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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

ELISANDRA CAMPESTRINI

O DESRESPEITO DA MÍDIA AO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

Três Passos (RS)


2015
2

ELISANDRA CAMPESTRINI

O DESRESPEITO DA MÍDIA AO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

Trabalho de Conclusão do Curso de


Graduação em Direito objetivando a
aprovação no componente curricular
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.
UNIJUÍ – Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
DCJS – Departamento de Ciências
Jurídicas e Sociais

Orientadora: Msc. Maristela Gheller Heidemann

Três Passos (RS)


2015
3

Dedico este trabalho a meus familiares que


sempre me incentivaram e apoiaram durante
minha trajetória acadêmica e a todos que
fizeram parte da minha formação.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pela vida.

A minha orientadora Prof. Maristela


Gheller Heidemann, pela sua paciência e
dedicação.

A todos que colaboraram de alguma


forma para a construção deste trabalho.
5

“Liberdade de expressão não deve se tornar


direito de invasão.”
Luna Di Primo
6

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo analisar a


influência negativa da mídia sobre a população frente ao princípio da presunção de
inocência, abordando tal princípio e sua aplicabilidade, em especial no que diz
respeito às garantias constitucionais do réu. Perfaz uma reflexão sobre a
responsabilidade que a imprensa possui ao se valer de liberdade de expressão e
informação para transmitir fatos criminais a população. Fala sobre as formas de
controle da imprensa através da Constituição Federal, do Código Civil, Código de
Processo Civil, Código Penal bem como o Código de Processo Penal. Finaliza
demostrando a necessidade de refletir sobre aquilo que é divulgado na imprensa,
fazendo com que as pessoas formem suas próprias decisões, procurando saber se é
verdadeiro ou não o que a mídia os oferece.

Palavras-Chave: Mídia. Presunção de Inocência. Lei de Imprensa. Liberdade


de Expressão e Informação.
7

ABSTRACT

This course conclusion work aims to analyze the negative influence of the
media on the population front to the principle of presumption of innocence,
addressing this principle and its application, especially with regard to the
constitutional guarantees of the defendant. Amounts to a reflection on the
responsibility that the media has to avail themselves of freedom of expression and
information to convey criminal facts to population. Talks on ways to control the media
through the Federal Constitution, the Civil Code, Civil Procedure Code, Criminal
Code and the Code of Criminal Procedure. Ends reflecting a need to think about
what is reported in the press, causing people to form their own decisions, trying to
find out if it's true or not what the media offers.

Keywords: Media. Presumption of Innocence. Press Law. Freedom of


Expression and Information.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 09

1 LIBERDADE DE INFORMAÇÃO ............................................................................... 12


1.1 A liberdade de expressão e informação .............................................................. 12
1.2 A legislação e as formas de controle da imprensa ............................................ 16
1.3 Liberdade de expressão e informação x responsabilidade ............................... 21

2 A MÍDIA FRENTE À PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ................................................ 25


2.1 O princípio constitucional da presunção de inocência ..................................... 25
2.2 A influência da mídia na (des)caracterização do princípio da presunção de
inocência ...................................................................................................................... 31

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 42

ANEXO I........................................................................................................................ 46
9

INTRODUÇÃO

A mídia, ao fazer o seu trabalho de transmitir informações à população sobre


os fatos criminais, por vezes acaba desrespeitando garantias constitucionais
consagradas ao cidadão, isso porque o que se quer é a audiência e o lucro. Nesse
sentido, as informações veiculadas pelos meios de comunicação nem sempre
demonstram a veracidade dos fatos e tendem a ocultar informações e veicular
somente o que retrata a forma de pensar de determinado veículo de imprensa.

Diante disso, a forma como a imprensa trata os envolvidos em processos


criminais pode causar um pré-julgamento da sociedade? Tal atitude pode fazer com
que o indivíduo seja acusado pela massa popular antes que seja comprovada a sua
culpabilidade?

O direito à informação nada mais é do que dizer que todo o indivíduo tem
direito à uma informação correta e sem alterações, de forma objetiva e plena.

A mídia tem o poder de influenciar a opinião pública. Deste modo, o público


constrói o seu parecer a partir do que foi publicado pelos meios de comunicação,
dando o seu veredito a respeito da notícia, acreditando ser verídica.

No entanto, a notícia que é publicada, principalmente no que tange os


acontecimentos violentos, nem sempre são verdadeiras pois a classificação do que
vai ser transmitido é feito partindo do pressuposto da rentabilidade.

A liberdade de imprensa é garantida pela Constituição Federal, assim como a


presunção de inocência. Nesse sentido, a imprensa deve tomar o devido cuidado em
10

suas publicações para que não haja uma colisão entre direitos fundamentais, haja
vista que o interesse da mídia é audiência e lucro, não havendo preocupação em
preservar o estado de inocência do acusado para que o mesmo seja formalmente
considerado culpado somente após sentença penal transitado em julgado, pela
prática de um delito para depois ser publicado. Isso faz com que com que a
população julgue o acusado de forma equivocada, não priorizando seus direitos
garantidos em lei.

Tendo como referência o princípio da presunção de inocência, consagrado no


texto constitucional, pretende-se discutir e avaliar o tratamento conferido ao acusado
no âmbito da liberdade de imprensa, tendo em vista que a mídia tem grande
influência no sistema de justiça criminal brasileiro. Busca-se identificar a influência
negativa da mídia na forma como trata o sistema penal brasileiro.

O que se quer é fazer com que as pessoas possam refletir sobre o que é
divulgado na imprensa, formando suas próprias decisões, procurando saber se é
verdadeiro ou não o que a mídia os oferece, não acreditando em tudo o que é
divulgado e opinado jornalisticamente.

Para a realização deste trabalho foi utilizado livros, assim como internet e
noticiários da televisão, buscando apresentar as formas de desrespeito da mídia
com o princípio da presunção de inocência.

O presente trabalho será composto por dois capítulos, sendo que o primeiro
tratará mais especificamente da liberdade de informação, que todos possuem o
acesso à informação, também abordaremos as formas de controle de imprensa, para
que esta tenha conhecimento de que possui liberdade, mas também
responsabilidade sobre tudo o que publica.

Já no segundo capítulo trabalharemos sobre a mídia frente à presunção de


inocência, o princípio constitucional da presunção de inocência, que dispõe que
ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
11

condenatória, também falaremos da influência da mídia na descaraterização do


princípio da presunção de inocência.
12

1 A LIBERDADE DE INFORMAÇÃO

O direito à informação nada mais é do que dizer que todo o indivíduo tem
direito a uma informação correta, ou seja, eficiente e precisa, de forma objetiva e
plena.

Como a mídia tem o poder de influenciar a opinião do ouvinte/leitor, seu


destinatário, o público constrói o seu parecer a partir do que foi publicado pelos
meios de comunicação, dando o seu veredito a respeito da notícia, acreditando ser
esta verídica.

No entanto, a notícia que é publicada, principalmente no que tange os


acontecimentos violentos nem sempre são verdadeiras, pois a decisão do que será
transmitido é feito partindo do pressuposto da rentabilidade.

1.1 A liberdade de expressão e informação

Liberdades de expressão e de informação fazem parte dos aspectos mais


importantes de uma sociedade democrática, ou seja, é impossível pensar em uma
democracia sem que exista a liberdade plena para se expressar ou mecanismos
para que as informações sejam difundidas.

Conforme destacam Ingo Wolfgang Sarlet e Carlos Alberto Molinaro (2014, p.


127):

A liberdade de expressar o pensamento é um direito humano de


conquista inarredável e que integra o núcleo das liberdades
atribuídas ao ser humano pela ordem jurídica internacional. Além
disso, praticamente não existe Constituição ou declaração de direitos
que não a contemple (ainda que em termos formais), ao menos no
que diz respeito às Constituições ocidentais dos Estados de Direito.
É amplamente reconhecido que a liberdade de manifestação do
pensamento e a liberdade de expressão, compreendidas aqui em
conjunto, constituem um dos direitos fundamentais mais preciosos e
correspondem a uma das mais antigas exigências humanas, de tal
sorte que integram os catálogos constitucionais desde a primeira
fase do constitucionalismo moderno.
13

Nos dias atuais, a imprensa desempenha um papel importante para a


coletividade, tendo em vista a tamanha influência na formação da opinião pública.
No Brasil, a liberdade de imprensa é essencial na formação da nação, através da
valorização de seu povo. Em uma democracia, a imprensa atua como verdadeiro
fiscal do poder público, buscando garantir os direitos fundamentais, assegurados
constitucionalmente.

