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A. Nocent - I. Scicolone F. Brovelli - A. J. Chupungco OS SACRAMENTOS teologia e histéria da celebragao RM Antonio Rp :S. © 081 - 216.4236 fags, ote Edicées Paulinas, primeira parte OS TRES SACRAMENTOS DA INICIACAO CRISTA (Adrien Nocent) Os trés sacramentos da iniciagao crista 10 chrétienne”, in LMD 132 (1977), 0 n. todo; VV. AA., “Iniziazione cri tiana”, in La Scuola Cattolica 107 (1979), n. 3 todo; VV. AA., I simboli dell’iniziazione cristiana, Atas do 1 Congreso Internacional de Liturgia do Pont. Instituto Lit, Roma, 1983; A. Nocent, “Battesimo”, in Nuovo Dizionario di Liturgia, cit., 678-695; R. Cabié, “L'initiation chrétienne”, in LEglise en priére, Paris, 1984, 21-114, 1. O termo “iniciagao” Notemos antes de tudo com que constancia a Igreja tem feito questo de designar, por meio dessa palavra, os trés sacramentos — batismo, confirmagao, eucaristia — que recebe quem se empenha em ser inserido sacramentalmente no corpo eclesial. Os dois primeiros sacramentos sao conferidos uma sé vez, pois constituem o “ser e 0 agir cristéo”; o ‘terceiro, dado pela primeira vez como coroamento dos outros dois, e por sua vez como a fonte deles, é repetido como sacramento da construgdo continua da Igreja. O termo pode ter sentido ambiguo e recorda os mistérios de iniciagdo das religises pagas, e particularmente das religides que possuem cultos mistéricos, as quais prosperaram no mesmo perfodo em que o cristianismo se difundia. Nao obstante, a Igreja julgou oportuno utilizar essa palayra para designar a entrada sacramental na vida de Deus por meio da Igreja. O termo “iniciagio” nada tem da- quilo que ele supde nas religides de cultos mistéricos como, por exem- plo, o culto de Mitra. Quer designar unicamente as etapas necessdrias através das quais deve passar quem quer entrar na Igreja para nela prestar culto em Espirito e em verdade. Sem diivida, os ritos da ini- ciagéo crista nao sao conferidos a quem ainda nao é membro da Igreja. Existiu, mas sem ter importancia exagerada, 0 segredo do arcano, e bem sabemos que as catequeses dos santos Padres sao antes de tudo mistagdgicas: explicam a experiéncia feita dos sacramentos da iniciagaéo. Apesar disso, os Padres nao recearam usar terminologia mistérica. Mas € claro que a iniciacao cristaé se distinguia clara- mente da iniciagao das religides de cultos mistéricos. Aqui se trata da entrada numa vida nova que se realiza em etapas; as etapas sao constituidas pelos trés sacramentos. Os elementos que essas etapas formam nao sao fechados em si mesmos, mas eles se abrem uns aos outros, um conduz ao outro, determinando assim o que caractcriza a dindmica da iniciagao. 2. O liame constitutivo dos trés sacramentos da iniciagao Eis por que os trés sacramentos so tradicionalmente conferidos nesta ordem: o sacramento que da o “ser cristéo” (batismo), 0 que da o “agir cristo” (confirmacao), 0 sacramento da plena insergao na Nova Aliana por meio da acao de gracas (eucaristia) . A tal ponto estado ligados entre si esses trés sacramentos, que nao seria possivel fazer catequese sobre um sem tratar dos outros dois. A sucessio e o liame entre esses trés sacramentos nos sao descritos num texto de Tertuliano que ja se tornou classico: +++ caro abluitur, ut anima emaculetur; caro ungitur, ut anima consacretur; caro signatur, ut anima muniatur; caro manus impositione adumbratur, ut et anima spiritu inluminetui caro corpore et sanguine Christi vescitur, ut et anima de Deo saginetur'. Embora, por motivos de ordem histérica e pastoral, dos quais vamos falar mais adiante, nem sempre esses trés sacramentos foram administrados juntos e conforme a sua ordem; nem por isso a Igreja deixa de consider4-los como intimamente ligados. No recente Ritual da Iniciagao Crista das Criangas (OBP = Ordo Baptismi Parvulorum) 0s Praenotanda insistem nessa ligagdo.? Para estudo teolégico da ligacao entre esses trés sacramentos, parece que nao se deve tomar como ponto de partida os seus efeitos como faz, por exemplo, Tertuliano, e como o faz bom nimero de tedlogos contempordneos. Desta forma vai-se de encontro a uma série de dificuldades e, sobretudo, corre-se o risco de atribuir a cada sacra- mento orientagdo especifica que alguma pastoral de hoje pretendes- se imprimir-lhes. Com outras palavras, essa teologia corre o