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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANNA KARINA SCARAMELLA DA SILVA

REPENSANDO O ESPORTE NA ESCOLA E DA ESCOLA

UNIÃO DA VITÓRIA
2008
ANNA KARINA SCARAMELLA DA SILVA

REPENSANDO O ESPORTE NA ESCOLA E DA ESCOLA

Produção Didático - Pedagógica apresentado


ao Programa de Desenvolvimento Educacional
Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Regina Ferreira
da Costa

UNIÃO DA VITORIA
2008
UNIDADE DIDÁTICA

REPENSANDO O ESPORTE NA ESCOLA E DA ESCOLA

Anna Karina Scaramella da Silva

Apresentação

Inicialmente, é de fundamental importância entender que o esporte é uma


prática corporal construída socialmente onde reflete a cultura capitalista. Portanto, é
necessário pensar sobre o tratamento pedagógico dado ao esporte, ampliando as
discussões e possibilidades, problematizando-o como fenômeno sociocultural, na
tentativa de diminuir ou até eliminar a resistência de alguns professores/as através
da conscientização com relação à diferenciação do esporte na escola e esporte da
escola.

Esporte fenômeno social

Atualmente o esporte é o conteúdo mais utilizado nas aulas de Educação


Física, sendo inclusive, identificado pelos alunos/as como sinônimo de Educação
Física. Entendo também que o esporte é um fenômeno social complexo, com
inúmeras facetas, e a questão principal é a forma inadequada de como este
conteúdo é tratado na escola.
A crítica se dirige ao esporte que reproduz a ideologia capitalista, onde
valores como ganhar, fracassar, selecionar, são vistos como naturais, além do que,
desenvolve valores conformistas de respeito às regras. Desse modo, passa uma
mensagem onde todos/as têm oportunidade de vencer através do esforço pessoal,
não ocorrendo qualquer forma de questionamento. Infelizmente esse conteúdo ainda
é reproduzido no contexto escolar, envolvendo quase que exclusivamente, a técnica
dos gestos esportivos que visam o rendimento máximo.
Cabe ressaltar que o esporte precisa ser tratado de forma ampla, como
fenômeno cultural socialmente construído, que reproduz de modo eficaz os valores
da sociedade onde está inserido, como também influencia diretamente a vida social.
A aceitação do esporte como fenômeno social complexo pela escola se faz
necessária, desde que possibilite questionamentos, permitindo assim, uma
reavaliação para discussão e ampliação dos conteúdos relativos ao esporte da
escola, proporcionando uma desmistificação, já que o esporte é conteúdo de fácil
abordagem devido ao seu alcance.
No que concerne ao trato pedagógico do esporte, Valter Bracht (2000, p.16)
assinala que não se trata de negá-lo:

Ao contrário, se pretendemos modificá-lo é preciso


exatamente o oposto, é preciso tratá-lo pedagogicamente. É claro
que, quando se adota uma perspectiva pedagógica crítica, este tratá-
lo pedagogicamente será diferente do trato pedagógico dado ao
esporte a partir de uma perspectiva conservadora de educação.

Portanto, é necessário compreender que o conteúdo esporte na escola tem


que se dar a partir de um significado de valores que o legitimem como um bem
social, buscando no esporte valores que tratem do respeito ao ser humano, a
solidariedade, e a coletividade. Mas, para isso é preciso modificar suas regras,
elaborando então, o esporte da escola.

