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Não Ataque os Guardas (2005)

11 de abril de 2005

“O propósito das principais instituições repressivas [prisões] dentro do estado totalitário


capitalista [Amerika] é, claramente, desencorajar e proibir determinadas atividades e as
proibições alvejam setores muito distintos e específicos da sociedade sensitiva à classe – e
raça. A expressão suprema da lei não é a ordem – são as prisões. Existem centenas e
centenas de prisões, milhares e milhares de leis e, ainda assim, não há ordem social nem paz
social... Prisões não foram institucionalizadas em uma escala tão imensa pelo povo. A maior
parte do povo compreende que o crime é resultado de uma distribuição grosseiramente
desproporcional da riqueza e dos privilégios, um reflexo do atual estado das relações de
propriedade. Não há homens ricos no corredor da morte e tão poucos dentro da população
carcerária em geral que podemos esquecê-los completamente. Encarceramento é um aspecto
da luta de classes desde o princípio... As massas devem ser ensinadas sobre a verdadeira
função das prisões... Devemos educar o povo sobre as causas reais dos crimes econômicos...
mesmo os crimes passionais são efeitos psicossociais de uma ordem econômica
[decadente]... Prisioneiros devem ser alcançados e conscientizados de que são vítimas da
injustiça social... A lei e tudo que se entrelaça com ela foi construída para pessoas pobres e
desesperadas como eu.”

George L. Jackson, 1971

Introdução

Tendo sido criado como somos, com a ideia de “olho por olho, dente por dente”, a
ideia de acertar as contas é profundamente enraizada em nós. Mas, em uma
sociedade baseada na desigualdade, o acerto de contas cobra um preço alto e é,
de fato, impossível: ao menos é impossível por sua característica de retaliação
individual.

A única forma de nos protegermos da intimidação e do abuso pelos agentes


penitenciários é se responsabilizarmos o sistema como um todo, não apenas tratar
os problemas caso-a-caso, mas construindo um amplo movimento de massas em
defesa dos direitos humanos. Esse é o próximo passo que deve ser tomado pelo
atual Movimento pelos Direitos Civis e Humanos.

Desde 1970, houve um aumento de 375% no número de pessoas encarceradas


nas prisões amerikanas. Negros, indígenas e latinos são mais da metade desses
prisioneiros. A 13ª emenda à Constituição dos EUA, que “aboliu” a escravidão,
ainda permite ao governo tratar condenados como escravos.

Nos dez estados anteriormente escravistas, qualquer pessoa condenada por um


crime perde permanentemente o direito ao voto, o que significa ser privado de um
dos mais básicos direitos democráticos, a própria fundação da cidadania. Se você
não quer ter seus direitos de cidadania negada nem ser tratado como um escravo,
nós temos que construir um movimento de massas para emendar a 13ª Emenda e
abolir a escravidão de uma vez por todas.

Falando nisso, temos que redefinir o que são “punições cruéis e incomuns” 1. Se
tornar um escravo do estado é uma punição cruel e incomum. Ser ilegalmente
linchado também é. Ser enviado para longe da família e entes queridos, tornando a
visita impossível é punição cruel e incomum. Ser agredido, torturado e estuprado
por guardas e seus asseclas é punição cruel e incomum. Ser confinado a uma cela
do tamanho de uma casinha de cachorro 23 horas por dia por meses ou anos é
uma punição cruel e incomum. Toda e qualquer violação dos direitos humanos
comuns ao sistema de justiça penal amerikano constitui punição cruel e incomum.

É uma contradição gritante à Declaração de Independência dos EUA afirmar que


possuímos “certos direitos inalienáveis, entre os quais o direito à vida, à liberdade
e à busca da felicidade” enquanto o estado reivindica para si o direito de nos
alienar legalmente dos mesmos para tomar nossas vidas, liberdades e mesmo a
mais mundana das buscas pela felicidade. Isso não é nada mais do que pura
hipocrisia se passando por democracia.

Como cidadãos, temos o direito de ser julgado por nossos pares, de ser obrigados
a pagar indenização e/ou ser penalizado de outras formas pelos erros cometidos
contra as pessoas, e, se isso for feito de forma justa e igualitária, é um contrato
1
social válido. Mas de forma alguma isso descreve ou justifica o que se chama de
Justiça nessa sociedade. Os direitos civis e direitos humanos mais básicos não
precisam, não devem e não podem ser violados ou negados pelo estado ou por
seus empregados.

Só um imbecil acreditaria que não existem causas sociais do crime cuja origem
reside no sistema político-econômico. Isso não quer dizer que indivíduos não
devem ser responsabilizados por suas ações, mas que isso é apenas uma parte
da solução, e é a menor parte. A maior parte é responsabilizar o sistema político-
econômico e efetuar as correções necessárias.

Para ganhar os direitos de cidadania e assumir a posição onde se possa fazer as


mudanças necessárias no sistema penal e para mudar o sistema político-
econômico, prisioneiros tem que parar de pensar e agir como escravos e passar a
pensar e agir como cidadãos do futuro que precisamos criar.

