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Mestrado Profissional

em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - PROFÁGUA 2021


Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

ODS 6 – ÁGUA LIMPA E SANEAMENTO


Discentes: Aline Ferreira da Silva
Naiara da Silva Pitta
Rodrigo de Melo Campos

Docente: Rosa Maria Formiga Johnsson


OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um


apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o
meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos
os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes
são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão
contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030
no Brasil.

São 17 objetivos ambiciosos e interconectados que abordam


os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por
pessoas no Brasil e no mundo.
17 OBJETIVOS
OUTRAS METAS
DIFERENCIAL DO ODS COM OUTRAS METAS

ODM – Objetivos do Desenvolvimento do Milênio

Foram estabelecidos pelo Programa das Nações Unidas


para o Desenvolvimento (PNUD) em 2000, com 8 objetivos
a serem atingidos até 2015.

ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Em 2015, a ONU propôs aos líderes mundiais 17 Objetivos


de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para que,
coletivamente, a humanidade pudesse dissociar o
crescimento econômico da pobreza, da desigualdade e das
mudanças climáticas. Este último tópico é possível com as
construções sustentáveis.
ODM X ODS
ODS 6

O ODS 6, ou Sustainable
Development Goal 6 (SDG 6) em
Inglês, composto por 8 metas, que
visam “Assegurar a
disponibilidade e gestão
sustentável da água e saneamento
para todas e todos”, trata de
saneamento e recursos hídricos
em uma perspectiva integrada.
Permite avaliar o cenário de cada
país quanto à disponibilidade de
recursos hídricos, demandas e
usos da água para as atividades
humanas, ações de conservação
dos ecossistemas aquáticos,
redução de desperdícios e acesso
ao abastecimento de água,
esgotamento sanitário e
tratamento dos esgotos.
RELATÓRIO ODS 6 NO BRASIL: VISÃO DA ANA SOBRE
OS INDICADORES
A Agência Nacional de Águas (ANA) é
a instituição central no Brasil
responsável pela gestão de recursos
hídricos. A ANA efetua o
acompanhamento sistemático e
periódico da condição dos recursos
hídricos e de sua gestão no País.

Neste documento, a ANA apresenta a


sua contribuição ao processo de
monitoramento das 8 metas do ODS 6,
com base em informações produzidas
e sistematizadas para cálculo dos
indicadores, em parceria com diversas
instituições.
ODS 6
As metas foram agrupadas na publicação da ANA em três
grandes eixos temáticos

• ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO


• QUALIDADE E QUANTIDADE DE ÁGUA; E
• GESTÃO: SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOS
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO
SANITÁRIO
No âmbito do eixo temático Abastecimento de Água e Esgotamento
Sanitário encontram-se duas metas do ODS 6, ambas dirigidas à
universalização dos serviços de abastecimento de água potável e
esgotamento sanitário, as quais são monitoradas por 2 indicadores:

Metas Indicadores
6.1 – Até 2030, alcançar acesso universal Indicador 6.1.1 - Proporção da
e equitativo à água para consumo População que Utiliza Serviços de
humano, segura e acessível para todas e Água Potável Geridos de Forma
todos Segura
6.2 – Até 2030, alcançar o acesso a
Indicador 6.2.1 - Proporção da
saneamento e higiene adequados e
População que Utiliza Serviços de
equitativos para todos e acabar com a
Esgotamento Sanitário Geridos de
defecação a céu aberto, com especial
Forma Segura, Incluindo Instalações
atenção para as necessidades das
para Lavar as Mãos com Água e
mulheres e meninas e daqueles em
Sabão.
situação de vulnerabilidade.
META 6.1 – INDICADOR 6.1.1

Conceituação: O indicador visa quantificar a parcela da população


de um país que utiliza serviços de água potável geridos de forma
segura, e que está disponível sempre que necessário, livre de
contaminação fecal e de substâncias químicas perigosas prioritárias.
Os padrões utilizados como referência são associados à água
canalizada para uso nas habitações ou terrenos; torneiras públicas;
poços rasos ou tubulares; nascentes protegidas e águas da chuva.
Dessa forma, o indicador incorpora três aspectos: disponibilidade da
água sempre que necessário, acessibilidade pela população e
qualidade da água utilizada.
META 6.1 – INDICADOR 6.1.1

