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Equações da Conservação da Massa e

Quantidade de Movimento

Professor Dyrney Araújo dos Santos


Universidade Federal de Goiás
Curso de Engenharia Química
site: www.dyrney.com
Professor Dyrney Araújo dos Santos
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Curso de Engenharia Química

4. Conservação da Massa e Momento site: www.dyrney.com

4.1 Abordagens Integral e Diferencial para um Volume de Controle


Na análise do movimento dos fluidos, podemos seguir um dos dois caminhos

(1) Abordagem Integral: trabalhar com uma


região finita, fazendo um balanço dos
escoamentos que entram e saem, e
determinar os efeitos globais, tais como a
vazão em massa, etc.;

Linhas de
correntes
parede

(2) Abordagem Diferencial: procurar descrever


os detalhes ponto a ponto de um padrão de
escoamento (x, y, z), analisando uma região
infinitesimal do escoamento.

parede
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4.2 A Equação Integral da Conservação da Massa

A abordagem Integral envolve a aplicação do conceito de Volume de Controle, mostrado na


figura abaixo

Volume de Controle (VC):


utilizado em mecânica dos
Volume de Controle
fluidos que permite estudar uma
(VC) região do espaço conforme o
fluido escoa através dela. Um
volume de controle é delimitado
por uma superfície de controle
(SC)
Superfície de
Controle (SC)

Obs: A abordagem integral pode ser aplicada, tanto para a massa, quanto para a energia e
quantidade de movimento. Neste curso, iremos nos ater apenas à formulação integral aplicada à
massa. Já a formulação diferencial (próximos tópicos), será aplicada para a massa e para a
quantidade de movimento.
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4.2 A Equação Integral da Conservação da Massa

Para a aplicação da abordagem integral à massa, considere a lei de conservação


da massa aplicada a um volume de controle, dada por:

( variação da massa total )VC = massa total que entra SC − massa total que sai
SC

A variação da massa total pode ser dada pela integração da variação infinitesimal da
massa de fluido (por unidade de volume) sobre um volume de controle qualquer
(genérico)


( variação da massa total )VC = VC dV
t
sendo ρ e V a massa específica do fluido e o volume considerado, respectivamente.
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4.2 A Equação Integral da Conservação da Massa

As entradas e saídas de massa do volume de controle, pelas superfícies de controle, podem ser
analisadas pela seguinte integral, sendo v o vetor velocidade e dA o vetor de área normal à SC

massa total que entra SC − massa total que sai


SC
=−   v.dA
SC

A caracterização das correntes de entrada e saída do volume de controle é feita


conforme a convenção dos sinais abaixo
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4.2 A Equação Integral da Conservação da Massa


Substituindo estes termos na lei de conservação da massa, tem-se:

( variação da massa total )VC = massa total que entra SC − massa total que sai
SC


VC t dV = −SC  v .dA Esta equação é também conhecida
como Equação da Continuidade.

Obs: Para um determinado número de entradas e saídas uniformes de um volume de controle, pode-
se escrever:


VC t dV = i ( i Ai vi )entra − i ( i Ai vi )sai
ou,


VC t dV = i ( mi )entra − i ( mi )sai

sendo: m a vazão mássica de fluido (kg/s no S.I.)


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4.2 A Equação Integral da Conservação da Massa


Casos especiais:
❑ Escoamento Permanente: Neste caso, o termo de acúmulo é nulo, ou seja, não há variação da
massa total no interior do volume de controle. Logo,

(m )
i
i =  ( mi )
i
entra sai

Ex: Considere os seguinte volume de controle com diferentes entradas e saídas

No caso de regime permanente, tem-se, da


figura ao lado:

m2 + m3 + m5 = m1 + m4
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4.2 A Equação Integral da Conservação da Massa


Casos especiais:

❑ Escoamento Incompressível: apresenta variações desprezíveis de massa específica. Neste caso,


as massas específicas das correntes de entrada são iguais às das saídas. Logo,

 (V A )
i
i i =  (Vi Ai )
i
entra sai

ou,

 (Q )
i
i =  Qi
i
( )
entra sai

sendo: Q a vazão volumétrica de fluido (m3/s no S.I.)

