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11 de abril de 2005
Introdução
Tendo sido criado como somos, com a ideia de “olho por olho, dente por dente”, a
ideia de acertar as contas é profundamente enraizada em nós. Mas, em uma
sociedade baseada na desigualdade, o acerto de contas cobra um preço alto e é,
de fato, impossível: ao menos é impossível por sua característica de retaliação
individual.
Falando nisso, temos que redefinir o que são “punições cruéis e incomuns” 1. Se
tornar um escravo do estado é uma punição cruel e incomum. Ser ilegalmente
linchado também é. Ser enviado para longe da família e entes queridos, tornando a
visita impossível é punição cruel e incomum. Ser agredido, torturado e estuprado
por guardas e seus asseclas é punição cruel e incomum. Ser confinado a uma cela
do tamanho de uma casinha de cachorro 23 horas por dia por meses ou anos é
uma punição cruel e incomum. Toda e qualquer violação dos direitos humanos
comuns ao sistema de justiça penal amerikano constitui punição cruel e incomum.
Como cidadãos, temos o direito de ser julgado por nossos pares, de ser obrigados
a pagar indenização e/ou ser penalizado de outras formas pelos erros cometidos
contra as pessoas, e, se isso for feito de forma justa e igualitária, é um contrato
1
social válido. Mas de forma alguma isso descreve ou justifica o que se chama de
Justiça nessa sociedade. Os direitos civis e direitos humanos mais básicos não
precisam, não devem e não podem ser violados ou negados pelo estado ou por
seus empregados.
Só um imbecil acreditaria que não existem causas sociais do crime cuja origem
reside no sistema político-econômico. Isso não quer dizer que indivíduos não
devem ser responsabilizados por suas ações, mas que isso é apenas uma parte
da solução, e é a menor parte. A maior parte é responsabilizar o sistema político-
econômico e efetuar as correções necessárias.
Então, não perca a calma! Não se rebele ou bote fogo na sua cela! Não espanque
os guardas – organize-se!
Os que conhecem minha história provavelmente vão ler esse escrito com suspeita
e perplexidade. Por mais de uma década eu me distingui como garoto propaganda
da violência retaliatória contra os guardas da prisão, que eu pratiquei como
resposta persistente à sua intimidação e brutalidade, seja diretamente contra mim
ou contra qualquer prisioneiro nas minhas proximidades. Mas o tempo e a
experiência às vezes trazem discernimento. E o discernimento nos permite ver o
panorama mais geral.
Esses atos apenas deram munição para a burocracia carcerária nos demonizar e
jogar a opinião pública contra nós e afastar a preocupação com a reforma prisional
e o tratamento dispensado aos presos. Isso, por sua vez, permitiu que todos os
ganhos obtidos desde os anos 1970 fossem retirados e que os tribunais
reinstituíssem a doutrina de “hands off” por meio da aprovação de leis como o
Prison Litigation Reform Act de 1996 e decisões como em Turner vs Safley 428 US
78 (1987), que permite aos funcionários das prisões violar os direitos dos
encarcerados sempre que sua imaginação puder mostrar um “objetivo penológico
válido” para suas ações. O resultado foi um retorno aos níveis de abuso e
condições desumanas pré-attica em um sistema que aumentou oito vezes de
tamanho.
As concessões feitas aos prisioneiros à época foram parte de uma estratégia mais
ampla para pacificar e neutralizar um amplo movimento que estava abalando as
bases do sistema imperialista americano. Diversos movimentos populares, desde o
movimento dos Direitos Civis até o movimento Contra a Guerra; Libertação Negra,
movimentos pelos direitos de Chicano e Indígenas, o movimento de independência
3
Porto-Riquenho, Movimentos de direitos das Mulheres e da população LGBT,
Empoderamento da Juventude, movimento estudantil, de trabalhadores rurais e
outros estavam todos se juntando em uma frente unida contra o imperialismo.
A declaração de Arons revela o verdadeiro objetivo político por trás das prisões
supermax como sendo reprimir até mesmo o pensamento revolucionário, não
apenas nas prisões, mas na sociedade inteira. E como isso se relaciona com os
ideais professados na Declaração de Independência? Essa agenda de
perseguição política e policiamento do pensamento, no entanto, raramente é
revelada de forma tão franca para o público, que, antes, é bombardeado com
propaganda anticrime e antidrogas histérica e racista que visa justificar,
racionalizar e ganhar apoio para a proliferação das cadeias (incluindo as
supermax) para descartar os elementos supérfluos da população – particularmente
a juventude urbana, minorias étnicas, nacionalidades oprimidas e os pobres em
geral.
