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LAUDO PERICIAL – IFSM Nº 022/2011

PROCESSO COPAM 718/2011

Empreendedor: Laticínios do IFSM – Campus de Inconfidentes -MG.


Empreendimento: fabricação de produtos de laticínios
Endereço: FAZENDA-ESCOLA : Rua Sargento Mor Toledo. Piza, s/nº
Município: Inconfidentes – MG.
Referência: Promotoria de Justiça de Ouro Fino - MG
Ofício nº 19/2011 de 28-5-2011

SUMÁRIO
1 – CONDIÇÕES PRELIMINARES ....................................................................................................... 1
2 – CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDIMENTO ............................................................................ 1
3 - ANÁLISE AMBIENTAL................................................................................................................... 2
3.1- Efluentes líquidos............................................................................................................................. 3
3.2 – Emissões atmosféricas .................................................................................................................... 4
3.3 – Resíduos sólidos ............................................................................................................................. 5
3.4 - Ruído .............................................................................................................................................. 5
4 - CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 6
5 - QUESITOS........................................................................................................................................ 6
5.1 – Quesitos do requerente.................................................................................................................... 6
5.2 – Quesitos do requerido ..................................................................................................................... 7
6 - ANEXO............................................................................................................................................. 9
6.1 – Croqui do empreendimento ............................................................................................................. 9
6.2 – Formulário de orçamento do laudo pericial.................................................................................... 10
6.3 – Fotos do empreendimento ............................................................................................................. 11

1 – CONDIÇÕES PRELIMINARES

A Promotoria de Justiça de Ouro Fino - MG, por meio do Ofício de N.º 19/2011,
requer a realização de perícia e elaboração de laudo pericial, referente ao Laticínio do IFSM,
localizado na Fazenda Escola, Rua Sargento Mor Toledo Piza, s/nº, em Inconfidentes, a fim
de se apurar a ocorrência de dano ambiental ocasionado pelo empreendimento. Em vista
disso embasa-se o presente laudo em vistoria realizada às instalações do empreendimento em
19-5-2011.

2 – CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDIMENTO

A Unidade de Produção do Laticínio do Instituto Federal do Sul de Minas-


Campus-Inconfidentes (Anexo), segundo a Deliberação Normativa nº 74/04, que tem a
função de regulamentar o licenciamento ambiental em Minas Gerais, aprovada pelo
Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM), se enquadra sendo de pequeno porte e
pequeno potencial poluidor.
O laticínio que se localiza na Fazenda Experimental do Instituto Federal do Sul
de Minas Gerais – Campus Inconfidentes (Anexo), é caracterizado pela produção de
derivados do leite e pelo processamento desses produtos, e tem como principal finalidade o
atendimento ao aspecto didático e, assim também à demanda do restaurante do IFSM (alunos
e servidores) da respectiva Instituição, onde sendo concluída essa função os produtos são
encaminhados para o posto de venda (COOPERATIVA).
Os cuidados com o manuseio, preparação, processamento e armazenamento das
matérias-primas beneficiadas e transformadas têm uma importância fundamental, uma vez
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que grandes partes destes materiais são facilmente degradáveis e necessitam de cuidados
sanitários especiais, onde possui somente o selo de inspeção municipal (SIM).
Os principais danos ambientais estão relacionados ao elevado consumo de água
(como insumo, processamento, limpeza, resfriamento, segurança, geração de vapor, etc.),
contaminação das águas devido à geração de efluentes, geração de poluentes atmosféricos e
de resíduos sólidos, além das alterações em relação ao uso do solo. Assim também, existem
os efluentes de origem doméstica (sanitária), denominadas águas servidas em pias, chuveiro,
sanitários, etc; que devem ter destino adequado, preferencialmente em rede pública de coleta
de esgoto.
A geração de resíduos depende fundamentalmente das matérias-primas e dos
processos de produção. Os resíduos podem ter origem nas diversas unidades, desde a
limpeza das edificações e de equipamentos, do processamento em si, das instalações
sanitárias, entre outras. Assim, esta geração e sua reciclagem ou tratamento merecem um
estudo detalhado, que também pode influenciar na localização da unidade de produção
(quando na APP).
A unidade de produção do Laticínio compreende de um grupo de colaboradores,
composta em média por 05 (cinco) alunos por dia. Uma técnica responsável pelo setor e
pelas atividades, um técnico em agroindústria, um operador de caldeira, e uma coordenadora
do setor de produção do laticínio.
É evidente a necessidade dentro do empreendimento as questões relacionadas a
qualidade do produto, do processo e dos equipamentos necessários para a realização do
mesmo. Dentro da unidade de produção pode-se deparar com vários problemas e falhas que
danificam a qualidade do produto final, não podendo se esquecer que um dos principais
requisitos de qualidade é referente a matéria – prima necessária para o processamento, onde
a produção dentro do empreendimento exige a matéria-prima com alto teor de qualidade.
O empreendimento processa diariamente uma média de 600 litros (L) de leite,
sendo sua capacidade máxima de 1.200 litros/dia, destinado à fabricação de queijos do tipo
minas frescal e ricota, além de outros produtos tais como iogurte, doces, mussarela e bebidas
lácteas. Cerca de 500 litros de leite é recebido diariamente em latões de 50 litros.
Emprega 05 (cinco) pessoas, durante sete dias na semana, de 8 às 16h45min,
responsáveis por uma produção diária de 100 kg de queijos.
A água utilizada pelo empreendimento é proveniente de rede tratada via
COPASA, localizado no município, porém, fora da área industrial de processamento. Não
foi apresentado o certificado de outorga de direito de uso de águas públicas estaduais,
emitido pelo do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM.

