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Formação de Israel
1.-INTRODUÇÃO :
É difícil recorrer aos textos bíblicos para descobrir as origens do povo de Israel. O
acontecimento,isto é: a ORIGEM DE ISRAEL, está 3 a 4 séculos separado da escrita dos textos
E neste tempo muitos acréscimos e exclusões foram feitos. 1300 - 1200
-----------------------------------1000 Acontecimentos
Escrita
No AT predomina a linguagem narrativa: nela se conta uma história. O texto bíblico chega até nós,
porque foi muitas vezes contado, citado, celebrado, escrito e copiado. Os textos emergem de um
processo de transmissão: São marcos de releituras e atualizações. Dentro de sua caraterística, muito
bem podem ser valorizados como documentos históricos, sempre levando em conta o processo da
escrita. Os textos bíblicos da formação de Israel são mais um testemunho de fé e só indiretamente
tem valor de documentos históricos.
2.- LOCAL
1.- A TERRA DE ISRAEL.( Canaã, Palestina)
A história de Israel se desenvolve numa terra específica.Tem as marcas de sua localização
geográfica.
A região onde se formou o Povo de Israel, até o século 13 a.C.,era chamada de CANAÃ. No tempo
de FORMAÇÃO do Povo de Israel passou a ser chamada TERRA DE ISRAEL.
Terra de Isreal será o nome dessa região até o século 1º a.C.,quando com a dominação romana
passará a ser chamada de PALESTINA.
Por um lado, a terra de Israel está limitada pelo mar Mediterrâneo e pelo outro lado pelo deserto da
Arábia. É parte daquela estreita faixa litorânea, na qual a vegetação depende das chuvas trazidas
desde o mar.Esta faixa litorânea fértil compreende mais ou menos 120 km de largura.
Por ouro lado, a Terra de Israel situa-se entre dois grandes sistemas fluviais: entre o Rio NILO
(Egito) e EUFRATES \ TIGRE (Mesopotâmia). Junto a esses rios caudalosos a vegetação é
viçosa.O verão é seco e o inverno é chuvoso.
Na terra de Israel não só a chuva traz umidade à terra. Nesta região cabe papel importante ao
orvalho. O orvalho traz alguma umidade no verão seco e viabiliza assim alguma vegetação em
regiões áridas. A maioria dos rios, riachos não existem durante o ano todo.
O Povo de Israel (os Hebreus) está em busca de uma terra onde corre "Leite e mel" (Ex 3,8; Dt
26,9;) -"Leite" pressupõe a criação de animais, provavelmente cabras e ovelhas - "Mel" vem da
palavra "melado"que é preparado de uvas, figos e outras frutas.- A Bíblia fundamentalmente foi
escrita no campo, na roça.
3. ORIGENS.
Israel surge em Canaã. Israel se constitui sob as condições do feudalismo cananeu.
Primeiro:
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O Pentateuco (Os primeiros cinco livros da Bíblia) afirmam que a origem do povo de Israel se deu
no Egito.
Ex 1,9 fala do "povo dos filhos de Israel". No "credo" de Dt 26,5 – 10 é afirmado que no Egito os
descendentes dos arameus prestes a perecer se tornaram "um povo grande, forte e numeroso". Na
libertação da opressão os israelitas viam a sua origem. (Idem Dt 6,20 - 25;)
Segundo:
Nas últimas décadas, a pesquisa bíblica e histórica, frequentemente tem derivado Israel da
imigração de semi-nômades.
1. Situação em Canaã durante o Império Novo do Egito
Israel se forma numa terra de longa história.- Em 1580 a.C. começa o Império Novo no Egito. É
neste período que o Egito estende seu domínio sobre cada vez mais terras. O rei Egtmoses III
(1468 - 1436) em nada menos de 17 campanhas militares consegue fazer Canaã sua colônia. Isso
durará até 1200 a.C.
Ao controlar a rota comercial, o Egito domina as "cidades-estados"(pequenos reinados) que
existiam em Canaã. Os" reizinhos " destas cidades continuam, mas dominados e controlados pelo
Egito. O Egito garante a segurança aos reis cananeus e estes passam a representar os interesses do
Egito e devem pagar tributos ao Egito.
(Hoje: Estados Unidos e os presidentes das nações da América Latina !!)
Os camponeses das aldeias ao redor das cidades-estados passam a pagar um duplo tributo:
Um tributo para o reizinho da cidade e outro para o Egito.
As cidades ( cidades-estados):
A existência das cidades não é um fenômeno novo na época do surgimento de Israel.
Por exemplo: JERICÖ já estava habitada no 6º milênio a.C. OS HICZOS haviam dado forte
impulso de urbanização.Tais cidades serviam para a defesa. Em geral havia um duplo cinturão de
proteção o muro, preferencialmente com um só portão de entrada e o BURGO uma parte
especialmente fortificada em torno do Palácio do rei e do templo.