risco de nao ser suficientemente objetiva e também o risco de nao ligar o sacramento com um acontecimento da hist6ria da salvagao. Parece, pois, que o método mais seguro consiste em tentar descobrir, ao longo da histéria da salvagéo, como, depois da ruptura com Deus e da desarticulagao do mundo, o Senhor tenha querido restabelecer sua Alianca e como o Espirito, presente 4 criacio do mundo na unidade, seja aquele que, em cada etapa da reconstrugao do mundo destrufdo, opera o seu restabelecimento na unidade. Tal 1... lavase a carne, para que a alma seja purificada; ungese a carne, para que a alma seja consagrada; cerca-se a carne, para que a alma seja protegida; a game recebe a imposigao das mios, para que /a-alma seja iluminada pelo Espirito; a carne se nutre do corpo e do sangue de Cristo, para que a alma se alimente de Deus” De Ressurrectione, 8,3: CCL 2, 931. 2A nova edigdo do Ordo Initiationis Chris'ianae Adultorum (OICA), ano 1984, introduz nos ‘seus Praenotanda esse texto do OPB. Os trés sacramentos da iniciagao crista 12 exegese, que aqui nao podemos mais que esbogar, leva justamente cm conta o liame de origem entre os trés sacramentos e sua necessdria ordenagio, O mundo é criado na unidade na presenga do Espirito.’ Nao se trata da Pessoa divina como tal, mas parece ser efetivamente o seu anuncio: a criagao se realiza na presenga tipolégica do Espirito. Aqui se percebe que nao podemos aplicar ao Antigo Testamento as nossas categorias teoldgicas, para explicar os seus textos, e que é preciso interpretar com a m4xima objetividade e com muitas reservas 0 que nele encontramos. Todavia é interessante ver em que luz os santos Padres leram os dois relatos da criagao contidos no livro do Génesis. Uma releitura desses capitulos do Génesis nos faz entrever como a criagdo foi feita na unidade. Primeiro, Deus cria 0 quadro no qual o homem seré chamado a viver. Assistimos depois & criacao dos seres infra-humanos ordenados ao servigo reciproco uns aos outros; con- tudo, eles nao tém inteligéncia e o Génesis mostra bem a diferenca entre o mundo vegetal, o mundo animal e o homem que Deus est4 para criar. Ao homem é confiada a tarefa de dar aos seres infra- humanos o seu significado: eles existem certamente para o servico do homem, pois foram conduzidos 4 presenga dele para receberem seu nome. Mas, como todas as criaturas, esto ordenados a gléria de Deus, e € por meio do homem que rendem esta gléria que por si mesmos nao poderiam render. O homem € colocado nesse quadro formado pelas criaturas infra-humanas e tem com elas lagos de miituo servico. Quando Isafas vé o menino que brinca com a vibora e o cordeiro que dorme com o leo, nao se trata de simples poesia, mas é 0 retorno & unidade da criagéo como Deus a tinha querido (Is 11,6-9). Quanto ao homem, ele é criado a imagem de Deus. E um em si mesmo e seu corpo € como que a tradugdo da sua obra; é um com Deus a tal ponto que é.a imagem dele; é também um com as criaturas infra-humanas. No designio de Deus o homem é necessariamente um com todos os outros; € um com a raga humana. Para os Padres, o homem feito 4 imagem de Deus é a natureza humana entendida como um todo.' A culpa consiste, pois, na ruptura dessa unidade. Os seres infra-humanos entram em luta uns contra os outros, revoltam-se contra os homens, que terao de domestic4-los com o suor da fronte; o préprio homem nao mais encontraré em si o eauilibrio pessoal ver-se-4 nu e submetido a uma paixao que é mais forte do que el 3 Evidentemente 0 Génesis néo yé no ruah o que nés vemos na Pessoa do Espirito Santo. £ importante reler nesta perspectiva os dois relatos do Génesis recordando que o cap. 2 é anterior ao 1. P, 4 Ce textos citados por H. de Lubac, Catholicisme (Unam Sanctam, 3), aris, 5 13 Introdugao ja nao é imagem perfeita de Deus que o criou. Origenes descrevia esse estado de coisas, dizendo: “Ubi peccata, ibi muttitudo”* “Satands nos dispersou”, escrevia Cirilo de Alexandria.’ Santo Agostinho relaciona as quatro letras da palavra “Adam” com os quatro pontos cardeais para melhor mostrar como a humanidade esté dispersa: Ipse ergo Adam toto orbe terrarum sparsus est. In uno loco fuit, et cecidit, et quodammodo comminutus implevit orbem terrarum.’ Esse modo de considerar 0 pecado condiciona também o modo de compreender o mistério da redengao, que ser4 antes de tudo obra de reconstrugao da unidade. Procuremos ver aqui como o plano de Deus se vai realizando para reconstruir o mundo na unidade. O Espirito estava tipicamente presente no momento da criagdo na unidade: € ele que vai agir para a sua reconstrugdo. Se percorrermos o Antigo Testamento, nele poderemos divisar a Ansia de Deus que quer reconstruir o mundo. O Espirito vai agir para realizar a Alianga. No Antigo Testamento o Espirito é conferido para a salvagao de um povo, como acontecerdé com os Juizes, que recebem o Espirito durante a sua missao.’ O Espirito serd dado aos Profetas para teste- munharem;? é dado também para um servico sacerdotal." Teremos de estudar atentamente esses diversos aspectos mais adiante, quando examinarmos o sacramento da confirmagao. O que nos importa aqui, por ora, € constatar essa intervengao do Espirito no final dos tempos, quando o Filho for enviado. J4 que © Espirito est4 na origem da concepgéo do Verbo segundo a carne, a essa encarnagdo e a essa descida da divindade na humanidade cor- responde — e esse é tema favorito dos Padres — a divinizagaio do homem nascido pelo batismo e que recebe o ser “segundo Deus”. Num segundo momento o Espirito, no batismo no Jordéo, como mais tarde na transfiguragao, estabelece oficialmente 0 Cristo no seu agir: anunciar e realizar concretamente o mistério pascal da morte, da ressurreigéo e do envio do Espirito que deve continuar a obra da 5 “Onde hé pecados, af ha multidio”. In Ezech. Homilia 9, 1, ed. por W. A. Bachrens, Grigenes’ Werke, GCS 8, Lipsia, 405. 6 In Johannem, lib. 7: PG 74,69 7 “Portanto, o proprio Adio foi espalhado por todo o universo. Esteve num 86 lugar e caiu e, de certa forma fragmentado, encheu 0 mundo inteiro”. In psalm., 95,15: PL 37,1236. 8 Ja 3,10-11;6,34;11,29;13,25;14,6.19;154; 18m 10,6;10,10;11,6;16,14;19,20;19,23. 9 Is 811; Jr 1,9;15,17; Ez 3,4; Am 3,8:7,14; Is 61,1-8, onde o servo anun © Novo Testamento. 10 Is 42,1;53,11. Os trés sacramentos da iniciagao crista 14 reconstru¢éo. Diversos Padres véem significada a confirmagaéo no batismo no Jordao e na intervenco do Espirito; nela o cristao recebe o seu agir para dar testemunho, anunciar até a realizagéo sacramental toda vez que ele come o Pao e bebe o Calice, proclamando a morte do Senhor até o seu retorno. O cristéo ¢ assim destinado a oferecer com Cristo e a celebrar com ele na eucaristia o mistério pascal da reconstrugéo do mundo na unidade. Descobre-se facilmente o liame que une os trés sacramentos da iniciagdo: 0 sacramento do ser cristao, filho adotivo (batismo); o sacramento da destinagao do cristao (confirmagao); 0 sacramento da atualizacdo da Alianca realizada no seu princfpio, mas que deve ser continuada (eucaristia). Era necessdério dar ao menos em grandes linhas essa visio bi- blico-teolégica e liturgica do liame que une os trés sacramentos da iniciagao. E nessa perspectiva que devemos ler as paginas seguintes. I. PRE-HISTORIA E PRIMEIROS ESTAGIOS DA INICIACAO (SEC. I-VI) capitulo primeiro Perspectivas biblicas A. A PURIFICACAO PELA AGUA NO PAGANISMO E NO HEBRAISMO W. Brandt, Die Jiidischen Baptismen, Giessen, 1910; G. Polster, “Der kleine Talmud-traktat iiber die Proselyten” in Angelos, 2 (1926), 2s; J. Leipoldt, Die urchristliche Taufe im Licht der Religionsgeschichte, Lipsia, 1928; N. Dahl, The origins of Baptism, Festchrift Mowinckel, Oslo, 1955, 36-52; K. Rahner, Miti greci nell’interpretazione cristiana, Bolonha, 1971; A. Oepke, “bapto”, in GLNT II, 41-87; A. Tosato, “I simboli dell’ Ziazione dall’Antico al Nuovo Testamento”, in I simboli dell’iniziazione cristiana (Studia Anselmiana, 87), Analecta liturgica 7 (1983), 13-59, com bibliografia abundante. Sem querer entrar em pormenores intiteis, podemos relatar 0 que € que um cristao podia pensar dos rituais pagaos do seu tempo. Tex‘o de Tertuliano, muitas vezes citado, nos permite conhecer 0 uso da Agua entre os pagdos para purificar as pessoas e as coisas. No tratado De baptismo, escreve Tertuliano: +.