CURSO: LETRAS LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS

DISCIPLINA: LUSOFONIA

ATIVIDADE AVALIATIVA 1 (5,0)

Sobre o poema psicologia da composição, de João Cabral sigas as instruções:

O título transmite a ideia de que vai analisar as diversas e múltiplas etapas e níveis da
composição poética e da mente do artista que escreve. A partir desta concepção,
responda:

1) Observe as seguintes palavras signos (a palavra, papel em branco, poema, pedra

e mineral) e explique como o autor as utiliza para construir sobre o ato de criação
poética (reflita sobre a metalinguagem).

Como escritor João Cabral desconstrói as convenções poéticas tradicionais a partir

do poema em debate?

João Cabral de Melo Neto utiliza diferentes símbolos para explorar o processo de
criação de poesia e de desconstrução das convenções poéticas tradicionais.

A palavra é considerada uma das letras mais importantes utilizadas. A linguagem do

autor é precisa e objetiva, evitando usar palavras exageradas e fantasiosas. Ele usa uma
linguagem seca, quase “metálica” para transmitir sua mensagem de forma clara e direta.
Desta forma, ele desafiou a ideia de que a poesia deveria ser polida e cheia de enfeites
linguísticos. Outro sinal importante é uma folha de papel em branco. O autor utiliza a
página em branco como símbolo do início do ato criativo. Explora a ideia de que a
escrita poética nasce do vazio, do silêncio e da falta de conteúdo. Nesse sentido, quebra
a ideia de que a poesia deve estar sempre repleta de palavras e deixa espaço para
ausências e lacunas entre as palavras.

O poema em si também é um símbolo essencial. O autor utiliza-o como expressão

tangível do ato de criatividade poética. Ele questionou as convenções poéticas
tradicionais, como a métrica e a rima, e buscou estruturas mais livres e experimentais.
Explora diferentes formas e estruturas em busca de uma expressão poética mais
verdadeira e autêntica.

Por fim, pedras e o mineral são símbolos utilizados para representar a dureza e
estabilidade do cabelo. O autor busca uma linguagem que, como a pedra, resista ao
tempo e às normas sociais. Ele defendeu a poesia da objetividade, precisão e
simplicidade. Desconstrói assim a ideia de que a poesia deve ser efêmera, fugaz e
subjetiva, oferecendo uma abordagem mais concreta e material à criação de poesia.

De modo geral, João Cabral de Melo Neto utiliza esses diferentes símbolos em sua
composição poética sobre a psicologia da composição, enfatizando a importância do
rigor, da objetividade e da simplicidade na linguagem poética. Ao desconstruir as
convenções poéticas tradicionais, procura uma linguagem mais autêntica e desafia a
ideia de que a poesia deve seguir regras pré-determinadas.

ATIVIDADE 2 (valor 5,0)

SOBRE OS POEMAS DE AURITHA TABAJARA.

1) Como a obra Iracema Tabajara dialoga com os temas ancestralidade e memória

e como pode dialogar com Iracema de José de Alencar?

O trabalho de Iracema Tabajara explora a relação entre esses povos e suas tradições,
história e ancestrais, descrevendo a vida e a cultura dos povos indígenas do Brasil,
particularmente do povo Tabajara. O tema dos ancestrais e da memória. Iracema
Tabajara expõe a importância da linhagem na formação da identidade indígena, focando
na profunda ligação entre os personagens e sua história e raízes. A memória também é
explorada, principalmente a memória coletiva do povo Tabajara, que é preservada e
transmitida por meio de canções, tradições orais e rituais. São muitas as formas pelas
quais esta obra pode dialogar com Iracema, de José de Alencar. Ambas as peças levam
o nome de Iracema, figura simbólica que representa os povos indígenas e a cultura do
Brasil. Tal como a obra de Alencar, Iracema Tabajara destaca a figura feminina como
um elemento central na história. “Iracema” de José de Alencar é uma obra romântica
que descreve uma história de amor inter-racial entre uma mulher indígena, Iracema, e o
colono português, Martim, enquanto Iracema Tabajara vai além desta relação romântica
para uma exploração mais profunda da cultura e experiências indígenas. A obra de
Iracema Tabajara também questiona os estereótipos dos povos indígenas nas obras de
José de Alencar e busca uma abordagem mais autêntica e respeitosa às culturas
indígenas.

