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O Caráter Universal Das Personagens em Dostoiévski
O Caráter Universal Das Personagens em Dostoiévski
Andreia A Pantano
Resumo
Este trabalho tem por objetivo analisar como o escritor russo Dostoiévski abusa da liberdade
e da universalidade ao construir suas personagens em Memórias do Subsolo (1864) e
Bobók (1873). A personagem em Dostoiévski tem em si certa independência em relação ao
criador, no entanto, como lembra Bakhtin, isto não significa que ela escapa do plano do
autor. Nossa intenção é destacar como ao compor suas personagens especificamente
nessas obras, Dostoiévski o fez de forma inovadora no cenário europeu do século XIX, uma
vez que suas personagens não são totalmente descritas, não estão fechadas, pois o seu
herói é aquele que está construindo seu diálogo. Embora esta pesquisa ainda esteja em
desenvolvimento é possível dizer que o caráter aberto da personalidade de suas
personagens, revela que este homem está por fazer-se.
Palavras-chave: Criação; Personagem; Liberdade.
(Dostoiévski)
Embora a consciência, essa voz que não se cala, seja um tormento, um martelo
sempre a bater em sua alma, segundo o narrador desta memória, ainda assim é preferível
tê-la. Mesmo com toda angústia que causa, ainda assim o homem não a recusará.
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Para uma melhor compreensão sobre o romance dialógico conferir o capítulo I: O romance
polifônico de Dostoiévski e seu enfoque na crítica literária da obra: Problemas da Poética de
Dostoiévski de Mikhail Bakhtin.
como outra, a consciência do outro, mas ao mesmo tempo não se objetifica, não se fecha,
não se torna mero objeto da consciência do autor” (BAKHTIN, 1981, p.3). Suas personagens
são livres, assim as criações artísticas em Dostoiévski vão além da simples colocação do
problema, pois a estrutura de seus romances, como por exemplo, O Idiota (1868), revela a
individualidade, a qual escapa do habitual, do que seria comum, e é dado em suas obras um
outro caráter que expõe suas personagens de forma nua e crua, o que pode causar
estranheza ao leitor. A personagem em Dostoiévski tem em si uma relativa independência
em relação ao criador, no entanto, como lembra Bakhtin, isto não significa que ela escapa
do plano do autor.
Referências
DOSTOIÉVSKI. F. M. Crime e Castigo. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2001.
________Memórias do Subsolo. Trad. Boris Schnaiderman. São Paulo: Editora 34, 2000.
________O Idiota. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2002.
________Os Irmãos Karamázov Trad. Natália Nunes e Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Abril
Cultural, 1971.