Nesse contexto, para Claudio Luiz Bueno de Godoy (2008, p. 51):

[...] em que se garante a liberdade de informação, abrangente do


direto a informar e ser informado, se coloca a liberdade de imprensa.
Por meio dela se assegura a veiculação das informações pelos
órgãos de imprensa.

A liberdade de imprensa surgiu em 1789 na França, com a criação da


Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e, posteriormente, em 1948, na
Declaração Universal dos Direitos do Homem. O Brasil, por ser um Estado
Democrático de Direito, assegura na Constituição Federal de 1988, a liberdade de
pensamento, de expressão, de culto, bem como a liberdade de imprensa.

No entendimento de Helena Abdo (2011, p. 23), o tema da liberdade de


imprensa já era discutido muito antes de sua efetivação:

Em tema de liberdade de expressão, muito já se avançou desde o


advento da máquina de imprimir – a prensa -, invenção atribuída a
Gutenberg e datada do ano de 1436.
A despeito da existência, em épocas bastante remotas, de
discussões acerca da legitimidade da censura, pode-se dizer que a
afirmação da liberdade de expressão como direito fundamental
pertence a período histórico recente. [...] a liberdade de expressão
somente foi consolidada como direito fundamental no final do século
XVII, quando da formação dos Estados Liberais, ocasião em que os
Estados Unidos da América e a França exerceram papéis
determinantes, sob a influência das ideias iluministas. (grifo do autor)

Na Revolução Francesa, a liberdade buscada pelos revolucionários, trazia a


ideia que as pessoas desfrutariam de maiores facilidades e concessões em face do
Estado, num processo que se convencionou chamar de direitos individuais. Devido à
crescente divisão social, estes direitos não eram iguais para todos, no entanto,
14

grandes mudanças ocorreram, destacando-se a ampliação que recebeu o valor


liberdade, trazendo os conceitos liberdade positiva – ideia de participação política
dos indivíduos enquanto membros de um Estado -, e liberdade negativa – poder
fazer ou ser aquilo que se quer, sem ser impedido por outrem, ou de não fazer ou
agir -, isto é, ninguém poderia mais ser obrigado a fazer nada contra sua própria
vontade (SOUZA, 2008).

Nesse sentido, Marina David Morales Leal, Tathiane Calister Martins Tozzi e
Daniela Borges Freitas (2015, p. 127), entendem que:

[...] a liberdade de imprensa surge como um direito salvaguardado a


todos os meios de comunicação, bem como aos cidadãos, com o
intuito de se efetivar e preservar a liberdade. Seu intuito basilar é
impedir que o Estado imponha óbices a circulação e ao acesso de
informações, bem como interfira na liberdade das mesmas. Em
virtude dessa previsão de liberdade defendida pela Constituição
Federal de 1988, veda-se a censura, o livre exercício da profissão, a
liberdade de expressão e pensamento. Surge então a liberdade de
imprensa, como um mecanismo de defesa às liberdades a que tem
direito o cidadão, tendo sido dessa forma declarada livre a imprensa
para divulgar informações a nível nacional e mundial.

Como já mencionado, está garantida na nossa Constituição Federal, a


liberdade de informação como um direito fundamental para proporcionar a toda
população o direito de participar e de ter o devido conhecimento de fatos e notícias
que acontecem no mundo, principalmente na comunidade em que vivem, para que
assim possam estar a par dos acontecimentos e formar sua própria opinião do que é
noticiado.

A liberdade de informação, então, é aquela divulgação de notícia através dos


meios de comunicação de massa que nos permite informar e ser informados.
Também temos como garantia a liberdade de expressão, que é aquela que abarca a
liberdade de informação nos permitindo a manifestação do pensamento.

Segundo José Afonso Silva (1989, p. 230):

O direito de informar, como aspecto da liberdade de manifestação do


pensamento, revela-se um direito individual, mas já contaminado de
sentido coletivo, em virtude das transformações dos meios de
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comunicação, de sorte que a caracterização mais moderna do direito


de comunicação, que especialmente se concretiza pelos meios de
comunicação social ou de massa, envolve a transmutação do antigo
direito de imprensa e de manifestação do pensamento, por esses
direitos, e de feição coletiva. [...] a liberdade de imprensa nasceu no
início da idade moderna e se concretizou – essencialmente – num
direito subjetivo do indivíduo manifestar o próprio pensamento:
nasce, pois, como garantia, de liberdade individual. Mas, ao lado de
tal direito do indivíduo, veio afirmando-se o direito da coletividade à
informação.

Inês Virginia Prado Soares (2010) refere que:

Abrangido pelo direito à liberdade de expressão, o direito à liberdade


de informação é um direito humano fundamental expressamente
previsto na Constituição (art. 5º, incisos XIV e XXXIII, art. 37, § 3º, II
e art. 216 § 2º). Seu teor está baseado em três feixes: o direito de
informar aos outros (de veicular informações), de se informar (de
colher dados ou informações) e de ser informado (de receber
informações).

A liberdade de informação se revela pelo direito que a pessoa tem de


informar, de comunicar, enfim de exteriorizar sua opinião. Tal direito, antes de
concebido como direito individual, decorrente da liberdade de manifestação e
expressão do pensamento, atualmente vem sendo entendido como dotado de
interesses coletivos, isto é, corresponde a um direito coletivo à informação (GODOY,
2008)

Segundo Luiz Ricarte da Cunha Junior (2013):

[...] com a liberdade de expressão não se pode, contudo,


indiscriminadamente utilizar os instrumentos de rádio, televisão,
revistas e entre outros como um canal de controle da sociedade.
Destarte, a mídia caba por ditar e construir a opinião pública.
A opinião pública tem forte influência e papel no Estado Democrático
de Direito, entretanto, há limitações de ordem constitucional que
ferem gravemente o princípio da presunção de inocência que é ponto
basilar deste trabalho. É nesse sentido que será desenvolvida esta
monografia, ou seja, o liame entre a influência que a mídia tem como
formador de opinião pública contra aqueles que sequer ainda não
foram nem acusados em um processo criminal.

Para que a liberdade de expressão possa cumprir com sua função numa
ordem democrática e plural, Sarlet e Molinaro (2014, p. 129-130) entendem que:
16

[...] cabe destacar que quanto ao seu âmbito de proteção, a liberdade


de expressão abarca um conjunto diferenciado de situações,
cobrindo em princípio, uma série de liberdades (faculdades) de
conteúdo espiritual, incluindo expressões não verbais, como é o caso
da expressão musical, da comunicação pelas artes plásticas, entre
outras. A liberdade de expressão consiste, mais precisamente, na
liberdade de exprimir opiniões, ou seja, juízos de valor a respeito de
fatos, ideias, portanto juízos de valor sobre opiniões de terceiros, etc.
Assim, é a liberdade de opinião – na condição de liberdade primária
– que se encontra na base de todas as modalidade da liberdade de
expressão, de modo que o conceito de opinião (pensamento) há de
ser compreendido em sentido amplo, de forma inclusiva, abarcando
também, apenas, para deixar mais claro, manifestações a respeito de
fatos e não apenas juízos de valor. Importa acrescentar, que além da
proteção do conteúdo, ou seja, do objeto da expressão, também
estão protegidos os meios de expressão, cuidando-se, em qualquer
caso, de uma noção aberta, portanto inclusiva de novas
modalidades, como é o caso da comunicação eletrônica.

A liberdade de imprensa é garantida pela Constituição Federal, assim como a


presunção de inocência. Nesse sentido, a imprensa deve tomar o devido cuidado em
suas publicações para que não haja uma colisão entre direitos fundamentais.

1.2 A legislação e o controle da imprensa

O legislador constituinte, ao consagrar a liberdade de manifestação de


pensamento no texto constitucional, garantiu a liberdade de expressão como
consequência da liberdade de pensamento e opinião. Dessa forma, se o ser humano
detém o direito de pensar e opinar, não se pode esquecer que este também possui o
direito de expressar esse pensamento e opinião. Assim, o indivíduo tem o direito de
manifestar-se por meio de juízos de valor ou da sublimação das formas em si, sem,
contudo, se preocupar com o eventual conteúdo valorativo destas (BARROS
ALMEIDA, 2009).