Além do mais, a existência de uma segunda obra intitulada "Iracema" evidencia o

diálogo entre as duas obras e a possível releitura e reinterpretação da obra de Alencar
realizada por Iracema Tabajara. É possível que a obra de Iracema Tabajara seja uma
resposta ou um questionamento em relação à forma como Alencar retratou os indígenas
em sua obra, proporcionando um novo olhar sobre essa personagem central na literatura
brasileira.

2) De que maneira a poesia de Auritha aborda a construção da identidade

indígena, considerando o conceito sócio-histórico da autora? Como a memória
coletiva das tradições indígenas colaboram para a preservação e celebração da
cultura e da herança destes povos?

A poesia de Auritha explora crítica e reflexivamente a construção das identidades

indígenas, levando em consideração o contexto social e histórico do Brasil e as próprias
experiências do autor. A autora usa a linguagem e a forma poética para analisar
indagações de identidade indígena, tratando questões de colonialismo, racismo,
apropriação cultural e resistência. Refere-se às tradições, histórias ancestrais e lutas
contemporâneas dos povos indígenas, e destaca as complexidades e contradições
presentes na construção das identidades indígenas no Brasil.

Auritha também questiona os estereótipos dos povos indígenas, muitas vezes

romantizados ou transformados em fetiches exóticos. Em sua poesia, ele desconstrói
esses estereótipos e procura representar a identidade indígena, destacando as inúmeras
vozes e concepções que compõem essa identidade. Além disto, a obra de Auritha dá voz
e visão sobre experiências indígenas que são frequentemente marginalizadas e
silenciadas. Valoriza a diversidade cultural dos povos indígenas e mostra a importância
de reconhecer e respeitar seus múltiplos seres e modos de ser. Como tal, a poesia
explora de forma crítica e sensível a construção da identidade indígena, destacando as
questões históricas e sociais que permeiam esta construção, ao mesmo tempo que
valoriza as vozes e experiências indígenas.
A memória coletiva das tradições indígenas desempenha um papel essencial na
preservação e celebração da cultura e do património destes povos em vários aspectos.
alguns deles:

1. Tradição oral: As tradições indígenas são transmitidas de geração em geração

através da tradição oral. Histórias, mitos, canções e rituais são transmitidos
oralmente, permitindo que as memórias coletivas tradicionais sejam preservadas
e partilhadas entre os membros da comunidade.
2. Conexão com a natureza: Baseiam-se numa profunda ligação com a terra, a
natureza e os espíritos ancestrais. Este conhecimento é transmitido através da
memória coletiva, permitindo que as comunidades indígenas permaneçam
ligadas às suas raízes e mantenham as suas práticas sustentáveis e amigas do
ambiente.
3. Celebração de rituais e festas: A memória coletiva das tradições indígenas é a
base para a celebração de rituais e festas. Estas celebrações são momentos em
que as comunidades indígenas se reúnem para comemorar a sua cultura e
património, fortalecer a sua identidade coletiva e preservar as suas tradições.
4. Preservar os saberes ancestrais: a memória coletiva preserva os saberes
ancestrais transmitidos ao longo dos séculos. Este conhecimento inclui, mas não
está limitado a técnicas agrícolas, medicina tradicional e artesanato, que são
parte integrante da cultura e património indígena. Ao preservar este
conhecimento, a memória coletiva ajuda a preservar a cultura indígena e a
reconhecê-la como património cultural.
5. Luta contra à Marginalização e à Assimilação Cultural: A memória coletiva
das tradições indígenas também executa um papel importante na resistência à
marginalização e à assimilação cultural que os povos indígenas frequentemente
experimentam. A memória coletiva atua como forma de resistência cultural e
ajuda a aumentar a visibilidade e o valor destas comunidades, preservando
tradições e valores ancestrais.

Em suma, a memória coletiva das tradições indígenas realiza um papel fundamental

na proteção e celebração da cultura e do património destes povos, garantindo a sua
transmissão às gerações futuras e contribuindo para a sua resistência, visibilidade e
valor.