Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
GRUPO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA E CONTROLE - GEPOC
SEPOC 2010
FILTRO ATIVO DE POTÊNCIA SÉRIE – PARALELO
2. Qualidade de Energia
Figura 3: Retificador monofásico conectado a rede elétrica cuja forma de onda de tensão v(t) senoidal, e corrente
elétrica i(t) resultante.
Figura 4: Circuito trifásico alimentando cargas não-lineares. Formas de onda de corrente de linha e de neutro
resultante.
Outro problema de qualidade de energia são as variações dos níveis de tensão durante alguns
ciclos da fundamental. A Figura 5 ilustra um afundamento de tensão de aproximadamente oito
ciclos.
Figura 5: Afundamento de tensão.
Para compensar os problemas de qualidade de energia são utilizados filtros de potência, que
podem ser passivos ou ativos. A Figura 6 ilustra as possibilidade de implementação dos filtros de
potência, sejam eles passivos ou ativos. Nos filtros passivos são utilizados capacitores, para
correção de fator de potência ou filtros LRC sintonizados para supressão de componentes
harmônicas de tensão e/ou de corrente. Os Filtros Ativos de Potência ou FAP’s são implementados
utilizando chaves semicondutoras de potência (principalmente IGBT's ou GTO's) e elementos
passivos de saída para filtragem. O sistema é controlado de modo a realizar a compensação,
processando apenas energia reativa (salvo as perdas do conversor e do filtro).
Os filtros de potência podem ser conectados em paralelo ou em série com a rede elétrica. No
primeiro caso, os filtros são mais eficazes para a compensação de cargas indutivas, lineares ou não.
Já no segundo, o filtro é eficaz quando aplicado para compensação de cargas com característica de
fonte de tensão.
(a) (b)
Figura 6: Configurações gerais de filtros passivos e ativos. (a) Filtro conectado em paralelo e (b) em série.
(a) (b)
Figura 7: Operação do inversor PWM. (a) Conversor do tipo fonte de tensão modulado por largura de pulso
(PWM). (b) Comparação entre sinal e portadora.
A conexão do FAP em paralelo com a rede é feita utilizando um filtro indutivo, enquanto o
FAP série é conectado por meio de um filtro capacitivo. A conexão série normalmente utiliza um
transformador isolado para proteção e isolação do sistema. A Figura 8 mostra de um modo geral, o
esquema de implementação de um FAP conectado em paralelo e em série com a rede elétrica. Nesta
figura, também é introduzida uma ideia básica do sistema que define a ação de controle a ser
modulada pelo inversor.
O FAP paralelo opera sob característica de fonte de corrente, isto é, atua na rede para
correção das não-idealidades das formas de onda de corrente. O objetivo da compensação é injetar
uma corrente I F tal que quando esta for somada a corrente de carga I C , resulte numa corrente de
linha I L puramente senoidal e em fase com a tensão (o que seria ideal). Dessa forma, se pretende
fazer com que a corrente de linha seja referente apenas à potência ativa (da fundamental)
transmitida à carga, enquanto a potência reativa circula apenas entre o conjunto de cargas (lineares
ou não) e o filtro ativo paralelo. Dependendo da impedância da linha, quando as correntes drenadas
pelas cargas são distorcidas a tensão no ponto de conexão também pode ser distorcida. Neste caso,
um FAP paralelo pode ser utilizado também para diminuir a distorção de tensão, uma vez que as
componentes harmônicas são inseridas na rede pelo FAP, com defasagem de 180º.
De modo análogo ao paralelo, o FAP série apresenta característica de fonte de tensão,
atuando sobre as não-idealidades das formas de onda da tensão da rede. Seu princípio de operação
consiste basicamente em gerar a tensão V F no secundário do transformador de modo que quando
Figura 8: Implementação de FAP’s.
esta tensão for somada à tensão no ponto de conexão V PC , produza uma tensão puramente senoidal
V C na carga, compensando assim, as não-idealidades da tensão de linha.