Esporte e suas possibilidades metodológicas

É importante que professores/as conheçam e invistam numa pedagogia do


esporte onde este não seja tratado como um fim em si mesmo, que o fundamental é
ensinar o esporte porque é um fenômeno globalizado. Na realidade, como
formadores/as devemos buscar compreender quais são as influências e quais os
interesses para os quais estamos direcionando tais práticas. Vale assinalar que no
esporte escolar os interesses devem ser educativos, de formação de alunos/as.
Para trabalhar nesta perspectiva, professores/as enfrentarão desafios,
abordando questões como: esporte espetáculo, competição, cooperação, relação de
gênero, consumo de drogas, mídia, violência, preconceitos, etc.
Cabe dizer que esta discussão existe há muito tempo entre os professores/as
de Educação Física, e na maioria das vezes, permanece um abismo entre a teoria e
a prática pedagógica. O fenômeno esporte deve ser trabalhado de maneira que
possa ser justificado pela amplitude de suas possibilidades pedagógicas e
metodológicas. Ensinar esporte na escola ultrapassa seus fundamentos, técnicas e
táticas, pois inclui também os valores que resultam em atitudes e relações entre
os/as participantes.
A relação entre teoria e prática pedagógica não pode ser aquela em que a
teoria determina como será a prática. Cabe lembrar que a prática é complexa,
singular e desse modo depende do contexto. De fato a teoria pode orientar o
trabalho docente, mas não pode determiná-lo. Na realidade a teoria e prática são
constitutivas e também é possível questionar a teoria através da prática.
Mauro Betti (2005) afirma que a teoria é vista como reveladora de várias
alternativas e pela análise e diálogo com a situação. Assim contribui para fazer
avançar o conhecimento sobre a validade de cada uma delas, e são geradas
relações de interrogações mútuas entre teoria e prática, em decorrência de ambas
se transformarem.
Com isso surge a necessidade de ampliar as reflexões referentes a uma
pedagogia do esporte, com técnicas e táticas utilizadas apenas como um meio para
a formação dos/as alunos/as, incluindo questionamento de valores como a seleção
dos melhores, a exclusão, a eficiência e a eficácia, etc. Já que o esporte é um
conteúdo que deve visar o sentido formativo de alunos/as, devemos respeitar nas
aulas de Educação Física a diversidade do grupo de alunos/as quanto às suas
habilidades, interesses e expectativas.
Cabe assinalar que a Educação Física tem possibilidade dentro do currículo
escolar devido a amplitude de abordagens que podem ser biológica, antropológica,
sociológica, psicológica, filosófica, política e corporal. Como manifestação humana a
Educação Física assume caráter multidisciplinar e o conteúdo esporte é um entre os
conteúdos a ser trabalhado. Este é um tema polêmico de onde partimos e aonde
queremos chegar com nossa prática pedagógica.
Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008, p.31)

A atuação do professor de Educação Física tem sua


importância no sentido de aprofundar a abordagem dos conteúdos,
considerando as questões veiculadas pela mídia em sua prática
pedagógica, de modo a possibilitar ao aluno discussão e reflexão
sobre questões como: a supervalorização de modismo, estética,
beleza, saúde, consumo; os extremos sobre questão salarial dos
atletas; os extremos dos padrões de vida dos atletas; o preconceito e
a exclusão; a ética que permeia os esportes de alto nível, entre outros
aspectos que são ditados pela mídia.
A mídia exerce grande influência sobre o esporte que é praticado na escola,
distorcendo e padronizando o modelo de esporte e de quem pratica. Diante disso,
como professores/as devemos trabalhar as aulas de Educação Física com
criticidade, para que não seja reproduzida principalmente no que diz respeito a
violência e ao consumismo exagerado. Para Assis (2001, p 91) “O esporte, que tem
origem nos jogos produzidos pelo povo, retorna ao povo como espetáculo para
consumo.”
O esporte é um fenômeno cultural de influência sobre os jovens, também
invade o campo pedagógico, no caso vai diretamente ao esporte, construindo sua
própria identidade de consumo.
É possível constatar que, atualmente, as mídias, especialmente a televisão,
(mais popular entre nossos/as alunos/as) assumem o papel de protagonista na
difusão dos interesses de determinados grupos sociais, aparece como a única
maneira de se divulgar a verdade, atuam como transmissores de comportamentos e
valores da cultura esportiva dominante, seja nas reportagens ou simplesmente nas
propagandas comerciais, negando as diversas formas de manifestações das
práticas corporais.
Assinalo que o esporte pode ser um bom exemplo para questionar: porque o
futebol masculino é amplamente transmitido pelos meios de comunicação? A que
interesses estão relacionados? Porque nas camisas dos jogadores e nos estádios
têm várias marcas como patrocinadoras? Porque determinados jogos não são
transmitidos em canal aberto? Porque determinadas emissoras tem direitos de
transmissão de jogos, olimpíadas e etc.?
Os principais meios de comunicação de massa apresentam de modo seletivo
e elitista a cultura esportiva dominante, reforçando aspectos como a aquisição de
habilidades de alto nível, a especialização e recompensas, tornando-os naturais e
normais para os praticantes, ou seja, oferecendo-os como a única possibilidade de
fazer e pensar o esporte. Com o apelo financeiro da mídia, algumas modalidades
esportivas renderam-se à cultura dominante. Subordinaram suas regras e suas
tradições históricas em troca de uma nova fonte de recursos financeiros obtidos pela
transmissão dos campeonatos, muitas vezes, com vistas à própria sobrevivência do
esporte profissional. O voleibol, por exemplo, alterou a forma de contagem dos
pontos, incluiu a função do líbero, deixou à disposição da TV a definição dos
horários das partidas de acordo com a grade de programação. Enfim, tudo isso para
se adaptar aos mandos da transmissão televisiva e seus patrocinadores.
Entre os conteúdos mais trabalhados nas aulas de Educação Física, o futebol
é o seu maior representante, e na maioria dos casos é pouquíssimo aproveitado na
sua amplitude, pois sua prática está restrita a racionalidade instrumental, limitando
desse modo, seu valor pedagógico. Neste caso, há a necessidade de proporcionar
aos alunos/as a reflexão sobre o futebol nos diferentes contextos em que se
apresenta, seja de lazer ou de rendimento buscando ampliar o entendimento de sua
prática cultural.
Cabe salientar, que o futebol pode ser praticado de várias formas. É
importante orientar as práticas educativas despertando a ludicidade e a criticidade
através do diálogo relacionando com as vivências dos/as alunos/as com relação ao
futebol.

