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Abstract: The Medieval Trovadorismo marked its presence in the Northeast in the work of
Trovadorismo Elomar Figueira Mello. With the literature of this subject in the History field, found
strong traces of Semitic saga here in Brazil, with an anthropological study of Caesar Sobreira. The
Semites and cultural root is formed by Arab and Jewish with its syncopated rhythms, with glosses,
songs and novels that have been introduced in rural northeastern marking our musical culture, the
northeast is Semitic can affirm and sign with a literary study-musical, where we find Songs of Love and
Friend,. The modes are formed by the northeastern Arabian modes and voices “nasaladas” Cowboys
and singers sing their songs similar to the Arabs glosadores with its challenges and nostalgic voices of
the wandering Jew fleeing persecution and find refuge in the end their songs in the backcountry wild.
Os Semitas tiveram origem no Oriente Médio, onde ocuparam vastas regiões indo do Mar
Vermelho até o planalto iraniano e estão intimamente ligados com a origem das três grandes religiões
monoteístas no mundo: o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo.
O termo semita tem como principal designação, o conjunto lingüístico composto por uma
família de vários povos e entre os quais se destacam os árabes e os judeus que compartilham as
mesmas raízes culturais. A cultura musical árabe e dos judeus sefaraditas estão entrelaçadas na sua
raiz semita dominante. Uma das causas do grande florescimento da cultura judaico-espanhola em
relação às novas formas poéticas tem grande contribuição do aprendizado da língua árabe. No início
do século XII foram encontradas cartas escritas em hebraico e romance com caracteres hebraicos,
que utilizaram um gênero poético peculiar à poesia árabe da Andaluzia, os muwwashah, escritos em
árabe clássico e terminando com uma estrofe em vernáculo popular, chamada kharja (uma pequena
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composição poética escrita em árabe ou hebraico) ou jaryas. Estas estrofes bilíngües são consideradas
como o início da lírica espanhola.
Os Trovadores e Troveiros medievais, nomes que têm o mesmo significado: descobridores e
inventores; eles eram poetas-compositores que se multiplicou em Provença, região que abrange o
Sul da França atual e escreviam em “Provençal” a chamada “Langue d’oc”. A sua arte, inicialmente
inspirada na cultura hispano-moura da vizinha Península Ibérica difundiu-se rapidamente para o
norte da França, em particular para as Províncias da Champagne e da Artésia, onde exerceram a sua
atividade ao longo de todo o século XIII, escreviam em “langue d’oil” o dialeto francês medieval e
essa arte é uma síntese de poesia e música cujas fontes de inspiração são primeiramente a realidade
tal como o poeta a viveu: a cruzada, a heresia cátara, os conflitos sociais e as agitações políticas.
Em relação à contribuição árabe no período trovadoresco, a musicóloga Natália Correia diz o seguinte:
Essas novas formas de amor são elaboradas sobre o modelo dos ritos feudais (...).
No caso de amor cortês é a mulher a dama que tem o lugar do senhor. (...). Se é
verdade que o tema foi tratado, sobretudo pelos primeiros trovadores occitânicos e
que talvez, sofreu a influencia da poesia amorosa árabe. (LE GOFF, 2007, p.87)
Ai cervos do monte vim-vos preguntar/ Foi s’o meu amig’, e, se alá tardar/Que farei velida?
Ai cervas di monte, vim - vo-lo dizer/ Foi s’o amig’ e querria saber/Que farei velida?(...)
E Vidal, Judeu de Elvas no qual a sua identificação de “poeta judeu”, foram pela rubrica
anteposta e a inclusão de imagens poucos usuais no conjunto das trovadorescas galego-portuguesas,
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como por exemplo, o uso da expressão: o cervo que brama pelas águas, considerando assim o poeta
quase o único entre os trovadores que utilizou reminiscências bíblicas em cantares de amor.
