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ser a principal questão que os professo- rio do que se pensava outrora, e infeliz-
res procuram ver respondida. mente muitas pessoas ainda pensam, o
É certo que nas ciências sociais e huma- ensino não é uma arte que nasce com
No exercício da sua função, qualquer nas o rigor das verdades não se mostra algumas pessoas, ou seja, é possível
docente tem o desejo de ser proficiente. tão taxativamente como em outros ra- aprender a ensinar. Aliado a este tipo de
A proficiência no ensino está intrinseca- mos da ciência, o constante dinamismo pensamentos, que quase se tornam cor-
mente ligada com a aquisição de conhe- das situações não permite a existência rentes filosóficas, existe uma outra visão
cimentos e habilidades por parte dos alu- de fórmulas e receitas, pois estamos a do ensino que Carreiro da Costa (1984)
nos. Assim sendo, cabe ao professor falar da relação entre seres humanos. caracteriza como "romântica", tendo por
possuir um capital de recursos cogniti- Contudo, a investigação realizada no base especulações sem qualquer funda-
vos e técnicos que lhe permitam efecti- âmbito do ensino das actividades físicas mento pedagógico e científico, que en-
var o seu objectivo. Não obstante, à e desportivas, tem contribuído para o seu caram o ensino como um fenómeno sim-
maior parte dos professores surge a clás- melhoramento e desenvolvimento. Já ples e que é inato a algumas pessoas.
sica questão: como organizar o ensino existe conhecimento que nos permite Na verdade, aprende-se a ensinar, se as-
de maneira a conseguir os mais eleva- determinar quais as características do sim não fosse não haveria justificação
dos resultados na aprendizagem dos alu- bom professor e quais os factores asso- para o grande investimento que os paí-
nos? (Carreiro da Costa, 1984). Parece ciados ao sucesso do ensino. Ao contrá- ses fazem na educação e principalmen-
te na investigação no ensino, afim de
descobrirem as causas do seu sucesso ou
insucesso, procurando-se cada vez mais
atingir melhores resultados na aprendi-
zagem dos alunos (Siedentop, 1991).
A didáctica é o conjunto de meios que o
professor utiliza para concretizar a sua
acção pedagógica. Ensinar bem está re-
lacionado com a capacidade que o pro-
fessor tem de, nas mais variadas situa-
ções, conseguir criar condições favoráveis
de maneira a que todos os alunos pos-
sam assimilar os conteúdos abordados,
sabendo aplicá-los posteriormente de
forma autónoma. Segundo Onofre
(1995), o sucesso dos alunos, no que diz
respeito à sua aprendizagem, está de-
pendente da qualidade do desempenho
do professor, esta, por sua vez, depende
da sua capacidade para analisar as cir-
os comportamentos desejados e quais para o sucesso do ensino. A psicologia Em suma, foram apresentadas resumi-
os que não são desejados, passando o tem demonstrado que, um conhecimen- damente as características de um ensi-
aluno a estar ciente do que pode ou não to dos resultados da prestação constitui no eficaz das actividades físicas e des-
fazer. um elemento que permite o progresso portivas. Com o conhecimento actual,
É importante, a fim de evitar comporta- na aprendizagem motora (Piéron, 1988). os professor já tem uma referência de
mentos inapropriados, que o professor Carreiro da Costa (1984), considera que acção no sentido de melhorarem a sua
motive os comportamentos apropriados o feedback constitui a variável mais con- intervenção. Apesar da investigação em
através de interacções positivas (Onofre, sistente a controlar a aprendizagem Educação Física ter aproximadamente
1995), contrariando desta forma a nor- motora. Apesar de existirem alguns es- 30 anos, já se produziu um corpo subs-
mal reacção dos professores apenas aos tudos que concluem que o feedback não tancial de conhecimentos científicos
comportamentos de indisciplina. representa nenhuma relação significati- que nos permite orientar na procura da
Algumas experiências demonstraram va com as aprendizagens, a maior parte excelência.
que os comportamentos inapropriados, dos autores é unânime em reconhecer o
são mais facilmente modificados quan- seu potencial para o sucesso das activi-
do o professor os resolve em privado com dades físicas e desportivas.
o aluno (Onofre, 1995). Este deve ser in- Para que o professor possa transmitir um
transigente, não obstante, o assunto CARREIRO DA COSTA, F. (1984). ''O queé Um Ensi-
feedback ao aluno, é imperativo que
no Eficaz das Actividades Físicas no Meio Esco-
deve ser tratado numa relação aberta. domine o que está a ensinar, conhecendo lar?'. Horizonte, Vol. I, n.o 1, 22-26.