O tamanho de tais cidades não era muito expressivo: Por exemplo: HAZOR 1100 x 650 metros;
MEGIDO 300 x 225m; JERUSALEM 400 x 100 metros.
As aldeias não tinham muros, nem burgo. Situavam-se ao redor das cidades, dentro do território de
influência e domínio da cidade-estado. A relação entre a cidade e as aldeias era de DEPENDÊNCIA
DO CAMPO.
Situação do CAMPO
Por um lado a posse e o controle das terras passa a se concentrar na sede da cidade, diversificando a
população campesina quanto a sua condição social: "homens-livres", meeiros, gente livre sem terra,
servos, escravos, hapirú, etc.
Por outro lado é acentuada a expoliação da força de trabalho do camponês:
- Saques regulares por parte das incursões egípcias
- Tributação dos produtos
- Corvéia - obrigação dos camponeses trabalharem gratuitamente para o estado na construção
da cidade.
Situação na cidade:
Inicialmente o exército profissional ligado ao rei trocava seu serviço de proteção pela produção de
alimentos. Mas, a força das armas somada ao progresso de desnível da distribuição dos bens
produzidos foi possibilitando que os Senhores citadinos se avantajassem sobre o camponeses,
aumentando seus tributos e sua participação na renda. A denominação citadina era efetivamente
assegurada por uma casta de profissionais das armas, os marianus. São os herdeiros das
modernizações introduzidas pelos hiczos: Carros de guerra com rodas protegidas por bronze e
puxados por cavalos, couraça de bronze para os combatentes. São os cavalheiros da corte -
parecidos com os militares de hoje. Fazem parte dos setores dominantes e ao mesmo tempo os
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defendem.
A denominação citadina era ideologicamente assegurada pelo sacerdócio, os templos, a religião. Os
símbolos e os ritos explicavam o mundo presente como mundo divino e eterno, consequentemente
imutável.
Ao rei estava assegurada uma posição destacada no culto.Ele era o sacerdote. Além desta função
simbólica e ideológica, o templo também tinha função decisiva na arrecadação do tributo. O Estado
arrecadava seus tributos através dos santuários, ritualizando e sacralizando a entrega dos tributos e
dízimos nas festas da colheita. (Na história do Brasil a Igreja teve o mesmo papel). Entre os faraós
do Egito e os reis cananeus não havia nenhuma contradição decisiva. A opressão é a glória de
ambos.
- Influências para a formação do povo de Israel pelo ano de 1200 a.C.:
- Fim da colonização egípcia em Canaã. Os filisteus (povo vindo do mar) impedem que o Egito
continue dominando em Canaã.
- Fraqueza militar do Egito leva as cidades-estados de Canaã brigarem entre si. Tais brigas
custam dinheiro e exigem soldados. Consequência: Aumento dos tributos e falta de mão de obra na
produção na roça.Aumenta a opressão.
- Aumenta a importância social dos HAPIRÚ que escapavam do controle tanto dos egípcios como
das cidades-estados.
Nos textos de Amarna aparecem os hapirús como bandos armados que ora saqueavam o território
das cidades, ora se faziam contratar por uma cidade para combater outra. A partir dos seus refúgios,
no mato ou nas estepes, tinham seus interesses próprios. A resistência constante contra os egípcios
não provinha da cidade, mas do campo e em especial dos Hapirús. Portanto, na cidade - estado
cananéia de planície, o conflito social opõe campo x cidade, vila x burgo, camponês X cavalheiro.
A cidade expolia a roça e controla a terra. Designamos este sistema de FEUDALISMO
CANANEU.
É nesta situação que se forma o povo de Israel. O Povo de Deus se organiza em meio ao processo
de fragmentação do Feudalismo cananeu em torno de 1200 a.C.
(BRASIL: Quilombo dos Palmares no século 16 -17; Canudos e Contestado séc.19 - 20).
3. Os grupos Abrâmicos.
Os grupos abrâmicos pertencem aos primeiros que no decorrer do 2º. milênio resistiram ao
feudalismo cananeu.
As histórias de Abraão, Isaque e Jacó se desenvolvem na estepe. Os patriarcas são personagens
históricos. Sua especialidade era criar gado pequeno (cabras e ovelhas) nas estepes por eles
habitados. O nomadismo das estepes está sujeito às condições climáticas. O período de chuvas
coincide com o inverno e o de extrema escassez de chuva com o verão. Durante o período de
chuvas há pasto e água à vontade no cinturão das estepes. (Cinturão das estepes é uma faixa de 15
km de largura). Na seca do verão a falta de pasto e água exigem uma aproximação dos pastores dos
poços e das terras cultiváveis. Este contínuo processo migratório, decorrente do clima, chamamos
de TRANSUMÂNCIA
Para solucionar as dificuldades em períodos de estiagem prolongada e de falta de alimento não
basta recorrer às migrações usuais e sazonais.Torna-se necessário percorrer trajetos bem maiores. A
fome leva Abraão ao EGITO. Gn 12,10; Isaque a GERAR (Gn 26,1); Jacó ao Egito (Gn 41,53 ss).
