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Colégio Emílio Zuneda

Romantismo no Brasil
O Romantismo no Brasil teve início em 1836, com a publicação do livro Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves
de Magalhães. Foi resultado de um contexto histórico que levou à Independência do Brasil, em 1822, e despertou nos
artistas brasileiros o sentimento de nacionalismo, marcante na primeira geração da poesia romântica.

Já a prosa é separada em quatro tipos: urbana, cujo enredo se passa no Rio de Janeiro; regionalista, em que o
espaço da narrativa é o interior do país; histórica, de ficção atrelada a um fato histórico; e indianista, em que o índio é
consagrado herói nacional.

Características do Romantismo no Brasil

O Romantismo no Brasil nasceu a partir do desejo de definir uma identidade brasileira e estimular o nacionalismo de
seus cidadãos, determinar os símbolos nacionais, exaltar os índios e a natureza brasileira. O índio tornou-se, então,
uma figura literária heroica em harmonia com a natureza exuberante do Brasil.
Mas o Romantismo brasileiro não se limita ao indianismo, ele é composto por fases; cada uma, com características
específicas. Desse modo, a produção poética é dividida em três gerações: indianista, ultrarromântica e condoreira. Já
a prosa é caracterizada por quatro tipos diferentes: urbana, regionalista, histórica e indianista. E, além da poesia e da
prosa, o Brasil também assistiu, nesse período, ao surgimento do teatro romântico.

De forma geral, as obras românticas apresentam as seguintes características:

● Subjetividade;
● Individualismo;
● Teocentrismo;
● Amor idealizado / Mulher idealizada;
● Exagero sentimental;
● Maior liberdade formal, com exceção da 1a geração romântica;
● Uso exagerado de exclamações, interrogações e reticências;
● Defesa de valores burgueses, como coragem, amor e liberdade.

Gonçalves Dias Sem qu'inda aviste as palmeiras,


Canção do exílio Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem palmeiras, Se te amo, não sei!


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Amar! se te amo, não sei.
Não gorjeiam como lá. Oiço aí pronunciar
Essa palavra de modo
Nosso céu tem mais estrelas, Que não sei o que é amar.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Se amar é sonhar contigo,
Nossa vida mais amores. Se é pensar, velando, em ti,
Se é ter-te n'alma presente
Em cismar, sozinho, à noite, Todo esquecido de mim!
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras, Se é cobiçar-te, querer-te
Onde canta o Sabiá. Como uma bênção dos céus
A ti somente na terra
Minha terra tem primores, Como lá em cima a Deus;
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite– Se é dar a vida, o futuro,
Mais prazer eu encontro lá; Para dizer que te amei:
Minha terra tem palmeiras, Amo; porém se te amo
Onde canta o Sabiá. Como oiço dizer, — não sei.

Não permita Deus que eu morra, Casimiro de Abreu 1839-1860


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida Ganhou a fama de ser o Poeta dos Escravos por
Que os anos não trazem mais! defender de corpo e alma o abolicionismo.
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras Canção do africano (trecho)
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Como são belos os dias Junto ao braseiro, no chão,
Do despontar da existência! Entoa o escravo o seu canto,
— Respira a alma inocência E ao cantar correm-lhe em pranto
Como perfumes a flor; Saudades do seu torrão ...
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado, De um lado, uma negra escrava
O mundo — um sonho dourado, Os olhos no filho crava,
A vida — um hino damor! Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Que aurora, que sol, que vida, Ao canto, e o filhinho esconde,
Que noites de melodia Talvez pra não o escutar!
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar! "Minha terra é lá bem longe,
O céu bordado destrelas, Das bandas de onde o sol vem;
A terra de aromas cheia Esta terra é mais bonita,
As ondas beijando a areia Mas à outra eu quero bem!
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!


Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era Resumo da obra Triste fim de Policarpo
Nessa risonha manhã! Quaresma
Em vez das mágoas de agora, O romance fala de Policarpo Quaresma, um
Eu tinha nessas delícias funcionário público que pretende valorizar a cultura do
De minha mãe as carícias país.
E beijos de minhã irmã! A história inicia em fins do século XIX, e tem como
espaço a cidade do Rio de Janeiro, onde Quaresma é
Livre filho das montanhas, o subsecretário do ministro de guerra.
Eu ia bem satisfeito, Uma de suas ações é propor ao ministro o
Da camisa aberta o peito, reconhecimento da língua tupi como língua nacional.
— Pés descalços, braços nus — Policarpo tem uma postura nacionalista forte e,
Correndo pelas campinas segundo ele, os índios são os verdadeiros brasileiros.
A roda das cachoeiras, Após esse evento, Quaresma é tido como louco e
Atrás das asas ligeiras permanece um tempo internado. Durante esse
Das borboletas azuis! período, Olga, o compadre de Quaresma e o professor
de violão, Ricardo Coração dos Outros, que acreditam
Naqueles tempos ditosos em suas ideias, são os únicos a visitá-lo.
Ia colher as pitangas, Após sair do hospital psiquiátrico, ele resolve se
Trepava a tirar as mangas, afastar da sociedade e passa a viver em um sítio. O
Brincava à beira do mar; local, situado na cidade interiorana de Curuzu, ficou
Rezava às Ave-Marias, conhecido como “Sítio do Sossego”.
Achava o céu sempre lindo. Ainda que sua proposta inicial estivesse associada ao
Adormecia sorrindo cultivo e à dedicação à agricultura, com o tempo
E despertava a cantar! Quaresma começa a se aproximar de algumas
pessoas.
Oh! que saudades que tenho A partir daí, ele se envolve com diversos políticos
Da aurora da minha vida, locais. Durante a Revolta da Armada, vai ao Rio de
Da minha infância querida Janeiro com o intuito de apoiar o governo do Marechal
Que os anos não trazem mais! Floriano, que estava sendo enfrentado pela marinha
— Que amor, que sonhos, que flores, do país. No entanto, acaba sendo preso.
Naquelas tardes fagueiras Desiludido com a falta de patriotismo do povo,
A sombra das bananeiras Quaresma encontra na figura do presidente um
Debaixo dos laranjais! totalitário e cruel ditador.
Acusado de traição pelo Marechal Floriano, além de
Castro Alves 1847-1871 preso é condenado ao fuzilamento.

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