Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
• Pedra do Sono (1942)
•Os Três Mal-Amados (1943)
•O Engenheiro (1945)
•Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode (1947)
•O Cão sem Plumas (1950)
•Poesia e composição (1952)
•O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1953)
•Morte e Vida Severina (1955)
•Uma faca só lâmina (1955)
•Dois Parlamentos (1960)
•Quaderna (1960)
•Serial (1961)
•A Educação pela Pedra (1966)
•Museu de Tudo (1975)
•A Escola das Facas (1980)
•Auto do Frade (1984)
•Agrestes (1985)
•Crime na Calle Relator (1987)
•Primeiros Poemas (1990)
•Sevilha Andando (1990)
•Tecendo a Manhã (1999)
Pedra do Sono (1942)
Composição
Os acontecimentos de água
põem-se a se repetir
na memória
http://joinville.ifsc.edu.br/~samuel.kuhn/M%C3%93DULO%20VI/MODERNISMO%20-
%203%C2%AA%20FASE/3%C2%AA%20fase_poesia%20-%20JO%C3%83O%20CABRAL
%20DE%20MELO%20NETO%20-%20Os%20Tr%C3%AAs%20Mal-Amados.pdf
•O Engenheiro (1945)
A bailarina
A bailarina feita
de borracha e pássaro
dança no pavimento
anterior do sonho.
Da diária e lenta
borracha que mastigo.
Do inseto ou pássaro
que não sei caçar.
O Engenheiro
A Antônio B. Baltar
O fim do mundo
No fim de um mundo melancólico
os homens lêem jornais.
Homens indiferentes a comer laranjas
que ardem como o sol.
1 – O Deserto
No deserto, entre a
paisagem de seu
vocabulário, Anfion,
ao ar mineral isento
mesmo da alada
vegetação, no deserto
que fogem as nuvens
trazendo no bojo
as gordas estações.
Anfion, entre pedras
como frutos esquecidos
que não quiseram
amadurecer, Anfion
como se preciso círculo
estivesse riscando
na areia, gesto puro
de resíduos respira
o deserto, Anfion
Psicologia da composição
https://umprofessorle.com.br/2018/04/12/psicologia-da-composicao/
Antiode
https://www.portalsaofrancisco.com.br/biografias/antiode-contra-a-poesia-dita-profunda
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4544018/mod_resource/content/1/Jo%C3%A3o%20Cabral
%20de%20Melo%20Neto%20-%20O%20c%C3%A3o%20sem%20plumas.pdf
http://bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/services/e-books/Joao%20Cabral%20de%20Melo
%20Neto.pdf
https://www.academia.org.br/academicos/joao-cabral-de-melo-neto/textos-escolhidos
•Dois Parlamentos (1960)
https://www.scielo.br/j/ea/a/vbZnqFxjRmrhpbzxYmNwcDw/?lang=pt
•Quaderna (1960)
A PALAVRA SEDA
A atmosfera que te envolve
atinge tais atmosferas
que transforma muitas coisas
que te concernem, ou cercam.
E como as coisas, palavras
impossíveis de poema:
exemplo, a palavra ouro,
e até este poema, seda.
É certo que tua pessoa
não faz dormir, mas desperta;
nem é sedante, palavra
derivada da de seda.
E é certo que a superfície
de tua pessoa externa,
de tua pele e de tudo
isso que em ti se tateia,
nada tem da superfície
luxuosa, falsa, acadêmica,
de uma superfície quando
se diz que ela é “como seda”.
Mas em ti, em algum ponto,
talvez fora de ti mesma,
talvez mesmo no ambiente
que retesas quando chegas,
há algo de muscular,
de animal, carnal, pantera,
de felino, da substância
felina, ou sua maneira,
de animal, de animalmente,
de cru, de cruel, de crueza, que sob a palavra gasta
persiste na coisa seda.
A palo seco
http://www.apocaodepanoramix.com.br/a-palo-seco-de-joao-cabral-de-melo/
•Serial (1961)
II
III
IV
O relógio
O Sertanejo Falando
A fala a nível do sertanejo engana:
as palavras dele vêm, como rebuçadas
(palavras confeito, pílula), na glace
de uma entonação lisa, de adocicada.
2.
Daí porque o sertanejo fala pouco:
as palavras de pedra ulceram a boca
e no idioma pedra se fala doloroso;
o natural desse idioma fala à força.
Daí também porque ele fala devagar:
tem de pegar as palavras com cuidado,
confeitá-las na língua, rebuçá-las;
pois toma tempo todo esse trabalho.
Tecendo a Manhã
1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
•Museu de Tudo (1975)
Estátuas jacentes
1.
Certas parecem dormir
de um sono empedernido
que gelasse seu sangue,
veias de arame rígido;
2.
Outras como que dormem
do sono empedernido,
mas não interno, externo,
ou de um sono vestido;
estão como vestidas
de sua morte, engomadas,
dentro de seus vestidos
duros, emparedadas.”
Habitar o flamenco
A pedra do reino
1.
2
Os escritores que do Brejo,
ou que da Mata, tem o sestro
a quem só o vê retirante,
vazio do que nele é cante,
•Auto do Frade (1984)
https://armazemdetexto.blogspot.com/2020/04/poema-o-auto-do-frade-fragmento-joao.html
•Agrestes (1985)
•Primeiros Poemas (1990)
•Sevilha Andando (1990)
•Tecendo a Manhã (1999)