Obs: Note que, para um escoamento compressível e permanente, as vazões mássicas, e não as
vazões volumétricas, são constantes. As vazões volumétricas são constantes, se, e somente se,
o escoamento for incompressível.
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Exercício proposto: Considere o escoamento permanente de água em uma junção de tubos


conforme mostrado no diagrama abaixo. As áreas das seções são: A1 = 0,2 m2, A2 = 0,2 m2 e
A3 = 1,61 ft2. O fluido também vaza para fora do tubo através de um orifício no ponto (4) com
uma vazão volumétrica estimada em 3,53 ft3/s. As velocidades médias nas seções (1) e (3)
são V1 = 197 in/s e V3 = 12 m/s, respectivamente. Determine a velocidade do escoamento na
seção (2) (V2) em m/s.
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4.3 Abordagem Diferencial


Há dois pontos de vista diferentes na abordagem diferencial

Método Euleriano: Consiste em observar o comportamento transiente dos sistemas em vários


pontos fixos, podendo-se, assim, obter uma “visão” do comportamento do movimento naquele
instante de tempo.

t1
V
Ex: Um engenheiro de trafego seleciona
um determinado trecho (fixo) da estrada
para estudo. Com o tempo, vários carros
diferentes vão passar pelo trecho, mas o
engenheiro está interessado no fluxo
médio de carros naquele trecho, e não em
um carro em especial.

Pontos fixos no espaço

Obs: Este método é normalmente utilizadas no estudo da fluidodinâmica, sendo que os


campos de pressão, velocidade, etc., são determinados em pontos fixos no espaço (x, y, z) ao
longo do tempo.
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4.3 Abordagem Diferencial


Há dois pontos de vista diferentes na abordagem diferencial

Método Lagrangeano: Consiste em identificar um determinado sistema e a partir daí observar


variações de propriedades tais como temperatura, velocidade, etc. à medida que este sistema
se desloca no espaço com o passar do tempo.

Ex: Já neste caso, um policial,


P1 t2 t3 por exemplo, pode estar
interessado em um carro em
P1 P1 especial, seguindo-o e medindo a
t1 sua velocidade ao longo do
tempo.

Obs 1: Este método é normalmente utilizadas no estudo da mecânica dos sólidos. Sua
abordagem pura não faz parte do escopo deste curso.

Obs 2: A seguir o Método Euleriano será aplicado à conservação da massa e da quantidade


de movimento, respectivamente.
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa


Comentário: a equação da conservação de massa ou equação da continuidade pode ser
obtida através de um balanço de massa num volume de controle diferencial ou infinitesimal.

Da lei de conservação da massa, tem-se:

acumulo de massa no volume [MT-1] = massa que entra [MT-1] – massa que sai [MT-1]

Análise dos termos de entrada e saída: considere as taxas de massa que transpassam as
faces de um volume de controle infinitesimal. O volume do elemento abaixo é dado por
dxdydz
  v 
 vdxdz +  dy  dxdz
 y
Sendo o vetor velocidade dado
y  por:

V = ui + vj + wk
 wdxdy
  u 
udydz  udydz +  dx  dydz
 x 
  w  x
 wdxdy +  dz  dxdy
 z 
z
 vdxdz
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

As taxas mássicas de entrada e saída do volume podem ser resumidas na tabela abaixo

Faces Taxa mássica de entrada [MT-1] Taxa mássica de saída [MT-1]

  u 
ρudydz  udydz +  dx  dydz
x  x 

  v 
ρvdxdz  vdxdz +  dy  dxdz
y  y 
  w 
ρwdxdy  wdxdy +  dz  dxdy
z  z 

Análise do temo de acúmulo: a taxa de variação da massa no interior do volume


infinitesimal (acúmulo de massa) pode ser definido como


Acúmulo = dxdydz
t
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

 Finalmente, retornando à equação do balanço de massa no volume de controle


infinitesimal, tem-se:

acumulo de massa no volume [MT-1] = massa que entra [MT-1] – massa que sai [MT-1]