3 - ANÁLISE AMBIENTAL

A análise ambiental foi feita com base na verificação “in loco” das instalações
do empreendimento, sendo feita uma avaliação dos principais e possíveis agentes capazes de
impactar o meio ambiente: efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas.

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3.1- Efluentes líquidos

Para a determinação do nível de contaminação e padrão de qualidade das águas


superficiais tomou-se como base os parâmetros mostrados na nova Resolução CONAMA nº
357 de 17/03/2005, que estabelece a classificação das águas superficiais e limites máximos
de contaminantes para cada classe. Para as águas subterrâneas, utilizaram-se os padrões de
potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde.
Os efluentes líquidos dessa tipologia industrial são provenientes das operações
de limpeza, higienização de pisos, equipamentos, resíduos de leite e soro, que conferem a
estes características de elevada concentração de matéria orgânica.
No caso da indústria, os efluentes líquidos resultantes das operações de limpeza
de pisos, equipamentos e resíduos de leite estão sendo lançados in natura no rio Mogi
(Anexo), que dista aproximadamente em média de 200 metros dos fundos do respectivo
empreendimento.
O principal efeito adverso ao meio ambiente provém “parte” do lançamento
direto ou indireto desses efluentes no solo e/ou em corpos d’água, que resulta em alto
consumo de oxigênio dissolvido ali presente, necessário ao processo de estabilização
bioquímica da matéria orgânica. Assim, estes efluentes possuem alto nível de demanda
bioquímica e química de oxigênio (DBO e DQO), sólidos em suspensão e dissolvidos, óleos
e graxas e, conforme a matéria-prima e processo utilizado, a presença de “colibacilos”. No
entanto, pode haver outros contaminantes que dependem dos insumos utilizados, a exemplo
de resíduos de agrotóxicos, óleos complexos, compostos alcalinos e outras substâncias
orgânicas.
Para evitar que isso ocorra e visando à adequação do empreendimento às
exigências ambientais, é indispensável à implantação de um sistema de tratamento para os
efluentes líquidos (ETE).
As técnicas de tratamento para os efluentes dessa tipologia industrial já são
conhecidas e difundidas pela Engenharia Sanitária e Ambiental, e devem ser definidas por
um profissional habilitado.
No caso do soro, seu potencial poluidor é aproximadamente cem vezes maior
que o esgoto doméstico. Constitui prática incorreta e ilegal descartar o soro em qualquer
quantidade, direta ou indiretamente, tanto nos cursos d’água quanto em locais de maior
percolação que atinja o lençol freático, conforme artigo 2º da DN COPAM 41/2000.
Várias destinações podem ser dadas ao soro, a partir da sua segregação da linha
de efluentes líquidos, como por exemplo: utilização na alimentação animal ou como matéria-
prima na fabricação de bebidas lácteas e de lactose.
O empreendimento vem destinando o soro gerado aos agentes externos da
região, para alimentação animal (suínos).
Cabe esclarecer que, essa utilização deve ser sempre orientada por profissional
da especializado, como médicos veterinários, visto que os resultados podem não ser
desejáveis pela simples quantificação incorreta do volume a ser ofertado por animal/dia.