Metodologia - Para o cálculo do indicador 6.1.1, foram utilizados


dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios – PNAD
(de 2009 a 2015), considerando a população urbana e rural
residente em domicílios abastecidos pela rede geral e outras formas,
e da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua
(2016 e 2017), considerando os domicílios com canalização interna,
abastecidos pela rede geral de distribuição e outras formas, como
poço profundo ou artesiano, poço raso, freático ou cacimba, fonte ou
nascente e outras formas de abastecimento.
META 6.1 – INDICADOR 6.1.1
META 6.1 – INDICADOR 6.1.1
META 6.1 – INDICADOR 6.1.1
META 6.1 – INDICADOR 6.1.1
META 6.2 – INDICADOR 6.2.1

A Meta 6.2 do ODS 6 visa à universalização da coleta e tratamento


de esgotos dos países até 2030. É monitorada pelo Indicador 6.2.1:
Proporção da População que Utiliza Serviços de Esgotamento
Sanitário Geridos de Forma Segura, Incluindo Instalações para Lavar
as Mãos com Água e Sabão.

Conceituação: O indicador mensura a parcela da população que


utiliza serviços de esgotamento sanitário e de instalações sanitárias
com critérios adequados de segurança quanto aos hábitos de
higiene.
META 6.2 – INDICADOR 6.2.1
META 6.2 – INDICADOR 6.2.1
META 6.2 – INDICADOR 6.2.1
META 6.2 – INDICADOR 6.2.1
RELATÓRIO DE CONJUNTURA 2020

Atualização dos indicadores com dados até 2018


QUALIDADE E QUANTIDADE DE ÁGUA

Metas Indicadores
6.3 - Melhorar a qualidade da água nos
corpos hídricos, reduzindo a poluição, Indicador 6.3.1 - Proporção de Águas
eliminando despejos e minimizando o Residuais Tratadas de Forma Segura
lançamento de materiais e substâncias
perigosas, reduzindo pela metade a
proporção do lançamento de efluentes Indicador 6.3.2 - Proporção de
não tratados e aumentando Corpos Hídricos com Boa Qualidade
substancialmente o reciclo e reuso seguro da Água
localmente
6.4 - Aumentar substancialmente a Indicador 6.4.1 - Alterações na
eficiência do uso da água em todos os Eficiência do Uso da Água
setores, assegurando retiradas
sustentáveis e o abastecimento de água Indicador 6.4.2 - Nível de Stress
doce para reduzir substancialmente o Hídrico: Proporção entre a Retirada
número de pessoas que sofrem com a de Água Doce e o Total dos Recursos
escassez de Água Doce Disponíveis do País
META 6.3 - INDICADOR 6.3.1 – ÁGUAS RESIDUAIS

São todas as águas • Domésticas


Águas descartadas que resultam • Industriais
da utilização para • Infiltração
residuais
diversos processos • Urbanas

Importante: Todos os tipos de águas residuais devem ser


tratadas antes do descarte nos corpos hídricos

Objetivo central: quantificar a parcela em volume dos esgotos


gerados que são tratados.

Subdivisão ONU: águas residuais de origem doméstica e o de origem


industrial.

Porém, o Brasil não apresenta dados sistematizados do tratamento


de efluentes industriais, impossibilitando a inclusão dessa parcela no
cálculo do indicador.
META 6.3 - INDICADOR 6.3.1 – ÁGUAS RESIDUAIS

Metodologia

SNIS (Sistema PNAD (Pesquisa


Nacional de Nacional por
Informações sobre Amostra de
Saneamento) Domicílios)

Companhias estaduais, Tratamento de fossas


empresas e autarquias sépticas não conectadas
municipais, empresas à rede pública de
privadas, prefeituras esgotos