Substituindo os respectivos termos , tem-se:

   u 
dxdydz =  udydz +  vdxdz +  wdxdy −   udydz + dxdydz 
t  x 
  v    w 
−   vdxdz + dydxdz  −   wdxdy + dzdxdy 
 y   z 
Após simplificações e dividindo tudo pelo volume infinitesimal dxdydz, tem-se:

  u  v  w A equação de conservação da
+ + + =0 massa para um volume infinitesimal
t x y z é conhecida como Equação da
Continuidade.
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

Posto que o operador vetorial,  , em coordenadas retangulares, é dado por:

  
= i + j+ k
x y z
então

 u  v  w
x
+
y
+
z
= . V ( )
Desta forma a equação da continuidade pode, também, ser escrita em uma forma
compacta


t
( )
+ . V = 0
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

a) Sistema de Coordenadas Cilíndricas: a alternativa mais comum ao sistema cartesiano é


o sistema de coordenadas cilíndricas, utilizado, por exemplo, na análise de escoamentos
no interior de um tubo de seção circular.
Considere as taxas de massa que transpassam as faces do volume de controle abaixo, cujo
volume é dado por rdθdrdz

Obs: seja “F” a taxa mássica que


transpassa as faces do volume O vetor velocidade é dado por
infinitesimal (sendo “e” o vetor unitário):

Fz + dz V = Vr er + V e + Vz ez
rdθ

Fr Fθ + dθ
Área perpendicular a r: rdθdz
dz
Área perpendicular a z: rdθdr

z
r Área perpendicular a θ: drdz
V (r,θ,z)
dr Fr + dr
y
r θ Fz
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

a) Sistema de Coordenadas Cilíndricas:

Após a determinação da taxa líquida nas direções r, θ e z, e a posterior substituição na lei


de conservação da massa, a equação da continuidade (por unidade de volume) em
coordenadas cilíndricas torna-se (para maiores detalhes ver Fox et al., 2012):

 1  1  
+ ( r)
r V + ( )
V + ( Vz ) = 0
t r r r  z

O operador divergente (.) de um vetor “A” qualquer, em coordenadas cilíndricas, é dado


por:

1  1  
.A = ( rAr ) + ( A ) + ( Az )
r r r  z
Logo, novamente a forma compacta da equação da continuidade torna-se:


t
( )
+ . V = 0
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

b) Sistema de Coordenadas Esféricas: este sistema também é bastante utilizado em


alguns problemas de fenômenos de transporte

Considere as taxas de massa que transpassam as faces do volume de controle abaixo, cujo
volume é dado por dr.rsen(ϕ)dθ.rdϕ

Obs: seja “F” a taxa mássica que


transpassa as faces do volume O vetor velocidade é dado por
infinitesimal (sendo “e” o vetor unitário):
r sen ϕ dθ Fϕ + dϕ
V = Vr er + V e + V e
Fr

rdϕ Fθ + dθ
Área perpendicular a r: r2senθ dϕ dθ

Área perpendicular a ϕ: rdθdr
z
dr Fr + dr Área perpendicular a θ: rsenθdϕdr
ϕ V (r,θ,ϕ)
r
y

x θ
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b) Sistema de Coordenadas Esféricas:

Após a determinação da taxa líquida nas direções r, θ e ϕ, e a posterior substituição na lei


de conservação da massa, a equação da continuidade (por unidade de volume) em
coordenadas esféricas torna-se (para maiores detalhes ver Fox et al., 2012):

 1  1  1 
+ 2 (  r 2Vr ) + ( 
V sen ) + ( V ) = 0
t r r rsen  rsen 

O operador divergente ( .) de um vetor “A” qualquer, em coordenadas esféricas, é dado


por:

1  2 1  1 A
.A =
r 2 r
( r ) rsen  (
r A + sen A) +
rsen 

A forma compacta da equação da continuidade torna-se, novamente:


t
( )
+ . V = 0
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

Casos Especiais da Equação da Continuidade

❑ Escoamento Compressível e Regime Permanente: se o escoamento é permanente, ∂/∂t


≡ 0, todas as propriedades são funções apenas da posição

  
Cartesiana: ( u ) + (  v ) + (  w) = 0
x y z

1  1  
Cilíndrica: ( r Vr ) + ( V ) + ( Vz ) = 0
r r r  z

1  1  1 
Esférica:
r r
2 (  r 2
Vr) +
rsen 
( V sen ) +
rsen 
( V ) = 0
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4.4 A Equação Diferencial da Conservação da Massa