Elomar Figueira Mello, um bardo medieval que ressurge no nosso tempo, nas
agrestes terras nordestinas (...) o movimento que nos faz incursionar pelo passado
e pelo presente nas óperas e no cancioneiro de Elomar se processa a partir da
apropriação de uma tradição ibérica. O Sertão posto em diálogo com elementos
medievais de tradição. (GUERREIRO, 2007, pg12)
E SOLER, (1978, p.70), comenta sobre os judeus sefaraditas: “(...) traços judeus na racialidade
das populações sertanejas é um pressentimento de longa data, motivado pela observação das
características etnográficas, temperamentos e de hábitos (...)”.
Elenice Rosa na sua monografia com o título: Marcas da Lírica Trovadoresca na Cantiga de
Amigo de Elomar Figueira Mello escreve o seguinte:
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medieval, no sentido de traduzir a tradição, não para repeti-la mimeticamente, não para
imitá-la simplesmente, mas para (re) traduzi-la, trazê-la para o nosso contexto e interferir
no seu texto, restabelecendo sincrônica e diacronicamente o contágio friccional e dos
critérios de seleção lexical inscritos em sua composição. (ROSA, 2007, p.31)
A poesia Trovadoresca nordestina reflete em suas tradições o épico e o lirismo literário português,
embora tenha características próprias, com uma identificação das múltiplas expressões traduzidas pelas
raízes culturais históricas e geográficas. O lirismo (cantiga de amor e cantiga de amigo) está presente no
Cancioneiro de Elomar Figueira Mello. João Paulo Cunha escreveu o seguinte no Cancioneiro elomariano:
(...) filho de sanfoneiro, Elomar ouviu grandes cantadores (...). A música dos
menestréis é um dos fios da arte do compositor, que quase sem que se perceba um
processo de amadurecimento, emerge primeiro momento já pronta, complexa, capaz
de exercitar as formas mais populares e os modelos eruditos (...). Ambientada numa
terra que não pede nada (...) a música de Elomar dá seqüência a um projeto que
pode ser irmanado ao de outros artistas da palavra como Guimarães Rosa, Ariano
Suassuna, José Lins do Rego e João Cabral de Melo (...) do pensamento, como
Gilberto Freyre e Euclides da Cunha. (...) (CUNHA,2008,p.13-14)
Para a fundamentação teórica em relação á área da Lingüística, é importante traçar uma análise
textual das Cantigas de Amor e de Amigo encontradas no Cancioneiro Medieval e o Cancioneiro
Elomariano.
Vidal Judeu d’Elvas: Faz-m’ agora por si morrer (Cantiga de Amor de Refrão)
Faz-m’ agora por si morrer/ e traz-me mui coitado/mia senhor do bom parecer/ e do
cos bem talhado;/a por que hei morte a prender/come cervo lançado,/que se vai do
mund’ a perder/ da campanha das cervas/ E mal dia non ensandecí/ e pacesse das
hervas/ e non viss’u primeiro vi,/ a mui fremosinha d’Elvas,(...)
Elomar Figueira Mello o trovador do sertão da Bahia não escreveu especificamente no seu
Cancioneiro uma Cantiga de Amor. Mais fala de amor nesta Canção com o titulo “Cantada”:
Enas verdes ervas/ vi anda-las cervas, meu amigo/ Enos verdes prados/ vi os cervos
bravos meu amigo/ E com sabor d’elas lavei mias garcetas, meu amigo/ E com sabor
d’elos lavei meu cabelos meu amigo/ Dês que los lavei, d’ouro los liei meu amigo.(...)
Lá na Casa dos Carneiros/ onde os violeiros vão cantar louvando você/ Em cantigas
de amigo/ Cantando comigo/ Somente porque você é/Minha amiga mulher/ Lua
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nova do céu/ Que já não me quer/ (...) La na Casa dos Carneiros/Sete candeeiros/
Iluminam a sala de amor/Sete violas em clamores/ Sete cantadores/ São sete tiranas
de amor/Para amiga em flor / (...).