Então, não perca a calma! Não se rebele ou bote fogo na sua cela! Não espanque
os guardas – organize-se!

O Movimento das prisões de ontem e seu declínio

Os que conhecem minha história provavelmente vão ler esse escrito com suspeita
e perplexidade. Por mais de uma década eu me distingui como garoto propaganda
da violência retaliatória contra os guardas da prisão, que eu pratiquei como
resposta persistente à sua intimidação e brutalidade, seja diretamente contra mim
ou contra qualquer prisioneiro nas minhas proximidades. Mas o tempo e a
experiência às vezes trazem discernimento. E o discernimento nos permite ver o
panorama mais geral.

Os abusos dos guardas, bem como o crime em geral, são o resultado de um


sistema político-econômico disfuncional – que é disfuncional desde a perspectiva
de “Nós, o Povo”. Nossa violência reacionária não pode corrigir os abusos dos
guardas mais do que a violência reacionária policial e dos tribunais contra as
comunidades pobres e oprimidas pode corrigir o problema do crime. Nós temos
que responsabilizar o sistema político-econômico em ambos os casos e criar o
poder popular para trazer a mudança.
Muitos podem apontar para a Rebelião de Attica em 1971 2 como marco que levou
a muitas das reformas prisionais e ao abandono da política de “hands off”3 pelos
tribunais federais, passando a levar em conta as ações dos prisioneiros em suas
decisões e buscando preservar os direitos civis e humanos dos encarcerados. Isso
é parcialmente verdade, mas não se pode olhar para essas mudanças em um
vácuo. Houve milhares de rebeliões nas prisões desde Attica, e prisioneiros
inundam e colocam fogo em suas celas e espancam guardas o tempo todo. Mas o
que isso mudou, no fim?

Esses atos apenas deram munição para a burocracia carcerária nos demonizar e
jogar a opinião pública contra nós e afastar a preocupação com a reforma prisional
e o tratamento dispensado aos presos. Isso, por sua vez, permitiu que todos os
ganhos obtidos desde os anos 1970 fossem retirados e que os tribunais
reinstituíssem a doutrina de “hands off” por meio da aprovação de leis como o
Prison Litigation Reform Act de 1996 e decisões como em Turner vs Safley 428 US
78 (1987), que permite aos funcionários das prisões violar os direitos dos
encarcerados sempre que sua imaginação puder mostrar um “objetivo penológico
válido” para suas ações. O resultado foi um retorno aos níveis de abuso e
condições desumanas pré-attica em um sistema que aumentou oito vezes de
tamanho.

O levante de Attica simplesmente os pegou com a guarda baixa e aconteceu em


um momento em que, devido a um movimento nacional nas prisões, de crescente
e ampla conscientização da opinião pública sobre as condições das prisões.
Também era um tempo onde havia grande agitação social e oposição de massas
organizadas contra o sistema e suas muitas injustiças. De fato, a rebelião em
Attica e a resposta pesada e sádica do Estado galvanizaram a opinião pública em
favor das demandas por mudanças.

As concessões feitas aos prisioneiros à época foram parte de uma estratégia mais
ampla para pacificar e neutralizar um amplo movimento que estava abalando as
bases do sistema imperialista americano. Diversos movimentos populares, desde o
movimento dos Direitos Civis até o movimento Contra a Guerra; Libertação Negra,
movimentos pelos direitos de Chicano e Indígenas, o movimento de independência

3
Porto-Riquenho, Movimentos de direitos das Mulheres e da população LGBT,
Empoderamento da Juventude, movimento estudantil, de trabalhadores rurais e
outros estavam todos se juntando em uma frente unida contra o imperialismo.

Mas junto com determinadas reformas liberais (a cenoura) vieram medidas


pensadas para jogar a opinião pública contra os prisioneiros e suprimir
organização e ativismo político futuro dentro das prisões (o chicote). Assim
começou a proliferação de unidades de controle super-opressivas, com a primeira
penitenciária de segurança supermax dos EUA em Marion, Illinois, abrindo apenas
meses depois da rebelião de Attica em 1972. Além disso, organização política e
ativismo começaram, cada vez mais, a serem rotulados como “atividade de
gangues” para justificar a supressão dos direitos civis dos prisioneiros.

O propósito real das unidades de controle como armas de perseguição e


supressão do ativismo político foi admitido por Ralph Arons, um ex-administrador
da penitenciária de Marion testemunhando em um tribunal federal:

“O propósito da Unidade de Controle de Marion é controlar atitudes revolucionários no


sistema prisional e na sociedade como um todo”

Stephen Whitman, “The Marion Penitentiary – It Should be Opened-Up Not Locked-


Down,” Southern Illinoisan, August 7, 1988, p. 25.