É nesse sentido o entendimento de Nuno e Sousa (1987, p. 137):

A liberdade de expressão consiste no direito à livre comunicação


espiritual, no direito de fazer conhecer aos outros o próprio
pensamento (na fórmula do art. 11° da Declaração francesa dos
direitos do homem de 1989: a livre comunicação de pensamentos e
opiniões). Não se trata de proteger o homem isolado, mas as
relações interindividuais (‘divulgar’). Abrange-se todas as expressões
que influenciam a formação de opiniões: não só a própria opinião, de
17

caráter mais ou menos crítico, referida ou não a aspectos de


verdade, mas também a comunicação de factos (informações).

A proteção constitucional da liberdade de opinião está positivada no inciso IV


do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “é livre a manifestação
do pensamento, sendo vedado o anonimato.”

Já a liberdade de expressão é garantida pelo próprio inciso IV do artigo 5º,


bem como pelos demais diversos dispositivos constitucionais listados a seguir:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa
ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-
se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
[...]
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e
de comunicação, independentemente de censura ou licença;
[...]
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.
2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração
plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à
integração das ações do poder público que conduzem à:
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II produção, promoção e difusão de bens culturais;
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas
múltiplas dimensões;
IV democratização do acesso aos bens de cultura;
V valorização da diversidade étnica e regional.
[...]
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço
à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de
comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e
XIV.
18

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política,


ideológica e artística.
§ 3º Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder
Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não
se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se
mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a
possibilidade de se defenderem de programas ou programações de
rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da
propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos
à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas,
agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições
legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá,
sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes
de seu uso.
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou
indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de
licença de autoridade.

Para que a opinião pública seja formada sem nenhum tipo de manipulação, a
informação deve ser transmitida por todos os meios existentes, de forma ampla e
livre.

A Lei de Imprensa, Lei Federal nº 5.250 de 09 de fevereiro de 1967, vigorava


no Brasil até o ano de 2009, a qual tinha como finalidade regular a liberdade de
manifestação do pensamento e de informação.

Cintia de Freitas Melo e Clara Coutinho (2009) referem que:

Tal Lei foi promulgada no ano de 1967, durante a ditadura militar


brasileira, e serviu como instrumento de repressão à liberdade de
expressão. Sob a batuta dessa Lei, vários atos de censura foram
cometidos, conferindo obstáculos ao trabalho da imprensa no país.

Com o passar dos anos, esta lei sofreu diversas alterações, dentre elas as
mudanças na legitimação da liberdade de expressão de imprensa e de informação,
bem como passou a prever normas de comunicação coletiva, inserir o direito de
resposta, o dever de informar e de ser informado, bem como extinguir a censura.
Todavia, essas modificações não foram suficientes para a permanência da lei no
ordenamento jurídico, fazendo-se necessária a propositura do projeto de lei pelo
19

senador Josaphat Marinho, no ano de 1991, a fim de alterar os dispositivos legais da


Lei nº 5.250/67 (ALMEIDA, 2009).

A Lei nº 5.250/67 foi alvo de constantes críticas, tendo sido inclusive objeto de
Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada pelo Supremo Tribunal Federal no ano
de 1992, sendo que na oportunidade os julgadores mantiveram a higidez da lei,
argumentando que o pedido de declaração de inconstitucionalidade seria
juridicamente impossível. De acordo com o voto vencedor, isso se deu ao fato de
que toda nova Constituição priva automaticamente de eficácia as leis em vigor que
sejam incompatíveis com seus dispositivos, ao passo que tal fato afastaria a
possibilidade de argumentar com a inconstitucionalidade superveniente (ABDO,
2011).

Através da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº


130-DF, o Supremo Tribunal Federal voltou a analisar questões referentes à Lei de
Imprensa.

Segundo Melo e Coutinho (2009):

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 130-7,


publicada no dia 7 de novembro de 2008, requereu inicialmente a
total revogação da lei n. 5.250/67, mas, alternativamente, sugeriu a
suspensão da eficácia de alguns dispositivos da referida Lei. A saber,
eram os dispositivos:
a) a parte inicial do §2º do art. 1º (a expressão “a espetáculos e
diversões públicas, que ficarão sujeitos à censura, na forma da lei,
...”), porque incompatível com o inciso IX do art. 5º, bem como o §2º
e o inciso I do §3º, todos do art. 220 da CRFB.
b) íntegra dos arts. 3º, 4º, 5º, 6º e 65, que vedam a participação
estrangeira em empresas jornalísticas do País, bem como o §2 do
art. 2. Isto porque tais matérias foram diversamente reguladas pelo
art. 222 da Constituição Federal de 1988, com redação que lhe deu a
EC 36/2002.
c) parte final do art. 56 (o fraseado “... e sob pena de decadência
deverá se proposta dentro de 3 meses da data da publicação ou
transmissão que lhe der causa...”). Há quanto à questão numerosos
precedentes jurisdicionais que parecem atestar a não-recepção
desse prazo decadencial de três meses para a propositura da ação
de indenização por danos morais contra jornalistas e/ou veículos da
Imprensa, como servem de exemplo os Recursos Extraordinários
348.827 e 402.287-AgR, ambos de relatoria do Ministro Carlos
Velloso.
20

d) §§3º e 6º do art. 57, o primeiro a estipular o exíguo prazo de cinco


dias para o réu contestar a ação de indenização por danos morais e,
o segundo, a exigir depósito prévio do valor da condenação como
condição de recorribilidade. Estipulações que dificultam a defesa, em
juízo, dos jornalistas e dos veículos de comunicação.
e) §§ 1º e 2º do art. 60 e a íntegra dos arts. 61,62,63 e 64, que
preveem a possibilidade de apreensão e destruição de impressos,
contrariando claramente a liberdade de informação jornalística e
vedação à censura;
f) arts. 20,21,22 e 23, que preveem os crimes de calúnia, injúria e
difamação praticados por meio de e estabelecem penas mais
severas se comparadas a esses mesmos crimes, tipificados pelo
Código penal (arts. 138, 139 e 140).
g) arts. 51 e 52, que limitam o valor das indenizações por danos
morais e materiais causados pela Imprensa. A jurisprudência do STF
também já vinha reconhecendo a não-recepção desses dispositivos,
como serve de exemplo o RE 412.654, de relatoria do Ministro Carlos
Velloso.
O arguente sustentou ser o objetivo da referida ADPF a “declaração
com eficácia geral e efeito vinculante, de que determinados
dispositivos da Lei de Imprensa não foram recepcionados pela
Constituição Federal de 1988 e outros carecem de interpretação
conforme com ela compatível”, e destacou que alguns preceitos
fundamentais estariam sendo lesados: incisos IV,V, IX, X, XIII e XIV
do art. 5º e arts. 220 a 223.

Referida Ação Constitucional foi julgada procedente, por maioria, para o fim
de “declarar como não recepcionado pela Constituição de 1988 todo o conjunto de
dispositivos da Lei Federal nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967” (STF, Plenário,
ADPF n. 130-DF, Rel. Min. Ayres Britto,j. em 30-4-2009), abaixo parte do julgado
supra citado, sendo que a ementa completa encontra-se no Anexo 01, vejamos:

O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou


procedente a ação, vencidos, em parte, o senhor ministro Joaquim
Barbosa e a Senhora Ministra Ellen Gracie, que a julgavam
improcedente quanto aos artigo 1º, § 1º; artigo 2º, caput; artigo 14;
artigo 16, inciso I e artigos 20, 21 e 22, todos da Lei nº 5.250, de
9.2.1967; o Senhor Ministro Gilmar Mendes (Presidente), que a
julgava improcedente quanto aos artigos 29 a 36 da referida lei e,
vencido integralmente o Senhor Ministro Marco Aurélio, que a julgava
improcedente. Ausente, justificadamente, o senhor Ministro Eros
Grau, com voto proferido na assentada anterior. Plenário,
30.04.2009.
[...]
12. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Total procedência da ADPF, para o
efeito de declarar como não recepcionado pela Constituição de 1988
todo o conjunto de dispositivos da Lei federal nº 5.250, de 9 de
fevereiro de 1967.
21

Com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, a Lei de Imprensa


passou a ser entendida como um limitador da liberdade de expressão, princípio este
assegurado na nova Constituição, o qual passou a fundamentar as ações que
buscaram a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 5.250/67.
Assim, não se tratou propriamente de declaração de inconstitucionalidade da
Lei de Imprensa, mas sim da integral não recepção desta pela nova Constituição,
fazendo com que todas as questões que envolvam a imprensa, sejam discutidas a
partir da própria Constituição, bem como através dos Códigos Civil, de Processo
Civil, Penal e Processo Penal.