Esses são os mesmos grupos que eram a energia por trás dos movimentos sociais
e políticos dos anos 1960 e início dos anos 1970. Enquanto isso, A mídia
hegemônica nunca discute de forma inteligente, quando muito menciona, os
problemas sociais subjacentes da pobreza, desigualdade e racismo sendo
perpetuadas pelo sistema político econômico, que estão na base do problema da
criminalidade e da insatisfação, que é o ímpeto desses grupos exigindo a
transformação revolucionária.
Prisões também se tornaram uma indústria subsidiada pelo governo (ou seja,
pelos contribuintes), cujo crescimento continuado gera investimentos continuados
e oportunidades de lucro para o enriquecimento da Amerika Corporativa. Assim, o
poder das corporações continuamente financiou e pressionou políticos para criar
uma expansão cada vez maior do complexo industrial-prisional. Ao invés de ser
visto como um problema social a ser resolvido, crime e castigo passaram a ser
uma condição a ser proliferada e da qual se extrai lucro às custas das
comunidades oprimidas e do público em geral.
Como resultado, uma média de 24 novas prisões tem sido construídas a cada ano
em áreas rurais remotas, economicamente deprimidas e povoadas
majoritariamente por brancos desde os anos 1980. Por outro lado, a maior parte
dos encarcerados é de pessoas pobres, de cor e de áreas urbanas. A divisão
resultante entre os funcionários das prisões e os presos partindo por linhas raciais
e culturais cria uma receita óbvia para o conflito e o abuso, replicando as
condições da escravidão da Amerika pré-Guerra Civil, onde brancos pobres eram
armados e empoderados para terem domínio total sobre escravos negros
desarmados e destituídos de direitos nas plantações – o mesmo sistema que criou
a ideologia racista da supremacia branca e abusos horríveis contra a população
negra até os dias de hoje.
Essas novas prisões foram projetadas para isolar, controlar e punir efetivamente a
violência reacionária dos presos contra o abuso – ao mesmo tempo que a provoca
– para que os agentes penitenciários pudessem se utilizar desses eventos para
nos demonizar e nos retratar como “animais violentos”, usando de profecias
autorrealizáveis e estereótipos para justificar a construção de mais prisões
supermax
Ao nos isolar de comunidades solidárias e manter total controle sobre a opinião
pública, o guardas e funcionários da prisão tem tido total liberdade para nos
torturar, brutalizar e intimidar fora das vistas e da supervisão do público. Aqueles
que são contratados para trabalhar nessas senzalas são prontamente levados a
praticar ou silenciar sobre os abusos que ocorrem dentro das prisões. A
necessidade econômica, que os leva a trabalhar nesses infernos, os impede de
denunciar. Além disso, para quem eles iriam denunciar?
Mas há ainda um custo oculto para as comunidades onde essas prisões estão
localizadas. Os abusos sistemáticos infligidos a nós em algum momento
transbordam para as comunidades na forma de abuso contra cônjuges e filhos,
bem como comportamento violento em geral. Insensíveis à violência e
acostumados a cometê-la, os guardas levam esse comportamento reacionário
para suas casas e o praticam contra família e vizinhos. Tal como com a escravidão
no passado, toda a comunidade e arrastada para esse ciclo de brutalidade.
O dinheiro utilizado para financiar e manter essa proliferação das prisões é tomado
dos cofres públicos, desviando-o da construção de escolas, hospitais, faculdades e
habitação e de programas de bem-estar social. Essas prisões causam imensa
degradação ambiental nas comunidades, especialmente na gestão de águas
residuais. O desenvolvimento econômico trazido pelas prisões em geral funciona
em detrimento dessas mesmas comunidades, uma vez que as compras são feitas
de grandes corporações e não de negócios locais. O emprego se baseia em uma
área ampla, não apenas na comunidade local, bem como o aumento do tráfego
pressiona a manutenção das estradas e a condição de “cidade prisional” afasta
outros investimentos com o potencial de gerar emprego e renda.
A violência reacionária, seja cometida pelos guardas ou por nós, não é uma
solução a esses problemas comuns que são engendrados pelo sistema político-
econômico. Ela é apenas um ciclo de vai-e-volta que se desenrola entre pessoas
pobres que foram divididas a partir de linhas culturais e de cor. Essas condições e
divisões foram criadas por uma classe dominante minoritária, rica e manipuladora,
que gerencia esse sistema e constrói essas masmorras para servir aos seus
interesses de classe e frustrar os nossos.
Encarceramento sem representação é uma tirania bem pior do que taxação sem
representação. Ainda assim, nos contam, esse era um motivo justo para a
revolução. Bush justifica invasões e ocupações militares continuadas no
Afeganistão e no Iraque em razão da necessidade de levar a “democracia” e o
direito ao voto a esse povo. Esse mesmo direito é negado a milhões de pessoas
bem aqui na Amerika; em muitos casos, os próprios irmãos e irmãs dos soldados
que foram enviados para matar e morrer nessas guerras.
