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baixo custo, conforme diretrizes do Projeto Leite Sul, desenvolvido Tendo como objetivo geral promover e coordenar ações
pelos movimentos sociais do campo (MST, MPA, MAB) e seus para o desenvolvimento harmônico e sustentável da cadeia
parceiros. produtiva láctea, fundamenta-se nas oportunidades de mercado e
De certa forma, o quadro atual de crescimento e de tem como foco de atuação os agentes interativos: produtor
organização da cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul (melhoria de renda), indústria (inserção em novos mercados) e
confirma sua vocação para uma produção eficiente e competitiva. consumidor (estímulo ao consumo de leite e derivados). Busca
As condições climáticas são favoráveis aos animais de raças aumentar a eficiência dos sistemas de produção e da qualidade do
especializadas e permitem o crescimento de pastagens durante leite e seus derivados, visando a aumentar a competitividade do
todo o ano (Gomes et al., 2000), com campo natural e/ou setor lácteo para a conquista de novos mercados, internos e
pastagens cultivadas com espécies tropicais e subtropicais na externos, bem como a qualidade da saúde e a satisfação dos
estação quente, e pastagens cultivadas com espécies temperadas consumidores.
na estação fria, que apresentam alta qualidade nutricional. Entre as principais ações políticas destinadas a garantir a
Características socioeconômicas e culturais, como a agricultura implementação e operacionalização do programa destacam-se:
familiar e a consciência da força da união para a organização da encaminhamento do Projeto de Lei que cria o Fundo Estadual do
logística de produção, agregação de valor e comercialização, Leite - Fundoleite, destinado a garantir recursos para implantação
completam o quadro de vantagens comparativas do estado para a e continuidade das ações programadas para o setor (tramitando);
produção de leite de qualidade e com baixo custo. encaminhamento do Projeto de Lei que instituiu o Dia Estadual do
Leite, a ser comemorado anualmente na terceira quarta-feira do
mês de setembro, ação educativa destinada a fortalecer a imagem
O PRODELACT - Programa Estadual para o deste alimento; criação do Núcleo Gestor de Tecnologia para o
Setor Leiteiro, com a missão de prestar assessoria à Câmara
Desenvolvimento do Setor Lácteo do
Setorial do Leite em temas técnicos e de formalizar políticas
Rio Grande do Sul públicas.
Destacam-se, também, as ações educativas nas escolas, em
O quadro atual sugere a formulação de políticas públicas parceria com a Secretaria Estadual de Educação e SENAR, as
e ações em parceria para enfrentar os desafios que estão postos articulações com o MAPA para habilitar as principais cooperativas
em relação ao aumento da produção de lácteos, da eficiência dos ao mercado internacional, em parceria com o SINDILAT-RS, e a
sistemas de produção, da qualidade do leite produzido e, campanha "Beba Leite Fiscalizado", em parceria com o SISPOA,
conseqüentemente, da competitividade de todo o sistema com o apoio do MAPA, CONSEMA/FAMURS, SINDILAT-RS,
agroindustrial do leite no Estado. Originado de uma parceria entre EMATER-RS, EMBRAPA Clima Temperado, Comissão do Leite da
a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) e a Embrapa FARSUL, UNIVATES e Secretaria da Agricultura e Abastecimento
Clima Temperado, foi instituído o Programa Estadual para o - SAA/RS.
Desenvolvimento do Setor Lácteo do Rio Grande do Sul -
PRODELACT, como instrumento operacional da Política Estadual
de Incentivo à Pecuária de Leite.
Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS 19
necessidades dos sistemas de produção de leite (Mittelmann, 2005). melhorar o campo natural por meio de correção e/ou adubação,
O programa baseia-se na constatação da grande variabilidade entre introdução de espécies cultivadas e manejo racional de pastoreio
populações locais naturalizadas (Dias et al., 2001), a partir de ainda é muito pouco utilizada.
coletas iniciadas em 1999, e de algumas introduções. A partir dos São mais utilizadas as pastagens cultivadas com espécies
resultados das avaliações e da necessidade de incorporar ao sistema temperadas, basicamente de azevém, trevo branco e cornichão, que
produtivo uma leguminosa perene de verão com maior persistência apresentam crescimento em estação fria. A sobrevivência dessas no
e adaptação ao pastejo, a EMBRAPA Clima Temperado inicia, verão é muito baixa, devido às estiagens e altas temperaturas. A
também, um programa de melhoramento genético de amendoim persistência delas fica dependente das suas capacidades de
forrageiro (Arachis pintoi), com um projeto de seleção de genótipos ressemeadura natural, para a qual é necessário um manejo
tolerantes ao frio (Castro, 2005). Outras atividades de adequado. A conseqüência é a baixa longevidade das pastagens
melhoramento de forrageiras na EMBRAPA Clima Temperado temperadas.
incluem o capim-lanudo (Holcus lanatus), e o apoio aos projetos de Há interesse na formação e utilização de pastagens perenes de
melhoramento de capim-elefante e alfafa, da EMBRAPA Gado de verão, com espécies tropicais e subtropicais, visando a um menor
Leite, e de milheto, da EMBRAPA Milho e Sorgo. custo de produção. Entretanto, essas espécies apresentam
A contribuição dos Programas de Pós-Graduação da problemas de adaptação à região. Seus ciclos são encurtados pelas
Universidade Federal de Pelotas é bastante significativa, com baixas temperaturas do outono e primavera, e suas produções
destaque para os trabalhos em tecnologia de sementes, conservação limitadas pela ocorrência sistemática de deficiência hídrica
de forragens, e manejo de forrageiras, com destaque para (estiagem de verão). Além disso, a concorrência com as espécies
capim-elefante e amendoim forrageiro. O mesmo pode-se dizer em nativas resulta em menor persistência das espécies cultivadas e,
relação ao Centro de Pesquisa de Forrageiras da FEPAGRO conseqüentemente, menor longevidade dessas pastagens. Não estão
(Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária), cuja produção disponíveis informações suficientes sobre o manejo de adubação, de
técnico-científica acumulada desde os anos sessenta inclui inúmeras consorciações (inclusive sobre semeaduras de inverno) e de animais
práticas de manejo, e o desenvolvimento de novas cultivares (pastejo) nessas pastagens.
forrageiras temperadas. Nessa linha de pesquisa, destaca-se o Há pouca adoção da produção e utilização de forragens conservadas,
cornichão São Gabriel, até hoje o mais utilizado no Rio Grande do que se resume na silagem de milho e de sorgo. Devido às condições
Sul e no Uruguai. de clima e solo, e dependência de mecanização, esses cultivos
Considerando-se que toda a região está compreendida na área do apresentam baixas produtividades e altos custos de produção.
Bioma Pampa, pode-se afirmar que os campos naturais
constituem-se na base forrageira dos sistemas de produção de leite. 2. Restrições tecnológicas
Devido a seus baixos índices de crescimento e de qualidade no Inicialmente, considera-se oportuno enfocar a questão das
outono / inverno, são implantadas pequenas áreas de pastagens limitações ao desenvolvimento de forrageiras e pastagens para
cultivadas de estação fria, geralmente em restevas de lavouras de produção de leite, em relação a algumas características da região.
grãos, predominando as espécies azevém e aveia preta. Também em Paralelamente, destacam-se algumas potencialidades da região, que
pequenas áreas agricultadas são cultivadas pastagens anuais de podem contribuir para a solução dos problemas enfocados e para o
verão, predominantemente de milheto, como forma de aumentar a desenvolvimento da atividade leiteira.
disponibilidade e qualidade de forragem nesse período. A prática de
Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS 25 26 Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS
Predominam na região os solos de média a baixa fertilidade, conservação de forragens, sementes e mudas, transferência de
caracterizada por acidez e níveis limitantes de nutrientes, tecnologia e outras.