+ nam et sacris quibusdam per lavacrum initiantur, Isidis alicuius aut Mithrae; ipsos etiam deos suos lavationibus efferunt, ceterum villas, domos, templa totasque urbes aspergine circumlatae aquae expiant, pass’m certe ludis Apollinaribus et Pelusiis tinguntur idque se in regenerationem Os trés sacramentos da iniciagao crista 16 et impunitatem periuriorum suorum agere presumunt; item penes veteres quisque se homicidio infecerat purgatrice agere aqua expiabatur.! A natureza da 4gua, de per si, sempre encantou os homens e todos a consideram como purificadora e regeneradora. Mas isso de modo algum significa que o cristianismo tomou do paganismo o seu ritual batismal; est@o superadas as velhas teses do final do século XIX, defendidas por Baur, Cumont, Loisy, Strauss. O termo bapto, baptizo, que quer dizer imergir, mergulhar, significa conseqiientemente lavar, purificar, destruir. O hebrafsmo conhecia também o banho de agua. Se pode ser tito de purificagéo prescrito pela lei, ele é também — e isso nos interessa particularmente — purificagaéo de iniciagéo.’ Todavia, nao encontramos na Sagrada Escritura textos que se referem ao batismo dos prosélitos, isto é, dos pagaos que querem agregar-se ao povo hebreu. A eles é imposta a circuncisaéo, de modo que devem nao apenas conformar-se as leis civis, mas também sub- meter-se a preceitos religiosos.’ A Mishnd, no seu tratado Ievamot, descreve esse batismo ministrado por dois rabinos, apés a circuncisio do candidato, o qual depois € instruido sobre 0 modo como se deve comportar. Também no Sifre, comentdrio rabinico aos capitulos 14-15 do livro dos Numeros, se 1é que os israelitas foram introduzidos na Alianga sé depois de terem sido circuncidados, depois de haverem atravessado o mar Vermelho e oferecido sacrificios. Estas sao as mesmas etapas que os prosélitos devem seguir. O Sifre nos apresenta uma teologia mais aprofundada desta iniciagéo, pois se trata de entrada no povo de Deus que é verdadeira iniciagaéo propriamente dita, que compreende o sinal da Alianga: a circunciséo, o banho e o sacrificio pascal. Tudo isso supde instrugdo precedente.‘ 1“... pois € por meio de um hanho que eles sio iniciados a certos mistérios, como os de {sis ou de Mitra. Os deuses deles também sio levados a banhos. Suas vilas, casas, templos ¢ até cidades inteiras sdo aspergidos com gua lustral para serem purificados. Durante os jogos apolindrios e pelusianos, em massa cles se fazem batizar ¢ acreditam obter assim a regeneragéo ¢ o perdao de suas faltas Assim também, entre os antigos quem se tinha tornado réu de homicidio devia recorrer a uma gua de purificagao”. De baptismo, 55,1: CCL I, 280. Tertuliano nos oferece textos importantes para o batismo, apesar da agressividade do género apologético do seu escrito. Na primeira parte do seu tratado sobre o batismo encontramos um comentério do rito batismal (De baptismo, CCL I, 277295) 2 Sobre o banho no helenismo e a bibliografia relativa, cf. A. Oepke, “bapio”, em Grande Lessico del Nuovo Testamento, Il, cit., 46-57. 3 Quanto a circunciséo, cf. H. Greeven, “peritomé", em GLNT X, 45-47, O termo Gher, em hebraico, significa “o estrangeiro” que vem morar na comunidade de Israel e que deve seguir as leis civis ¢ religiosas ¢ ser circuncidado (cf., por exemplo, Lv 17,8-15;24,16-22; Nm 15,15). 40 niohebreu é considerado progressivamente como impuro ¢ deve ser sub- metido a rito de purificagio que aqui € verdadeiro rito de iniciagio. No Jevamot se 1é que o prosélito deve ser advertido da dura condicéo de Israel muitas vezes perseguido € deve ser instruido sobre os mandamentos e sobre as punigdes que 17 Perspectivas biblicas Os documentos de Qumra nos dao a conhecer as praticas de um grupo de essénios que vivem intensa vida espiritual e religiosa desde o séc. I a.C. E possivel que esses ascetas tivessem algo em comum com os hassidim, judeus que tinham recusado a helenizacao tentada por Epifanes no séc. III a.C.’Tinham costumes préprios e nao aceita- yam o sacerdécio judaico; viviam no celibato, seguiam calendério préprio do seu grupo chamado “Comunidade dos filhos da Aliana”. Nos diversos manuscritos encontrados nas grutas, a purificagdo ocupa lugar muito importante. Deduz-se desses textos que a purificagio prevista é quase continua: antes de tomar uma refeigao, antes de falar com um superior etc. Mas sobretudo a purificagéo adquire o significado de conversdo na linha de Ez 36. Tal purificagao é a obra divina que se verificard principalmente no momento da visita messia- nica: ai haveré purificacéo no “Espirito de santidade”. Hé purificacao inicial, banho através do qual o novicgo é admitido na comunidade, como sinal de conversio 4 verdade; sé depois