1.3 Liberdade de expressão e informação x responsabilidade

Sem uma regulamentação sobre a liberdade de imprensa, Sarlet e Molinaro


(2014, p. 133-134), referem que é muito difícil discorrer sobre os limites da liberdade
de expressão:

[...] qualquer manifestação do pensamento ou da ação carrega


consigo um “psiquismo” fundado no egoísmo que compreende o
mundo do ponto de vista exclusivo de seu próprio interesse. Nesse
sentido, há uma inderrogável perspectiva cultural que deve estar
sempre presente quando se intenta refletir sobre a liberdade de
expressão e seus limites. Daí ser válido afirmar que toda
manifestação livre do pensamento ou a ação que a exteriorize vai
revelar-se como um produto cultural amalgamado por preceitos de
uma “moralidade pública”, acolhidos por determinados círculos
sociais nos quais ela ocorre. Tal situação induz, eventualmente,
conflitos entre os diversos círculos socioculturais encontrados nas
sociedades. Nesta linha de argumentação como, então, defender que
não há assunto cuja discussão deva ser interditada? A resposta
somente encontra eco na aceitação responsável das consequências
“das minhas palavras e dos meus atos”. São os denominados efeitos
indiretos das nossas ações diretas. Efeitos esses que estão
imediatamente vinculados ao debate não interditado, pois eles
definirão a falsidade ou veracidade das proposições, com as
consequências sociais, econômicas e legais que se produzirem. O
mais importante aí é a garantia de liberdade para a produção do
debate, bem como a afirmação da atribuição de responsabilidade aos
atores sociais envolvidos.

Em 2013, a então ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social


(Secom), Helena Chagas, em entrevista publicada na edição da revista Meio &
Mensagem, defendeu a regulamentação dos meios de comunicação:
22

A imprensa é livre, não há controle de conteúdo, a própria


Constituição proíbe isso. Mas precisamos regular os meios de
comunicação, até por uma necessidade de acompanhar as
mudanças que o tempo trouxe. […] ‘Controle social da mídia’ virou
uma espécie de clichê, uma expressão maldita. Tem gente que ouve
e sai correndo. Não se pode ter controle de conteúdo. Isso não
existe. Mas temos de regulamentar e elaborar uma legislação de
proteção ao cidadão que se sentir atingido na sua honra e dignidade
por acusações da mídia. Essa discussão mistura tudo na mesma
panela e estigmatiza o tema. É preciso tirar o estigma e discutir de
maneira serena, tranquila, com o tempo que demandar
(COSTA E HAUBERT, 2013).

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto,


durante a 8ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, defendeu que a
própria imprensa crie mecanismos de controle dos excessos cometidos por ela.
Ayres Britto afirmou que a liberdade de imprensa é um direito absoluto previsto na
Constituição. Para ele, a única forma de combater o excesso de liberdade, é com
mais liberdade. Na opinião do ex-ministro do STF, existe um paralelismo entre a
liberdade de imprensa e a liberdade do Poder Judiciário:

[...] a imprensa deve criar mecanismos internos de


acompanhamento, como ombudsman e cartilhas internas [...] Quem
sabe não se cria um tipo de CNJ para a imprensa, o que não se
admite é o controle externo da imprensa (HAJE, 2013).

Na visão de Ayres Britto qualquer um tem o direito de se expressar da forma


como entender melhor, todavia deverá ser responsável por tudo que disser, bem
como aquele que se sentir ofendido terá o direito de resposta e poderá ser
indenizado pelos danos sofridos, conforme prevê a Constituição Federal de 1988.

A livre manifestação do pensamento se sujeita a limites, os quais não sendo


observados podem dar ensejo à responsabilidade civil e criminal.

É nesse sentido a manifestação de Clever Vasconcelos (2015), o qual refere


que a liberdade de expressão:

[...] é um bônus acompanhado de um ônus. Este corresponde à


vedação do anonimato. Isto significa dizer que aquele que manifestar
seu pensamento deve identificar-se. Tal necessidade decorre da
possível responsabilização na órbita jurídica, que pode advir do
23

exercício da liberdade de pensamento [...] Os limites à liberdade de


expressão são estabelecidos pelo próprio constituinte. Decorrem do
superprincípio da dignidade da pessoa humana (fundamento da
República Federativa do Brasil, previsto no artigo 1º, inciso III, da
Constituição) e da inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e
imagem das pessoas (assegurada no artigo 5º, inciso X, da
Constituição). As limitações à livre manifestação do pensamento,
entretanto, não podem gerar a censura. A censura é o controle
estatal realizado sobre o conteúdo da mensagem antes de sua
publicação, divulgação ou circulação. É um controle prévio por
excelência, expressamente vedado pelo constituinte, como corolário
da democracia (artigo 220, parágrafo 2º, da Constituição). Não deve,
portanto, existir um controle prévio. Deve admitir-se a publicação ou
a divulgação da mensagem para que sobre ela, se for o caso, exista
um “controle” posterior, que permita a devida responsabilização.

Como já referido no presente trabalho, aquele que se sentir ofendido poderá


ter seu direito de resposta, todavia, a Constituição Federal de 1988 impôs um
requisito para o exercício deste direito, qual seja, a proporcionalidade.

No tocante à proporcionalidade, Luis Felipe Salomão (2009, p. 04), descreve


a forma que o Poder Judiciário deve se portar no momento de julgar determinadas
situações:

Quando o Judiciário atua no controle da atividade da comunicação


social, sempre que às suas portas bate um interessado, o que deve
ser levado em conta é a “ponderação de valores”. Existindo a
aparente colisão de direitos fundamentais, cabe ao juiz avaliar,
sopesar, estabelecer quais valores a preponderar, se a relevância da
notícia e informação, ou o direito à privacidade e intimidade. Equação
difícil de solucionar e que depende muito do exame do caso
concreto. Não obstante, o momento é especialmente propício para
diminuir as distâncias, encurtar as diferenças e enxergar as
dificuldades de cada um desses profissionais, jornalistas e
magistrados, para corretamente desempenhar seus misteres.

Importante neste momento referir ainda, que além do direito de resposta, a


Constituição da República assegura a indenização por dano material, moral e à
imagem. Salienta-se que a indenização se soma ao direito de resposta, que não
constitui medida alternativa àquela.

Ocorre que, nos dias atuais, a influência da mídia no Judiciário brasileiro, faz
com que a sociedade formule um pré-julgamento daquele indivíduo que está sendo
investigado ou acusado em um processo criminal.
24

A liberdade de expressão e informação deve prevalecer. No entanto, isso tem


que ocorrer de forma responsável para que sejam preservados os direitos e
constitucionais de todas as pessoas.

Assim, é necessário que se faça uma análise dos limites que o princípio da
presunção de inocência pode impor à mídia, visando uma maior segurança aos
direitos do cidadão, bem como a divulgação de informações livres de violações.
25

2 A MIDIA FRENTE À PRESUNÇAO DE INOCÊNCIA

Nos dias de hoje, o papel da mídia é muito importante para se obter uma
informação de qualidade, pois cabe a ela a função de transmitir notícias de forma
que o telespectador receba a verdadeira informação sem ser manipulado.

No entanto, existe um segmento da mídia que não entende desse modo e


expõe as pessoas de forma constrangedora, sem ao menos saber se a mesma
cometeu ou não um ato criminoso, obtendo como resultado desse ato, o julgamento
antecipado da sociedade para com o indivíduo, ferindo o princípio constitucional da
presunção de inocência.

Nesse sentido, Luciano Luis Almeida Silva (2015, p. 167), destaca que:

O princípio primordial a imperar no processo penal é o da proteção


ao estado de inocência. A mantença da qualidade de inocente e
preservação da dignidade do acusado impõe óbice intransponível à
influência da opinião pública que faz juízo prévio de valor e condena
antecipadamente.

Este princípio é muito importante para um processo penal igualitário e que a


ação equivocada da sociedade ocasiona um retrocesso da Constituição Federal.

2.1 O princípio constitucional da presunção de inocência

O estado de inocência vem do próprio princípio do direito natural, embasado


na essência de uma sociedade liberta, democrática, aquela que respeita os valores
éticos, morais e pessoais, tais valores que tem como principal fundamento proteger
a pessoa humana (PEREIRA NETO, 2011).