Atividades urbanas, Abrange áreas rurais


comerciais e uma que não são
parcela industrial que contempladas com
esteja em área urbana coleta de esgoto
META 6.3 - INDICADOR 6.3.1 – ÁGUAS RESIDUAIS
Para atingir a meta
de reduzir pela
metade os esgotos
não tratados, o
indicador 6.3.1
precisa passar de
50% em 2016 para
75% até 2030;

O Atlas Esgoto
estimou a
necessidade de
investimento em
tratamento no
valor de 50 bilhões
até 2035 para
universalização do
esgoto.
META 6.3 - INDICADOR 6.3.1 – ÁGUAS RESIDUAIS
Considerações

• O indicador 6.3.1 revelou uma deficiência de dados que não


é muito discutida e que é fundamental para sua
determinação, que são os dados de efluentes industriais
tratados.

• De acordo com o que foi estabelecido pela ONU, o indicador


6.3.1 deveria monitorar de forma individualizada esgotos
de origem doméstica e industrial. No entanto no Brasil é
feito um único indicador que engloba áreas urbanas e
rurais.

• Ao invés de ter subgrupos dos indicadores como esgoto


urbano e industrial, não seria melhor esgoto urbano e
rural?
META 6.3 - INDICADOR 6.3.2 – QUALIDADE DOS
CORPOS HÍDRICOS
Objetivo central: quantificar a porcentagem de corpos d’água de um
país, incluindo rios, reservatórios e águas subterrâneas, com boa
qualidade da água.
Qualidade que não
Boa prejudique a função do
qualidade ecossistema e a saúde
humana

Fonte de dados: Banco de dados de monitoramento Qualitativo


da ANA, que incluem as estações de monitoramento administradas
pela ANA e as estações das Unidades Federativas.
META 6.3 - INDICADOR 6.3.1 – ÁGUAS RESIDUAIS
Metodologia

Análise dos dados de monitoramento qualitativo de rios e


reservatórios da Rede Nacional (ANA+UFs)

Comparação dos resultados dos principais parâmetros de


qualidade com os limites de referência para classe 2 da
CONAMA 357/2005

Verificação do percentual de atendimento aos limites de


referência, que deverá se maior ou igual a 80%

Relação entre o número de rios e reservatórios


catalogados e os que apresentaram boa qualidade,
estabelecendo o percentual do indicador
META 6.3 - INDICADOR 6.3.2 – QUALIDADE DOS CORPOS
HÍDRICOS
Parâmetro Limites de referência (Classe 2)

Oxigênio dissolvido > 5 mg/L

Condutividade elétrica < 782 µS/cm*

pH 6,0 a 9,0

< 3,7 mg/L p/ pH ≤ 7,5;


< 2,0 mg/L para pH entre 7,5 e 8,0;
Nitrogênio Amoniacal
< 1,0 mg/L para pH entre 8,0 e 8,5;
< 0,5 mg/L para pH > 8,5.
< 0,030 mg/L para ambientes
Fósforo Total lênticos (reservatórios);
< 0,10 mg/L para ambientes lóticos
* Não preconizado pela CONAMA 357
META 6.3 - INDICADOR 6.3.2 – QUALIDADE DOS CORPOS
HÍDRICOS

• O percentual de corpos d’água considerados como de boa


qualidade em 2015 foi de 69%, representando uma evolução
de apenas 6% ao longo de 5 anos de monitoramento.
META 6.3 - INDICADOR 6.3.2 – QUALIDADE DOS CORPOS
HÍDRICOS
Devido à grande
diversidade natural
do Brasil, a qualidade
das águas varia muito
de uma para outra
Região Hidrográfica,
acompanhando as
variações climáticas e
também a
sazonalidade de
fenômenos naturais
decorrentes dos
pulsos de vazões dos
cursos d’água nos
períodos de cheias e
vazantes.
META 6.3 - INDICADOR 6.3.2 – QUALIDADE DOS CORPOS
HÍDRICOS
Gargalos do indicador 6.3.2