principalmente de fósforo, e baixo teor de matéria orgânica. São • Poucas opções de espécies e cultivares forrageiras
grandes extensões de solos arenosos, compreendendo, inclusive, adequadas aos sistemas de produção de leite na região
áreas degradadas por erosão eólica (arenização), grandes extensões Isto inclui o ciclo muito curto do azevém comum e também
de terras baixas com dificuldade de drenagem, e apenas pequenas do LE 284, de origem uruguaia. Não estão disponíveis cultivares
áreas (manchas) de solos férteis. Observa-se, também, degradação melhoradas e/ou selecionadas na região, que atendam as
relacionada ao manejo das áreas com lavouras e pastagens necessidades de vigor de estabelecimento, duração de ciclo,
cultivadas, associadas ao sistema convencional de cultivos (a adoção qualidade de forragem, resistência a pragas e doenças e tolerância
do sistema de plantio direto ainda é baixa), e ao superpastejo, como a estresses abióticos (seca, frio, má drenagem). Espécies e cultivares
compactação e erosão hídrica. Como aspectos favoráveis, salienta-se temperadas estrangeiras entram ilegalmente no estado, sendo
o predomínio de áreas de relevo plano a suavemente ondulado, e a desconhecidos seus comportamentos produtivos na região.
grande disponibilidade de calcário na região. Realizada adequadamente, a incorporação de novas espécies e
Com relação ao clima, os principais entraves ao crescimento cultivares forrageiras temperadas aos sistemas de produção é
de pastagens são as estiagens de verão, que afetam o crescimento altamente desejável. Entre estas podem ser citadas: cevadilha,
das espécies de verão e a persistência das espécies de inverno, e o datilo, trevo alexandrino, lotononis, chicória, novas espécies de
frio com ventos, baixa luminosidade e excesso hídrico, que limitam lotus, e híbridos interespecíficos (festulolium, azevém híbrido), por
o crescimento das pastagens de inverno (principalmente nas áreas exemplo. Existem poucas informações também sobre o desempenho
baixas) e encurtam o ciclo das pastagens de verão. Por outro lado, de forrageiras tropicais e subtropicais nas diferentes microrregiões
há uma grande disponibilidade de água na região, e facilidades homogêneas. De modo geral essa dificuldade aplica-se a todos os
como o aproveitamento da estrutura de irrigação nas áreas de arroz, tipos de forrageiras e pastagens. As informações sobre as curvas de
o que contribui para a viabilidade da implantação de pastagens crescimento e de qualidade de forragem, manejo sob corte e pastejo,
irrigadas. consorciações, resistência a pragas e doenças etc. não estão
Em relação ao ecossistema predominante, os Campos disponíveis e/ou não foram obtidas com metodologia adequada ao
Naturais, constituídos por uma grande diversidade de espécies, manejo dos sistemas de produção, nas diferentes microrregiões
compreendem quase toda a região. Portanto, os tipos de pastagem (avaliação em rede).
que podem ser utilizados são: campo natural, campo natural • Baixa produtividade e qualidade das pastagens cultivadas
melhorado, cultivada de estação fria e cultivada de estação quente e de campo natural, principalmente no início do outono
(anuais e perenes). A competição das espécies nativas interfere Destacou-se o pouco uso de leguminosas, a presença de
fortemente na persistência das espécies exóticas e, invasoras de difícil controle (grama seda e capim-anonni 2), e a falta
conseqüentemente, na longevidade das pastagens cultivadas. de informações sobre melhoramento de campo natural.
Considerando-se as limitações em relação aos diferentes Acrescenta-se a este quadro a baixa longevidade das pastagens
tipos de pastagem, e de cultivos para produção de forragens cultivadas, especialmente as de inverno. Todas essas limitações
conservadas, optou-se por agrupá-las segundo os principais temas estão relacionadas aos aspectos de fertilidade e conservação dos
a que se referem: espécies / cultivares, manejo de pastagens, solos, do clima, de espécies / cultivares (já descritos) e ao manejo
Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS 27 28 Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS
inadequado do pastejo, via de regra com carga animal excessiva • Baixa adoção de tecnologias geradas ou adaptadas na
(superpastejo). região.
• Pouca disponibilidade e qualidade de sementes e mudas Em relação à transferência de tecnologia foi destacada a
forrageiras na região pouca integração entre pesquisadores, extensionistas e produtores.
