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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Ursula Amanda Almeida Garcia

1- INTRODUÇÃO
Para entendermos a história da cultura do Amapá, é necessário destacarmos a negritude
existente no Estado. Localizado na Região Norte do Brasil, o Amapá é marcado pela
existência de comunidades negras, oriundas de descendentes de escravos africanos trazidos
para a região durante o período colonial. Durante o período colonial, alguns escravos que
conseguiam fugir das mãos do senhorio, encontravam refúgio em áreas mais distantes onde se
formavam as comunidades quilombolas. Com o fim da escravidão em 1888, muitos
ex-escravos permaneceram na região, formando comunidades afrodescendentes que hoje
compõem a rica e diversa cultura amapaense.
A cultura negra amapaense se manifesta em diversos aspectos da vida social, incluindo a
música, a dança, a religiosidade, a culinária, as artes e a literatura. Uma das principais
manifestações culturais do povo negro amapaense é o Marabaixo, uma celebração religiosa
que ocorre em maio e junho e que tem origem nas festas africanas de louvor aos ancestrais.
Outra manifestação cultural importante é o Batuque, um ritmo musical típico da região
amazônica que tem origem nas culturas africanas.
Ademais, devemos dar destaque a literatura afro-amapaense que busca dar visibilidade às
histórias, experiências e experiencias do povo negro tucuju. Temas como a vivência da
mulher negra, discriminações, valorização da cultura negra e amazônida, luta pela igualdade
racial e preservação de tradições indígenas e ribeirinhas se fazem presente nas poesias
afro-amapaense. Além disso, é importante destacar que o Amapá conta com diversos grupos
literários e coletivos de escritores negros, como o Grupo Literário Louvação e Afrologia
Tucuju, que tem como objetivo valorizar a cultura afro-amapaense por meio da literatura, e o
Coletivo Negro, que reúne escritores, poetas e artistas para discutir questões relacionadas à
identidade negra e às formas de resistência.

2- OBJETIVOS
O objetivo geral deste texto consiste em investigar a questão da negritude no estado do
Amapá, analisando como a presença e a influência de povos negros se manifestam na cultura
e na literatura amazonida e amapaense. Através de pesquisas bibliográficas e análises feitas
na palestra “Negritude e Resistência na Literatura Amazônida e Amapaense: Pesquisa e
Poesia nas Vozes de Mariana Alves, Negra Áurea e Graça Sena” pretende-se compreender
como os povos negros da região norte são percebidos e vivenciados pelos amapaenses, além
de como a cultura negra e amazônida exerce seu papel para a construção da identidade
regional.

3- METODOLOGIA
O presente texto tem como metodologia a pesquisa explicativa que tem como finalidade a
análise dos textos e conteúdos estudados na matéria de Pós-Colonialismo, matéria optativa do
curso de Relações Internacionais da UNIFAP, em cruzamento com a palestra “Negritude e
Resistência na Literatura Amazônida e Amapaense: Pesquisa e Poesia nas Vozes de Mariana
Alves, Negra Áurea e Graça Sena”, realizada no dia 09/03/2023.
Para a realização desse texto, serão utilizados fontes de pesquisa primária tais como
dissertações, artigos e as falas enunciadas na mesa redonda da palestra.