No passado, eu via a mim e aos meus pares como impotentes, então lutar com os
guardas e trata-los com desprezo era, de certa forma, terapêutico. E mesmo
agora, quando eu testemunho abuso, minha raiva interna ferve e já tive explosões
que me levaram à beira da reação violenta. Mas eu aprendi a me controlar e a
testemunhar contra esses ultrajes.
Isso não quer dizer que devamos ser pacifistas – quando se chega à extremidade
da autodefesa, ninguém espera que ninguém se deite e se deixe matar. O direito à
autodefesa é um direito humano básico e, de fato, toda a natureza demonstra que
ele é inalienável. Mesmo um rato luta quando é encurralado. Mas como um
movimento político, nós devemos ser improvocáveis e manter a superioridade
moral. Não podemos lutar contra eles, mas podemos nos organizar melhor que
eles e usar a opressão gratuita para acusá-los.
Guardas enquanto indivíduos não tem valor algum para o sistema para além do
custo de treinamento de seus substitutos. E eles podem ser repostos pelas filas
dos desempregados amanhã. O sistema vai sacrificar de bom grado qualquer
quantidade deles pela oportunidade de nos matar, nos pintar como “animais” e
“terroristas”. Eles precisam justificar as medidas extremas e, para isso, provocam
violência retaliatória contra o pessoal das prisões, bem como violência entre os
prisioneiros, que nós também precisamos controlar (mas isso é para outro manual)
Tortura mental, por definição, não causa nenhum dano físico. Os tribunais e
legisladores deram às autoridades prisionais licença para torturar e ferir
psicologicamente os presos nas unidades de controle, contanto que não deixem
nenhuma marca. E eles podem torturar fisicamente e machucar os prisioneiros
desde que algum preso traidor diga que nunca aconteceu. Em resumo, escravos
não tem direitos a serem reconhecidos pelos mestres.
Como mostra a experiência dos anos 1960 até agora, autoridades penitenciárias,
juízes e legisladores só respondem à pressão da opinião pública. Isso porque eles
sabem que nenhum poder pode dominar um povo sem algum grau de consenso
por parte do mesmo. Nós devemos, então, amarrar nossos interesses políticos e
exigências com aquelas da massa da população. Nossa exigência pelo fim do
nosso status de “escravos” e fazer valer nossos direitos humanos e civis ao
tratamento digno em face das tendências crescentes de encarceramento em
massa e enfraquecimento dos direitos e liberdades civis do povo é um caminho
válido e prático para fazê-lo.
Nós concordamos que essas propostas são reformistas, mas são um passo
necessário para a construção de um movimento para a mudança fundamental.
Elas vão nos ajudar a trazer as massas, particularmente os presos e suas famílias,
para a vida política. Elas vão abrir as portas para discussões entre o povo sobre
quem deveria ser considerado um criminoso e o que deveria ser considerado
crime. Nessa sociedade, onde o desemprego e a insegurança no emprego são
avassaladoras e em uma espiral decrescente, onde a distribuição desigual da
riqueza e oportunidades é a regra, onde a ansiedade, depressão e colapsos
emocionais e mentais são frequentes entre pessoas de todas as classes, onde
milhões se voltam para as drogas e álcool para se auto medicar e atenuar uma dor
que não tem nome, onde os pobres vendem drogas para manter seus próprios
vícios, onde os desesperados se voltam para o crime ou vendem seus corpos nas
ruas, onde jovens pegam em armas e matam uns aos outros por território ou
respeito, onde mulheres levadas a extremos pelo abuso atacam matando seus
maridos ou namorados, onde vítimas não tratadas de abuso sexual se tornam
abusadores, onde por qualquer motivo as pessoas vão contra a lei e terminam na
prisão. Enquanto, ao mesmo tempo, outros cometem crimes como poluição grave
do ambiente, ou causando câncer aos consumidores de seus produtos ou
instigando guerras onde as massas do povo são mutiladas pelo avanço dos seus
interesses – esses criminosos não vão para prisão, mas são louvados como
pilares da comunidade.
A própria base da sociedade capitalista é o roubo do valor gerado pelo trabalhador.
Os ricos e poderosos saem impunes por assassinato ou qualquer outro crime
(contra a lei ou contra a humanidade) porque são ricos e poderosos, enquanto os
pobres e oprimidos não podem sequer arcar com os custos de se defender quando
são falsamente acusados de quebrar a lei. Mas os presos (e nossa classe) não
precisam ser oprimidos, impotentes. Nossa força está em nos organizar e construir
nossa unidade. Nosso poder pode ser construído através da organização.
Primeiro, devemos nos acordar e àqueles à nossa volta para o potencial de obter
mudança por meio do ativismo político.
Esses esforços deveriam apelar também para que as famílias dos guardas e para
os próprios guardas tomem uma posição e parem de enfiar suas cabeças na areia.