Por trás deste entrave está a falta de conscientização e de As informações da pesquisa não estão chegando aos produtores,
capacitação de técnicos e produtores em tecnologia de sementes e pelos quais precisam ser validadas para serem adotadas.
mudas e, conseqüentemente, a desorganização deste setor. As • Outras limitações
sementes disponíveis apresentam baixa qualidade genética e Há falta de informações também sobre suplementação
fisiológica (germinação, pureza, vigor), sendo freqüentemente estratégica na produção de leite a pasto com alimentos
colhidas em áreas de pastagens com invasoras e mal processadas na concentrados de baixo custo, produzidos na propriedade (silagens
secagem, limpeza e armazenamento. Sementes provenientes de de grãos úmidos, mandioca, batata-doce) ou subprodutos
outros estados, como, por exemplo, milheto, têm problemas de agroindustriais abundantes na região (farelo de arroz integral,
adaptação às condições locais de clima. No caso do azevém resíduos de limpeza de cereais).
proveniente da região norte do estado, onde é muito utilizado como
cobertura para plantio direto, este tende a apresentar ciclo de 3. Necessidades de pesquisa e de difusão de tecnologia
crescimento cada vez mais curto na região sul. Seguindo a metodologia da reunião, foram compatibilizadas
• Baixo rendimento e alto custo na produção e utilização de separadamente as principais demandas de pesquisa e
forragens conservadas desenvolvimento, e de inovação, aqui entendida como a
Os altos custos de produção estão relacionados aos baixos transferência e incorporação de resultados de ciência e tecnologia
rendimentos dos cultivos, principalmente de milho para silagem. As ao setor produtivo/social. A seguir, são descritas as principais
limitações de solo e clima associam-se a este quadro que, demandas de pesquisa e seus desdobramentos.
entretanto, também passa pela falta de informações sobre o • Desenvolvimento de espécies / cultivares forrageiras
desempenho de espécies e cultivares para utilização sob corte e adequadas aos sistemas de produção de leite da região
conservação nas microrregiões, e sob diferentes condições de Esta demanda implica na manutenção e ampliação dos
manejo (sistema de cultivo, irrigação, procedimentos de ensilagem programas de melhoramento genético de forrageiras, com ênfase
e fenação). nas espécies nativas e exóticas temperadas. O objetivo é a
Há falta de informações sobre a produção e utilização de incorporação de novas espécies e cultivares que atendam as
silagem pré-secada de forrageiras. Os fenos de aveia e azevém necessidades dos sistemas de produção de leite da região. Isso inclui
apresentam baixa qualidade nutricional, provavelmente por serem forrageiras para pastagens e para utilização sob corte e
elaborados no fim de seus ciclos de crescimento, quando as conservação, que devem constituir linhas de pesquisa distintas. As
condições climáticas permitem a fenação. É comum o enfardamento características desenvolvidas nas forrageiras devem visar ao
da palha após a colheita de sementes, para ser utilizada como feno. aumento do período de utilização e à persistência das pastagens
De modo geral, a conservação de forragens é bastante dependente temperadas, mais adaptação às diferentes condições de clima e solo
do uso de máquinas e equipamentos de porte maior, tornando-se das microrregiões, maior valor nutritivo e palatabilidade das
onerosa para os pequenos produtores. forragens, resistência a pragas e doenças e tolerância a estresses
abióticos. Os programas de melhoramento devem também garantir
Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS 29 30 Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS
a produção de semente genética suficiente para o lançamento das • Aumentar a produtividade, qualidade e longevidade das
novas cultivares, bem como sua manutenção em bancos de pastagens.
germoplasma. Esta demanda traduz-se no desenvolvimento de tecnologias
A introdução legal de forrageiras temperadas estrangeiras de manejo de pastagens num sentido bem amplo. Isso inclui
também pode contribuir para o atendimento dessa demanda. Nesse pastagens de campo natural e pastagens cultivadas, com
caso, compete às instituições de pesquisa apenas a realização dos procedimentos de adubação, conservação do solo, consorciações,
ensaios de valor de cultivo e uso (VCU), a partir de contratos de sucessões, irrigação, drenagem e sistemas de pastejo.