A declaração de Arons revela o verdadeiro objetivo político por trás das prisões
supermax como sendo reprimir até mesmo o pensamento revolucionário, não
apenas nas prisões, mas na sociedade inteira. E como isso se relaciona com os
ideais professados na Declaração de Independência? Essa agenda de
perseguição política e policiamento do pensamento, no entanto, raramente é
revelada de forma tão franca para o público, que, antes, é bombardeado com
propaganda anticrime e antidrogas histérica e racista que visa justificar,
racionalizar e ganhar apoio para a proliferação das cadeias (incluindo as
supermax) para descartar os elementos supérfluos da população – particularmente
a juventude urbana, minorias étnicas, nacionalidades oprimidas e os pobres em
geral.
Esses são os mesmos grupos que eram a energia por trás dos movimentos sociais
e políticos dos anos 1960 e início dos anos 1970. Enquanto isso, A mídia
hegemônica nunca discute de forma inteligente, quando muito menciona, os
problemas sociais subjacentes da pobreza, desigualdade e racismo sendo
perpetuadas pelo sistema político econômico, que estão na base do problema da
criminalidade e da insatisfação, que é o ímpeto desses grupos exigindo a
transformação revolucionária.

Prisões também se tornaram uma indústria subsidiada pelo governo (ou seja,
pelos contribuintes), cujo crescimento continuado gera investimentos continuados
e oportunidades de lucro para o enriquecimento da Amerika Corporativa. Assim, o
poder das corporações continuamente financiou e pressionou políticos para criar
uma expansão cada vez maior do complexo industrial-prisional. Ao invés de ser
visto como um problema social a ser resolvido, crime e castigo passaram a ser
uma condição a ser proliferada e da qual se extrai lucro às custas das
comunidades oprimidas e do público em geral.

Como resultado, uma média de 24 novas prisões tem sido construídas a cada ano
em áreas rurais remotas, economicamente deprimidas e povoadas
majoritariamente por brancos desde os anos 1980. Por outro lado, a maior parte
dos encarcerados é de pessoas pobres, de cor e de áreas urbanas. A divisão
resultante entre os funcionários das prisões e os presos partindo por linhas raciais
e culturais cria uma receita óbvia para o conflito e o abuso, replicando as
condições da escravidão da Amerika pré-Guerra Civil, onde brancos pobres eram
armados e empoderados para terem domínio total sobre escravos negros
desarmados e destituídos de direitos nas plantações – o mesmo sistema que criou
a ideologia racista da supremacia branca e abusos horríveis contra a população
negra até os dias de hoje.

Essas novas prisões foram projetadas para isolar, controlar e punir efetivamente a
violência reacionária dos presos contra o abuso – ao mesmo tempo que a provoca
– para que os agentes penitenciários pudessem se utilizar desses eventos para
nos demonizar e nos retratar como “animais violentos”, usando de profecias
autorrealizáveis e estereótipos para justificar a construção de mais prisões
supermax
Ao nos isolar de comunidades solidárias e manter total controle sobre a opinião
pública, o guardas e funcionários da prisão tem tido total liberdade para nos
torturar, brutalizar e intimidar fora das vistas e da supervisão do público. Aqueles
que são contratados para trabalhar nessas senzalas são prontamente levados a
praticar ou silenciar sobre os abusos que ocorrem dentro das prisões. A
necessidade econômica, que os leva a trabalhar nesses infernos, os impede de
denunciar. Além disso, para quem eles iriam denunciar?

Mas há ainda um custo oculto para as comunidades onde essas prisões estão
localizadas. Os abusos sistemáticos infligidos a nós em algum momento
transbordam para as comunidades na forma de abuso contra cônjuges e filhos,
bem como comportamento violento em geral. Insensíveis à violência e
acostumados a cometê-la, os guardas levam esse comportamento reacionário
para suas casas e o praticam contra família e vizinhos. Tal como com a escravidão
no passado, toda a comunidade e arrastada para esse ciclo de brutalidade.

O dinheiro utilizado para financiar e manter essa proliferação das prisões é tomado
dos cofres públicos, desviando-o da construção de escolas, hospitais, faculdades e
habitação e de programas de bem-estar social. Essas prisões causam imensa
degradação ambiental nas comunidades, especialmente na gestão de águas
residuais. O desenvolvimento econômico trazido pelas prisões em geral funciona
em detrimento dessas mesmas comunidades, uma vez que as compras são feitas
de grandes corporações e não de negócios locais. O emprego se baseia em uma
área ampla, não apenas na comunidade local, bem como o aumento do tráfego
pressiona a manutenção das estradas e a condição de “cidade prisional” afasta
outros investimentos com o potencial de gerar emprego e renda.