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3.2 – Emissões atmosféricas

Para a avaliação da qualidade do ar, foi utilizada a Resolução CONAMA nº 03


de 28/06/1990, que estabelece os Padrões da Qualidade do ar (padrões primários e
secundários). Para emissão de poluentes utilizou-se a Resolução SEMA nº 41 de 09/12/2002,
que estabelece os padrões de emissão, de condicionamento e metodologias para
determinação de emissões.
As unidades processadoras de leite geralmente utilizam em suas caldeiras lenha
como combustível. Neste caso deve ser avaliada a origem do material lenhoso quanto à sua
legalidade (autorização) ou Plano de manejo de rendimento sustentado, bem como a emissão
de poluentes na atmosfera, gerada pela queima da lenha.
As emissões atmosféricas nas pequenas e médias indústrias de laticínios
originam-se da queima de combustíveis nas caldeiras, que geram vapor utilizado para a
elevação da temperatura do leite e seus derivados.
Essas emissões são constituídas basicamente de poeiras e materiais particulados,
(MP), materiais pulverizados, dióxidos de enxofre (SO2 e SO3), óxidos de nitrogênio (NO e
NO2), hidrocarbonetos e monóxido de carbono (CO) e outros compostos orgânicos.
Nas caldeiras a óleo ou a lenha, as emissões de material particulado sólido ou
líquido dependem da composição do combustível e do projeto e condições de operação das
caldeiras. O projeto do forno e as condições operacionais são particularmente importantes
para a queima da madeira.
Conceitualmente, o material particulado é toda substância sólida ou líquida,
orgânica ou inorgânica, e apresenta uma granulometria que se inicia com alguns milésimos
de micrometros (1mm = 10 -6 m). O material que permanece em suspensão é chamado
aerossol e tem dimensões inferiores a 100 mm. Deste material, as partículas inaláveis, que
apresentam tamanhos inferiores a 10 µ podem causar danos ao homem. As partículas
menores que 5 µ atingem os brônquios e as inferiores a 1 µ conseguem chegar aos alvéolos
pulmonares, passando daí a corrente sanguínea.
Para o controle das emissões atmosféricas em pequenas caldeiras industriais, a
prática tem sido o uso de coletores mecânicos, como os ciclones ou multiciclones para a
coleta de partículas de gases, embora, na maioria dos casos, as caldeiras operem sem
nenhum equipamento de controle.
O empreendimento possui uma caldeira alimentada à lenha, com capacidade de
geração de vapor em média de 180 kg/hora, e não dispõe de sistema de controle para as
emissões atmosféricas (Anexo).
A empresa (laticínio) não possui o Certificado de Consumidor de Lenha emitido
de Instituto Estadual de Florestas – IEF.
No licenciamento ambiental, o empreendimento deverá apresentar laudo das
emissões atmosféricas da caldeira, visando verificar a necessidade de implantação de
sistemas de controle atmosférico e atendimento aos padrões de emissão especificados pela
Deliberação Normativa COPAM 011/86.