Casos Especiais da Equação da Continuidade

❑ Escoamento Incompressível: as variações de massa específica são desprezíveis (Ma < 0,3).
Obs: neste caso ∂ρ/∂t = 0 independente se o regime é permanente ou transiente.
Eliminando a massa específica do operador divergente, tem-se

.V = 0
Logo,

u v w
Cartesiana: + + =0
x y z

1  1  
Cilíndrica: ( rVr ) + (V ) + (Vz ) = 0
r r r  z

1  2 1  1 
Esférica:
r r
2 ( r Vr) +
rsen 
(
V sen ) +
rsen 
(V ) = 0
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Exercício Proposto: Sob que condições o campo de velocidade

V = ( a1 x + b1 y + c1 z ) i + ( a2 x + b2 y + c2 z ) j + ( a3 x + b3 y + c3 z ) k

em que a1, b1, etc. são constantes, representa um escoamento incompressível?


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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento

Segunda Lei de Newton: esta lei nos diz que a resultante de forças que atua sobre um
corpo causa uma variação em sua quantidade de movimento. Logo, pode-se escrever:

( )
d mV
F = dt
Pela regra da cadeia, tem-se

( ) + V d ( m)
d V
F = m dt dt

Visto que a massa total sempre se conserva (exceto em reações atômicas), podemos
eliminar o termo de variação da massa com o tempo acima. Logo,

( ) = ma
Desta forma, para analisar a equação
d V
F = m
do movimento para um fluido, deve-se
determinar o campo de aceleração do
dt escoamento.
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento

Campo de velocidade: a forma vetorial cartesiana de um campo de velocidades que varia


no espaço e no tempo pode ser expressa como:

V = u ( x, y, z , t )i + v ( x, y , z , t ) j + w( x, y , z , t )k

Para calcular o campo vetorial de aceleração do escoamento deriva-se o campo de


velocidade, ou seja,

dV du dv dw
a= =i +j +k
dt dt dt dt
Como cada componente escalar (u, v, w) é uma função de quatro variáveis (x, y, z, t),
aplica-se a regra da cadeia para obter cada derivada temporal escalar.

Exemplo: para a componente da velocidade na direção x, a derivada total é dada por

du ( x, y, z, t ) u u dx u dy u dz
= + + +
dt t x dt y dt z dt
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento

Visto que dx/dt é o componente da velocidade local u, dy/dt = v e dz/dt = w, tem-se para a
componente de velocidade em x

du ( x, y, z, t ) u u u u
= +u +v + w
dt t x y z
A equação acima também pode ser escrita como

du ( x, y, z , t ) u
= + V .u
dt t

Finalmente, podemos aplicar para as outras direções y e z e, de uma forma geral, tem-se:

DV V  V V V  V
a=
Dt
= + u
t  x
+v
y
+w 
z 
ou a=
t
( )
+ V . V

Obs: o termo D/Dt é


denominado de derivada
Aceleração total aceleração advectiva ou espacial substantiva ou derivada
aceleração local material
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento

Logo, a Segunda Lei de Newton, aplicada a um volume infinitesimal (dxdydz) é:

DV
F =  Dt
dxdydz

A seguir serão analisadas todas as forças que agem sobre a partícula de fluido em
movimento: força de campo, forças superficiais e forças viscosas

Forças atuando sobre uma Partícula de Fluido em Movimento

Forças de Campo: são forças decorrentes de campos externos (gravidade, magnetismo,


potencial elétrico) que agem sobre toda a massa dentro do elemento.

Obs: consideraremos aqui apenas as força da gravidade sobre a massa diferencial

considerando z positivo
dFgrav =  gdxdydz “para cima”, teremos:

g = − gk
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento

Forças de Superfície: decorrem das tensões sobre os lados da superfície de


controle.