As taxas de crimes sobem e o contrabando de drogas pelos guardas os coloca em


contato com o crime organizado local e tende a aumentar o consumo de drogas
como um todo na cidade prisional e comunidades do entorno. E estudos tem
mostrado que as prisões não fazem nada para reduzir as taxas de criminalidade
nacionais (ver: Alfred Blumstein, et al. [eds.] Deterrence and Incapacitation:
Estimating the Effects of Criminal Sanctions on Crime Rates, Washington, D.C.:
National Academy of Sciences, 1978; Christy A. Visher, “Incapacitation and Crime
Control” Does a ‘Lock ‘Em Up’ Strategy Reduce Crime?,” Justice Quarterly, 4,
1987, pp. 513-543; Kevin Krajick, et al., Overcrowded Time, New York: The Edna
McConnell Clark Foundation, 1982.). Até mesmo os funcionários das prisões
admitem tal realidade. Como dito pelo diretor do departamento de correções do
estado do Alabama: “nós estamos em um trem que precisa ser virado. Não faz
sentido bombear milhões e milhões em correções e não ver nenhum efeito nas
estatísticas de criminalidade.” (citado em: Scott Ticer, “The Search for Ways to
Break Out of the Prison Crisis,” Business Week, May 8, 1989, p. 80).

Logo, a violência reacionária não é só contraproducente aos nossos interesses,


mas também não considera que os guardas são descartáveis e facilmente
substituídos. Eles são, em sua maioria, pessoas economicamente desfavorecidas
como nós. Desespero econômico os forçou a buscar um trabalho em prisões, e é
esse mesmo desespero e senso de insignificância social e impotência que é a
fonte da necessidade por dominância e poder que está por trás a brutalidade
sádica de muitos guardas abusivos.

Esse comportamento é sintomático de um sistema político-econômico falido. O


racismo deles tem suas raízes na sensação de fracasso por não “chegar lá” em
uma sociedade que os privilegia. Eles enxergam negros e outras pessoas de cor
como tendo algum tipo de culpa pela sua falta de condição social, educação e por
sua pobreza, acreditando que as oportunidades de uma vida melhor lhes foi
“roubada”. A sua raiva e violência, uma vez lançada dentro do contexto da prisão
não pode ser contida e espirra para a vida familiar e relações na comunidade fora
dos muros. Muitos caem no abuso de álcool e de drogas para entorpecer esses
sentimentos, mas isso só acelera a espiral de decadência. Alguns terminam na
prisão ou no suicídio.

A violência reacionária, seja cometida pelos guardas ou por nós, não é uma
solução a esses problemas comuns que são engendrados pelo sistema político-
econômico. Ela é apenas um ciclo de vai-e-volta que se desenrola entre pessoas
pobres que foram divididas a partir de linhas culturais e de cor. Essas condições e
divisões foram criadas por uma classe dominante minoritária, rica e manipuladora,
que gerencia esse sistema e constrói essas masmorras para servir aos seus
interesses de classe e frustrar os nossos.

Construindo um movimento sustentável nas prisões hoje.


E nosso status de “escravos”? Como o estado valida a negação do nosso direito
“inalienável” à cidadania? Não valida! Os EUA tiveram papel central na escrita da
Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), que adotou em 1948. O artigo
4 da DUDH declara que: “ninguém será mantido em escravidão ou servidão.
Escravidão e o comércio de escravos serão proibidos em todas as suas formas.”

Milhares de eleitores, majoritariamente negros, foram chutados das listas de


eleitores na Flórida em 2000, permitindo que George W Bush roubasse a eleição,
sob o falso pretexto de que eram criminosos condenados. Por que margem ele
teria sido derrotado se se tivesse permitido que criminosos condenados de
verdade e os mais de 2 milhões de confinados às plantações escravocratas
votassem? Se prisioneiros e outros grupos privados do direito ao voto pudessem
votar, se candidatos a cargos públicos locais e nacionais tivessem que fazer
campanhas nas prisões, os políticos teriam que falar sobre as questões de direitos
humanos na Amerika.

Encarceramento sem representação é uma tirania bem pior do que taxação sem
representação. Ainda assim, nos contam, esse era um motivo justo para a
revolução. Bush justifica invasões e ocupações militares continuadas no
Afeganistão e no Iraque em razão da necessidade de levar a “democracia” e o
direito ao voto a esse povo. Esse mesmo direito é negado a milhões de pessoas
bem aqui na Amerika; em muitos casos, os próprios irmãos e irmãs dos soldados
que foram enviados para matar e morrer nessas guerras.

Há uma imensa contradição entre nossa privação de direitos e status de “escravo”


e os ideais promovidos pelos políticos da Amerika, os documentos fundadores dos
EUA e o direito internacional. Mais e mais pessoas estão sendo “escravizadas” por
períodos cada vez maiores enquanto o índice de criminalidade continua
basicamente o mesmo. “Correções” e “reabilitação” são palavras chamativas que
pretendem colocar uma máscara sobre o que está realmente acontecendo.
Ninguém está sendo “reabilitado”! Torturado? Sim! Ser levado à loucura e ao
amargor contra a sociedade? Sim! Ser explorado pelo lucro das empresas
privadas? Sim!

No passado, eu via a mim e aos meus pares como impotentes, então lutar com os
guardas e trata-los com desprezo era, de certa forma, terapêutico. E mesmo
agora, quando eu testemunho abuso, minha raiva interna ferve e já tive explosões
que me levaram à beira da reação violenta. Mas eu aprendi a me controlar e a
testemunhar contra esses ultrajes.