de um ano de provagéo € que ele pode ser admitido a dar este passo. Aqui nos achamos perante ritos de iniciagéo propriamente ditos, cuja interioridade da a possibilidade de considerar o batismo confe- rido por Joao Batista como prolongamento deles, da mesma forma, alias, que o batismo cristdo? B. O BATISMO NO NOVO TESTAMENTO Bibliografia J. Coppens, L’imposition des mains et les rites connexes dans le Nou- veau Testament et dans l’Eglise anc‘enne, Paris, 1925; F. M. Braun, “Le baptéme dans le quatritme évangile”, in Revue Thomiste 48 (1948), 347- 393, 49 (1949), 5-30; O. Cullmann, Les sacrements dans l’évangile johanni- ue, la vie de Jésus et le culte de l’Eglise primitive, Paris, 1951; A. George, “Les textes du Nouveau Testament sur le baptéme. Présentation littéraire”, in Lumiére et Vie 6 (1956), 9-18; D. Mollat, “Symbolismes baptismaux a violagdo deles comporta. Devese instrui-lo também sobre a recompensa que obteré a sua fidelidade. A seguir recebe a circuncisio e é batizado por dois rabinos que o instruem sobre os mandamentos e sobre teda a corduta de um israclita. No Sifre dos Nimeros, isto ¢, comentirio rabinico desse livro, nos caps. 1415 se diz a mesma coisa que no comentdrio precedente do Jevamot, mas 0 banho nao é mais simplesmente banho ritual legal, mas se tornou verdadeiro tito de iniciagdo e & posto no mesmo plano que a circuncisio. Por isso vemos que 0 batismo dos prosélitos é precedido de instrugao 5 Notamos como nos livros de Qumri, Manual de disciplina, Livro da guerra, constata-se que o banho de iniciagio tem significado profético e sente se notavel- mente a influéncia de Ez 36, onde o profeta fala da sua esperanga na justificagio € no perdio O banho € a conseqiiéncia da conversio procurada mediante a observancia da disciplina, Mas a purificagio € atividade divina que se veri- fearé no momento da visita de Deus. A conversio é conyersio verdade. Os trés sacramentos da iniciagao crista 18 chez saint Paul”, in Lumire et Vie 6 (1956), 74s; M. E. Boismard, “Une liturgie baptismale dans la I Petri’, in RevBib 63 (1956), 182-208; J. Delorme, “‘La pratique du baptéme dans le judaisme contemporain des origines chrétienne” in Lumiere et Vie 6 (1956), 21-60; J. Huby, L’évangile de saint Marc (Fasciculo da Biblia de Jerusalém), Paris, 1961; 1. de la Potterie, ‘‘Naitre de l'eau et de l’Esprit”, in Etudes Ecclésiastiques 14 (1962), ‘publicado também em La vie selon l’Esprit, Paris, 1965; J. Yse- baert, Greek Baptismal Terminology. Its origin and early development, Nimega, 1962 (bibliografia importante); L. Cerfaux, O Cristéo na teologia de sao’ Paulo, Ep Paulinas, Sdo Paulo, 1976, A. Oepke, “bapto , in GLNT II, 70s; C. H. Dodd, A interpretagao do quarto evangelho, Ed. Paulinas, Sio Paulo, 1977; E. Trocmé, “Jean-Baptiste dans le quatritme évangile”, in Revue d’Histoire et de Philosophie religicuse 60 (1980), 129- 151; A. Tosato, “I simboli dell’iniziazione dall’Antico al Nuovo Testamen- to” in I simboli dell’iniziazione cristiana, cit., 32s. ~ Notemos primeiramente o uso que faz o NT dos termos baptismds e bdptisma, traduzidos em latim respectivamente por baptismus e bap- tisma. Mas € preciso considerar que enquanto a traducdo latina uti- liza indiferentemente um ou outro termo, tal nao acontece com 0 texto grego, que usa baptismds especificamente para designar os ritos de purificagio judaicos (cf. Mc 7,4; Hb 9,10) e bdptisma para designar © batismo cristao. 1. A experiéncia litdrgica do batismo nos Atos O evangelho de Marcos 16,15-16 € muito significativo: “Jde proclamai ... aquele que crer e for batizado serd salvo”. Nessas poucas linhas est contida toda uma teologia da salvagéo em relacado com a missao dos apéstolos e da Igreja: trata-se de ir e proclamar. Por outro lado, o préprio rito nao € suficiente: primeiro é preciso crer e depois ser batizado; essas séo as condigdes para a salvacao. Mt 28,18-19 traz elemento novo: a formula trinitaria. Aliés Mc 16,16 estd sujeito a critica de varios exegetas segundo os quais esse texto nao teria sido escrito por Marcos’. Mesmo supondo que a obje- gio fosse claramente comprovada, isso’ ndo significaria que as pala- vras nao sejam de Jesus. Quanto ao texto de Mateus, a formula ‘dria nao quer dizer absolutamente que se trate da f6rmula litirgica do batismo. Se assim fosse, essa formula teria sido usada muito antes na Igreja latina, na qual nao se encontra antes do fim do séc. VII e inicio do séc. VIII. Dizer que esses versiculos nao pertencem ao evangelho de Mateus por 6 Cf. por exempl>. a nota de J. Huby na Biblia de Jerusalém, L’évangile de Saint Marc, Paris, 1961, 89. 