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COLÉGIO EMÍLIO ZUNEDA

LITERATURA

FIGURAS DE LINGUAGEM NA LITERATURA


As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens.
Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras
de palavras. Elas ajudam a causar um impacto no indivíduo que receberá a mensagem,
seja positivo ou negativo. Além disso, elas podem intensificar a expressão da frase.

Leia abaixo a poesia de Manoel Bandeira e perceba a presença das figuras de linguagem
usadas:
Desencanto - Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue.

Volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

Observe o primeiro verso do poema: “Eu faço versos como quem chora”. Neste verso, há
uma comparação. O uso de como marca a relação de comparação entre o ato de fazer
versos e o ato de chorar.

A segunda estrofe começa com o verso “Meu verso é sangue. Volúpia ardente...”. Aqui, a
comparação entre verso e sangue acontece de maneira implícita, sem o uso de termos
conectores. É, portanto, uma metáfora. E as metáforas continuam nas expressões volúpia
ardente, tristeza esparsa, remorso vão. Todas se remetem à forma como o verso se
apresenta para o eu lírico.
O poema termina com uma comparação: “Eu faço versos como quem morre”.

Manuel Bandeira pertence à geração dos modernistas da Semana de 22. Seu poema
“Desencanto” reflete o ofício do poeta que, ao escrever seus poemas, sofre com a difícil arte
de buscar palavras que expressem seus sentimentos.

Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência
significativa em sua carreira de escritor.

Lembro-me de que certa noite, eu teria uns quatorze anos, quando muito, encarregaram-me
de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico
fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam
carneado. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando
assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar
segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida?
(...)

Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que
o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é
acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele
caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a
lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica,
acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente,
como um sinal de que não desertamos nosso posto.

(VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.)

Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo
define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura,

a) criar a fantasia.

b) permitir o sonho.

c) denunciar o real.

d) criar o belo.

e) fugir da náusea.

Comentário: Trata-se de uma metáfora, em que a lâmpada ganha significado de


conhecimento. É preciso ter conhecimento para enxergar as situações com mais clareza e,
assim, poder denunciar o que não está correto por meio da literatura e dos textos de modo
geral.

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