Designamos tais deslocamentos através de grandes distâncias de TRANSMIGRAÇÕES.
Para os membros dos grupos abrâmicos a cidade é vista basicamente de modo negativo. Na cidade
nem mesmo se respeita o direito de hóspede, quanto menos se respeitam as mulheres (Gn 13,13).
Características dos grupos abrâmicos: -São semi-nomades
- Vivem no cinturão das estepes
- Fazem oposição às cidades.
- Não pagam tributos
- Instituição básica: A família ou Clã.
A família patriarcal aparece como auto-suficiente tanto econômica como juridica e religiosamente.
A promessa a Abraão: Terra cultivável e grande descendência. As funções sacerdotais são
realizadas pelos membros da família: Pelo patriarca (Gn 17,23); por mulheres (Gn 31,19 ss e Ex
4,24 ss).
Religião: Não são Javistas. Em Ex 6,2 – 3, Javé diz: "Eu não me dei a conhecer a Abraão, Isaque e
Jaco."
1. Experiência religiosa: É um Deus dos pés, Deus peregrino e não um Deus do templo. É um Deus
da companhia. Um Deus que não está dentro das pessoas, mas está na caminhada. Não é o altar o
lugar sagrado, mas é a caminhada que é sagrada. Erguem um altar onde chegam. Assim que partem
o altar perde sua função.
2. Experiência religiosa: É um Deus pessoal. Não se conhece esse Deus na fisionomia da natureza.
É um Deus de Abraão, Deus dos Pais. Deus se reconhece na fisionomia do fraco.
Gn 14,13- Abraão é chamado de Hapirú. Há uma identificação histórica e social entre os que fogem
para as montanhas e Abraão que veio da Mesopotâmia.
4.O grupo Mosaico.
O grupo mosaico contribui com a experiência histórica fundante de Israel: A libertação do Egito.
Os hebreus do Egito eram uma categoria social com raças muito diferentes. Ex 12 fala de "mistura
de raças". Eram gente deportada para o Egito: milhares e milhares de cananeus, semi-nômades
daquela área que migravam para o Egito por causa da seca. Os envolvidos no episódio de ÊXODO -
LIBERTAÇÃO foram Hebreus, setores marginalizados da sociedade egípcia, gente recrutada para
Corvéia. Eram trabalhadores forçados na construção dos celeiros de PITOM e RAMSES - obras de
interesse do Estado. A opressão e a libertação ocorreram no final do século 13 no governo de
RAMSSES II .
O nome de Moisés é egípcio e está inseparavelmente ligado aos eventos da saida. A bíblia conta que
Moisés foi educado no palácio do Faraó.A saida se deu em forma de fuga, envolvendo um pequeno
grupo de hebreus, entre 100 a 500 pessoas. Javé não era conhecido dos hebreus no Egito. Seu Deus
é o "Deus dos Hebreus", uma divindade com as características de um Deus paterno. O Êxodo do
grupo mosaico foi capaz de absorver os demais êxodos, por haver visto a derrota do exército do
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Faraó. Esses trabalhadores começam a se organizar em casa e não no serviço. As mulheres são as
primeiras que se revoltam. Isso leva a concluir que as mulheres iam junto com os maridos para
cuidar da alimentação aos maridos. Na história das parteiras e da mãe de Moisés a casa e a família
aparecem como ninho da revolução.
Em Ex 14 e 15 - os Hebreus fogem quando a administração está meio desorganizada. Na Bíblia
consta que foram perto de 600.000 pessoas. Este número é teologicamente importante, mas não é
número histórico. Estes 100 ou 500 fugitivos fogem e nem são percebidos. Só são percebidos no
estreito do lago sirbônico onde a areia do deserto e a água do mar se encontram. Os fugitivos à pé,
sem roupas pesadas passaram sem afundar.Ao passo que o exército afundou.Ex 14,25
As rodas dos carros emperravam. Pode-se levar em conta também a maré alta e baixa exatamente na
semana da lua cheia. Tem outra narração do vento e da vara de Moisés. A própria Bíblia já não sabe
bem como foi a história. Depois da derrota do exército os fugitivos foram pelo caminho mais rápido
até Canaã. E lá nas montanhas se ajuntam aos demais Hapirús. Eles trazem a experiência do Deus
Libertador (que os libertou do Egito).