prestação de serviços e/ou de parceria com as empresas Experimentos de adubação devem priorizar as respostas em
interessadas na produção e comercialização de sementes dessas produto animal e a persistência das espécies cultivadas. Há uma
cultivares no Brasil. Os ensaios de VCU são obrigatórios para o demanda implícita de aprofundamento do conhecimento dos fluxos
registro das cultivares no Registro Nacional de Cultivares (RNC), a dos nutrientes e de suas implicações ambientais.
que fica condicionada a permissão para produção e comercialização Deve ser priorizado o sistema plantio direto para o
de sementes destas. melhoramento de campo natural e para o estabelecimento de
• Conhecer o comportamento produtivo de forrageiras e pastagens cultivadas, bem como para as sobressemeaduras
pastagens nas diferentes microrregiões estacionais nas consorciações e/ou sucessões. Para essas, as
O manejo alimentar nos sistemas de produção de leite associações, seqüências e rotações mais convenientes precisam ser
pressupõe o conhecimento das necessidades nutricionais dos estabelecidas, considerando-se as múltiplas combinações possíveis
animais, bem como da disponibilidade e qualidade dos alimentos com as muitas opções de forrageiras (gramíneas e leguminosas,
utilizados. Na produção de leite com base em pastagens, é anuais e perenes, tropicais e temperadas).
necessário determinar o rendimento, a qualidade e a distribuição da A ocorrência sistemática de estiagens de verão associada à
produção de forragem destas. O mesmo aplica-se aos cultivos grande disponibilidade de água na região justifica estudos de
forrageiros para utilização sob corte e produção de forragens viabilidade técnica e econômica do uso de irrigação em pastagens.
conservadas. Portanto, é preciso determinar e comparar as curvas Na grande extensão de terras baixas, a irrigação de pastagens a
de crescimento e de indicadores de valor nutritivo de diferentes partir da estrutura existente das lavouras de arroz precisa ser
espécies/cultivares forrageiras (tropicais, temperadas, anuais, avaliada. Em pastagens temperadas, quanto a seus efeitos sobre a
perenes), em cultivos isolados e em consorciações, nas diferentes sobrevivência das espécies cultivadas, especialmente as
microrregiões. Na prática, seria estabelecer uma rede de leguminosas, e a conseqüente repercussão no aumento do período
experimentos e/ou unidades de observação com metodologia única, de uso, da produtividade, e, principalmente, da qualidade e
que conduza a resultados mais adequados e aplicáveis, longevidade destas. Nessa linha, avaliar também o sistema de
considerando-se as condições de manejo próprias do sistema de camalhões de base para a drenagem superficial, em função do
produção de leite da região. Paralelamente, a implantação de excesso hídrico na estação fria. Ainda no âmbito da integração arroz
unidades de observação de diferentes tipos de pastagens em x pecuária, avaliar a irrigação de pastagens de sorgo e/ou
estabelecimentos produtores referenciais proporciona a obtenção de capim-sudão com o sistema de inundações intermitentes (banhos)
dados em situação real de produção, instrumentalizando o manejo ou de sulco/camalhão.
alimentar dos mesmos, por meio dos ajustes de carga animal e/ou Nas demais áreas, com prioridade para as regiões mais
de dietas. quentes, a necessidade de intensificação da produção de leite em
Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS 31 32 Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS
pastagens justifica a avaliação de pastagens perenes de verão - determinar o potencial de produção de leite de diferentes
irrigadas por aspersão, com ênfase no sistema fixo de baixa pressão. tipos de pastagens na região;
A geração/adaptação de tecnologias de pastejo deve - estabelecer as relações entre oferta e consumo de
priorizar o sistema de pastoreio rotativo e visar à maximização da forragem nos diferentes tipos de pastagens da região;
eficiência de utilização das pastagens. As técnicas de pastejo devem - estabelecer as relações entre consumo de concentrado e
contemplar a perenização de espécies cultivadas também por oferta e consumo de forragem nos diferentes tipos de pastagens da
ressemeadura natural, por meio de procedimentos que favoreçam região;
a sua sementação e a sua emergência. - estabelecer estratégias de suplementação com alimentos
A determinação da distribuição da produção quantitativa e concentrados de baixo custo;
qualitativa de forragem das pastagens é condição para adequação - relacionar a eficiência técnica com a eficiência econômica
da carga animal. A implantação de unidades de observação de da produção de leite nos diferentes tipos de pastagens da região.