É necessário explorar algumas temáticas veiculadas pela mídia,


principalmente, aquelas que formam identidades e disfarçam atos preconceituosos.

Ilustração: Camila Scaramella da Silva


ATIVIDADES

Inicie perguntando aos/as alunos/as qual é o futebol que eles conhecem.

1ª Fase

Jogo pré-desportivo: Futebol de mãos dadas:

A dinâmica do jogo é a mesma do futebol,

• Realizado em duplas, de mãos dadas,


• As mãos não podem ser soltas, ocasionando a perda da posse de bola,
• As duplas têm responsabilidade de atacar, quando de posse da bola ou
defender se estiver sem a posse
• Será praticado em meia quadra com um só goleiro para as duplas
• Dependendo da faixa etária ou quanto ao número de alunos/as poderá ser
feita a variação com trios ou quartetos, ou na quadra inteira com dois
goleiros,
• Observe se há exclusão e incentive modificações para que todos/as
participem.
• Estimule a criação de variações e adaptações de novas regras assim como
a discussão.

2ª Fase

Fale sobre a história do futebol no Brasil, propondo uma discussão sobre os


diferentes aspectos:

• futebol como área predominantemente masculina;


• formação de ídolos, mitos e heróis;
• torcidas organizadas de futebol;
• gestão do futebol brasileiro;
• exacerbação do nacionalismo proposto pelo futebol;
• discriminação racial;
• deficientes físicos;
• a violência nos estádios de futebol, entre outras temáticas possíveis.

3ª Fase

Os/as alunos/as deverão fazer entrevistas com mães ou avós, para saber sobre o
futebol feminino, como era praticado, depois comente com seus/as alunos/as sobre
as respostas.

A diversidade no tocante a educação nos permite perceber, reconhecer e


valorizar as diferenças, referente à raça/etnia, religião, gênero/sexualidade, biótipo e
habilidade, oportunizando a aprendizagem respeitando as diferenças, sempre
valorizando a convivência e a aprendizagem compartilhada, diversificando as
metodologias de ensino. Para tanto enfrentaremos os preconceitos e aí como
docentes formadores, cabe a nós desconstruir tais preconceitos.
Nas aulas de Educação Física alunos/as ficam expostos/as diante dos/as
professores/as e colegas, conseqüentemente observados/as, avaliados/as através
das diversas expressões corporais e potencialidades.
De modo geral, nas aulas de Educação Física e nas aulas livres evidenciam-
se a divisão de meninos e meninas, onde na maioria das vezes os/as alunos/as
escolhem as atividades que vão realizar e estas se resumem em futebol para os
meninos e vôlei para as meninas. Assinalo que quando nos reportamos ao conceito
de gênero e esporte, vale recordar que gênero é a construção social e histórica da
feminilidade e masculinidade que se dá de modo plural de acordo com a sociedade
em que vivemos e com o momento histórico. Também é importante considerar que o
esporte é genereficado, isto é, institue diferenças entre homens e mulheres,
evidenciando a relação de poder entre os sexos. Não ocorre a articulação e sim as
exclusões com reforço das desigualdades impossibilitando a relação saudável entre
meninos e meninas. Isto não quer dizer que não podemos trabalhar com o conteúdo
esporte. Cabe ressaltar que os/as alunos/as devem vivenciar o esporte
regulamentado e compreender tal contexto. Mas, no contexto escolar, deveríamos
trabalhar com o esporte da escola.
Esportes competitivos, de contato, conseqüentemente agressivos e violentos,
são considerados exemplos de virilidade e força, destinado aos meninos, o que
afasta a maioria das meninas da sua prática. Mas, as meninas não são as únicas
excluídas, isto também acontece com os meninos que não correspondem ao
modelo. O inverso também ocorre quando homens praticam esportes geralmente
ditos femininos.
Quanto à participação de mulheres, Eustáquia Souza; Helena Altmann (1999,
p58) ressaltam,

