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Assunto: o fingimento e a criação artística; a racionalização dos sentimentos (sentir

com a imaginação, não usando o coração).

Divisão do poema: duas primeiras quintilhas - negação de que finge ou mente;


justificação de que o que faz é a racionalização dos sentimentos na busca de algo
mais belo mas inacessível;

última quintilha - argumentação de que ao escrever se distancia da realidade,


intelectualizando os sentimentos e elaborando uma nova realidade - a arte.

sentido da 1ª estrofe: reconhecimento do que dizem e negação de que finge ou


mente "sinto com a imaginação/ Não uso o coração" - expressão da intelectualização
do sentimento.

comparação da 2ª estrofe: "Tudo o que sonho ou passo/ O que me falha ou finda"


(primeiro termo da comparação) "(...) um terraço/ Sobre outra coisa ainda" (segundo
termo), ou seja, o mundo real ("terraço") é reflexo de ("Sobre outra coisa ainda") um
mundo ideal ("essa coisa é que é linda" - conceito oculto ou platónico, mundo que
fascina o sujeito poético).

situação a que chega o sujeito poético - "livre de meu enleio" (desligado do tema) .
há um acto de fingimento de pura elaboração estética e o leitor que sinta o que ele
comunica apesar de não sentir ("Sentir? Sinta quem lê!")

O poema "Isto" apresenta-se como uma espécie de esclarecimento em relação à


questão do fingimento poético enunciada em "Autopsicografia" - não há mentira no
acto de criação poética; o fingimento poético resulta da intelectualização do "sentir"
da racionalização. Aqui, o sujeito poético vai mais longe já que, negando o "uso do
coração", aponta para a simultaneidade dos actos de "sentir" e "imaginar",
apresentando-nos a obra poética como uma espécie de síntese onde a sensação surge
filtrada pela imaginação criadora. A comparação presente na 2ª estrofe (vv.6-9)
evidencia o facto de a realidade que envolve o sujeito poético ser apenas a "ponte"
para "outra coisa": a obra poética, expressão máxima do Belo.

Na 3ª estrofe, introduzida pela expressão "Por isso" de valor conclusivo/ explicativo,


o sujeito poético recusa a poesia como expressão imediata das sensações. O sentir,
no sentido convencional do termo, é remetido para o leitor.

"Fingir" não é o mesmo que "mentir" é a tese defendida. Não há mentira no acto de
criação poética; o fingimento poético resulta da intelectualização do "sentir", da
racionalização dos sentimentos vividos pelo sujeito poético. O sujeito poético vai
mais longe já que, negando o "uso do coração", aponta para a simultaneidade dos
actos de "sentir" e "imaginar", apresentando-nos a obra poética como uma espécie de
síntese onde a sensação surge filtrada pela imaginação criadora.

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