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Auto – próprio; Psico – esprírito; Grafia – escrita; Análise da própria escrita;

Dá conta das emoções intelectualizadas e transfiguradas ponto. O sujeito poético


exprime as suas permanentes inquietações sobre o mundo, sobrepondo a imaginação ao
coração. A poesia surge enquanto construção intelectualizada, rejeitando a
espontaneidade e a emotividade poética.

O poeta surge como um construtor de imagens poéticas. O uso terceira pessoa torna a
proposição universal, ou seja, válida para todos os poetas.

No poema são referidas 3 tipos de dor, a dor sentida que é a experiência emocional
imprescindível à criação literária, a dor fingida que é intelectualização da experiência, a
filtragem da emoção espontânea e a dor lida que está associada à interpretação e à
fruição/ prazer subjetivo.

O ato de fingir, a dor sentida, em imagens poéticas atingem um grau de perfeição


estética de tal ordem que “finge tão completamente” a dor fingida (da escrita) se afigura
mais ao real ao sujeito poético do que a que sentiu na realidade.

O processo de criação poética na perspetiva de Pessoa reflete-se num ato de fingimento,


de intelectualização de tal modo intenso e completo que a dor sentida deixa de o ser
para ser transformada numa dor elaboração intelectualmente (dor fingida).

Em suma o poeta transmuta as emoções e experiências vividas no real para o plano do


intelecto e das ideias transformando-as em imagens poéticas, disponibilizadas para a
fruição e interpretação dos leitores.

Na segunda estrofe da perspetiva do sujeito poético, a poesia só faz sentido se for lida e
interpretada pelos leitores.

Na terceira estrofe a presença de sucessivas metáforas conduz à precedência da


sistematização da teoria da criação poética a partir de uma sucessão de metáforas. O
coração ligado à emoção é um “comboio de corda”, um brinquedo sem autonomia que
alimenta a razão fornecendo-lhe matéria-prima para a criação.

Aqui a razão condiciona o movimento desse comboio, mantendo-o entretido e ao


mesmo tempo disciplinando. Deste modo, para o sujeito poético a criação artística é a
transformação intelectual da emoção, a matéria prima do intelectual em imagens
poéticas sendo o poema um produto da intelectualização.

Isto

Isto é um pronome demonstrativo que enuncia que o “eu” vai explicitar ou demonstrar,
o modo como escreve e a explicação do que é fingir e o que pretende atingir com o
fingimento.

“Dizem” - Esta forma verbal traduz o desdém, o desprezo do sujeito poético pela
opinião dos outros em relação à sua criação poética que consideram mentira.
O seu objetivo, o que pretende atingir, o que não tem, ou seja o sonho, é comparado a
um terraço, que separa 2 realidades, o mundo da imaginação e a realidade mas
encobrindo uma outra que o seduz: a beleza artística.

O advérbio de negação não expressa a convicção do sujeito poético e mais tarde a


refutação da opinião dos outros: a sua arte poética é sincera.

“Por isso” é um conector com valor conclusivo, no meio dos pensamentos “o que não
está ao pé”, livre das emoções (afastado dos sentimentos), o sujeito poético valoriza o
que não é visível, o fingimento e a imaginação.

Por último, o sujeito poético remete o “sentir” puro para o leitor devido à sua
incapacidade de sentir sem fingir.

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