Entretanto, não se pode considerar que, pelo fato de homens e


mulheres praticarem os mesmos esportes, estes tenham deixado de
ser genereficados. Basta uma análise mais cuidadosa do noticiário
para verificarmos que eles continuam, de maneira geral,
estreitamente ligados à imagem masculina: destacam-se a beleza dos
atletas, suas qualidades femininas, sempre frisando que são atletas,
mas continuam mulheres.

Para Tarcísio Vago (1996, p 13) “... cabe a escola especificamente a Educação
Física oferecer a sociedade outras possibilidades de esporte, produzindo novos
conhecimentos sobre o esporte colocando-o a disposição da sociedade,
diferentemente de ser apenas um lugar de transmissão de conhecimento já pronto.”
Aliado a reprodução que envolve o esporte, o que fica mais evidente é a
resistência dos professores/as à mudança, já que estas propostas não são tão
novas assim. Isso pode ser explicado pela formação tecnicista e pela vivência
esportiva anterior ao curso de formação.
Ressalto que não viso fazer criticas ao trabalho dos/as professores/as com
relação ao modo como o esporte é tratado na escola, mas lembrá-los do poder que
essa prática pedagógica tem no ambiente escolar. Com isso, saliento que o esporte
não desenvolve valores isoladamente, cabe ao professor/a investir tempo, esforço e
planejamento para que o esporte na escola assuma um caráter formativo e
pedagógico na formação de alunos/as críticos/as e participativos/as no processo de
aprendizagem.
O/a professor/a deve ser um transmissor de novos conhecimentos, sendo um
grande desafio para os profissionais de Educação Física que tem sob sua
responsabilidade a oportunidade de transformar conceitos sobre o esporte já
estabelecidos e enraizados nas aulas de Educação Física.
Infelizmente o que presenciamos na escola é a reprodução da instituição
esportiva formal, excessivamente técnica e mecânica, excludente, que enfatiza a
competição.
A competição está ligada diretamente ao esporte, não se pode excluir ou
ignorar a competição do processo pedagógico, pois é uma constante em nossa
sociedade, deve ser discutida e não abolida do processo educativo. Dependendo da
orientação pode ser um recurso didático. Contudo, devemos ser conscientes quando
optamos poresta prática nas aulas de Educação Física.
A proposta pedagógica deve conter elementos que a norteiem como: a
experiência corporal com o esporte, competição, cooperação, gênero/sexualidade,
raça/etnia, classe, diversidade, diferença, etc. de modo que todos/as se apropriem
das diferentes práticas corporais
Um recurso sugerido são os jogos cooperativos, já que estes apresentam uma
estrutura alternativa diferenciada dos jogos formais. Os/as alunos/as colaboram
entre si para que um objetivo comum seja alcançado, superando desafios em
conjunto, dividindo o sucesso e o fracasso. É evidente que nessa prática a
competição está presente, mas o que acontece aqui é que há um grupo que
participa.

Nos jogos cooperativos, joga-se para vencer o jogo, para superar desafios e
obstáculos, e não para vencer os outros. Joga-se com os outros e não contra os
outros.

ATIVIDADES
Jogo do Dragão
Material Necessário: Bolas
Objetivo: cuidado, respeito mútuo e coletividade.
Formação em círculo, em pé;
• Dentro do círculo dois/as alunos/as fazem o “corpo do dragão” (um/a é a
cabeça e outro/ é o rabo) e posicionam-se um/a na frente do/a outro/a, com
as mãos do/a aluno/a de trás, nos ombros ou na cintura do da frente, de
forma a ficarem ligados;
• Os/as outros/as alunos/as (em círculo) têm uma bola e o objetivo é acertar o
rabo do dragão;
• O grupo que estiver no círculo tem que trabalhar junto para que acertem o
“rabo do dragão”.
• Quem acertar o “rabo do dragão” vai para o lugar da cabeça , ou entra entre
o “rabo” e a “cabeça” e vai aumentando o corpo do “dragão” e
seqüentemente dificultando a mobilidade do mesmo
• Para terminar, abrir para sugestões e compartilhar sensações, idéias, etc...