19 Perspectivas biblicas causa de tal f6rmula tardia, nao parece ter importancia. Trata-se nado de férmula litérgica, mas de teologia do batismo que é insergdo no Pai, no Filho e no Espirito Santo. Quanto a experiéncia da Igreja a propdsito do batismo, os textos sao muito numerosos. Aqui limitamo-nos a alguns apenas. Os Atos sao de particular interesse. Em At 1,5 Jesus distingue entre o bat'smo de agua, recebido de Joao Batista, e o batismo no Espirito, que sera recebido a partir do dia de Pentecostes. Os apdstolos receberam o batismo da Agua, conferido pelo Batista, que se situa mais na linha da purificagao: é batismo para a remissao dos pecados; 0 batismo no Espirito esté mais na linha da santificagio. De fato, as palavras de Jesus em At 1,5 — “Sereis batizados no Espirito” — sao uma espécic de ressonancia das palavras do préprio Batista, quando dizia: “Eu vos batizo com 4gua, mas aquele que é mais forte do que eu, do qual nao sou digno de desatar a correia das sandalias; ele vos batizaré com o Espirito Santo e com o fogo” (Lc 3,16). Realmente, a efusio do Espirito sobre os apéstolos, no dia de Pentecostes, é verdadeiro batismo: eles so mergulhados no Espirito. Na comunidade apostélica o batismo de agua é conferido “em nome de Jesus” (At 2,38;10,48;19, 5322,16; cf. 1Cor 1,13-16;6,11; Gl 3,27; Rm 6,3). Como no texto de Mt 28,18, no se trata aqui de férmula litirg'ca, e sim da insercao em Jesus, o qual, enviado pelo Pai, trouxe a salvacéo e completa a sua obra enviando o Espirito. O batismo no Espirito € complemento da missao de Jesus e, por conseguinte, o batismo cristao esta ligado 4 vinda do Espirito como & vinda de Jesus. Pedro explica no seu discurso que Pentecostes é a realizacao das promessas proféticas (At 2,16-28). Contudo, é preciso notar logo que nao é facil ver a que momento ou com que ligago com esse ou aquele gesto — dgua ou imposicao das maos — esté ligado o dom do Espirito Santo. Dir-se-ia que 0 Es- pirito, com relagdo a Agua, é o elemento que a torna santificante; ao Passo que a imposicao das mos confere o Espirito como tal. Mas se in- sistimos demais nessas precisdes, nao corremos 0 risco de introduzir dis- tingdes que se definiram muito mais tarde nas reflexes teolégicas? Seja como for, encontramo-nos perante certos fatos que devem nos convencer de que o estudo dos Atos numa linha episédica nfo nos pode conduzir a uma teologia do dom do Espirito e tampouco a teologia da confirmagao. Com efeito, em muitos casos 0 dom do Espirito esté ligado a imposigao das méos (At 8.5-25;19,1-6). Mas em outros, o Espirito é dado por meio da imposigao das maos antes do batismo. E 0 caso de Cornélio (At 10,44), de Lidia (At 16,15), do carcereiro (At 16.31-34), do chefe da sinagoga, Crispo (18,8). Porém, na carta aos Hebreus (6 2) parece haver tendéncia a distinguir mais 0 batismo da imposigao das maos. Os trés sacramentos da iniciagdo crista 20 Nos Atos podemos divisar certo processo de evangelizagéo. Ape- sar disso, a catequese e o caminho para o batismo séo realmente muito breves, como no caso do eunuco batizado por Filipe (At 8, 26-39). Mas em alguns versiculos pode-se notar que existe realmente um plano de catequese: € 0 caso do capitulo 10,37-43, que se deve unir aos discursos de Paulo nos Atos (16,31-32;17,22-31;19,2-5). Ne- les Jesus é apresentado como pessoa viva; ele é descrito principalmente © mais como salvagéo do que como doutrina. Quanto 4 comunidade, os prodigios que nela se realizaram sao o sinal da propria presenca de Jesus no meio dos seus membros (At 2,14-19). Jesus é anunciado como termo de chegada da historia profética (At 3,18.21.24.25) e como centro do mundo (At 3,20-21) e do seu desenvolvimento. Cristo é 0 autor da vida (At 3,15). Por outro lado, crer em Jesus significa acolher a mensagem que ele prdprio trouxe, e j4 que a sua pessoa constitui o centro dessa mensagem, Jesus € 0 objeto da fé. Crer signi: fica, pois, aderir a Jesus como Senhor, em conversao radical. Essa é condigéo para se receber o batismo (At 2,41;8,12 etc.). Os que créem, recebem o batismo da dgua, ato ptblico, litirg’co, que expri- me a fé e a concretiza no sacramento. Por meio desse batismo aquele que cré € integrado no povo messianico e adquire com a comunidade lagos bem definidos: doravante ele deverd dar testemunho da sua fé em Cristo. 