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3.3 – Resíduos sólidos

O armazenamento incorreto das matérias-primas e a eliminação e/ou disposição


dos resíduos sólidos podem contaminar o solo, as águas superficiais e subterrâneas e
degradar a vegetação.
Os resíduos sólidos gerados pelo empreendimento constituem-se basicamente em
restos de embalagens plásticas, papel, papelões e nas cinzas resultantes da queima de lenha
na caldeira (Anexo).
Os restos de embalagens plásticas, papel e papelão não são queimados nas
caldeiras. Cabe ressaltar que, a queima a céu aberto ou em caldeiras de materiais recicláveis
como o plástico, deve ser totalmente descartada, sob o risco de geração de compostos
tóxicos que poderiam comprometer a saúde dos empregados, gerar problemas na caldeira e
incomodar a vizinhança.
Os produtos não conforme, ou seja, fora do padrão podem ser doados aos agentes
externos (p. ex.pesqueiros) da região.
Cabe esclarecer que, a redução e o controle dos resíduos sólidos é a primeira das
medidas a ser adotada na redução de resíduos. A idéia básica é “não gerar” o resíduo, pois a
partir do momento que é gerado, uma destinação correta deve ser dada a ele, implicando em
custos.
Uma vez que a maioria dos resíduos das indústrias de laticínios é potencialmente
de materiais recicláveis (plásticos, papéis, papelões, etc), é recomendável a adoção da
reciclagem. O armazenamento dos resíduos deve ser realizado de maneira correta, pois
depende da quantidade desses materiais que ficarão estocados durante um determinado
período. Isso pode ser feito em tambores separados, um para cada tipo de resíduo (plásticos,
papeis e papelões, etc). Alem disso é recomendável que o material estocado esteja em local
fechado, livre de intempéries, bem como distante da matéria-prima e dos produtos fabricados
pela empresa para evitar contaminação.
Posteriormente, após a implantação da Estação de Tratamento de Efluentes
Líquidos – ETE neste empreendimento, deverá ser dada destinação ambientalmente correta o
lodo biológico e gorduras a serem gerados.
“Em 4-5-2011, o empreendimento foi autuado por meio do Auto de Infração N.º
1.495/2011, por operar atividade efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do
meio ambiente sem a Licença de Operação, emitida pelo COPAM ou seus órgãos seccionais
de apoio, tendo sido constatada a existência de poluição ambiental, pelo fato do lançamento
(em parte) de forma in natura de efluentes líquidos industriais no rio Mogi. O processo
aguarda julgamento”.

3.4 - Ruído

Não foi percebido, no dia da vistoria, ruído significativo no entorno do


empreendimento, decorrente de sua atividade. Esclarece o signatário que tal observação foi
feita “sem” a utilização de equipamentos de medição.

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4 - CONCLUSÃO

No que se refere ao meio ambiente, o empreendimento está irregular perante à


FEAM/COPAM, tendo em vista estar operando sem licença ambiental e ainda lança partes
de seus efluentes líquidos industriais e sanitários in natura no rio Mogi, certamente acima
dos padrões de lançamentos especificados pela Deliberação Normativa COPAM 010/86.
Com relação às emissões atmosféricas da caldeira e à destinação dos resíduos
sólidos, necessitará de adequações, visando o enquadramento ao estabelecido na legislação
em vigor.
Além disso, é necessário que o empreendimento regularize a forma de uso da
água, no caso de captação da mesma de qualquer nascente no entorno do empreendimento
perante o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, tendo em vista não poderá fazer o
uso da mesma sem possuir o certificado de outorga de direito de uso de águas públicas
estaduais.
“Cabe esclarecer que, o empreendimento foi convocado ao licenciamento
ambiental, no dia da vistoria, sendo entregue o Formulário de Caracterização do
Empreendimento Integrado – FCEI, solicitando providências imediatas”.
Em 24-5-2011, foi protocolado FCEI pelo empreendedor e emitido o Formulário
de Orientação Básica Integrado – FOBI, sobre o licenciamento ambiental, contendo a relação
da documentação necessária à formalização do processo de licenciamento ambiental, com
concessão de prazo de 180 dias para a sua formalização.
Ressalta-se que na formalização do processo de licenciamento junto à
FEAM/COPAM é exigido das empresas a apresentação de Relatório de Controle Ambiental
- RCA e Plano de Controle Ambiental - PCA, documentos esses que devem ser elaborados
por consultoria especializada, consistindo nos projetos de sistemas de controle
ambiental/disposição final dos efluentes líquidos, resíduos sólidos e laudo de emissões
atmosféricas geradas pelo empreendimento, visando verificar o atendimento aos padrões
estabelecidos pela legislação em vigor.
As licenças ambientais podem ou não apresentar condicionantes, o que
dependerá das propostas dos sistemas de controle ambiental a serem apresentadas pelo
empreendedor, no documento intitulado Plano de Controle Ambiental - PCA. Deverá ser
apresentado ainda neste documento o cronograma para a implantação dos projetos propostos,
os quais geralmente tornam-se as condicionantes das licenças.