Em um contexto histórico, Paulo Rangel e Marcellus Polastri Lima apud Igor


Luis Pereira e Silva (2012, p. 287), estabelecem que o princípio da presunção de
inocência:

[...] tem seu marco inicial no início do século XVIII, em pleno


iluminismo, quando, na Europa Continental, surgiu a necessidade de
26

se insurgir contra o sistema processual penal inquisitório, de base


romano-canônica, que vigia desde o século XII. Nesse período e
sistema o acusado era desprovido de toda e qualquer garantia.
Surgiu a necessidade de se proteger o cidadão o arbítrio do Estado
que, a qualquer preço, queria sua condenação, presumindo-o, como
regra, culpado.
[...] na verdade, o chamado princípio da presunção de inocência,
que decorre do princípio do devido processo legal, deve ser visto
como um ‘princípio de não-culpabilidade’. (Grifo do autor)

Na lição de Marco Antônio Marques da Silva (2001) apud Renato Brasileiro de


Lima (2011, p. 13), existem três significados diversos para o princípio da presunção
de inocência nos referidos tratados e legislações internacionais, quais sejam:

a) tem por finalidade estabelecer garantias para o acusado diante do


poder do Estado de punir (significado atribuído pelas escolas
doutrinárias italianas); b) visa proteger o acusado durante o processo
penal, pois, se é presumido inocente, não deve sofrer medidas
restritivas de direito no decorrer deste (é o significado que tem o
princípio no art. IX da Declaração de Direitos do Homem e do
Cidadão, de 1789); c) trata-se de regra dirigida diretamente ao juízo
de fato da sentença penal, o qual deve analisar se a acusação
provou os fatos imputados ao acusado, sendo que, em caso
negativo, a absolvição é de rigor (significado da presunção de
inocência na Declaração Universal de Direitos dos Homens e do
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos).

No Brasil, o princípio da presunção de inocência está previsto no artigo 5º,


inciso LVII, da Constituição Federal que dispõe que “ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

O mandamento constitucional acima referido representa um dos princípios


democráticos do Estado de Direito, ao passo que é possível considerar este um dos
mais importantes, tendo em vista que reflete um direito histórico, o qual foi
conquistado ao longo dos séculos e instituído no ordenamento jurídico, sendo que a
preservação desse direito é necessária, porém se trata de uma tarefa árdua. O
detentor desse controle é o Estado-Juiz, isto é, o responsável pela persecução
criminal, a qual deve ser efetuada sempre respeitando as garantias vitais do
investigado (GIMAEL, 2005, p. 509).
27

Nesse contexto, é possível perceber que o legislador constituinte ao inserir o


princípio da presunção de inocência na Constituição Federal de 1988 transformou
este em um dos princípios basilares de um Estado Democrático de Direito.

Pereira e Silva (2012, p. 285), refere que o princípio da presunção de


inocência:

Garante ao acusado e ao réu a situação de não-culpabilidade,


enquanto não condenado por sentença penal transitada em julgado,
impedindo assim quaisquer medidas que afetem a sua liberdade ou
restrinjam os seus direitos. As prisões cautelares são, portanto,
exceções no mundo jurídico, apenas existindo em razão da
efetividade do processo penal e limitadas pelos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. Assim, é vedada no processo
penal a execução antecipada da pena, uma vez que ela apenas
antecipa a retribuição, carecendo de natureza cautelar.

Desse modo, Celso Ribeiro Bastos (1989) apud Claudio Henrique Pereira
Gimael (2005, p. 512), manifesta-se da seguinte forma:

A presunção de inocência é constante no Estado de Direito. Ela


chega mesmo a tangenciar a obviedade. Seria um fardo pesado para
o cidadão o poder ver-se colhido por uma situação em que fosse tido
liminarmente por culpado, cabendo-lhe, se o conseguisse, fazer
demonstrar sua inocência. Uma tal ordem de coisas levaria ao
império do arbítrio e da injustiça. A regra, pois, da qual todos se
beneficiam é de serem tido por inocentes até prova em contrário.

Para Rafael Ferrari (2012), a presunção de inocência:

Trata-se de um princípio manifestado de forma implícita em nosso


ordenamento jurídico. O texto constitucional não declara a inocência
do acusado. Contudo, demonstra o fato de ele não ser
necessariamente o possuidor da culpa pela prática do fato que lhe é
imputado.
Conforme se pode perceber, o princípio constitucional da presunção
de inocência torna-se um dos mais importantes e intrigantes
institutos do nosso ordenamento jurídico.
Sob a égide dessa norma, o acusado de cometer uma infração penal
pode ser protegido contra uma provável sanção penal de forma
antecipada. Isto é, ser apenado pela prática de um delito sem aos
menos um julgamento justo, conforme o devido processo legal e
fundamentado no contraditório e na ampla defesa.
28

Esse princípio segundo Luigi Ferajoli apud Aury Lopes Jr. (2010, p. 192)
decorre do princípio da jurisdicionalidade:

[...] se a jurisdição é atividade necessária para a obtenção da prova


de que alguém cometeu um delito, até que essa prova não se
reproduza, mediante um processo regular, nenhum delito pode
considerar-se cometido e ninguém pode ser considerado culpado
nem submetido a uma pena.
[...] é um princípio fundamental de civilidade, fruto de uma opção
garantista a favor da tutela da imunidade dos inocentes, ainda que
para isso tenha-se que pagar o preço da impunidade de algum
culpável. Isso porque, ao corpo social, lhe basta que os culpados
sejam geralmente punidos, pois o maior interesse é que todos os
inocentes, sem exceção, estejam protegidos. (grifo do autor)

Nesse sentido, o ônus da prova da existência do fato e da sua autoria recai


sobre a acusação, já à defesa cabe, segundo Eugênio Pacelli Oliveira apud Pereira
e Silva (2012, p. 285), “apenas demonstrar a eventual presença de fato
caracterizado de excludente de ilicitude e culpabilidade, cuja presença fosse por ela
alegada”.

O nosso ordenamento jurídico deve incorporar normas que oportunizam uma


moderação entre o interesse punitivo do Estado e o direito de liberdade do cidadão
implementando uma estabilidade entre um e outro.

Segundo Adriano Almeida Fonseca (1999), o sistema normativo constitucional


desempenha um papel importante sobre os demais ramos do direito. Vejamos:

[...] o sistema normativo constitucional, através de seus preceitos,


exerce notória influência sobre os demais ramos do Direito. Esta
influência destaca-se no âmbito processual penal que trata do
conflito existente entre o jus puniendi do Estado, que é o seu titular
absoluto, e o jus libertatis do cidadão, bem intangível, não podendo
ser considerado objeto da lide, reputado o maior de todos os bens
jurídicos afetos à pessoa humana.
Efetivamente, o plano social prevê punição para aqueles indivíduos
que desenvolve comportamento violador de normas de condutas
socialmente predispostas a manter o imprescindível equilíbrio entre
os membros da comunidade. Foi assim que o Estado criou
mecanismos regulamentares da atuação estatal que propiciam na
esfera criminal, a detectação da existência do ilícito penal, com a
respectiva criação de limites à liberdade individual, com a aplicação
de sanção que implicara no cerceamento do direito de locomoção.
Agindo, assim, como guardião do interesse coletivo e do próprio
29

indivíduo, já que o Direito existe, para dar ao homem garantias,


sendo este a fonte e objetivo daquele.

A presunção de inocência determina que o réu seja tratado como inocente,


isto é, demonstrando que tal princípio é um dever de tratamento, o qual atua em
duas dimensões, dentro e fora do processo. Essa obrigação impõe ao magistrado
que a carga de provas seja obrigatoriamente do acusador, tendo em vista que
estando o réu em estado de inocência nada deve provar. No tocante à dimensão
externa ao processo a presunção de inocência irá atuar como um limitador,
protegendo o réu da publicidade que na maioria das situações é abusiva,
estigmatizando precocemente o acusado (LOPES JÚNIOR, 2008 apud PEREIRA
NETO, 2011 p. 102-103).

