas amostras de
40 mL na base da coluna. Por fim, foi determinada e anotada a concentração
de cada amostra.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente foram determinados e registrados os parâmetros operacionais


mostrados na Tabela 1.

Tabela 1- Dados operacionais da coluna


Parâmetros Dados
Massa da resina (Kg) 0,02
Comprimento do leito (m) 0,104
Diâmetro interno (m) 15x10-3
2
Área da sec. Transversal (m ) 1,886x10-4
3
Vazão (m /dia) 0,076
3 2
T.A. (m /m .dia) 402,773
Volume do leito (m3) 1,962x10-5
Densidade (Kg/m3) 1019,162
Fonte: Próprio autor.

Posteriormente foi determinada a concentração inicial da solução:


C0=1,1 g/L.
Dado início ao processo de troca iônica, foram feitas medições da
concentração da solução a cada 5 minutos a partir da titulação com uma
solução de EDTA 0,01M. Os dados coletados estão expressos na Tabela 2.

Tabela 2 – Dados para levantamento da curva de ruptura.


Tempo (min) Volume de Concentração Concentração
EDTA (mL) (mol/L) (g/L)
0 15,2 0,03040 1,24032
1,38 3,7 0,00740 0,30192
5 2,45 0,00490 0,19992
6 2,7 0,00540 0,22032
8 3,9 0,00780 0,31824
10 7,15 0,01430 0,58344
12 14,6 0,02920 1,19136
15 14,8 0,02960 1,20768
20 14,6 0,02920 1,19136
25 14,5 0,02900 1,18320
30 15,2 0,03040 1,24032

Fonte: Próprio autor.

A partir dos dados obtidos, foi determinado o gráfico de concentração de


íons cálcio x volume de solução tratada.
Gráfico 1 - Concentração de íons cálcio x Volume de solução tratada

Curva de Ruptura
1,4

1,2
Concentração (g/L)

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0,0000 0,2000 0,4000 0,6000 0,8000 1,0000 1,2000 1,4000 1,6000
Volume tratado (L)

Fonte: Próprio autor.

A fim de determinar os parâmetros K1 e q0 do modelo cinético de


Thomas foi utilizada a Equação 1 que gerou o Gráfico 2 mostrados a seguir.

Gráfico 2 - Determinação dos parâmetros do modelo cinético de Thomas

ln((Co/C)-1) x Volume tratado


2
1,8
1,6
1,4
ln((Co/C)-1)

1,2 y = -5,7843x + 3,3044


1 R² = 0,946
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0,0000 0,1000 0,2000 0,3000 0,4000 0,5000 0,6000
Volume tratado (L)

Fonte: Próprio autor.


Relacionando a equação do modelo de Thomas e a equação de reta do
Gráfico 2 foi possível determinar k1 e q0. Substituindo os demais valores,
encontra-se:

k1=0,246 L/g.min
q0= 35,45 gsoluto/kgresina

Com base nos dados obtidos para a unidade piloto foi possível
dimensionar uma unidade industrial considerando os parâmetros apresentados
na Tabela 3:

Tabela 3 – Dados operacionais da coluna em escala industrial para troca


iônica
Parâmetros Dados
Vazão Industrial (m³/dia) 100
Concentração inicial dos íons cálcio
no efluente (g/L) 1
Concentração final dos íons cálcio no
0,05
efluente (g/L)
Volume de água tratada antes do
100
trepasse (m³)
Taxa de aplicação superficial
402,773
(m³/m².dia)

Fonte: Próprio autor.

Para determinação da massa de resina na coluna industrial utilizou-se o


gráfico 1, a equação 1 e os dados da Tabela 3:
𝐶0 𝑘1 ∗ 𝑞0 ∗ 𝑚𝑠 𝑘1 ∗ 𝐶0 ∗ 𝑉
ln ( − 1) = −
𝐶 𝑄 𝑄
𝑔
1,24032 0,246 𝐿⁄𝑔. 𝑚𝑖𝑛 ∗ 35,45 ∗ 𝑚𝑠 0,256 𝐿⁄𝑔. 𝑚𝑖𝑛 ∗ 1,24032 ⁄𝐿 ∗ 100.000𝐿
ln ( − 1) = −
0,05 69,44 𝐿⁄𝑚𝑖𝑛 69,44 𝐿⁄𝑚𝑖𝑛

𝑚𝑠 = 3.666,26 𝑔
Encontrada a massa, foi possível obter o volume de resina e a altura da
coluna. Para encontrar o valor do diâmetro utilizou-se a área transversal.

• Volume de resina
m resina
𝑉= = 3,597 𝑚³
ρ(aparente)

• Área transversal (A)


Q
𝐴= = 0,248 𝑚2
TA

• Diâmetro interno da coluna (D):

4. A
𝐷=√ = 0,56 𝑚
π

• Comprimento do leito (h):


𝑉
ℎ = 𝐴 = 14,50 𝑚

Portanto, esses valores encontrados podem ser aplicados a uma planta


industrial.
4 CONCLUSÃO
Através de ensaios realizados em escala piloto foi possível determinar a
curva de trespasse e então definir os parâmetros do modelo cinético de
Thomas, para posteriormente dimensionar o processo em escala industrial,
determinando a massa de resina e diâmetro e a altura da coluna. Sendo assim,
foi possível alcançar todos os objetivos propostos.
Após determinar a concentração de cálcio, traçar a curva de ruptura,
encontrar k1 e q0 e realizar os cálculos pertinentes, foi possível concluir que
uma unidade industrial de remoção de cálcio por troca iônica deverá ter uma
coluna de 14,50 m de comprimento, diâmetro interno de 0,56 m, área
transversal de 0,248 m2 e massa de resina de 3.666,26 g.
Analisando os resultados foi possível concluir que o modelo de Thomas
apresentou bom ajuste e pode ser utilizado para a determinação dos
parâmetros necessários para o dimensionamento de uma coluna.
REFERÊNCIAS BIBLIGÁFICAS

NOGUEIRA, M. W. O uso do Carvão Ativado Produzido a partir da Casca


da Moringa Oleífera, como Adsorvente na Remoção de Metais Pesados
Presentes na Água. Dissertação de mestrado em engenharia ambiental,
Universidade Federal de Ouro Preto, 2010.

TREYBAL, R. E. Mass-Transfer Operations, 3rd ed., MacGraw-Hill, New York,


1980.

VIEIRA, R. S., Adsorção Competitiva dos Íons Cobre e Mercúrio em


Membranas de Quitosana Natural e Reticulada, Campinas: Faculdade de
Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, 2008, 152 p. Tese
(Doutorado).

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