A conexão entre a violência contra os prisioneiros e o abuso contra cônjuge e
filhos devem ser sublinhadas. Nós temos que expor e contestar as práticas
errôneas de guardas femininas que usam seu sexo para manipular prisioneiros e
outros guardas e provocar violência e causar problemas. Nós devemos expor e
nos opor ao tráfico de drogas conduzido por guardas e pelo pessoal das prisões e
explicar como isso se reflete na comunidade e cria uma subcultura criminosa. Esse
movimento pode melhorar a segurança de todos.
“Na prisão americana típica, feita para maximizar a degradação, brutalização e punição,
tortura explícita é a norma. Agressões, choques elétricos, exposição prolongada ao calor e
mesmo submersão em água escaldante, sodomia com cassetetes, lanternas, cabos de
vassoura, prisioneiros acorrentados forçados a deitar em seus excrementos por horas e
mesmo dias, meses de confinamento a solitária, estupro e assassinato por guardas – são
todas ocorrências comuns no sistema prisional americano.”
“O uso do sexo e da humilhação sexual como tortura em Abu Ghraib e outras prisões
americanas no Iraque é endêmica à prisão americana. Tortura sexual psicológica e física é
exacerbada pela política subjacente de negar sexo voluntário aos prisioneiros, fazendo com
que as duas formas de atividade sexual sejam fisicamente possíveis – masturbação e
homossexualidade – sejam tratadas como violações passíveis de punição. Revistas
completas e vexatórias, incluindo práticas invasivas e deliberadamente dolorosas como
revista de boa, ânus, testículos e vagina, frequentemente acompanhados de abuso verbal e
sexual são parte da rotina diária da maioria das prisões. Um relatório de 1999 da Anistia
Internacional documentou o estupro como prática comum dos guardas de prisões
femininas”
“Anualmente, muitos prisioneiros são mutilados, aleijados e mesmo mortos pelos guardas.
Fotos poderiam ser tiradas do sistema prisional americano que seriam idênticas às fotos
chocantes tiradas em Abu Ghraib. De fato, imagens das prisões americanas mostram
atrocidades piores do que aquelas vistas em imagens das prisões americanas no Iraque. Um
exemplo é que nenhuma foto dos abusos americanos dos prisioneiros no Iraque conseguiu
igualar as fotos de dúzias de prisioneiros selvagem e impiedosamente torturados por
guardas e policiais estaduais como resultado da rebelião em Attica (ver, por exemplo, as 64
páginas de fotografias incluídas em Attica: The Official Report of the New York State
Commission on Attica (New York: Praeger Books, 1972)). Imagens ainda mais
assustadoras estão disponíveis no documentário “Maximum Secutiry University”, sobre a
prisão californiana de Corcoran. Por anos, os guardas combinaram lutas entre os
prisioneiros, apostavam no resultado e então atiravam nos prisioneiros por estarem lutando,
ferindo gravemente pelo menos 43 e matando oito – só no período entre 1989 e 1994. O
filme mostra gravações oficiais de cinco incidentes separados nos quais guardas, sem
justificativa legal, atiraram e mataram prisioneiros desarmados” (“Maximum Security
University” (1997) está disponível em California Prison Focus, 2940 16th Street, San
Francisco, CA 94013 ou pelo e-mail info@prisons.org.)
“A prisão moderna foi pensada por reformadores americanos que acreditavam que as
pessoas não deveriam ser torturadas e que criminosos poderiam ser reformados por meio do
encarceramento, trabalho e penitência. Mas com o desenvolvimento do capitalismo
industrial, o trabalho não pago das prisões se tornou uma fonte de superlucros, uma
tendência acelerada pela guerra civil e a penitenciária se tornou o lugar da escravidão
industrial conduzida sob o chicote e outras selvagerias.”
“O silenciamento dos prisioneiros era uma precondição para a próxima etapa da prisão
americana. Simultaneamente foi lançado a frenética e nunca antes vista construção de mais
e mais prisões, logo lotadas e superlotadas com a ajuda de sentenças obrigatórias duras,
‘regra dos três strikes’ [as penas são progressivamente mais duras até a terceira, que varia
entre 25 anos a perpétua] e a assim chamada ‘Guerra às Drogas’ (metáfora para a investida
contra os pobres, assim como a guerra ao terror é para a invasão do Afeganistão e do
Iraque)"
“Como é possível que o público americano, revoltado pelas imagens de Abu Ghraib, parece
aceitar, e até mesmo promover, as centenas de Abu Ghraibs que constituem o complexo
prisional-industrial americano? Intimamente ligado ao aumento nas construções de prisões,
houve um aumento das imagens das prisões, com o sigilo dos muros das prisões validando
um complexo conjunto de fantasias culturais que atuam como agentes de negação coletiva.”