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A pergunta do
primeiro verso, aparentemente, mostra a
necessiaade de saber onde esta o misterio aas coisas. o segunao e o terceiro
pedem ao mistério que apareça, e que se revele. Contudo, se o mistério se
revelar, deixa de o ser, pelo que o «eu» poético afirma que o mistério das
coisas não existe, As duas perguntas seguintes põe o sujeito poético em
comparacao a elementos da Natureza (o rio e a árvore), para fortalecer o seu
argumento de que não há mistério nas coisas. A Natureza existe sem
conhecer o seu mistério, pelo que ele, que não é mais do que ela, também
não o pode conhecer. No fundo, as interrogações estão ao serviço do
processo de negação do pensamento e da metafísica por parte do «eu».
No verso 7, o sujeito poético exprime a sua reação àquilo
que os homens pensam das coisas: o riso. Ao contrário de si, que acredita
que a realidade é apenas o que é e, por isso, não contém qualquer mistério,
os "homens" pensam sobre as coisas, logo acreditam que elas são
portadoras de algo mais do que aquilo que é visível e que os sentidos
captam. Por um lado, o sujeito exclui-se da condição de homem comum,
pois, enquanto os homens pensam sobre o mundo, aquele pensa sobre o
que eles pensam sobre as coisas e sobre o mundo, Observe-se, porém,
como por vezes entra em contradição. De facto, se é certo que Caeiro
privilegia as sensações, fundamentalmente as visuais, e que afirma que as
coisas não têm significado, apenas existência, algo que aprendeu através
dos sentidos, no verso 6 afirma que pensa (no que os homens pensam das
coisas). Este dado parece, afinal, anunciar a impossibilidade de uma rejeição
total de pensar. E o «eu» compara o riso a "um regato que soa fresco numa
pedra", comparação que sugere o seu caráter simples, puro e espontâneo.
Por outro lado, pode sugerir o som constante da corrente, que se assemelha
ao som do riso ininterrupto numa qualquer situação cómica.