OBS: Aos poucos o/a professor/a coloca um número maior de bolas no círculo
fazendo com que o desafio aumente.

Outro problema social evidenciado nas aulas de Educação Física é a


violência. Há uma relação da violência fora da escola que adentra os muros das
escolas, mas não podemos esquecer que a escola também produz formas violentas
de lidar com alunos/as.
A escola tem se tornado local de constantes manifestações de violência
desencadeadas por brigas, agressões físicas e verbais, discriminação social, sexual
e racial. E é a escola o local apropriado para ensinar questões referentes a violência,
contudo, é necessário a intervenção constante do/a professor/a para que a violência
não seja tratada como normal ou aceitável.
A violência entre as crianças e os adolescentes durante as aulas de
Educação Física são reproduções da violência presente na sociedade, além do que
a própria prática pode ser violenta para alunos/a, etc. A violência deve ser
compreendida na sua totalidade, não pode ser entendida como apenas algumas
ações isoladas dos/as alunos/as de outras ações sociais.
É importante a interrupção da aula quando ocorrer uma manifestação violenta
e promover a discussão, tomando como exemplo as próprias aulas de Educação
Física. Por exemplo: questionando qual o motivo da violência (física, verbal,
simbólica); aonde presenciam atos de violência, (casa, televisão, rua); o que pode
ser mudado para que não ocorra a violência; sugestão de alguma atividade que não
favoreça nenhum tipo de violência.
Lembre-se que as atividades competitivas acirram a rivalidade entre os/as
alunos/as.
ATIVIDADES
Futi-pano
Material: 2 bastões(cabo de vassoura), 2 cadeiras e 1 pano grande
• Duas equipes com o mesmo número de participantes, alunos/as sentados/as
em duas fileiras frente a frente, ficando uma em cada lado da quadra.
• Os alunos/as das duas equipes receberão um número, que deverá ser o
mesmo para cada equipe;
• O/a professor/a anunciará o número;
• Os/as alunos/as deverão disputar a posse do pano que deverá ser
empurrado com o auxílio de um bastão embaixo dos pés da cadeira do
adversário, que deverá estar posicionada em extremidades opostas,
representando uma trave;

Poderão ser feitas variações como utilizar mais de dois/as alunos/as ou usar
operações matemáticas para se chegar ao resultado que corresponde ao número
dos/as alunos/as.

Nesta perspectiva uma sugestão de recurso para as aulas de Educação


Física é pular corda, o “rope skipping” que como esporte passou a ter regras e
federação internacional. Uma das características deste esporte é a facilidade de sua
prática, pois não há restrições, além disso, pode ser usado qualquer tipo de corda,
tornando-o bastante acessível. Individualmente busca-se a superação dos próprios
obstáculos, e em grupo, procura-se enfatizar o trabalho em equipe. O/a docente
pode utilizar essa atividade ou outra aproveitando também para ensinar a seus
alunos/as algumas formas tradicionais de pular corda sem se prender em regras do
esporte.
Ilustração: Camila Scaramella da Silva

ATIVIDADES
PULAR CORDA
Objetivos: promover a vivência de pular corda. Esta atividade se justifica também
como uma interessante e divertida forma de cultivo e valorização da cultura lúdica,
com a possibilidade de relação entre alunos/as na vivência das atividades e com a
experimentação das atividades propostas em contexto individual e ao mesmo tempo
coletivo e principalmente sem a competição exagerada.
Material: corda de sisal de 3 a 5 metros.
• Dois alunos/as batem a corda, o restante da turma vai tentar ultrapassá-la
sem encostar na corda – um a um;
• Depois os alunos passam aos pares;
• Aumenta-se a velocidade da corda;
• Os/as alunos/as passam aos pares, depois aos trios e quartetos, de mãos
dadas.

Dicas Importantes:
• Cada aluno deve ultrapassar a corda respeitando seu tempo individual,
deixando-a bater tantas vezes quantas forem necessárias até que se sinta
seguro;
• A corda não deve ser enrolada nas mãos das crianças que estão batendo,
em caso de algum tropeço, a corda deve ser largada imediatamente a fim de
evitar maiores acidentes;
• Os/as batedores/as da corda devem sempre ser trocados regularmente;
• Antes de encerrar essa atividade, espere que todas as crianças tenham
êxito. Em todo grupo haverá aqueles/as que realizam as atividades com
maior ou menor facilidade.