5 - QUESITOS
5.1 – Quesitos do requerente
1) Qual a localização (inclusive geográfica e cartográfica) da
área?
R - O empreendimento supracitado está situado no município de Inconfidentes-MG a
45º19`01,2”(S) de latitude, e 46º 19`40,8” (W) de longitude e 869 metros de altitude, onde o
clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Cas-23, tropical úmido, com
duas estações definidas: chuvosa (outubro/março)e seca (abril/outubro), onde a temperatura
média é de 23ºC com precipitação pluviométrica média anual de 1500 mm.

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2) Quais os tipos de microorganismos presentes neste efluente?


Há algum tipo de organismo patogênico existente no efluente
sanitário?
R - Em conformidade à investigação na área periciada a predominância é de coliformes
fecais, uma vez que existe a descarga do efluente sanitário no leito do Rio Mogi de forma
direta e contínua.

3) Quais são os fenômenos físicos-químicos que ocorrem


promovendo a eutrofização e formação dos odores que causam
incômodos para o(s) reclamante(s)? Descreva-os.
R - A descarga de efluente industrial no Rio Mogia provoca a eutrofização, aumentando
assim as concentrações de DBO e DQO e redução do Oxigênio Dissolvido,
consequentemente alterando o pH do meio e a biodiversidade aquática necessária para a
estabilização e condições naturais de sobrevida deste respectivo meio.

4) Os danos ambientais provocados pela empresa são passíveis de


mitigação? Em caso afirmativo, apresentar as medidas técnicas
que possibilitam.
R - Sim, são passiveis de ações mitigatórias tais como: implantação de estação de tratamento
de efluentes, implantação de fitorremediadores de resíduos líquidos, redução de água nos
processos produtivos, redução de desperdícios de matérias-primas e produtos manufaturados
e utilização de política reversa no processo produtivo do laticínio.

5) A empresa dispõe das licenças prévias, de instalação e de


funcionamento, obedecendo toda a seqüência cronológica (e
não apenas pró-forma) para funcionamento da Estação de
Tratamento de Efluentes e para as lagoas que se localizam mais
afastadas?
R - Não, a empresa deverá requisitar do órgão competente (FEAM/COPAM) a respectiva
licença de operação, mesmo sendo um empreendimento consolidado e que devido a DN-74
esteja classificado como empreendimento de pequeno porte e pequeno poder poluidor. Para
este fim, basta-se somente o RCA (Relatório de controle ambiental) ou PCA (Programa de
controle ambiental) em função da magnitude poluidora do respectivo empreendimento.

5.2 – Quesitos do requerido


1) Os danos alegados pelo requerente e vistoriados por V. Sª são
preexistentes ao início da constatação dos respectivos danos
ambientais?
R - Sim, pois há constatação de que uma relativa parte dos efluentes do processo produtivo
são expostos ao meio ambiente, causando alteração do mesmo de forma negativa. Assim
também, existem fortes evidências de que materiais residuais da caldeira e de resíduos
sólidos diversos são expostos de forma contínua ao meio ambiente, gerando dessa forma, um
impacto aos seus agentes estruturantes.

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2) Em que pode e de que modo o processo produtivo do requerido


influenciou para o dano?
R - O dano ambiental no leito do manancial do Rio Mogi, acompanhado por inferências no
solo no entorno do empreendimento pela presença de efluentes, gases e resíduos sólidos são
devido ao fato da inexistência de procedimentos de controle normativo e de padrão, onde o
processo produtivo não detém de nenhuma forma de gerenciamento efetivo.

3) Em caso afirmativo do quesito anterior, qual ou quais as


medidas a serem tomadas para a solução do problema?
R – De acordo com as evidências, torna-se necessário a implantação de sistema de gestão
ambiental (ISO 14.001:2004), associada a um controle de qualidade desde à aquisição de
matéria-prima até ao produto final manufaturado, possibilitando assim, mecanismos de
controle para qualquer procedimento produtivo.