diferentes tipos de pastagens em estabelecimentos produtores • Desenvolver tecnologias de produção de sementes e
referenciais proporciona a obtenção de dados em situação real de mudas na região
produção, instrumentalizando o manejo alimentar destes, por meio Não foram apontadas necessidades específicas de pesquisa
dos ajustes de carga animal e/ou de dietas. em tecnologia de sementes e mudas forrageiras na região.
• Aumentar a produtividade, qualidade e economicidade dos Entretanto, entende-se que esta é uma demanda permanente,
cultivos forrageiros para utilização sob corte e conservação considerando-se a incorporação constante de novas espécies /
As forragens conservadas constituem base forrageira dos cultivares forrageiras ao setor produtivo.
sitemas de produção de leite em confinamento. Nos sistemas a A seguir, são descritas as principais demandas de
pasto e/ou mistos, são importantes para suplementar quantitativa transferência e difusão de tecnologia e as ações propostas na
e qualitativamente as dietas, nos períodos de escassez ou de reunião:
impossibilidade de utilização das pastagens. O quadro de alto custo • desenvolver a produção de sementes e mudas forrageiras
de produção dos cultivos forrageiros tradicionais, associado à baixa na região:
produtividade e qualidade e à alta proporção de perdas, sugere o
- conscientizar e capacitar técnicos e produtores em
desenvolvimento das seguintes linhas de pesquisa:
produção e tecnologia de sementes e mudas forrageiras,
- adubação de cultivos para produção de forragens
- estimular a participação de organizações de produtores
conservadas, com ênfase na resposta à aplicação de nitrogênio;
(cooperativas, associações, comunidades) nos processos de
- avaliação da viabilidade técnica e econômica da irrigação produção, beneficiamento, armazenamento e comercialização de
em cultivos forrageiros; sementes e mudas forrageiras;
- técnicas de ensilagem para diferentes espécies forrageiras. • capacitar técnicos e produtores em manejo de forrageiras
• Aumentar a eficiência dos sistemas de produção de leite e pastagens;
a pasto na região • difundir novas espécies / cultivares forrageiras, com
O atendimento desta demanda indica a execução de ações ênfase em leguminosas;
de pesquisa que conduzam à elaboração de programas de ajuste de • difundir técnicas de manejo de pastagens em unidades de
dietas adequados para os sistemas de produção de leite com base validação / demonstração em parceria com produtores;
em pastagens, como:
Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS 33 34 Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS
utilizam, as dosagens são variáveis entre os diferentes outubro, devido à maior incidência de chuvas, favorecendo o
fertilizantes, para minerais 150 a 600 kg/ha, dejetos de suínos 10 desenvolvimento. Durante a implantação é realizada dessecação
a 15 m3/ha e cama de aves 4 a 6 m3/ha. Não há um da área com herbicida e o sulcamento 8 a 10 dias após, seguindo
acompanhamento na dosagem utilizada de fertilizantes minerais do plantio. Em áreas bem conduzidas tecnicamente, com qualidade
e orgânicos pelos produtores, podendo ser usadas combinações de de mudas, fertilização do solo e ocorrência de boas precipitações
mineral e orgânico, só orgânico ou mineral. pluviométricas, é possível utilizar-se a pastagem a partir do mês
O período de utilização da pastagem na região é entre de fevereiro. A utilização da pastagem no ano da sua implantação
setembro a abril e o intervalo entre pastoreios ocorre em torno de também poderá ser feita se forem diminuídos os espaçamentos
18 a 30 dias, em condições climáticas normais. Os cortes são entre linhas para 50 cm, havendo a necessidade de maior
realizados quando a pastagem encontra-se com 25 cm e a retirada quantidade de mudas. O período de utilização da pastagem é entre
dos animais com altura de 12 cm. A roçada das sobras é utilizada setembro a abril, permitindo 5 a 7 cortes, quando as chuvas forem
com a finalidade de uniformização da pastagem, embora com normais. Em algumas regiões mais quentes, principalmente na
manejo da resteva alto e utilizando intervalos de cortes menores costa do Rio Uruguai, o início do pastejo ocorre no mês de agosto,
(18 a 20 dias), os animais consomem mais folhas, diminuindo a possibilitando prolongar-se até abril.