Carvalho Mello (2002), observou que alguns jornalistas e pesquisadores, relacionam o estilo
composicional de Elomar, ao estilo medieval, de forma figurativa e superficial, já que as semelhanças
com as tendências medievais são encontradas em grande parte, na estrutura literária e estão restritas
a uma pequena parte da obra, no que é pertinente ao Nordeste Brasileiro. O termo musica medieval,
não é definida com precisão, especialmente no aspecto musical, que mesmo encontrando-se pontos
coincidentes do modalismo, o compositor não se prende a forma regular a estas estruturas modais.
Mas existem algumas canções que fazem referencia aos gêneros da poesia cantada medieval: Cantiga
de Amigo, A Donzela Tiadora, Canção Catingueira entre outras.
Segundo Simone Guerreiro:
Elomar costuma destacar três canções autorais como cantigas ao modo da lírica
galego-portuguesa: Cantiga de Amigo, Incelença pro Amor Retirante e Canto do
Guerreiro Mongoió, não obstante, em alguns aspectos, elas se distanciam do modelo
ibérico e sofrem atualizações. Relaciona-as aos três principais gêneros da lírica
trovadoresca, de inspiração cortês. (GUERREIRO, 2007, p.193)
No Cancioneiro de Elomar, no referente á Donzela Tiadora, cuja história faz parte do conjunto
poético pertencente ao romanceiro tradicional de Portugal e de Espanha, com o nome “Donzela
Teodora” que segundo Câmara Cascudo:
Com uma linguagem poética do sertão, Elomar tece a história da Donzela Tiadora:
E a donzela Tiadora/ qui nas asas da aurora/ Vei á sala do rei/ Infrentá sete sábios da
Lei/ Venceu sete perguntas/ E de boca - de- coro/Recebeu cumo prenda/Mili dobra
de oro/ Respondeu qui a noite/Discanso do trabai/Incobre malfeitores/E aqui do
anjericó/ Beleza de amores/E qui da velhice/Vestidura de dores/Na eterna mininice/
Foi-se num poldo bai/Isso vai muito longe/Foi no seclo do Pai.
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o Violeiro. E sendo feita uma analise, com os modelos gráficos musicais referentes também aos modes
árabes e aos modos reais e derivados nordestinos os resultados analisadas confirmam que os contornos
melódicos de ambas as composições têm a mesma estrutura do Modo1 Real Nordestino e o Mixólidio (nas
distribuições de tons e semitons) e uma estrutura melódica com base no Mode Rast (árabe) o qual é similar
ao modo 2 Real nordestino e o Lídio, e ao modo 2 derivado – Dórico nas distribuições de tons e semitons.
A Cantiga de Amigo tem uma estrutura melódica do Si menor primitiva, que é igual ao modo menor Eólio.
E a Donzela Tiadora tem um contorno melódico do modo Eólio. Como exemplos, são mostrados abaixo
os modos e escalas exóticas encontradas em algumas composições do cancioneiro elomariano:
Modos derivados Nordestinos
Modes árabes
Nakriz
Rast
Podemos concluir com estes argumentos históricos e científicos e analíticos musicais, nos
mostram a fundamentação de que sim existem traços, marcantes com características semitas em
algumas canções que fazem parte do Cancioneiro de Elomar Figueira Mello.
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Referências
CASCUDO, Luis da Câmara. Vaqueiros e Cantadores. Ed. Itatiaia. São Paulo: 1984
CUNHA, João Paulo. Elomar: cancioneiro. Belo Horizonte: Duo Editorial Ltda. 2008.
GROUT Donald G.; PALISCA Claude V. História da música ocidental. Trad. Ana Luísa Faria.
Lisboa: Gradiva Publicações, 1988.
R0SA, Elenice. Marcas da Lírica Trovadoresca na Cantiga de Amigo de Elomar Figueira Mello.
Monografia. Sorocaba: Faculdade de Ciências e Letras. 2009, pgs 31,37-38
SOBREIRA, Caesar. Nordeste Semita: Ensaio sobre um certo nordeste que em Gilberto Freyre
também é semita. 1ª ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
SOLER, Luis. As raízes árabes, na tradição poética: musical do sertão nordestino. Recife:
Universitária-UFEP, 1978.
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