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Na última estrofe, em jeito de conclusão, o sujeito poético reafirma a sua tese, centrada
numa aprendizagem resultante da experiência de vida conduzida pelos sentidos, a fonte do
verdadeiro conhecimento. Deste modo, no verso 15 declara que os seus sentidos “aprenderam
sozinhos”, uma afirmação que traduz a defesa da intuição, do primado do sentir sobre o
pensar. O verso 16 confirma a tese de que as coisas não têm mistério, apenas existência. Os
seus sentidos ensinaram-lhe que as coisas existem, não têm significado, têm existência e não
precisam de ter significado.
Atente-se, porém, no seguinte: se, por um lado, é possível os sentidos aprenderem
sozinhos, isto é, intuitivamente, por outro, a comunicação desse facto pelo poeta não pode ser
feita intuitivamente, mas através da linguagem, algo bastante racional. Ou seja, se Caeiro pode
dispensar, ainda que retoricamente, o ato de compreender, para o comunicar, em forma de
poema, necessita da linguagem e, logo, de fazer uso da razão.
A nível formal e estilístico, as características típicas da sua poesia estão também
presentes:
a) o verso branco;
b) a liberdade e irregularidade métrica e estrófica;
c) a linguagem simples;
d) o pendor argumentativo.