necessidade da rosada. Os produtores de leite também têm utilizado a pastagem
Recentemente nas pequenas propriedades rurais vem se para produção de feno, principalmente em anos com verão
adotando a utilização da área cultivada com tifton, pastagens chuvoso e inverno tardio, quando há oferta abundante de pasto,
anuais de inverno, como aveia e azevém, consorciadas com permitindo utilizar-se desta prática.
leguminosa, principalmente ervilhaca e trevos branco, vermelho
e vesiculoso, além de cornichão e as ervilhacas. A implantação 1.2. Outras pastagens
ocorre no final do verão, nos últimos pastoreios do tifton, quando
é semeado a lanço as forragens de inverno sobre a pastagem, 1.2.1. Hemarthria
antes da entrada dos animais, para que auxiliem no enterramento Pouco cultivada na região, embora apresente bom
das sementes. Recomenda-se aumentar a quantidade de sementes desenvolvimento vegetativo e suporte boa carga animal, 4 a 5
em torno de 15 a 20% da dosagem em cultivo solteiro, para unidades por hectare, com maior atenção no manejo em função do
compensar as perdas. Em algumas propriedades também sistema de estolões de crescimento rápido. Pode tornar-se fibrosa.
pratica-se a rosada no final do ciclo da pastagens do tifton, seguido No manejo de inverno com gramíneas anuais, com frio pouco
do plantio com plantadeira com disco de corte. Os melhores rigoroso, pode apresentar dificuldade na implantação e
resultados são obtidos quando o inverno é normal, com ocorrência desenvolvimento, pois continua vegetando e produzindo massa
de geadas e frio que permita paralisação do crescimento do tifton, verde.
assim não há concorrência no estabelecimento e desenvolvimento
das pastagens de inverno.
Na formação da pastagem utiliza-se espaçamento entre
linhas de 100 cm e densidade de plantio de 10 mil mudas/ha. A
época preferencial da implantação é entre os meses de agosto a
Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS 43 44 Forrageiras e Pastagens para gado de leite no RS
milho no volume de produção, permitindo ainda utilizar a resteva São culturas de pouca expressão em função de deficiência
como pastagem ou segundo corte, diminuindo os custos da de manejo e zoneamento climático, podendo-se destacar:
produção de silagem.
1.4.2. Gramíneas:
1.3.3. Braquiárias Festuca K-31 e IPZ Farroupilha, Falaris IPZ Cinqüentenário e
Gênero bem aceito em microrregiões quentes do RS, cevadilha Vacariana (regiões frias do estado). Cultivares da Epagri
principalmente a Brachiaria brizantha (Marundú), com boas Lages – necessitam ser avalizadas na região e resgatadas as
experiências com produtores de Ibirubá e Santa Rosa. lançadas na década de 1980 pela Fepagro Vacaria.
Leguminosas de inverno:
1.3.4. Outras pastagens anuais: Trevos: branco, vermelho, encarnado, vesiculoso e alexandrino;
Teosinto; capim-sudão; soja; milho verde picado (vazio cornichão cv. São Gabriel; ervilha forrageira (BRS sulina); ervilhaca
outonal). comum e peluda; serradela.
extração de nutrientes é elevada em relação à reposição por desconhecido pela pesquisa e extensão, evitando o financiamento
fertilizantes minerais e orgânicos. agrícola via crédito rural destas espécies.