4) Pela localização do empreendimento, poderia o mesmo


provocar dano ambiental que atingisse a requerente?
R – Sim, pois conforme o observado o âmbito dos efeitos dos impactos negativos causados
pelo efluente líquido, pelas emissões da caldeira e pelos resíduos sólidos nesta área que é
uma área de preservação permanente (APP), caracteriza por uma abrangência de forma
crescente conforme o processo produtivo, ao tipo de matéria-prima e ao procedimento
operacional, uma vez que existe um expressivo turnorver contínuo no respectivo
empreendimento para os diversos processos produtivos.

5) Os padrões vistoriados por V. Sª não atendem às exigências dos


órgãos regulatórios do município e do Estado? Quais as
intervenções necessárias para a reparação dos danos ambientais
causados? Especificar.
R – De acordo com os padrões analisados (DBO, DQO, Oxigênio dissolvido, Coliforme
totais) não poderei informar quais foram os índices atingidos pelos mesmos, uma vez que
necessita de avaliar o resultado laboratorial. No entanto, pelas condições evidenciadas a
priori, são sugestivas da possibilidade dos níveis alcançarem valores toleráveis, no entanto,
deverá observar se os mesmos são permissíveis pelos órgãos regulatórios (FEAM). E, para
que ocorra a adequação dos mesmos, torna-se necessário alinhar às exigências estabelecidas
quando do licenciamento ambiental e que devem entrar em contato com a SUPRAM.

Inconfidentes, 14 de maio de 2011.

Éder Clementino dos Santos


Biólogo e Gestor Ambiental
CRB 13806-4 – 4ª Região
Técnico IFSM
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6 - ANEXO
6.1 – Croqui do empreendimento

Figura 1 – Laticínio do IFSM – Campus de Inconfidentes-MG

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6.2 – Formulário de orçamento do laudo pericial

FORMULÁRIO PARA CÁLCULO DE DESPESA

DOCUMENTO ELABORADO Data Número


Laudo Pericial 14-7-2011 178 / 2011
REQUERENTE

ÓRGÃO : A Promotoria de Justiça de Ouro Fino - MG.

OFÍCIO : 19/2011 DATA: 28-4-2011

PROTOCOLO URC/COPAM SUL Nº 045/2011 DATA: 03-5-2011

OBJETO DA PERÍCIA/ANÁLISE :
Instalações do laticínio localizado no município de Inconfidentes para verificação da situação
ambiental.
PERITO(S)
NOME DO SERVIDOR HABILITAÇÃO HORA
TRABALHADA (h)
Éder Clementino dos Santos / Consultor Biólogo/Gestor 05
FUNDEP – IFSM Ambiental

CUSTO
ITEM QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
(UN) (R$) (R$)
Hora técnica (h) 5 257,00 1.285,00

Viagem de vistoria (d) 1,5 200,00 300,00

Hora administrativa (h) 3 15,00 45,00

Outros serviços:

Análise DBO, DQO 10 30,00 300,00

Análise Oxigênio dissolvido 10 15,00 150,00

Coliformes fecais 10 20,00 200,00

TOTAL 2.280,00
Divisão: DIALE/IFSM
Gerente: Dr. José Geraldo Aguiar da Silva
Assinatura: Data: 28/05/2011

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6.3 – Fotos do empreendimento

Fonte: Santos, 2011


Fonte: Santos, 2011 Foto 2 – Protótipo para tratamento do efluente
Foto 1 – Empreendimento (laticínio) do IFSM (soro de leite) do Empreendimento (laticínio) do
IFSM

Fonte: Santos, 2011


Fonte: Santos, 2011
Foto 3 – Caldeira do Empreendimento (laticínio) Foto 4 – Disposição soro de leite (laticínio) do
do IFSM IFSM

Fonte: Santos, 2011


Fonte: Santos, 2011
Foto 5 – Disposição material para combustão da Foto 6 – Local de descarga do efluente sanitário do
Caldeira do laticínio do IFSM laticínio do IFSM

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