A prisão é uma escola dura, mas oferece oportunidades de aprender lições


valiosas. Uma das mais importantes que eu aprendi é a necessidade de construir
uma unidade organizada e o poder que isso traz. Antes de ser um martelo, é
necessário aprender as lições da bigorna e se tornar forte e disciplinado o
suficiente para se levantar e se organizar, construir alianças e ganhar o apoio de
fora. Para ter efeito duradouro nossa luta deve ser política – devemos ganhar
nossas principais batalhas nos tribunais da opinião pública. Foi ganhando a
opinião pública que os burocratas do sistema prisional nos tomaram os ganhos do
passado e nós devemos recuperar esse território e um pouco mais. Rebeliões e
agressões aos guardas não vão avançar essa luta.

Isso não quer dizer que devamos ser pacifistas – quando se chega à extremidade
da autodefesa, ninguém espera que ninguém se deite e se deixe matar. O direito à
autodefesa é um direito humano básico e, de fato, toda a natureza demonstra que
ele é inalienável. Mesmo um rato luta quando é encurralado. Mas como um
movimento político, nós devemos ser improvocáveis e manter a superioridade
moral. Não podemos lutar contra eles, mas podemos nos organizar melhor que
eles e usar a opressão gratuita para acusá-los.

Guardas enquanto indivíduos não tem valor algum para o sistema para além do
custo de treinamento de seus substitutos. E eles podem ser repostos pelas filas
dos desempregados amanhã. O sistema vai sacrificar de bom grado qualquer
quantidade deles pela oportunidade de nos matar, nos pintar como “animais” e
“terroristas”. Eles precisam justificar as medidas extremas e, para isso, provocam
violência retaliatória contra o pessoal das prisões, bem como violência entre os
prisioneiros, que nós também precisamos controlar (mas isso é para outro manual)

Simplesmente preencher papelada e confiar nos tribunais é um beco sem saída.


Mas é útil para criar uma trilha de papel e documentar os padrões de abuso.
Ninguém sabe melhor do que nós que, no processo de queixa a palavra do guarda
sempre é favorecida em detrimento da palavra do prisioneiro. A doutrina não
escrita do protecionismo dá total liberdade aos guardas para violar os direitos dos
encarcerados. De forma semelhante, os tribunais estão inclinados a aceitar a
versão oficial dos eventos acima de quaisquer evidências e, principalmente, o
testemunho dos presos. Com praticamente nenhum recurso, nós devemos lutar
contra a máquina legal bem azeitada do Estado e com um judiciário disposto a se
fazer de cego e surdo às queixas dos presos ou seus pedidos por justiça. Dois
casos ilustram esse ponto:

Em Bruscino v. Carlson, prisioneiros de Marion moveram ação contra-ataques que


sofreram durante o mês de outubro de 1983 e as condições do confinamento
subsequente. A corte distrital ignorou 50 prisioneiros que testemunharam
brutalidades e agressões, mas deu crédito a um prisioneiro que declarava que os
ataques não correram. A corte de recurso do Quinto Circuito considerou as
condições de Marion “sinistras”, “sórdidas e horríveis” e “deprimentes ao extremo”,
mas também as considerou justificáveis devido a motivos de segurança, não
vendo violações dos direitos constitucionais dos presos. Em meados dos anos
1990, no caso Madrid v. Gomez, presos de Pelican Bay, California, moveram ação
contra condições brutais que incluíam tortura psicológica e danos causados por
privação sensorial na unidade de controle.

Nesse caso, o Dr Stuart Grassian, professor da escola de medicina de Harvard,


conduziu um estudo com 50 presos da unidade de controle de Pelican Bay e
descobriu que 40 deles sofreram danos psicológicos devido ao confinamento na
unidade. Os resultados do relatório de Grassian foram entregues a autoridades
estaduais e federais que, ao invés de corrigir as condições de tortura mental e
danos causados pela prática, pressionaram pela Reforma dos Litígios na Prisão no
ano seguinte. A Reforma, além de criar uma série de barreiras no acesso dos
presos à justiça, proíbe especificamente que pessoas encarceradas processem o
Estado por qualquer “dano mental ou emocional sofrido ao longo da custódia” a
não ser que a pessoa possa comprovar dano físico sofrido como resultado das
condições ou tratamentos contra o qual ela abre o processo.

Tortura mental, por definição, não causa nenhum dano físico. Os tribunais e
legisladores deram às autoridades prisionais licença para torturar e ferir
psicologicamente os presos nas unidades de controle, contanto que não deixem
nenhuma marca. E eles podem torturar fisicamente e machucar os prisioneiros
desde que algum preso traidor diga que nunca aconteceu. Em resumo, escravos
não tem direitos a serem reconhecidos pelos mestres.