• A densidade de pontos de monitoramento existentes, a quantidade de


dados registrados e a variabilidade da incidência de precipitações
interferem consideravelmente no valores do indicador 6.3.2;

• Diversidade natural do Brasil ao longo das Regiões Hidrográficas


interferem no valor do indicador, como por exemplo a decoada no
Pantanal e os tipos de água da Amazônia;

• Bacias densamente ocupadas e antropizadas X bacias com baixo


ocupação;

• Ausência de consolidação das Redes de Monitoramento. Em 2015, havia


mais de 2.700 pontos de monitoramento em operação em 17 UFs, ainda
não vinculados à Rede Hidrometeorológica Nacional;

• Ausência da avaliação sobre a qualidade das águas subterrâneas.


META 6.3 - INDICADOR 6.3.2 – QUALIDADE DOS CORPOS
HÍDRICOS
Considerações

• Um único valor do Indicador 6.3.2 para o País não representa a


realidade do território nacional, sendo importante identificar as
Regiões Hidrográficas que mais demandam intervenções para
melhoria da qualidade das águas e, dentro delas, as bacias mais
críticas, tendo em vista a distribuição espacial heterogênea da
população e das atividades econômicas e a ainda insuficiente
cobertura dos serviços de coleta e tratamento de esgotos das
áreas urbanas;

• O RIMAS, desenvolvido pela CPRM, vem se desenvolvendo e


poderá ser integrado à rede nacional de monitoramento;

• A ANA articula com o Ministério da Saúde a utilização dos dados


de qualidade da água bruta que são inseridos no SISAGUA, que
são os dados de água para consumo humano.
META 6.4 - INDICADOR 6.4.1 – EFICIÊNCIA DO USO DA
ÁGUA
Objetivo central: O indicador visa, em síntese, avaliar a
eficiência do uso dos recursos hídricos dos seguintes setores da
economia: agricultura irrigada, indústria e serviços.

Metodologia: É mensurado pela relação entre o valor


adicionado bruto (VAB) e o volume da demanda hídrica de
retirada, para agropecuária, indústria e serviços, ao longo do
tempo. É apresentado em R$/m³ e US$/m³.

O que é o VAB? É o valor da “produção sem duplicações”. É obtido


descontando-se do Valor Bruto de Produção (VBP) o valor dos
insumos utilizados no processo produtivo.

Fonte de dados: ANA e IBGE


META 6.4 - INDICADOR 6.4.1 – EFICIÊNCIA DO USO DA
ÁGUA

No período de 2010 a 2015 verificou-se uma eficiência média crescente do uso


da água nas atividades econômicas, variando de 74,71 R$/m³ em 2010 a 76,45
R$/m³ em 2015, com média de 76,23 R$/m³ no período.
META 6.4 - INDICADOR 6.4.1 – EFICIÊNCIA DO USO DA
ÁGUA
META 6.4 - INDICADOR 6.4.1 – EFICIÊNCIA DO USO DA
ÁGUA
Razões da redução da
eficiência: queda do
crescimento econômico
nos últimos anos ou de
alterações na participação
das diferentes atividades
econômicas no total do
País.

Razões da melhoria da
eficiência: otimização dos
métodos de irrigação, reuso de
água pelas industrias, cobrança
pelo uso, escassez hídrica e
consequentemente mudança
dos hábitos da população
META 6.4 - INDICADOR 6.4.1 – EFICIÊNCIA DO USO DA
ÁGUA
Considerações

• O Brasil é um dos países de maior disponibilidade de água


doce do mundo, porém essa água não está bem distribuída,
concentrando 80% na região amazônica;

• A distribuição da população também é muito desigual ao


longo do país. As área mais ocupadas não são as áreas com
mais oferta de água;

• Ressalta-se que os diferentes usos da água possuem


características distintas e intrínsecas, não sendo possível
comparar a eficiência de um setor econômico com a de outro.
Mais uma vez fica evidente a dificuldade de se estabelecer um
único indicador que represente a realidade do país.
META 6.4 - INDICADOR 6.4.2 – STRESS HÍDRICO
Objetivo central: Analisar a proporção entre a retirada de água
doce e o total dos recursos de água doce disponíveis do País para
todas as finalidades de uso, assim como da vazão ecológica. Em
síntese, realiza um balanço hídrico entre as ofertas e demandas.