Rubens Casara (2015) refere que a presunção de inocência é uma regra de


tratamento, a qual:

[...] favorece do indiciado ao réu, desde a investigação preliminar até,


e inclusive, o julgamento do caso penal nos tribunais superiores (por
“tribunal superior” entende-se o órgão judicial com competência em
todo o território nacional). Todos os imputados (indiciados ou
acusados) devem ser tratados como se inocentes fossem, até que
advenha a certeza jurídica da culpabilidade oriunda de uma sentença
penal irrecorrível. O tratamento diferenciado entre o réu e qualquer
outro indivíduo só se justifica diante do reconhecimento estatal,
devidamente fundamentado, da necessidade de se afastar o
tratamento isonômico. Assim, por exemplo, tanto o uso de algemas
quanto a decretação de prisões cautelares são medidas de exceção
que só podem ser adotadas em situações excepcionais. A regra é,
portanto, que, independentemente da gravidade do crime, o
imputado responda ao processo em liberdade.

Durante o processo investigatório é garantido ao indivíduo seus direitos


constitucionais, dentre eles o princípio da presunção de inocência, que o
acompanhará durante toda a tramitação de um processo judicial se for o caso,
observando o devido processo legal.

No entendimento de Brasileiro de Lima (2011, p. 15-17), do princípio da


presunção de inocência derivam duas regras fundamentais: a regra probatória e a
regra de tratamento. Vejamos:
30

Por força da regra probatória, a parte acusadora tem o ônus de


demonstrar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida
razoável, e não este de provar sua inocência. Em outras palavras,
recai exclusivamente sobre a acusação o ônus da prova,
incumbindo-lhe demostrar que o acusado praticou o fato delituoso
que lhe foi imputado na peça acusatória.
[...]
Em virtude de regra de tratamento, ninguém pode ser considerado
culpado senão depois do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória. O princípio da presunção de inocência impede,
portanto, qualquer antecipação de juízo condenatório ou de
culpabilidade.
Antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, a
restrição à liberdade do acusado, seja através da decretação de uma
prisão cautelar, seja por meio da imposição de uma medida cautelar
de natureza pessoal, só deve ser admitida a título cautelar, e desde
que presentes seus pressupostos legais. A privação cautelar da
liberdade, sempre qualificada pela nota de excepcionalidade,
somente se justifica em hipóteses estritas, ou seja, a regra é
responder o processo penal em liberdade, a exceção é estar
submetido a uma medida cautelar de natureza pessoal. São
manifestações claras desta regra de tratamento a vedação de
prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossibilidade
e execução provisória ou antecipada de sanção penal.

O Estado Democrático de Direito se caracteriza na busca pela superação de


falhas, assim conforme estabelece Marcelo Schirmer Albuquerque (2008, p.45) “a
persecução penal realmente só pode ir até onde não agrida, de forma
desproporcional, os direitos fundamentais”.

A presunção de inocência, segundo Lopes Jr. (2010, p. 193), deveria ser


tratada com maior relevância na perspectiva do julgador, principalmente no
tratamento processual que o juiz deve dar ao acusado:

Isso obriga o juiz não só a manter uma posição “negativa” (não o


considerando culapado), mas sim a ter uma postura positiva
(tratando-o efetivamente como inocente).
Podemos extrair da presunção de inocência que:
a) Predetermina a adoção da verdade processual, relativa, mas
dotada de um bom nível de certeza prática, eis que obtida segundo
determinadas condições.
b) Como consequência, a obtenção de tal verdade determina um tipo
de processo, orientado pelo sistema acusatório, que impõe a
estrutura dialética e mantém o juiz em estado de alheamento
(rechaço à figura do juiz-inquisidor-com poderes
investigatórios/instrutórios-e consagração do juiz de garantias ou
garantidor).
31

c) Dentro do processo, se traduz em regras para o julgamento,


orientando a decisão judicial sobre os fatos (carga da prova).
d) Traduz-se, por último, em regras de tratamento do acusado, posto
que a intervenção do processo penal se dá sobre um inocente.

Assim, o que se busca em um procedimento investigatório quando um sujeito


comete uma infração penal, como durante a instrução processual, é a arrecadação
de elementos que comprovem a materialidade do delito e indícios de sua autoria,
sendo essencial para a garantia dos direitos constitucionais do investigado a
observância do princípio da presunção de inocência.

2.2 A influência da mídia na (des)caracterização do princípio da presunção de


inocência

A liberdade de imprensa tem como principal função proporcionar informação


para a sociedade, no entanto essa informação deve ser transmitida de forma
imparcial e translúcida, isto é, o que de fato ocorreu em determinada situação.
Assim, os telespectadores e ouvintes poderão formar sua opinião a partir do que foi
publicado/noticiado.

Sabemos que a liberdade de imprensa está garantida na Constituição Federal


e que seus limites foram criados pela própria Carta Magna. Posto isto, se no próprio
texto Constitucional fica comprovada a limitação da liberdade de informação, não
tem o porquê argumentar que esta dispõe de liberdade plena e absoluta,
sobrepondo-se, inclusive, a estes direitos (GUERRA, 2005, p. 270).

A atribuição da liberdade de imprensa torna-se essencial para a conservação


do Estado Democrático de Direito, neste sentido alguns doutrinadores a chamam de
“quarto poder”, pois ao propagar informações desenvolve um poder de controle
externo sobre os outros poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário
(PASQUALINI, 2009, p. 44).

Segundo Gustavo Vargas Quinamo e Marcelo Zenkner (2006, p. 58):


32

O jornalismo investigativo e denuncia fundamentada têm a blindagem


da seriedade e da verdade. Se o meio de comunicação apurou e
investigou antes de publicar, a lei não amparará quem processá-lo.
Se mentiu, distorceu, inventou, caluniou, difamou ou injuriou, impôs
dolosamente danos morais e materiais a alguém, deve temer o
embate no tribunal. Numa democracia, não existe delito de opinião,
existe calúnia difamação, injúria e outras práticas delituosas, punidas
pelos tribunais muito antes do surgimento do primeiro jornal.
[...]
Não existe qualquer dúvida de que a divulgação de fotos, imagens ou
notícias apelativas, injuriosas, desnecessárias para a informação
objetiva e de interesse público, que acarretem injustificado dano à
dignidade humana, autoriza a responsabilização penal. (grifo do
autor)

Bruno de Medeiros Celestino e Talita Barbosa de Queiroz (2007, p.186)


referem que:

[...] é conveniente ressaltar que a liberdade de um direito encontra


sua limitação na área de violabilidade de um outro direito, ou seja, a
liberdade de imprensa é válida até o momento em que não há dano
aos demais direitos do homem. Sendo assim não podemos negar
peso constitucional impregnado em tal direito, como também não
podemos deixar de observar que a interpretação à liberdade de
imprensa é relativa, não sendo admissível que esta liberdade se
estenda ao ponto de deixar que se viole o direito à privacidade, da
imagem, dentre outros.

Para que a imprensa cumpra com a sua função é imprescindível que ela seja
livre. Sendo assim, liberta, a mesma deve ser responsável pelo que publica. É nesse
sentido o entendimento de Pasqualini (2009. p. 46):

Significa dizer que a empresa busca ausentar da responsabilidade


social da notícia, posto que se atropela a ética outrora existente e
necessária no objetivo de informar e para assegurar não somente a
liberdade de imprensa, bem como os demais direitos e garantias
ressalvados por esta própria liberdade deferida constitucionalmente.

A imprensa é muito importante para uma comunidade, pois é ela quem leva
informação para a sociedade, determinando um relevante serviço para a população
e para a solidificação da democracia. Sem a imprensa, o entendimento que temos
hoje de democracia e de liberdade possivelmente seria diferente. A opinião pública é
muito importante neste contexto social de transformações (GUERRA, 2005, p. 270).
33

Receber uma informação, se inteirar das notícias do Brasil e do mundo,


segundo Pereira Neto (2011, p. 106), são tarefas cotidianas e obrigatórias na vida
dos cidadãos, o autor cita que:

Receber uma informação, se inteirar das notícias do Brasil e do


Mundo, são tarefas cotidianas e obrigatórias na vida de cada
cidadão. Ao chegarmos ao trabalho, conversamos com quase todo
mundo, como foi o futebol do fim de semana, se alguém assistiu
aquela matéria bombástica e outras coisas mais; ao sairmos do
trabalho ligamos logo no carro o rádio, queremos saber o que se
passa ao nosso redor; ao chegarmos em casa ligamos de imediato a
TV, queremos informações sobre as últimas e mais importantes
notícias do dia; antes de irmos para cama, uma passada pela
internet, que por muitas vezes se estende por horas. Toda esta rotina
é influenciada pela obsessiva necessidade da informação. A mídia
como o próprio nome sugere, desempenha o papel de mediadora
entre o sujeito e a notícia, ou seja, ela é o instrumento que media a
realidade levada às pessoas, através dos mais variados meios de
comunicação.