Como mostra a experiência dos anos 1960 até agora, autoridades penitenciárias,
juízes e legisladores só respondem à pressão da opinião pública. Isso porque eles
sabem que nenhum poder pode dominar um povo sem algum grau de consenso
por parte do mesmo. Nós devemos, então, amarrar nossos interesses políticos e
exigências com aquelas da massa da população. Nossa exigência pelo fim do
nosso status de “escravos” e fazer valer nossos direitos humanos e civis ao
tratamento digno em face das tendências crescentes de encarceramento em
massa e enfraquecimento dos direitos e liberdades civis do povo é um caminho
válido e prático para fazê-lo.

Nós concordamos que essas propostas são reformistas, mas são um passo
necessário para a construção de um movimento para a mudança fundamental.
Elas vão nos ajudar a trazer as massas, particularmente os presos e suas famílias,
para a vida política. Elas vão abrir as portas para discussões entre o povo sobre
quem deveria ser considerado um criminoso e o que deveria ser considerado
crime. Nessa sociedade, onde o desemprego e a insegurança no emprego são
avassaladoras e em uma espiral decrescente, onde a distribuição desigual da
riqueza e oportunidades é a regra, onde a ansiedade, depressão e colapsos
emocionais e mentais são frequentes entre pessoas de todas as classes, onde
milhões se voltam para as drogas e álcool para se auto medicar e atenuar uma dor
que não tem nome, onde os pobres vendem drogas para manter seus próprios
vícios, onde os desesperados se voltam para o crime ou vendem seus corpos nas
ruas, onde jovens pegam em armas e matam uns aos outros por território ou
respeito, onde mulheres levadas a extremos pelo abuso atacam matando seus
maridos ou namorados, onde vítimas não tratadas de abuso sexual se tornam
abusadores, onde por qualquer motivo as pessoas vão contra a lei e terminam na
prisão. Enquanto, ao mesmo tempo, outros cometem crimes como poluição grave
do ambiente, ou causando câncer aos consumidores de seus produtos ou
instigando guerras onde as massas do povo são mutiladas pelo avanço dos seus
interesses – esses criminosos não vão para prisão, mas são louvados como
pilares da comunidade.
A própria base da sociedade capitalista é o roubo do valor gerado pelo trabalhador.
Os ricos e poderosos saem impunes por assassinato ou qualquer outro crime
(contra a lei ou contra a humanidade) porque são ricos e poderosos, enquanto os
pobres e oprimidos não podem sequer arcar com os custos de se defender quando
são falsamente acusados de quebrar a lei. Mas os presos (e nossa classe) não
precisam ser oprimidos, impotentes. Nossa força está em nos organizar e construir
nossa unidade. Nosso poder pode ser construído através da organização.
Primeiro, devemos nos acordar e àqueles à nossa volta para o potencial de obter
mudança por meio do ativismo político.

Nós podemos construir um movimento de massas em apoio aos direitos dos


prisioneiros, para emendar a terceira emenda, para abolir a pena de morte racista,
libertar nossos prisioneiros políticos e de guerra e estender o direito ao voto a
todos. E isso é só o começo! Nós podemos levar a luta contra o racismo e a
opressão nacional, contra a destruição do nosso meio ambiente, contra o
neocolonialismo e o imperialismo e contra toda a opressão – até o final e provocar
a alvorada de um novo dia de paz e justiça social para todos. Esse é o potencial do
poder popular!

O Poder Popular é nossa arma mais poderosa

Na construção desse movimento, nossas famílias devem se conectar com as


comunidades no entorno das prisões e ganhar seu apoio. Elas devem direcionar o
apoio aos direitos dos encarcerados e à extensão do sufrágio aos mesmos, bem
como na assistência das famílias dos presos. Eles devem falar nas igrejas, escolas
e para organizações de serviços comunitários. Os guardas violadores de direitos
humanos devem ser expostos localmente. As pessoas deveriam ser desafiadas a
tomar posição contra a injustiça.

Esses esforços deveriam apelar também para que as famílias dos guardas e para
os próprios guardas tomem uma posição e parem de enfiar suas cabeças na areia.
A conexão entre a violência contra os prisioneiros e o abuso contra cônjuge e
filhos devem ser sublinhadas. Nós temos que expor e contestar as práticas
errôneas de guardas femininas que usam seu sexo para manipular prisioneiros e
outros guardas e provocar violência e causar problemas. Nós devemos expor e
nos opor ao tráfico de drogas conduzido por guardas e pelo pessoal das prisões e
explicar como isso se reflete na comunidade e cria uma subcultura criminosa. Esse
movimento pode melhorar a segurança de todos.

Construindo esse movimento de massas para expor e confrontar abusos e


promover o respeito aos direitos humanos, nós podemos ganhar o apoio público e
trazer a pressão para ganhar nossos direitos civis e fazer mudanças na gestão das
prisões. Nós podemos transformá-las em escolas de libertação! Como escreveu
recentemente um escritor em sua oposição à tortura nas prisões da Amerika:

“Na prisão americana típica, feita para maximizar a degradação, brutalização e punição,
tortura explícita é a norma. Agressões, choques elétricos, exposição prolongada ao calor e
mesmo submersão em água escaldante, sodomia com cassetetes, lanternas, cabos de
vassoura, prisioneiros acorrentados forçados a deitar em seus excrementos por horas e
mesmo dias, meses de confinamento a solitária, estupro e assassinato por guardas – são
todas ocorrências comuns no sistema prisional americano.”