5. O grupo Sinaítico.
Deste grupo sinaítico o povo de Israel herda o nome e o culto ao Deus JAVÉ .Javé ligado ao Sinai,
vulcão, tremor e fumaça e fogo. Culto a Javé é ligado a um fenômeno da natureza. O culto a Javé
provém do território Madianita ( JETRO,Sogro de Moisés).
Existem textos egípcios do século 15 que se referem ao culto de Javé. Portanto é um culto pré-
israelita. O povo de Israel adota este culto de um povo fora de Israel.-
Caraterísticas do culto a Javé:
-É um culto ao qual a gente vai.
-Um culto localizado junto a natureza.
- Não é um culto libertador, nem histórico.
Cultuavam Javé os semi-nômades do sul do mar morto, do território posteriormente edomita.
Estes semi-nômades vão à Canaã por causa da exploração e miséria em que vivem na área de
mineração. Estes javistas são bem vindos à terra de Israel como ferreiros que são. Chegam às
montanhas de Israel pelo ano 1200 e introduzem o uso de ferro. Deus Javé é um Deus ferreiro -
metalúrgico. O ferreiro é,em sua origem, um nômade que vai de aldeia em aldeia fazer os serviços.
Peculiar em Javé é a CRIAÇÃO e o CIÚME. Quer ser ÚNICO. Seu nome vai se revelando na
história.
6. RESUMO:
Grupo Que experiência de Deus De onde veio?
1.- Hapirú "EL" divindade cananéia Classes lascados camponeses de Canaã
2.- Abrâmico Deus dos pais, de Abraão, Isaque..... Pobres que vieram da Mesopotâmia
3.- Mosaico Deus Libertador da escravidão do Egito Hebreus vindos do Egito
4.- Sinaítico Javé - ligado à natureza Semi-nômades do Sul do mar morto.
Estes quatro grupos, vindos de lugares diferentes, mas de situações bastante semelhantes, se
refugiam nas montanhas de Canaã. Lá fazem reuniões como descreve a "Assembléia de Siquém".
Nestes encontros colocam em comum as diversas experiências de Deus. Fazem algo como uma
síntese de tudo, aproveitando o bom de cada grupo. Criam assim uma identidade religiosa que os
impulsionará até a guerrear e conquistar também as terras planas, as planícies de Canaã. Canaã será
a partir de então a terra Prometida que passa a ser chamada TERRA DE ISRAEL.
1ª Dinâmica de grupo para Leitura do texto e Plenário a partir das perguntas que seguem:
1.-Grupo: a)Como era a situação em Canaã durante o Império Novo do Egito?
b) Quais as influências para a formação do povo de Israel pelo ano de 1200 a.C.?
2.-Grupo: O grupo dos Hapirú
3.- Grupo: O Grupo abrâmico.
4.- Grupo: O Grupo Mosaico
5.- Grupo: O grupo sinaítico
Perguntas iguais para os grupos 2 a 5: a) De que viviam? b) Onde viviam?
c) Que tipo de conflito tinham? d) Quais as caraterísticas de seu Deus?
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Grupo 1: Texto: Ex 3, 7 - 12
a) Faça uma lista de todos os verbos que estão na 1ª pessoa singular e se referem a Deus neste
texto.
b) Que “rosto de Deus” aparece neste texto ? Ou: Deus quer ser o que para o seu povo ?
c) Deus quer libertar seu povo de que? - Deus quer libertar seu povo para que ? (Futuro )
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d) No texto Deus toma partido em favor de que grupo de pessoas e contra que grupo de pessoas ?
e) Hoje, o mesmo Deus, toma partido em favor de que grupo social e contra que grupo social ?
Grupo 2: (Alternativo)
Texto Ex 5,1 - 23; Situação de opressão e resistência dos trabalhadores escravos no Egito.
Perguntas: a)Que tipo de opressão os trabalhadores sofriam lá no Egito?
b) Como eles reagiam diante da opressão?
c) Hoje, que tipo de opressão os trabalhadores sofrem e como reagem?
Deus ?
2º No primeiro momento Josué não aceita esta decisão do povo. Por que ?
3º Hoje,quais seriam os "outros deuses "os "deuses estrangeiros" que os cristãos misturam
com sua fé em Jesus Cristo ? Como isto se manifesta na vida do maior povo católico do
mundo,que é o Brasil ?
4º Nossa decisão de ser cristãos tem algo a ver com nossa visão política ? O quê ?
5º A eleição tem algo a ver com nossa fé em Jesus Cristo, filho de "Javé"? O que quer
dizer :" Igreja não pode se meter em política " ?
PERGUNTAS:
1.- Qual o conflito central que aparece no texto ?
2.- Quais os grupos sociais que aparecem no texto ?
3.- Quem oprime e quem sofre a opressão ?
4.- De que lado o profeta se coloca ?
5.- Qual o projeto que o profeta defende ?