2. Reflexo doutrinal sobre a experiéncia do batismo em sio Paulo Nao nos devemos deixar enganar pelas aparéncias; no texto central de Paulo sobre o batismo — Rm 6,3-7 — nao encontramos descrigao liturgica do batismo, mas antes exposi¢éo doutrinal. Sao Paulo trata da nossa participacéo na morte e na ressurreicao de Cristo e a vé realizada numa “semelhanga” (omoioma). Trata-se de participagéo ontolégica em realidade presente sob a forma de sinal. Sabemos que Odo Casel partiu desse texto de Paulo para elaborar sua teologia litirgica. Contudo, Casel toma como ponto de partida da sua pesquisa teolégica os mistérios pagéos, quando deveria, antes, ter buscado na cultura palestinense essa teologia da atualizacio para a realizacéo concreta da participacao através da “semelhanga”. Se a anamnesis grega consiste em recordar aos contemporaneos um evento passado, se a memoria latina se inscreve na mesma linha, se as representacdes mistéricas pretendem provocar uma espécie de presenca moral de poder divino, o zikkaron palestinense apresenta-se de modo totalmente outro Aqui se trata nao de recordar, aos contem- pordneos, eventos do passado, mas de recordar a Deus 0 que foi feito a1 Perspectivas biblicas por meio dele e de seu Filho; para lho recordar, renova-se diante dos seus olhos 0 que aconteceu. Assim Deus, diante do evento salvifico renoyado, torna a agir com o mesmo poder para o fiel. A semelhancga da morte é, pois, a atualizagao dela no presente aos olhos do Pai; e nds participamos dessa morte, na realidade escondida sob forma de semelhanga. Realizadas uma sé vez, a morte e a ressur- reigéo de Cristo sao renovadas em forma de semelhanga, e nds ade- rimos plenamente na fé e no sinal sacramental a essa realidade presente. No batismo 0 neéfito recebe o Espirito, que é Espirito de vida nova (Rm 6,4). A vida no Cristo é a vida no Espirito (Rm 8,2). Esse batismo imprime um sigilo, uma marca do Espirito (2Cor 1,21-22; Ef 1,13); esse sigilo distingue aquele que foi batizado na fé e o conduz a realizacao definitiva da promessa, pois o Espirito que marcou o batizado € o Espirito da promessa (Ef 1,13). Todos os que foram marcados pelo Espirito, pelo mesmo sigilo, formam um sé Corpo no mesmo Espirito (1Cor 12,13). Sao Paulo valeu-se da tipologia do éxodo para explicar essa dimensao coletiva do batismo. O mar Vermelho deixou passar um povo e Paulo continua a sublinhar os acontecimentos que consti- tufram 0 povo de Deus. O Cristo é 0 novo Moisés que conduz o seu povo e o seu Corpo — a Igreja — pelo deserto: a Agua e a nuvem dao ao povo a forca para a caminhada (1Cor 10 1-2). Mas nao basta ter tido a nuvem ou o mand; para ser salvo é preciso ter atitude de fé concreta. No rito da circuncisao, S. Paulo vé a imagem daquilo que € o batismo enquanto este introduz o batizado no corpo da Igreja (Cl 2,11ss). Paulo o recorda com freqiiéncia (Ef 2,11-12): este corpo é a Igreja, que sob o poder do Espirito se desenvolve e conti- nua a crescer até a estatura de Cristo. 3. A liturgia batismal da primeira carta de Pedro O trecho mais importante do ponto de vista da catequese é 3,18- 22. Trata-se, quando nao de catequese propriamente dita, pelo menos de reminiscéncia de catequese tal como era feita nesse tempo. Dois elementos constituem essa pericove: 1) 3.18: hino ao Cristo ressuscitado. E profissao de fé em Cristo; 2) 3,19-22: fragmento ou breve recordagao de catequese batismal Nessa passagem tém importancia para nds trés elementos: a pes- soa de Noé, o diltivio, 0 batismo. Nao é a primeira vez que na Biblia se recorda o dilivio Em Isafas (28.17-19) ele é considerado como figura de realidade futura. Como a dgua do diltivio destruiu 0 pecado salvou Noé, assim novo dilivio manifestaré aos homens 0 juizo de Os trés sacramentos da iniciagao crista 22 Deus. Isafas declara que alguns serao gratuitamente salvos (Is 54,9). Quanto a Noé, ele é situado entre dois mundos: o velho mundo destruf- do e o novo, do qual Noé seré o Anciao. Como tal, Noé é figura de Cristo, primogénito da nova criagéo e do Resto de Israel salvo por Deus. Nesse relato do diltivio a 4gua é o lugar da luta contra o mal que € vencido; a arca é instrumento de salvagao e oito pessoas serao salyas. Os santos Padres viram nessas oito pessoas salvas uma ligagao com 0 oitavo dia, a saber, o dia da Pascoa. Por outro lado, o domingo € dia fora da semana, 0 oitavo, o dia da ressurreicéo, o tltimo dia. Esse oitavo dia, porém, é também o primeiro, o dia da criacaio.’