Data: 09/08/2006
Local: Auditório do Prédio 11 – UNIVATES – LAJEADO/RS
Coordenadores: Oreno Ardêmio Heineck e Marcos Turatti
PARTICIPANTES DOS ENCONTROS TÉCNICOS
Promoção: UNIVATES – Núcleo Gestor/ SAA
REGIONAIS PREPARATÓRIOS SOBRE Participante Instituição Município
FORRAGEIRAS PARA GADO LEITEIRO NO RS Paulo Roman Cosuel Encantado
Renito Schneider Produtor Arroio do Meio
Eduardo S. a Silveira Associação Rural de Lajeado
Data: 13/07/2006 Lajeado
Local: Sede da Embrapa Clima Temperado Walmir Weber Nutrilat Lajeado
Gabriela Barros Secretaria da Agricultura Marques de Souza
Coordenadores: Jorge Fainé Gomes e Andréa Mittelmann
Dilson Reginatto Parmalat Carazinho
Promoção: EMBRAPA Clima Temperado – Núcleo Gestor/ SAA Aline Comar Ferraz Parmalat Carazinho
Participante Instituição Município Lucildo Ahlert UNIVATES Lajeado
Robleir C. Coelho Filho EMATER/RS Bagé Arly Volken Secretaria da Agricultura Roca Sales
Fábio Zonardo Schlick EMATER/ RS Bagé Mauro Tubino ASEAT/EMATER/ RS Estrela
Verner Theil Priebe EMATER/ RS Colinas Werner T. Priebe EMATER/ RS Colinas
Marcos Turatti UNIVATES Lajeado Gilberto José Scapin EMATER/ RS Cruzeiro do Sul
Airton José Prediger Coop. Languiru Ltda. Teutônia Roberto Echer Nutrilat Teutônia
Luiz Agostinho Radaelli UNIVATES Lajeado Dilamar Rosolen Produtor São Valentim do Sul
Pedro Luis Montes UFPEL Pelotas Joel Rosolen Produtor São Valentim do Sul
José Carlos Leite Reis EMBRAPA Clima Pelotas Leandro Luis Santini Produtor São Valentim do Sul
Temperado Moisés Cavanus Secretaria da Agricultura São Valentim do Sul
Andréa Mittelmann EMBRAPA Clima Pelotas Candido Norberto Rizzi Secretaria da Agricultura Forquetinha
Temperado Jadir Ari Brass Secretaria da Agricultura Forquetinha
Luiz Adilson dos Santos EMATER/RS Pelotas Humberto Itelvi Latvida Estrela
Jorge Fainé Gomes EMBRAPA Clima Pelotas Rockenbach
Temperado Genésio Rockenbach Coord. Regional da Estrela
Alexandre V. Amaral COSULATI Pelotas Agricultura
Raul A. L. Amaral Coop. Sulleite Santa Vitória do Palmar Vanildo L. Roman Secretaria da Agricultura Anta Gorda
Sérgio Bender COSULATI Pelotas Rene Feil Nutrilat Fazenda Vilanova
Denis Norenberg COSULATI Pelotas Marcos Turatti UNIVATES Lajeado
Paulo Renato Buss Associação Turuçú Turuçú Marco A. Dornelles Afubra Santa Cruz do Sul
Alexandre C. Varella EMBRAPA – CPPSUL Bagé Zeferino G. Chielle FEPAGRO-COMUDE Taquari
Vitor Hugo Wiemke EMATER/RS São Lourenço do Sul Lirio Becker SINTARGS Regional Alto Taquari
JoséLuiz Kessler Autônomo Santa Vitória do Palmar Carmen Dora Porto EMATER/ RS Cruzeiro do Sul
Darcy Bitencourt EMBRAPA Clima Porto Alegre Fransozi
Temperado Julio Medeiros Secretaria da Agricultura Encantado
Diego Gheller Secretaria da Agricultura Porto Alegre
Paulo Steiner CODEVAT Lajeado
Edmilson Marafon Produtor Ilópolis
Lidiamar R. Marangon Secretaria da Agricultura Ilópolis
Deonelo Bassegio Técnico Agrícola Ilópolis
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