GRAHAM, G.; SOARES, P.; HARRINGTON, W. (1983).
todas as componentes críticas das tare-
"Experienced Teachers Effectiveness With Intact
Tempo de Empenhamento Motor fas que prescreve, pois só assim poderá Classes: Na ETU Study'. Journal of Teaching in
Physical Education, 2. 2, pp, 3-14.
intervir após cada prestação do aluno. GOOD, T.; BROPHY, J. (1986). School Effects. In M.
O tempo de empenhamento motor as- O feedback é utilizado para ajudar o alu- C. Wittrock (Ed.), Handbook of Research on
Teaching: A Project ofthe American Educational
sume-se como um dos factores de su- no a superar as suas dificuldades, por ResearchAssociation. NewYork: McMillan, pp.
cesso mais significativo. Os professores isso, após cada informação de retorno 570-602,
ONOFRE. M, (1995), "Prioridades de Formação Di-
mais eficazes são também melhores emitida pelo professor, este deve acom- dáctica em Educação Física". Boletim SPEF, 12.
pp,75-97.
gestores do tempo que dispõem nas panhar a actividade que o aluno desen-
PHllLlPS. A; CARLlSlE, C. (1983). "A Comparison of
aulas (Carreiro da Costa, 1984). volve após ter recebido o feedback Physical Education Teachers Categorized as Most
and least Effective". joumal of Teaching in
Como o tempo horário é fixo, para que (Piéron,1988). Segundo Onofre (1995),
Physical Education. 2,3. pp. 55-67.
o tempo de empenhamento motor seja para que o aluno se sinta mais motivado PIÉRON, M. (1982). Analyse de tenseignement des
Activités. Bruxelles: Ministêre de l'Education
maximizado, os períodos de instrução e a participar, o professor deve revelar o Nationale et de la Culture Française.
a duração e o número de episódios de que o aluno foi capaz de fazer em detri- PIÉRON. M. (1988). Didactica de las'actividades F/si-
cas y Deportivas. Madrid: Gymnos.
organização deverão ser minimizados. mento de realçar os aspectos que o alu- PIÉRON. M. (1999), Para una Enseflanza Eficaz de
Numa aula de Educação Física, os alu- no não foi capaz de fazer ou que execu- las Actividades Flsico-Deportivas. Barcelona:
Inde.
nos estão em empenhamento motor tou mal. SARMENTO, P.; VEIGA, A; ROSADO. A.; RODRIGUES.
apenas 25-30% do tempo útil (Piéron, Os professores emitem mais feedbacks J.; FERREIRA, v. (1998). Pedagogia do Despor-
to, Instrumentos de Observação Sistemática da
1988; Siedentop, 1991), ficando apenas verbais e avaliativos, no entanto, os re- Educação Física e Desporto, Lisboa: Edições
10-20% do tempo para actividades re- sultados da investigação têm demons-
FMH. 27
SIEDENTOp, D, (1991), Developing Teaching Skills in
lacionadas com o objectivo da aula. trado que um feedback especffico quan- Physical Education. Mountain View: Mayfield
Pub/ishing Company.
Ambos os autores consideram que esta do assume um carácter verbal e visual SIEDENTOP, D.; ELDAR, E. (1989). "Expertise,
:'percentagem do tempo de empenha- (misto), tem mais repercussões na apren- Experience, and Effectiveness". Joumal of
Teaching in Physical Education, 8. pp. 254-260.
. mento motor é baixa, comprometendo dizagem do que quando apenas se re-
dos objectivos da disci- yeste apenas de um carácter verbal.
de Educação Física. O feedback avaliativo, de conteúdo ge-
rai, deve ser utilizado de preferência
Pedagógico numa fase inicial da aprendizagem.
Numa fase mais avançada da aprendi-
pedagógico, a semelhança zagem, os feedbacks prescritivos e des- ADILSON C MARQUES