? O batismo sera relacionado com o oitavo dia, e por isso os batistérios com freqiiéncia serao octogonais. O simbolismo do numero oito seré retomado, por exemplo, por Justino.® 4. So Jofo e seu evangelho sacramental O inicio e o fim do evangelho de Joao mostram suficientemente que ele é uma catequese; apds ter narrado o milagre de Cand, Joao faz uma reflexao: este foi o primeiro milagre feito por Jesus e os seus discfpulos creram nele (Jo 2,11). No final do evangelho, Joao nos refere o seu método: escolher entre os milagres feitos por Jesus aqueles que eram aptos para provocar a fé nele. Notemos também a construgo proposital do evangelho segundo duas sucessdes paralelas: de um lado, Jesus revela progressivamente a sua divindade; de outro, quanto mais revela a sua divindade, tanto mais vai crescendo a infi- delidade dos judeus. O evangelho de Joao, tardio, tem 0 mérito de nos comunicar a experiéncia vivida da Igreja; veremos que 0 batismo e a eucaristia sfo intimamente ligados por Joao aos acontecimentos da vida de Jesus. S. Jodo deve ter tido na sua comunidade fiéis fortemente apegados ao batismo de Joao Batista. Isto poderia explicar a insisténcia do evangelista em distinguir claramente 0 batismo de Joao do de Jesus (1,19-34;3,22-30;4,1-3), Joo quer sublinhar a superioridade do ba- tismo de Jesus e faz o préprio Batista apregod-la (1.26-27). Ao mesmo tempo, o fim do cap. 3 salienta essa oposigao a tal ponto que alguns exegetas se perguntam se esses vv. nao foram escritos por outro autor? Parece, em todo caso, refletir situagdo dificil da comunidade 7 J. Daniélou, Bible et Liturgie (Lex Orandi, 11). Paris, 1958, 354-387 8 Dial, 143 (Textes et Documents, 8,11), ed. G. Aarchabault 9 Jo 12627 sublinha a oposicéo € por sua vez At 19,1-7 © 18,25 parecem apresentar um grupo que recebeu o batismo de Jodo Batista’ e vive em oposi¢ao com os discipulos de Jesus. Sobre 0 enquadramento dos textos do Evangelho de Jodo, que Dodd chama de “a nova génese”, cf. 0 seu livro citado na III segio desta parte. 23 Perspectivas biblicas joanina. Por outro lado, ao passo que o batismo de Joao Batista, apresentado pelos Sinéticos, € sobretudo batismo de conversio, em sao Joao é apresentado como batismo que anuncia outro (1,27). Esse outro € 0 batismo no Espirito, que Joao menciona com freqiién- cia (3,5;7,37-39;19,33-34;20,22). O prdprio Cristo, que tem a ple- nitude do Espirito, batizaré no Espirito. Depois de ter estabelecido a identidade do batismo de Jesus com relagao ao do Batista, Joao entra em teologia sacramental do batismo. Deste ponto de vista, o relato do encontro com Nicodemos se inscreve melhor nessa perspectiva sacramental (3,1-21). Para compreender o texto em toda a sua amplidao é preciso, co- mo 0 faz C. H. Dodd, enquadré-lo nos caps. 2, 4 ¢ 6 que, segundo ele, apresentam “‘nova génese”. O milagre de Cana situa-se na plena reno- vacao do mundo: a Agua se torna vinho e o vinho novo é melhor que © vinho velho; do mesmo modo, o velho tempo dard lugar ao tempo novo. Sera preciso renascer de novo (3,1-21). Assim como ha vinho novo, haveré também, 4gua nova, com a qual nao se tera mais sede (4,1-15). Haverd novo culto e novo templo (4.21-26). Novo Reino ja esta instituido (4,35-36). O didlogo com Nicodemos situa-se num qua- dro em que Jesus apresenta a renovacéo do mundo e dos homens. Joao concebe essa renovacao como efeito dos sinais, os quais pressu- poem a fé. O novo nascimento deu origem especifica, ¢ sabemos que o evangelho de Jodo determina essa origem diversas vezes: a mes- ma coisa vamos encontrar nas suas cartas: nascido da agua (Jo 3.5); nascido da carne (1,3;3,6); nascido de Deus (1,13; 1Jo 2,29;3,9;4,7; 4,18;5,1). Joao nao se contenta com propor-nos o didlogo com Nicodemos, mas nos oferece também sua propria reflexdo sobre o problema da salvagdo: se ela é oferecida a todos, ela exige a f€, sem a qual novo nascimento € imposs{vel (3,16-21).

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