Obs: Elas são a soma da pressão hidrostática mais as tensões viscosas que surgem do
movimento com gradientes de velocidade:

Representação do tensor total que age sobre o


volume infinitesimal
y σyy
σyx  P +  xx  xy  xz 
σyz  
σxy  ij =   yx P +  yy  yz 
σzy σxx    zy P +  zz 
 zx
σzz σxz
σzx
x Obs: visto que a pressão é uma tensão normal
z para dentro do elemento infinitesimal, suas
componentes aparecem apenas na diagonal
principal do tensor total.
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento

Obs: não são estas tensões, mas seus gradientes, ou diferenças, que causa uma
força líquida sobre a superfície de controle infinitesimal.

Exemplo: tensões na direção x

  yx 
 yx dxdz +  dy  dxdz
y  y 

 zx dxdy   xx 
 xx dydz  xx dydz +  dx  dydz
 x 
 yx dxdz x
Obs: Esta mesma análise
z pode ser feita para
  zx  mostrar as tensões que
 zx dxdy +  dz  dxdy atuam nas direções y e z.
 z 
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Logo, a força de superfície líquida na direção x é dada por:

  
dFsup,x =  xx dydz +  yx dxdz +  zx dxdy −   xx dydz + xx dxdydz 
 x 
  yx    
−   yx dxdz + dydxdz  −   zx dxdy + zx dzdxdy 
 y   z 

Após simplificações e dividindo tudo pelo volume infinitesimal dxdydz, tem-se:

dFsup,x  xx  yx  zx
=− − −
dxdydz x y z
Separando o tensor total em pressão e tensões viscosas,

dFsup,y p  xy  yy  zy
=− − − −
dFsup,x p    nas direções y e z dxdydz y x y z
= − − xx − yx − zx tem-se, de forma
dxdydz x x y z
p  xz  yz  zz
semelhante,
dFsup,z
=− − − −
dxdydz z x y z
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


Na forma vetorial, o vetor força superficial se torna:

dFsup dFvis cos a


= −p −
dxdydz dxdydz

Forças Viscosas: a força viscosa, mostrada anteriormente, possui nove componentes

dFvis cos a   xx  yx  zx    xy  yy  zy    xz  yz  zz 
= , ,  
i + , ,  j +  , , k
dxdydz  x y z   x y z   x y z 

Obs: A forma compacta da força viscosa pode ser escrita como:

  xx  xy  xz 
dFvis cos a  
= . ij sendo  ij =  yx  yy  yz 
dxdydz  
 zx  zy  zz 
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


Retornando à equação da Segunda Lei de Newton aplicada a uma partícula de fluido

DV
F =  Dt
dxdydz

Substituindo as forças de campo, de superfície e viscosas na equação acima, tem-se


a Equação da Transferência de Quantidade de Movimento (forma compacta)

DV
 =  g − p − . ij
Dt

DV V  V V V 
sendo a aceleração total da partícula de fluido dada por: = + u +v +w 
Dt t  x y z 

Obs: esta equação é válida para qualquer fluido em qualquer movimento em


geral: regime permanente, regime transiente, escoamento compressível,
escoamento incompressível e fluidos de diferentes reologias.
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


Visto que a Equação do Movimento é vetorial, podemos “abri-la” nas direções x, y e z,
em coordenadas cartesianas, como mostrado a seguir

 u u u u  p  xx  yx  zx
direção x   + u + v + w  =  gx − − − −
 t x y z  x x y z

 v v v v  p  xy  yy  zy
direção y   + u + v + w  = gy − − − −
 t x y z  y x y z

 w w w w  p  xz  yz  zz
direção z  +u +v + w  =  gz − − − −
 t x y z  z x y z

Dilema: Como encontrar ou modelar as tensões


viscosas que agem sobre uma partícula de
fluido????
Professor Dyrney Araújo dos Santos
Universidade Federal de Goiás
Curso de Engenharia Química

4. Conservação da Massa e Momento site: www.dyrney.com

4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


a) A Equação de Euler

Primeiramente, no estudo da mecânica dos fluidos, adotou-se a


hipótese de um fluido sem atrito ou fluido ideal (sem viscosidade ou
invíscido)

Obs: neste caso as tensões viscosas são nulas (τij = 0), e a equação
do movimento torna-se.