Estratégias: É interessante que as atividades propostas anteriormente sejam feitas


com a corda girando no mesmo sentido. Depois, o/a professor/a pode repeti-las
com a corda no sentido oposto, o que obrigará os/as alunos/as a rever sua
estratégia para realizar os exercícios com sucesso. Não se esqueça: o/a professor/a
não deve dar soluções prontas para os/as alunos/as, mas fornecer pistas que levem
a soluções.

Pular corda: O jogo proposto a seguir já é um velho conhecido: cada aluno/a corre
em direção à corda, entra e pula algumas vezes antes de sair pelo lado oposto ao
da entrada. Caso algum/a aluno/a não se sinta seguro/a para executar a tarefa
completa num primeiro momento, é possível começar com os/as alunos/as pulando
sobre a corda esticada, passando de um lado para o outro.

Na medida em que os/as alunos/as adquirem segurança, o/a professor/a pode


sugerir novos desafios: entrar, pular três vezes e sair pelo lado oposto; um/a aluno/a
entra na corda e, enquanto pula; os/as dois/as pulam juntos algumas vezes e o/a
primeiro/a sai e o/a e segue; sugerir que seja feita em tempos determinados.

• O/a primeiro/a aluno/a entra, pula duas vezes e depois entra o segundo/a
aluno/a;
• Os/as aluno/as pulam juntos/as, sai o/a primeiro/a, fica o/a segundo/a e
terceiro e o/a aluno/a entra até que todos os/as alunos/as cumpram a
atividade;
• Dois alunos/as entram simultaneamente e pulam várias vezes;
• Saem pelo lado oposto ao da entrada;
• A seqüência é repetida depois com três ou quatro alunos, de mãos dadas,
com uma mão depois com as duas.

As variações das atividades tarefas que podem ser feitas é muito grande. É
importante deixar o grupo sugerir novas atividades como forma de motivação e
concentração.

Finalizando: Encerrando a aula com um último desafio. A cada batida da corda uma
criança deverá passar sob a mesma de cada vez, sem que haja batidas vazias,.
Para avaliar o êxito do grupo, todos os/as alunos/as devem passar pelo menos duas
vezes sem que ninguém toque na corda ou ocorram as batidas vazias. O aspecto
interessante desse exercício é a necessidade de maior organização do grupo, sem
que haja competição entre os/as alunos/as.

Para saber mais: http://www.pularcorda.com.br

SUGESTÕES DE FILMES
Driblando o Destino
Bend It Like Beckham – Inglaterra – 2002 – 112 min
O filme se passa em Hounslow, que fica a oeste de Londres e Hamburgo, onde
duas meninas de 18 anos que tem seus destinos cruzados pelo desejo de
participarem e praticarem futebol profissional. Entretanto, uma das meninas tem
uma família um tanto quanto tradicional e ortodoxa, não-ocidental.

Filhos do Paraíso
Bacheha-Ye Aseman – Irã -1997– 88 min
Um menino de 9 anos proveniente de uma família humilde e que vive com
seus pais e sua irmã. Um dia ele perde o único par de sapatos da irmã e, tentando
evitar a bronca dos pais, passa a dividir seu próprio par de sapatos com ela, com
ambos revezando-o. Enquanto isso, o menino sem perceber treina para obter uma
boa colocação em uma corrida que será realizada, pois precisa da quantia dada
como prêmio para comprar um novo par de sapatos para a irmã.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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pedagógica. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. 252 p.

BRACHT, Valter. Esporte na escola e esporte de rendimento. Revista Movimento,


Porto Alegre, v. 06, n. 12, p. XIV-XXIV, 2000.

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DIRETRIZES CURRICULARES DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA OS ANOS FINAIS


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2008. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/
File/livro_e_diretrizes/diretrizes/diretrizeseducacaofisica72008.pdf.>. Acesso em
01/08/2008

KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. 6. ed. Ijui: Editora


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expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos.
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TABORDA DE OLIVEIRA, Marcus A. Existe espaço para o ensino de Educação


Física na escola básica? Revista Discorpo, São Paulo, v. 9, p. 28-44, 1999.

VAGO, Tarcísio. M. Esporte da escola, esporte na escola: da negação radical à


tensão permanente - um diálogo com Valter Bracht. Revista Movimento, Porto
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TORRI, Danielle; ALBINO, Beatriz Staimbach; VAZ, Alexandre. F. Sacrifícios,
sonhos, indústria cultural: retratos da educação do corpo no esporte escolar.
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