“O uso do sexo e da humilhação sexual como tortura em Abu Ghraib e outras prisões
americanas no Iraque é endêmica à prisão americana. Tortura sexual psicológica e física é
exacerbada pela política subjacente de negar sexo voluntário aos prisioneiros, fazendo com
que as duas formas de atividade sexual sejam fisicamente possíveis – masturbação e
homossexualidade – sejam tratadas como violações passíveis de punição. Revistas
completas e vexatórias, incluindo práticas invasivas e deliberadamente dolorosas como
revista de boa, ânus, testículos e vagina, frequentemente acompanhados de abuso verbal e
sexual são parte da rotina diária da maioria das prisões. Um relatório de 1999 da Anistia
Internacional documentou o estupro como prática comum dos guardas de prisões
femininas”

“Anualmente, muitos prisioneiros são mutilados, aleijados e mesmo mortos pelos guardas.
Fotos poderiam ser tiradas do sistema prisional americano que seriam idênticas às fotos
chocantes tiradas em Abu Ghraib. De fato, imagens das prisões americanas mostram
atrocidades piores do que aquelas vistas em imagens das prisões americanas no Iraque. Um
exemplo é que nenhuma foto dos abusos americanos dos prisioneiros no Iraque conseguiu
igualar as fotos de dúzias de prisioneiros selvagem e impiedosamente torturados por
guardas e policiais estaduais como resultado da rebelião em Attica (ver, por exemplo, as 64
páginas de fotografias incluídas em Attica: The Official Report of the New York State
Commission on Attica (New York: Praeger Books, 1972)). Imagens ainda mais
assustadoras estão disponíveis no documentário “Maximum Secutiry University”, sobre a
prisão californiana de Corcoran. Por anos, os guardas combinaram lutas entre os
prisioneiros, apostavam no resultado e então atiravam nos prisioneiros por estarem lutando,
ferindo gravemente pelo menos 43 e matando oito – só no período entre 1989 e 1994. O
filme mostra gravações oficiais de cinco incidentes separados nos quais guardas, sem
justificativa legal, atiraram e mataram prisioneiros desarmados” (“Maximum Security
University” (1997) está disponível em California Prison Focus, 2940 16th Street, San
Francisco, CA 94013 ou pelo e-mail info@prisons.org.)

“O sistema prisional... institucionaliza isolação e segredo – os muros da prisão são feitos


não apenas par manter os prisioneiros dentro, mas para manter o público fora evitando
observação e conhecimento do que se passa dentro. Incognoscível para todos menos presos
e guardas, a prisão se torna um lugar físico onde a tortura pode continuar sem nenhum
problema. Sendo assim, a prisão também se torna um lugar privilegiado para a fantasia
cultural”

“A prisão moderna foi pensada por reformadores americanos que acreditavam que as
pessoas não deveriam ser torturadas e que criminosos poderiam ser reformados por meio do
encarceramento, trabalho e penitência. Mas com o desenvolvimento do capitalismo
industrial, o trabalho não pago das prisões se tornou uma fonte de superlucros, uma
tendência acelerada pela guerra civil e a penitenciária se tornou o lugar da escravidão
industrial conduzida sob o chicote e outras selvagerias.”

“Antes da Guerra Civil, a principal forma de aprisionamento – escravidão de afro-


americanos – não era, como a penitenciária, considerada tortura. Escravidão, de fato, nunca
foi legitimada por qualquer reivindicação de que os escravos estavam sendo punidos por
algum crime ou qualquer outra coisa. Uma linha cultural da defesa da escravidão chegava
até mesmo a dizer que os escravos estavam felizes. Isso mudou em 1865, quando o Artigo
13, a emenda que aboliu a velha forma de escravidão, inscreveu a escravidão na
Constituição – para pessoas definidas legalmente como criminosas: ‘Nem escravidão nem
servidão involuntária, exceto como punição para os crimes pelos quais o indivíduo for
devidamente condenado, deverão existir nos Estados Unidos...’”

“Nesse ponto, torturas rotineiramente aplicadas aos escravos, especialmente as chibatadas,


se tornaram uma característica distintiva do principal local de encarceramento penal: as
plantações das prisões. A plantação do período anterior à Guerra Civil se fundiu com a
‘penitenciária’ para criar o sistema prisional americano moderno. Ironicamente, a privação
sexual na plantação, onde a reprodução dos escravos era uma fonte de lucro, junto com o
velho medo patológico da sexualidade negra, se tornaram a principal fonte de torturas
sexuais endêmicas do moderno sistema prisional dos EUA, onde pessoas de cor não são a
‘minoria’, mas sim a maioria.