Para a implementação de um FAP é necessário um sistema capaz de gerar os sinais de
referência de compensação ou, em outras palavras, definir o que se pretende obter na saída do filtro
ativo de potência (referência de corrente para o FAP paralelo ou de tensão para o FAP série). Para
isso, é necessário identificar as características da forma de onda de interesse, de tensão ou de
corrente. Dentre estas características podem-se citar a frequência da fundamental, as amplitudes e a
fases de cada componente harmônica e, para sistemas trifásicos, as componentes de sequência
positiva, negativa e zero da fundamental. As características da forma de onda fornecem informações
a partir das quais são obtidas as referências de compensação. À estratégia de geração de referências
chamamos de “algoritmo de geração de referências”.
A regulação da tensão do elo CC do inversor PWM é feita com a adição de uma referência
de corrente ativa para o inversor, gerada pelo bloco denominado “controle de v cc “. Esta potência
ativa representa as perdas internas do inversor, como por exemplo, as perdas de comutação.
Uma vez geradas as referências (para I F ou V F ), o “CONTROLADOR” deve ser
implementado com o objetivo de garantir o rastreamento das mesmas, rejeitando os distúrbios de
saída.
A Figura 10 ilustra um FAP paralelo identificando seus principais componentes.
DSP
CLP
Fontes CC
Interface dos
Medição transdutores
de tensão de corrente
UPS
(a) (b)
Figura 9: Protótipo de um FAP paralelo. (a) Vista frontal e (b) vista oposta (GEPOC/CEEE)
IF
IL
Figura 10: Resultado experimental da operação de um FAP paralelo. De cima para baixo: tensão no ponto de
conexão; corrente inserida pelo FAP paralelo; correntes de linha e correntes de carga
I
Pode-se observar que forma de onda de corrente
C injetada pelo filtro ativo é complexa,
possuindo várias frequências, porém, não inclui a frequência da fundamental. Deste modo, o FAP
processa apenas energia reativa.
O princípio de operação do FAP série é análogo ao do FAP paralelo, diferindo pelo fato de
que a variável de controle é a tensão e não a corrente. A Figura 11 mostra as formas de onda da
tensão na carga VC , e a de corrente de carga IC para uma das fases, com e sem compensação de
desequilíbrio.
VC
IC
A combinação das topologias paralela e série formam o UPQC (do inglês Unified Power
Quality Conditioner). Nesta topologia, o elo CC que armazena energia é compartilhado entre as
estruturas série e paralela. A Figura 12(a) ilustra o esquema de um UPQC. Esta topologia é capaz de
compensar os desequilíbrios de tensão e de corrente, atuando na compensação de problemas de
qualidade tanto da tensão quanto da corrente. As maiores desvantagens estão associadas ao custo e a
elevada complexidade do sistema de controle necessário.
Os FAP’s podem ainda ser associados aos filtros passivos, dando origem aos Filtros
Híbridos. A Figura 12(b) mostra um exemplo de filtro híbrido, resultado da combinação de um FAP
série com um filtro paralelo sintonizado. Associação entre filtros ativos e passivos de potência são
amplamente utilizadas, pois dependendo da situação, é suficiente para se atingir o objetivo a um
custo reduzido, uma vez que o FAP pode ser projetado, agora, para compensar apenas as
harmônicas de menor amplitude.
(a) (b)
Figura 12: Topologias de filtros ativos. (a) UPQC e (b) filtro ativo híbrido.
Referências Bibliográfica
[1] SINGH, B.; AL-HADDAD, K.; CHANDRA, A. A review of active filters for power
quality improvement. IEEE Transactions on Industrial Electronics, v. 46, n. 05, p.
960–971, 1999.
[2] EMADI, A.; NASIRI, A.; BEKIAROV, S. B. Uninterruptible Power Supplies and
Active Filters. [S.l.]: CRC Press, 2005. ISBN 0-8493-3035-1.