Fonte de dados: ANA - Série Histórica de demandas por


finalidade de uso e Série de vazões médias de longo termo obtida
do relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos.

Metodologia:

𝐷𝑡
𝑆ℎ =
(𝐸𝑟ℎ − 𝑄𝑒𝑐𝑜)

Sh = Nível de stress hídrico, dado em %


Dt = Demandas hídricas de retirada totais, em m3 /s;
Erh = Estoque total de águas doces do país, incluindo águas superficiais e subterrâneas e entradas
de águas de outros países, em m³/s;
Qeco = Vazão ecológica, em m3 /s.
META 6.4 - INDICADOR 6.4.2 – STRESS HÍDRICO

O crescimento da demanda hídrica em função do


desenvolvimento do país contribui para o stress hídricos,
embora o nível de stress hídrico do Brasil seja sempre muito
satisfatório (segundo a ONU abaixo de 10%), variando de
2006 para 2016, de 1,29% a 1,57%.
META 6.4 - INDICADOR 6.4.2 – STRESS HÍDRICO

As Regiões mais
críticas são a RH
Atlântico Nordeste
Oriental, inserida
no Semiárido
brasileiro, e a RH
Atlântico Sul, em
que é expressiva a
retirada de água
para irrigação de
grandes lavouras
de arroz pelo
método de
inundação
META 6.4 - INDICADOR 6.4.2 – STRESS HÍDRICO
Considerações
• A irrigação apresenta a maior demanda, com média anual de 46,2% do total
(969 m³/s, em 2015), com uma estimativa de aumento em 38% num período
de 15 anos.

• O Nordeste concentra, proporcionalmente, mais cidades que necessitam de


novos mananciais devido à baixa disponibilidade hídrica da região,
principalmente no Semiárido. Já no Sudeste, essa necessidade é decorrente
das elevadas concentrações populacionais urbanas.

• Medidas importantes para melhorar o stress hídrico: reuso de efluentes


tratados, o estabelecimento de usos prioritários para outorga, a definição de
áreas de restrição de usos, adoção de outorgas coletivas em bacias críticas e
diretrizes para a alocação e entrega de água em bacias hidrográficas e em
reservatórios do País.

• Devido às grandes diferenças que caracterizam o território nacional, um valor


único do Indicador 6.4.2 para o Brasil não reflete as especificidades de todas
as suas 12 Regiões Hidrográficas.
META 6.4 - INDICADOR 6.4.2 – STRESS HÍDRICO
Panorama Mundial
RELATÓRIO DE CONJUNTURA 2020

Atualização dos indicadores com dados até 2018

2016 2021
50% 51,9%
69% 77,5%
23 U$/m³ 22,6 U$/m³
1,57% 1,76%
GESTÃO: SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOS

As inúmeras questões que envolvem as disponibilidades de água e


as demandas hídricas e seus rebatimentos nos serviços de
saneamento requerem uma gestão eficiente, suportada por
governança adequada, o que depende de uma sólida base de
articulação interinstitucional, que exige discussões permanentes e
um olhar abrangente no sentido da identificação de objetivos e
metas comuns.

Para monitorar as quatro metas enquadradas no eixo de Gestão:


Saneamento e Recursos Hídricos foram estabelecidos cinco
indicadores pela ANA
GESTÃO: SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOS
Metas Indicadores
Indicador 6.5.1: Grau de Implementação da
Gestão Integrada de Recursos Hídricos
6.5 - Até 2030, implementar a gestão integrada
dos recursos hídricos em todos os níveis de Indicador 6.5.2: Proporção de Bacias
governo, inclusive via cooperação transfronteiriças Hidrográficas e Aquíferos Transfronteiriços
Abrangidos por um Acordo Operacional de
Cooperação em Matéria de Recursos Hídricos
6.6 - Até 2030, proteger e restaurar ecossistemas
relacionados com a água, incluindo montanhas, Indicador 6.6.1: Alteração dos Ecossistemas
florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos, Aquáticos ao Longo do Tempo
reduzindo os impactos da ação humana.
6A - Até 2030, ampliar a cooperação internacional
e o apoio ao desenvolvimento de capacidades para
os países em desenvolvimento em atividades e Indicador 6.a.1 - Montante de ajuda oficial ao
programas relacionados a água e ao saneamento, desenvolvimento na área da água e
incluindo, entre outros, a gestão de recursos saneamento, inserida num plano
hídricos, a coleta de água, a dessalinização, a governamental de despesa
eficiência no uso da água, o tratamento de
efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reuso.
Indicador 6.b.1: Proporção de Unidades
6B - Apoiar e fortalecer a participação das Administrativas Locais com Políticas e
comunidades locais, priorizando o controle social Procedimentos Estabelecidos Visando à
para melhorar a gestão da água e do saneamento. Participação Local na Gestão da Água e
Saneamento
META 6.5
INDICADOR 6.5.1 – IMPLEMENTAÇÃO DA GIRH

Indicador 6.5.1 - Grau de Implementação da Gestão Integrada


de Recursos Hídricos

Conceituação: A Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH) é


definida como um processo que promova o desenvolvimento
coordenado e o gerenciamento da água, da terra e recursos
relacionados, a fim de maximizar o bem-estar econômico e social de
forma equitativa, sem comprometer a sustentabilidade dos
ecossistemas vitais, levando em consideração os aspectos
hidrológicos e técnicos, bem como os aspectos socioeconômicos e as
dimensões política e ambiental.
INDICADOR 6.5.1 – Implementação da GIRH

O indicador visa identificar o grau da implementação da GIRH em


um país, incluindo os seguintes itens:

- Ambiência favorável à GIRH;


- Instrumentos de gestão e monitoramento para apoio ao processo
decisório no âmbito da GIRH;
- Financiamento para a GIRH.

O relatório enquadra nesse indicador a estruturação da Política


Nacional de Recursos Hídricos como norteadora da GIRH no Brasil,
atribui à criação da ANA o início das experiências da GIRH no país e
coloca os Relatórios Conjuntura da ANA anuais como o espaço de
avaliação e divulgação das ações implementadas.
INDICADOR 6.5.1 – Implementação da GIRH
INDICADOR 6.5.2 – ACORDOS OPERACIONAIS DE
COOPERAÇÃO
Indicador 6.5.2: Proporção de Bacias Hidrográficas e Aquíferos
Transfronteiriços Abrangidos por um Acordo Operacional de
Cooperação em Matéria de Recursos Hídricos.

Conceituação: Este indicador avalia a proporção de bacias


hidrográficas e aquíferos transfronteiriços do país dotada de
acordos de cooperação técnica internacionais para a gestão dos
recursos hídricos.
INDICADOR 6.5.2 – ACORDOS OPERACIONAIS DE
COOPERAÇÃO
Para as bacias hidrográficas transfronteiriças a maior parte da área
já é coberta por acordos operacionais, enquanto que para os
aquíferos apenas o Guarani possui um tratado com os demais
países, sendo para o quesito das águas subterrâneas onde o país
deve avançar mais.
INDICADOR 6.5.2 – ACORDOS OPERACIONAIS DE
COOPERAÇÃO
META 6.6
INDICADOR 6.6.1 – ALTERAÇÃO DOS ESCOSSISTEMAS
AQUÁTICOS
Indicador 6.6.1: Alteração dos Ecossistemas Aquáticos ao Longo do
Tempo.

Conceituação: O indicador visa rastrear alterações nos ecossistemas


aquáticos ao longo do tempo – pântanos, turfeiras, manguezais, rios,
planícies de inundação e estuários, lagos e reservatórios naturais e
artificias e aquíferos –, considerando os seguintes subcomponentes:
extensão espacial; quantidade de água; qualidade da água (associada ao
indicador 6.3.2); e “saúde” dos ecossistemas.

