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“AUTOPSICOGRAFIA”

“ISTO”

O Fingimento Artístico,
nova expressão de arte
• Ideia fundamental - 1º verso
“O poeta é um fingidor.”
• Confirmação dessa ideia nos três versos
seguintes:

➢ a arte nasce na realidade: a dor deveras sentida;


➢ a poesia consiste no ‘fingimento’ dessa realidade: a
dor fingida ou intelectualizada;
➢ a intelectualização da realidade tem de ser
objetivada em texto;
➢ a intelectualização é expressa de forma tão artística
que parece mais autêntica do que a realidade;
➢ o criador é assim recompensado com a fruição
artística.
• A segunda estrofe explica a relação do leitor
com a obra de arte:

➢ não sente a dor real (inicial): essa pertence ao poeta;


➢ o leitor não sente a dor imaginária: essa pertence ao
criador;
➢ ao ler o texto, o leitor não sente as duas dores do
poeta nem a dor que ele (leitor) tem;
➢ o leitor apenas sente o que o objeto artístico lhe
desperta: uma quarta dor = a dor lida;
➢ a obra é autónoma, quer em relação ao autor, quer
em relação ao leitor.
• A terceira estrofe, de carácter conclusivo, explica o
papel do coração e da razão na criação artística.
➢ A criação artística é o produto do jogo entre a razão (intelecto,
imaginação) e o coração (emoções, sensações).
➢ Paralelismo entre o “comboio de corda” que gira “nas calhas
de roda” e o “coração” que entretém a “razão”.
➢ No processo de criação artística, tal como o comboio está
sujeito ao percurso determinado pelas calhas de roda,
também os sentimentos/dores reais do poeta estão sujeitas
ao processo de racionalização. A sensibilidade sujeita-se aos
limites impostos pela razão.
➢ Dialética sentimento/razão, subjacente à tese do fingimento
poético.
• O presente verbal acentua a intemporalidade
da mensagem.
• O rigor da construção, a economia de
vocabulário e a ausência de adjetivos indicam
um texto programa.
• A repetição dos verbos “fingir” e “sentir” está
ao serviço da dialética fundamental em
Pessoa: pensar/sentir.
• O título é adequado à teoria do fingimento.

“AUTOPSICOGRAFIA”

➢ “Autopsicografia” = auto (própria) + psico (íntima –


das emoções) + grafia (escrita).
➢ O poema = produto da escrita das emoções
(intelectualizadas) do poeta.
“Autopsicografia”
“Isto”
Teoria pessoana do
fingimento artístico
Teoria pessoana do fingimento artístico

➢ Poesia como resultado do fingimento poético /


artístico (sinceridade artística/intelectual) e não da
sinceridade convencional: poesia indissociável das
dialéticas sinceridade/fingimento, sentir/pensar,
consciência/inconsciência.
✓ “Autopsicografia” - dor sentida como ponto de partida para a
dor imaginada (processo de criação artística); poesia como
resultado da intelectualização das emoções.
✓ “Isto” — recusa da emoção; apologia da intelectualização
como motor da transfiguração artística (a arte nasce da
abstração do mundo sensível).

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