DV
 =  g − p
Dt Leonhard Euler (1707 – 1783)

Esta equação é denominada de Equação de Euler, e as suas componentes nas direções x, y e z, são

 u u u u  p  v v v v  p
 + u + v + w  =  gx −  + u + v + w  = gy −
 t x y z  x  t x y z  y

 w w w w  p
 +u +v + w  =  gz −
 t x y z  z
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


b) A Equação de Navier-Stokes

Para um fluido newtoniano a tensão é proporcional à taxa de


deformação do elemento e que a constante de proporcionalidade é
denominada de viscosidade dinâmica (μ)

Obs: Navier-Stokes estendem a lei de newton para as três direções.


Logo, as tensões viscosas normais e cisalhantes, para um
escoamento incompressível, são dadas por

Sir George Stokes (1819 – 1903)


Tensões cisalhantes: Tensões normais: Claude-Louis Navier (1785 – 1836)

 u v  u
 xy =  yx = −   +   xx = −2 Obs: observa-se que o tensor
 y x  x viscoso, dado pela lei de
Navier-Stokes, é simétrico, ou
 w u  v seja,
 xz =  zx = −   +   yy = −2  xy =  yx
 x z  y

w
 xz =  zx
 v w   zz = −2
 yz =  zy = −   +  z  yz =  zy
 z y 
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


b) A Equação de Navier-Stokes

Considerando a viscosidade constante e, introduzindo estas expressões para as tensões nas


equações diferenciais do movimento, obtém-se as Equações de Navier-Stokes, nas direções x, y e z:

 u u u u  p   2u  2u  2u 
  + u + v + w  =  gx − +   2 + 2 + 2 
 t x y z  x  x y z 

 v v v v  p   2v  2v  2v 
  + u + v + w  = gy − +   2 + 2 + 2 
 t x y z  y  x y z 

 w w w w  p  2w 2w 2w 


 +u +v + w  =  gz − +   2 + 2 + 2 
 t x y z  z  x y z 

Em sua forma compacta, tem-se:


Obs: apesar de termos simplificado as Equações
DV de Navier-Stokes, considerando escoamento
 =  g − p +  2V incompressível e viscosidade constante, sua
Dt única restrição (na forma geral) é para fluidos
Newtonianos
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


b) A Equação de Navier-Stokes
A Equação de Navier-Stokes pode, também, ser escrita em coordenadas cilíndricas e
esféricas, como mostrado a seguir.
A Equação de Navier-Stokes em Coordenadas Cilíndricas (r, θ, z):

 Vr Vr V Vr Vr V2 


 + Vr + + Vz − 
 t r r   z r 
p   1   1  Vr  Vr 2 V 
2 2
=  gr − +    ( rVr )  + 2 2 + 2 − 2
r 
 r r r  r  z r  

 V V V V V V V 
 + Vr  +   + Vz  + r   =
 t r r  z r 
1 p   1   1  V  V 2 Vr 
2 2
 g − +  ( rV )  + 2 2 + 2 + 2 
r   r  r r  r  z r  

 V V V V V  p  1   Vz  1  Vz  Vz 
2 2
  z + Vr z +  z + Vz z  =  g z − +   r + 2 + 2 
 t r r  z  z  r r  r  r 
2
z 
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4.5 A Equação Diferencial da Quantidade de Movimento


b) A Equação de Navier-Stokes

A Equação de Navier-Stokes em Coordenadas Esféricas (r, θ, ϕ):

 Vr Vr V Vr V Vr V2 + V2 


  + Vr + + − 
 t r r  rsen   r 
p  1 2 2   Vr   2Vr 
=  g r − +   2 2 ( r Vr ) + 2
1 1
 sen + 2 2 2 
r  r r r sen     r sen   

 V V V V V V VrV − V2 cotg   1 p


  + Vr + + +  =  g −
 t r r  rsen  r  r 
 1   2 V  1   1   1  2V 2 Vr 2 cotg  V 
+  2  r  + 2  (V sen )  + 2 2 + 2 − 2 
 r r  r  r   sen   r sen    2
r  r sen  
 V V V V V V VVr + VV cotg   1 p
 + Vr + + +  =  g −
 t r r  rsen  r  rsen 
 1   2 V  1   1    2V 2 Vr 2 cotg  V 
+  2  r
 
+ 2
 
  
(V sen )  + r 2 sen2  2 + r 2 sen  + r 2 sen  
1
 r r  r  r sen 

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