O cálculo do indicador é vinculado ao indicador 6.3.2 quanto à qualidade da


água. A fonte de dados para a quantidade de água é a ANA/Hidroweb e para a
extensão dos ecossistemas aquáticos pelo MapBiomas.
INDICADOR 6.6.1 – ALTERAÇÃO DOS ESCOSSISTEMAS
AQUÁTICOS
META 6.a
INDICADOR 6.a.1 – MONTANTE DE AJUDA OFICIAL
Indicador 6.a.1 - Montante de ajuda oficial ao desenvolvimento
na área da água e saneamento, inserida num plano
governamental de despesa.

Conceituação: Este indicador avalia a proporção de recursos


provenientes de ajuda oficial ao desenvolvimento (ODA - Oficial
Development Assistance) relacionados a recursos hídricos e
saneamento que é incluída em orçamento pelo governo e indica o
alinhamento e a cooperação entre os países doadores e receptores.
INDICADOR 6.a.1 – MONTANTE DE AJUDA OFICIAL
META 6.b
INDICADOR 6.b.1 – UNIDADES ADMINISTRATIVAS
COM POLÍTICAS LOCAIS
Indicador 6.b.1: Proporção de Unidades Administrativas Locais com
Políticas e Procedimentos Estabelecidos Visando à Participação
Local na Gestão da Água e Saneamento.

Conceituação: O indicador avalia a porcentagem de unidades


administrativas locais de um país que podem contribuir para a gestão da
água e do saneamento, mediante a participação local. “Unidades
administrativas locais” referem-se a municípios, subdistritos,
comunidades ou outros locais, abrangendo áreas urbanas e rurais, a
serem definidas pelo governo. Para cálculo do indicador, foram
considerados dois subcomponentes:

Para gestão dos recursos hídricos: representado pelos municípios


brasileiros inseridos em Comitês de Bacias Hidrográficas e em outras
entidades que atuam como Comitês.

Para a gestão do saneamento: representado pelos municípios com


Conselhos Municipais de Saneamento Básico.
INDICADOR 6.b.1 – UNIDADES ADMINISTRATIVAS
COM POLÍTICAS LOCAIS
INDICADOR 6.b.1 – UNIDADES ADMINISTRATIVAS
COM POLÍTICAS LOCAIS
RELATÓRIO DE CONJUNTURA 2020

Atualização dos indicadores com dados até 2018


RELATÓRIO LUZ DA ONU
O Retrato do Brasil em 2021: um país em Retrocesso Acelerado

O Relatório Luz é uma publicação


anual do Grupo de Trabalho da
Sociedade Civil para a Agenda 2030 -
GTSC A2030, que é uma coalizão que
atualmente reúne 57 organizações
não governamentais, movimentos
sociais, fóruns, redes, universidades,
fundações e federações brasileiras. O
GTSC A2030, com seu caráter
multidisciplinar, atua na difusão,
promoção e monitoramento da
implementação dos ODS no Brasil.
Ele contempla a análise de
especialistas nas áreas abrangidas nos
dezessete ODS e sua classificação de
metas é inspirada no Relatório do
Desenvolvimento Sustentável da
Fundação Bertelsmann.
RELATÓRIO LUZ DA ONU
O Retrato do Brasil em 2021: um país em Retrocesso Acelerado

O relatório apresentado em
2021 apresentou um
diagnóstico preocupante
para o Brasil, com 54% das
metas em retrocesso, 16%
estagnadas, 12,4%
ameaçadas, 7,7% em
progresso insuficiente e
8,9% que não dispõem de
informação.
RELATÓRIO LUZ DA ONU – SITUAÇÃO EM 2021
RELATÓRIO LUZ DA ONU
RECOMENDAÇÕES DO V RELATÓRIO LUZ PARA O ODS 6 NO BRASIL