O princípio da publicidade dos atos processuais se relaciona com a liberdade


de imprensa, ao passo que não existem proibições quanto à divulgação de
informações da Justiça através da mídia, com exceção dos casos previstos em lei.

Glenda Rose Gonçalves Chaves e Nicole Bianchi Barbosa (2012, p. 95-96)


referem que nos dias de hoje a mídia não vem tomando os cuidados necessários
com a divulgação de informações atinentes aos inquéritos policiais e processos
judiciais:

Porém, atualmente, quando ocorrem casos de repercussão social, o


que se verifica é a atuação da mídia que, muitas vezes, acaba por
desrespeitar o princípio da presunção de inocência, ao realizar juízos
de valor prévios, bem como ao explorar de maneira negativa a
imagem do indiciado.
Isto é demonstrado à medida que, para cumprir a função social de
informar a sociedade e em respeito ao interesse público, a
divulgação de fatos acaba por provocar a formação de um pré-
julgamento social, o que, de certa forma, contribui para a
concretização de um juízo de culpabilidade antecipado.
Além disso, os direitos de personalidade, apesar de precisarem ser
respeitados frente à imprensa, são, muitas vezes, desconsiderados
quando o caso em questão envolve também a curiosidade do
público. Dessa forma, quando a imagem de um suspeito é veiculada
em variados meios de comunicação, a imprensa atua com o objetivo
de obter qualquer declaração deste indivíduo. Esta ação causa a
idéia de que os jornalistas estão atuando de forma correta, em busca
34

de informações sobre o delito cometido para que a sociedade esteja


informada, não se considerando nestes casos que o direito à imagem
e a presunção de inocência podem estar sendo violados.

A mídia, na maioria das vezes, age contra o princípio da presunção de


inocência, pois ao noticiar um crime, ela expõe ofensivamente o acusado,
divulgando fatos, nomes, imagens e expressões e, além de lançar efeitos na
persecução penal ao manipular a opinião pública (MELLO, 2010 p. 116).

O direito à informação e o direito à honra e à imagem do investigado em um


inquérito policial são direitos fundamentais assegurados pela Constituição de 1988,
todavia, segundo José Fabio de Azevedo (2014), tais preceitos não são respeitados:

Hoje, ainda impera nas delegacias de polícia do País a


espetaculização do inquérito policial. Delegados de polícia na busca
de notoriedade, aproveitam-se da sanha jornalística por reportagens
sensacionalistas, e expõem suspeitos para fotos e entrevistas, contra
sua vontade, e muitas vezes sob coação física e psicológica,
cometendo o crime de abuso de autoridade tipificado na Lei 4.898,
de 1965, em seu art. 4º, alínea “b”. Aliado ao abuso de autoridade
perpetrado pela autoridade policial, há ainda os programas
sensacionalistas que, ao invés de ajudar na pacificação social, agem
exatamente ao contrário quando, na busca insana pela audiência
para satisfazer aos interesses econômicos e ao senso comum do
povo, agridem toda a sociedade com notícias que não são de
interesse público e ainda colabora para a desarmonia social com a
incitação à violência. Os princípios da presunção de inocência e da
liberdade de imprensa vivem em choque desde tempos remotos e
hoje tem-se agravado ante o irresponsável exercício do direito à
liberdade de informar. Pode-se dizer que vive-se no Brasil nos dias
atuais, uma ditadura da democracia no que diz respeito à liberdade
de imprensa, onde disseminou-se em parte da doutrina, a ideia de
que a liberdade de imprensa é um direito absoluto que não deve
sofrer nenhum tipo de restrição.

Nesse sentido, Silva (2015, p.177-178), destaca que:

Atualmente, pouca ou nenhuma barreira existe à transmissão de


conteúdo. O compartilhamento de experiências e informações atingiu
um nível que não permite sequer imaginar como ir além. Amplo
acesso à internet, sites especializados em notícias, grandes canais
de mídia com transmissão ao vivo através da internet, rede sociais,
etc. Não há limites para a comunicação e o compartilhamento de
informações, e os conteúdos compartilhados atingem gigantesco
número de pessoas em apenas poucos minutos.
[...]
35

Diversos são os meios de comunicação e canais de informação


disponíveis à sociedade. As notícias não mais se resumem a
acontecimentos ou fatos locais, nem sua divulgação restringe-se à
específica localidade. E essa facilidade de acesso e transmissão, se
por um lado encurtou distâncias e difundiu conteúdo, por outro
revelou uma faceta perigosa desse amplo alcance.
Se a mídia de massa, antes restritas às páginas de jornais e revistas,
já exercia grande poder de convencimento e indução sobre a opinião
pública, com essa ampla facilidade que hoje lhe permite alcançar
imensuráveis contingentes de pessoas, o poder “outorgado” à
imprensa tornou-se ilimitado.
A principal preocupação é justamente a qualidade da informação
transmitida, que quando intencionalmente, e quase sempre,
manipulada, pode se tornar uma arma perigosa à serviço da
imprensa que vende sensacionalismo.

A liberdade de imprensa pode fazer com que se desrespeite o princípio da


presunção de inocência, principalmente nos casos em que o indivíduo, investigado
aguarda pela solução judicial do seu caso, o mesmo encontra-se exposto
visivelmente na mídia. Nesta circunstância, a intervenção da mídia faz com que
ocorra, na maioria das vezes, uma falsa e imediata solução para o caso, o que pode
vir a infringir, não só a técnica jurídica, mas também os direitos garantidos àquele
que está sofrendo a investigação ou a instrução processual penal (CHAVES e
BARBOSA, 2012, p.97).

Nesse contexto, Carla Gomes de Mello (2010, p. 116-117) refere que a mídia
acaba não respeitando a intimidade dos envolvidos em situações delituosas:

Holofotes cinematográficos são dirigidos ao suspeito do crime com o


intuito de revelar sua identidade e personalidade. Em poucos
segundos, sabe-se de tudo, detalhadamente, a respeito da vida
privada desse cidadão e de seus familiares. Tudo é vasculhado pela
mídia. Bastam alguns momentos para que eles se vejam em todas as
manchetes de telejornais, revistas e jornais. A mídia, assim, vai
produzindo celebridades para poder realimentar-se delas a cada
instante, ignorando a sua intimidade e privacidade.

Desse modo, segundo Pereira Neto (2011, p. 107), é preciso que se faça uma
reflexão sobre as consequências que as informações trazidas pela mídia podem
gerar, vejamos:

Quando a imprensa atribui determinado delito a alguém, paira no ar


até então a incerteza da culpa. Porém a partir do momento que ela
36

faz um pré-julgamento, o sujeito passa a ser culpado, não sendo


respeitado aqui o princípio norteador do direito processual penal e
garantia constitucional, o de estar em estado de inocência até
sentença condenatória irrecorrível. A mídia provoca com isto a
violação de tão importante princípio, pré-condenando o suspeito,
uma vez, que fora feita a exposição de sua imagem. Se comprovada
a culpa a mídia confirmou sua arriscada aposta. Mas se os veículos
de comunicação erram o que fazer? Quando a moral da pessoa já
fora completamente denegrida? Em muitos casos existe a chamada
retratação, mas, até que ponto ela realmente surte efeito? Danos
morais e a imagem revertidos em dinheiro? Ou tudo pode terminar
em nada, em homenagem a liberdade de impressa.
[...]
Todavia há que se esclarecer que o limite da liberdade de imprensa
deve terminar no exato momento onde começa a violar os direitos de
qualquer cidadão. Deixar a imprensa livre para noticiar é uma
conquista democrática, no entanto, deve sempre se pautar pela
divulgação do fato com a devida proteção de imagem do sujeito
detentor de garantias constitucionais.

Carla Gomes de Mello (2010, p. 118) refere que:

Não se importa a sociedade manipulada pela mídia se contra o


suspeito houve tortura que o levou a confessar o ato criminoso, se,
da mesma maneira, houve força excessiva, se está preso
inocentemente e sem necessidade, se os direitos dele estão sendo
violados, se ele tem a chance de não ser considerado culpado e se
ele faz jus a um julgamento justo. A poderosa voz manipuladora
exige imediata ação do Estado e assim, todos passam a exigir
também.