4- DESENVOLVIMENTO
No dia 09/03/2023, na Universidade Federal do Amapá ocorreu uma mesa redonda
acadêmica, na qual foi apresentado uma palestra sobre “Negritude e Resistência na Literatura
Amazônida e Amapaense: Pesquisa e Poesia nas Vozes de Mariana Alves, Negra Áurea e
Graça Sena”. Nesta palestra foram abordados temas que fazem parte da literatura amapaense,
como a cultura amazônida e a negritude no âmbito tucuju, ambas como símbolo de
resistência.
O professor universitário Manoel Azevedo de Souza propõe que a literatura do Amapá foi
dividida em três fases: a fase pré-territorial (a mais longa temporalmente, que vai desde
meados do século XVI – quando da criação do Adelantado de Nueva Andaluzia – até o ano
de 1943), a territorial (que marca o período que o Amapá era Território Federal, de 1943 a
1988) e a fase estadual (da promulgação da CF de 1988 até os nossos dias). A vista disso,
atualmente, a literatura amapaense busca dar voz às experiências e vivências dos povos que
habitam a região amazônica, além de apresentar elementos da identidade cultural da região.
Para entendermos esse cenário, é essencial entender o contexto amazônico. Dessa forma,
como a literatura tucuju faz parte da região amazônica, logo, a região é influenciada e
influencia. Sendo assim, apresenta elementos que ambas têm em comum, como os rios, as
florestas, os povos, o ecossistema, ser amazônida, o imaginário e entre outros.
O termo amazônida indica quem nasce, e por sentimento de pertencimento, quem mora na
Amazônia. No entanto, quem não é da Amazônia, tende a entender o termo "amazônia" na
sua forma etimológica, associando aos imaginários e lendas da região nortista. Esse termo
está presente em diversas literaturas e poesias da região norte e amapaense. A afirmação
desse termo realça a questão de fazer a voz amazônida ser ouvida e identificada como algo
cultural.
Uma forte característica presente na identidade cultural amapaense e presente na literatura é a
mulher amazônida. Representada por uma mulher forte, segura e resistente. Uma poetisa
amapaense que enfatiza essa questão da mulher amazônida é a Maria Aurea dos Santos do
Espírito Santo, mais conhecida como “Negra Áurea", que palestrou na mesa redonda já
mencionada neste texto. Todavia, Negra Áurea ressalta mais a questão da mulher negra
afro-amapaense (termo utilizado para definir o negro afrodescendente do Amapá), repassando
nas suas poesias o desejo de ser vista enquanto mulher, negra, do norte, com os mesmos
direitos de todos, sem distinção de raça, cor, religião. Ademais, Negra Áurea expressa, tanto
na palestra quanto em sua literatura, a demanda na luta da visibilidade e valorização do negro
do norte e do próprio negro que precisa se valorizar para ser valorizado.
Ainda, em determinado momento da palestra é falado sobre “Batuqueopiques: tradução
cultural e negritude nos poemas de Léopold Sédar Senghor e Bruno de Menezes”, livro de
Mariana Janaina dos Santos Alves, professora no Colegiado de Letras Português-francês da
Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), uma das palestrantes.
O termo "Batuqueopiques" foi criado por Bruno de Menezes, escritor e pensador brasileiro,
para descrever a fusão cultural entre o batuque brasileiro e o opique senegalês, dois estilos
musicais de origem africana. Esse conceito também foi explorado pelo poeta Léopold Sédar
Senghor, poeta, filósofo e político senegalês. Ambos escritores, em seus poemas, celebram a
negritude e a rica herança cultural africana. Eles abordam temas como a identidade negra, a
resistência cultural e a diáspora africana, utilizando a música como metáfora para a união e a
resistência dos povos africanos.
A palestrante Mariana Alves questiona "Como relacionar a negritude de Bruno de Menezes
com a negritude de Leopold Senghor?”. Bom, Bruno de Menezes e Leopold Senghor
possuem abordagens diferentes sobre o tema negritude. Bruno de Menezes enfoca a questão
da negritude na sociedade brasileira contemporânea. Ele destaca a diversidade e a riqueza da
cultura negra brasileira e enfatiza a importância de se construir uma identidade e uma
consciência negra que fosse positiva. Entretanto, Leopold Senghor defendia uma abordagem
mais pan-africana e buscava unir os diversos povos e culturas do continente africano em
torno de uma identidade em comum. O escritor senegalês também enfatizava a importância
da cultura africana e de suas tradições orais, literárias e artísticas como uma forma de
resistência à colonização e de afirmação da identidade negra. Embora ambos escritores
apresentem perspectivas diferentes em relação à negritude, Bruno e Leopold acreditam na
valorização da identidade negra, além de lutarem contra o racismo e a desigualdade racial
existentes em suas respectivas nações.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

6- REFERÊNCIAS

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