“A verdadeira natureza e funções da prisão americana começou a ser conhecida a partir do


tremendo aumento da literatura da prisão no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. A
enxurrada de literatura de prisão caiu na cultura pública em livros, músicas, diários e filmes,
influenciando dramaticamente o movimento político daquele período. Muitos estados
criaram leis para tornar ilegal que escritores condenados recebessem pelos seus escritos.
Cursos de escrita criativa nas prisões foram privados de financiamento. Quase todas as
revistas dedicadas a publicar a poesia e histórias de prisioneiros foram liquidados.
Regulamentação federal foi feita explicitamente para assegurar que presos com visões
‘contra o sistema’ não tivessem acesso à mídia. (Dannie M. Martin, et al., Committing
Journalism (New York: W.W. Norton, 1993, pp.127, 212), presos foram amplamente
silenciados e ignorados.

“O silenciamento dos prisioneiros era uma precondição para a próxima etapa da prisão
americana. Simultaneamente foi lançado a frenética e nunca antes vista construção de mais
e mais prisões, logo lotadas e superlotadas com a ajuda de sentenças obrigatórias duras,
‘regra dos três strikes’ [as penas são progressivamente mais duras até a terceira, que varia
entre 25 anos a perpétua] e a assim chamada ‘Guerra às Drogas’ (metáfora para a investida
contra os pobres, assim como a guerra ao terror é para a invasão do Afeganistão e do
Iraque)"

“Como é possível que o público americano, revoltado pelas imagens de Abu Ghraib, parece
aceitar, e até mesmo promover, as centenas de Abu Ghraibs que constituem o complexo
prisional-industrial americano? Intimamente ligado ao aumento nas construções de prisões,
houve um aumento das imagens das prisões, com o sigilo dos muros das prisões validando
um complexo conjunto de fantasias culturais que atuam como agentes de negação coletiva.”

“Mesmo representações superficialmente realistas como a série de TV Oz, acabam por


mascarar ou normalizar o vasto complexo americano de tortura institucionalizada. Talvez a
imagem dominante, promulgada pelas próprias forças que instituem o frenesi de construção
de prisões, retrate a prisão como uma espécie de acampamento de verão para criminosos
cruéis, onde os condenados perambulam confortavelmente assistindo TV e levantando
pesos. Tão falsas como as imagens das plantações escravocratas pelo Sul encorajavam a
negação da sua realidade, imagens falsas das Abu Ghraibs espalhadas pelos EUA não
apenas legitimam a negação de sua realidade como também permitem sua reprodução em
Bagdá, Guantánamo, em locais do deserto afegão ou onde quer que nosso governo e nossa
cultura decida construir novas citadelas de tortura do futuro.”

–The American Prison and the Normalization of Torture, Bruce Franklin

Respondendo a e confrontando esse sistema louco, nós precisamos ser a voz da


razão que levanta e potencializa a consciência dentro e fora da cadeia. Ao desafiar
um sistema construído com base na crueldade e no exercício de poder absoluto e
oculto contra os impotentes, haverá tentativas de provocar e de nos tentar a incitar
a violência reacionária de nós contra nós. Mas devemos nos ater a nossa
estratégia e não ser tragada para a deles.

De fato, enquanto escrevo isso, a administração da unidade de controle da prisão


onde estou confinado está lançando uma guerra para usar meu passado para me
demonizar e estereotipar e, por extensão, ao Partido Novafrikano dos Panteras
Negras – Capítulo das Prisões, como promotores de violência contra os guardas e
funcionários da penitenciária. É uma manobra desesperada desses agentes, que
mantem uma prisão que tem uma extensa história de brutalidade racista, para
minar nosso trabalho de construir unidade disciplinada entre aqueles que eles
agridem, construir o apoio público a nossas demandas legítimas aqui e nas prisões
através da Amerika. Mas os esforços deles para distorcer nossa mensagem irão
falhar e apenas levar a uma maior exposição da verdade, que objetivamente serve
à nossa luta.

Camaradas como George L. Jackson, do Partido dos Panteras Negras original,


que foi assassinado por guardas da prisão de San Quentin em 1971, tiveram
problemas lidando com a raiva despertada pelo testemunho e experiência do
abuso. No final, o sistema usou isso para justificar seu assassinato a sangue-frio,
privando nosso movimento de uma grande liderança e de um grande porta-voz.
Nós não podemos ser tolos como touros. O toureiro sacode sua capa e o touro
ataca e, eventualmente, corre para a espada do toureiro. Mas um touro esperto
não vai fazer isso. Ele vai esperar o toureiro atacar e encará-lo com seus chifres.
Quando uma pessoa inteligente atua como tolo, isso é engraçado (uma comédia),
porém também é potencialmente trágico. Ao longo dos anos, comédias trágicas se
desenrolaram na arena das prisões. Muitos bons camaradas e camaradas em
potencial foram desperdiçados. Nós devemos nos organizar para vencer!

Todo Poder para o Povo!

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