Assim, não raro é o conflito entre a liberdade de informação jornalística, em


que se ampara a mídia, e o princípio constitucional da presunção de inocência. Os
meios de comunicação não possuem mais o cuidado em respeitar a íntegra desse
direito constitucional, tendo em vista que expõem de forma abusiva e demasiada o
suposto acusado e ainda, esboçam pré-julgamentos deste.

O princípio da presunção de inocência zela pela preservação da integridade


do acusado, garantindo ao mesmo o direito de ser tratado como um ser humano e
não um ser a ser excluído da sociedade. Quando a mídia adentra esse espaço
íntimo do indivíduo e faz do fato a ele ligado uma atração, fere não só a presunção
de inocência que lhe é garantida, e também a proteção que lhe é conferida nos
incisos do artigo 5º da Constituição Federal (Luciano Luis Almeida Silva, 2015,
p.184).
37

Neste diapasão, Luciano Luis Almeida Silva (2015, p. 184), menciona que a
mídia não deve utilizar a liberdade que possui para exibir a imagem de acusados
sem nenhuma possibilidade de defesa aos mesmos:

Não é admissível a utilização pela imprensa da liberdade que lhe é


outorgada para denegrir, degradar e expor a imagem de acusados,
se afastando por completo dos próprios princípios democráticos que
a legitimam. É imensa a preocupação por parte de todos os
envolvidos no processo penal com a divulgação e julgamento
antecipado do acusado, sem qualquer possibilidade de defesa ou
contraditório, sem qualquer possibilidade de defesa ou contraditório,
sem qualquer possibilidade de recurso e eivados de parcialidades.
É deveras preocupante essa condenação pública consolidada pela
opinião induzida. Preocupante, pois representa o completo
afastamento da presunção de inocência garantida. A mídia confunde
o direito - e obrigação – que tem de informar, e não informa, mas
emite opinião, e apressadamente cristaliza a culpa do acusado.

A mídia aproveita da liberdade que possui e a usa de forma destorcida, ao


seu favor, influenciando a opinião do povo com suas notícias imparciais,
ocasionando total desrespeito ao provável acusado e seus direitos.

Neste sentido Luciano Luis Almeida Silva (2015, p. 190) refere que:

A imprensa eleva ao máximo a garantia da liberdade de expressão e


reduz ao mínimo a garantia da presunção de inocência. De sua
parte, não há qualquer ponderação de valores; pelo contrário, há a
supressão total do estado de inocência do indivíduo alvo da notícia
do momento. Dessa forma, imperioso que se debata alguma forma
de evitar essa incoerência.

Existem algumas formas para de certa maneira, tentar corrigir os erros


cometidos pela mídia. A retratação é um dos meios utilizados, servindo como uma
forma de se envergonhar e pedir desculpas publicamente pelo erro cometido
(PEREIRA NETO, 2011, p.108).

Nesse sentido, Pereira Neto (2011, p.108), destaca que:

Outro artificio pode ser a chamada ação por danos morais e a


imagem a exemplo do celebre caso Escola Base, localizado no bairro
da Aclimação na capital São Paulo. A notícia absurdamente
divulgada pela mídia não passou de um erro gravíssimo. Em 1994
38

seis pessoas, entre elas os donos da escola, funcionários e um casal


de pais, foram acusados de estarem envolvidos no abuso sexual de
crianças que ali estudavam. Segundo as notícias o motorista da
escola, levava as crianças no horário das aulas para a casa do casal,
onde os abusos eram cometidos e filmados. Sem verificar a
veracidade dos fatos e violando o princípio da presunção de
inocência o delgado responsável pelo caso divulgou as informações
à imprensa, que transformou o caso em mais um espetáculo.
Quando veio a confirmação de que tudo não passava de um erro, a
escola já havia sido depredada, os donos já estavam falidos, além de
todos os acusados, sofrerem constantes ameaças de morte. Dava-se
início então, a uma incansável batalha judicial por indenizações.

Muitos autores falam em retratação, direito de resposta, danos morais e a


imagem, mas precisamos ir além disso, invocando imediatamente o princípio do
estado de inocência, fazendo com que ele seja respeitado, limitando os exageros
provocados pela mídia. Reproduzir uma notícia, não significa ter que fazer com que
a mesma vire uma cena de cinema sob vários holofotes (PEREIRA NETO, 2011,
p.109).

Os meios de comunicação, na maioria das vezes, atuam como se a lei não se


empregassem a eles. Neste sentido, para que a mídia passe a não violar o princípio
da presunção de inocência é fundamental que a sociedade não impulsione esses
espetáculos proporcionados pelos meios de comunicação, fazendo com que não
tenham audiência a fatos que massacram nossas garantias constitucionais
(PEREIRA NETO, 2011, p.111).

Sabemos que o que a mídia quer é ibope, e que a sociedade muitas vezes
não tem o discernimento de selecionar o que é bom e o que é ruim daquilo que é
divulgado pela mídia.

Neste sentido, o princípio da proporcionalidade é a melhor medida a ser


adotada para que o princípio constitucional da liberdade de informação não
ultrapasse seus limites prejudicando o princípio constitucional da presunção de
inocência. Fazendo com que haja uma ponderação entre estes princípios, visando o
interesse público.
39

CONCLUSÃO

Diante do estudo apresentado é possível concluir que o princípio da liberdade


de informação juntamente com o princípio da presunção da inocência estão
garantidos na Constituição Federal. O primeiro, destinando a garantir ao cidadão
uma informação verdadeira e plena sobre fatos e notícias que acontecem no mundo,
e o segundo com o propósito de garantir o estado de inocência do indivíduo que
cometeu ato delituoso para que seja efetivado o devido processo legal.

Sendo assim, simultaneamente a Constituição Federal estabeleceu limites


para o funcionamento destes direitos fundamentais, para que assim um não
adentrasse no espaço do outro.

No entanto, com tanto interesse na obtenção de lucros pela mídia através de


notícias, principalmente nas que se referem ao crime, o princípio da presunção de
inocência é violado constantemente.

A mídia expõe de maneira abusiva o provável acusado com o intuito de


manejar os ouvintes e leitores, não se preocupando com a veracidade dos fatos e
sim com a obtenção de lucros, as notícias são muitas vezes transmitidas alterando
fatos para chamar mais a atenção do público gerando mais audiência. Ocorre que
para que isso aconteça os direitos do suspeito garantidos na Constituição Federal
são feridos.

Sendo assim, os cidadãos não podem acreditar em tudo que os meios de


comunicação veiculam, pois correm o perigo de ser enganados e muitas vezes pré-
julgarem um inocente, a exigência de verdade na informação é um direito do
40

cidadão, a mídia não deve se valer da liberdade de imprensa para transmitir uma
informação parcial e sim a notícia autêntica.

O ideal seria que o telespectador tivesse a aptidão de reconhecer a


genuinidade na informação narrada e a partir disso construir sua própria opinião
sobre o noticiado. Mas não é o telespectador que deve ter este cuidado e sim a
mídia.

Os meios de comunicação pensam que são superiores à própria justiça, eles


acusam e condenam conforme o que julgam como correto, fazem com que um fato
vire um espetáculo, violando o estado de inocência do acusado e prejudicando a
conservação da imagem do mesmo.

A mídia deveria ter mais respeito e responsabilidade para com o cidadão, pois
muitas vezes não dá para exigir que o mesmo diferencie uma notícia real de uma
fictícia tendo em vista seu nível educacional, afinal não foi para esse fim que a
liberdade de imprensa foi assegurada na nossa Constituição Federal, e sim para que
a informação fosse garantida a todos os cidadãos.

E como já exposto, constata-se a indispensabilidade de proteger o suspeito


da propagação exagerada publicada pela mídia. É necessário saber, que a
acusação antecipada do indivíduo é um desrespeito com o princípio já mencionado,
o da presunção de inocência, para que assim seja evitado um julgamento sem o
devido processo legal. Pois os princípios existem para nos nortear e para serem
respeitados, uma vez que são garantidos para todos.

Para que o princípio da presunção de inocência seja respeitado se faz


necessária a utilização do princípio constitucional da proporcionalidade, pois este
princípio é o protetor de um autêntico equilíbrio dos direitos fundamentais.

Sendo assim, para que o princípio da informação não descaracterize o


princípio da presunção de inocência através da mídia, é preciso que seja utilizado o
41

princípio da proporcionalidade, divulgando e publicando somente o que tem


relevância para a população, visando o interesse público.
42

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ANEXO I – EMENTA ADPF 130/DF


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