1 - Garantir acesso a saneamento básico de qualidade e adaptado à


Diversidade social, ambiental e cultural e incluir o saneamento como
política pública prioritária.
2 - Superar as defasagens nos períodos das publicações dos dados de
saneamento e as inconsistências de metodologias da coleta para
monitorar áreas urbanas e rurais.
3 - Implementar uma estratégia nacional de segurança hídrica articulada
entre União, estados e municípios incorporando elementos de proteção e
fiscalização de mananciais e ecossistemas associados ao ciclo hidrológico.
4 - Garantir que todos os municípios tenham planos de mitigação e
adaptação aos impactos das mudanças climáticas.
5 - Aumentar os investimentos nos órgãos gestores de recursos hídricos
da União e dos estados e em instrumentos tecnológicos para o
monitoramento e fiscalização.
6 - Incorporar a universalização do saneamento básico e a gestão
sustentável das águas como estratégia central brasileira nas negociações
internacionais sobre mudanças climáticas.
CONCLUSÃO

A Agenda 2030 e os ODS são um importante esforço para se


materializar o futuro de um mundo mais sustentável, aprimorando o
caminho a ser seguido iniciado por trabalhos coletivos anteriores,
como a Agenda 21 e os ODM. Especificou quais as metas necessárias e
possibilitou que os governos juntamente com suas sociedades
definissem os próprios meios para que esse objetivo geral seja
alcançado em seus territórios.

No entanto, por ser um objetivo muito amplo e complexo, não há


obrigações e não vincula mais incisivamente as partes. Portanto, tende
a ter, sobretudo em países menos desenvolvidos, menos importância
ou mesmo serem ignorados pelas políticas públicas e iniciativas das
sociedades como um todo, com grandes possibilidades de
comprometer o alcance dos resultados desejados
CONCLUSÃO

No Brasil, o ODS 6 é relativamente bem abrangido pela legislação já


existente, a começar pela PNRH, e inúmeros outros instrumentos
legais, como planos, normas, e pela legislação de estados e municípios.
Há também um razoável espaço de gestão participativa, como os
conselhos de recursos hídricos e os comitês de bacia hidrográfica.

Contudo, o país é muito grande, e carece de verbas para os


investimentos necessários em infraestrutura de abastecimento e
saneamento e para a conservação e recuperação dos ecossistemas
associados aos corpos hídricos. Além disso, os órgãos púbicos não
contam com recursos humanos suficientes para implantar em sua
totalidade os programas de gestão, monitorar a qualidade e
quantidade da água e fazer a fiscalização para proteger os recursos
hídricos, prejudicando assim o cumprimento das metas estabelecidas.
CONCLUSÃO

- Aprimorar monitoramento das águas subterrâneas;


- Integrar diferentes bancos de dados de qualidade de água;
- Reduzir de perdas em sistemas de água seja para irrigação ou para
abastecimento público;
- Utilizar a “infraestrutura verde”, focando em obras de engenharia para a
oferta de água e incorporando ações de proteção e restauração de
ecossistemas;
- Aumentar a integração intersetorial para fortalecer a política de recursos
hídricos;
- Integrar de planos municipais com o Plano de Bacia;
- Aperfeiçoar a troca e sistematização de informações entre os países
vizinhos;
- Implementar indicadores de avaliação da governança da água.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional - Agência Nacional de


Águas (ANA). ODS 6 no Brasil: Visão da ANA sobre os indicadores. Brasília,
2019.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional - Agência Nacional de
Águas (ANA).Relatório de Conjuntura de Recursos Hídricos. Brasília, 2020.
GTSC A2030 – Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030. V
Relatório Luz da Sociedade Civil-Agenda 2030 de Desenvolvimento
Sustentável Brasil, 2021.
MODELLI, L. Brasil perdeu 15% dos seus recursos hídricos em 30 anos,
uma perda de quase o dobro da superfície de água de todo o Nordeste. G1,
São Paulo, 23 de ago. 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2021/08/23/brasil-perdeu-
15percent-dos-seus-recursos-hidricos-nos-ultimos-30-anos-uma-perda-
quase-o-dobro-da-superficie-de-agua-de-todo-o-nordeste.ghtml. Acesso
em: 25/10/2021

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