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Componente Curricular – Leituras orientadas I

Professora Dra. Camila G. do Canto


Aluna : Cláudia dos Santos Moreira

Resumo de artigo
Letramentos Digitais e Formação de Professores
Referências: Buzato, M.E.K.(2006)Letramento e Inclusão na Era da Linguagem
Digital. IEL/UNICAMP, Março de 2006.Mimeo.

Na introdução do artigo, Marcelo Buzato traz os motivos que o levaram a participar


da mesa redonda Internet e formação de professores, ressaltando a visão ingênua
que temos sobre as novas TICs, fazendo um comparativo com outras tecnologias
como: a imprensa, o automóvel, a eletricidade, a eletricidade, que sempre são causa
de exclusão e inclusão, mas nem por isso devem ser endeusadas ou demonizadas e
convida a refletir sobre letramento digital.
O que se espera dos professores? O que se espera dos cursos formadores de
professores? De que forma podemos usar as novas tecnologias digitais no ensino?
É necessário que os professores conheçam, valorizem e compatibilizem práticas,
linguagens, conteúdos e ferramentas que os alunos trazem para a escola quando
chegam do seu cotidiano online e off-line e muitas vezes, que apresenta diferenças
para além das etárias entre professores e alunos, e também das práticas sociais de
escrita e leitura que caracterizam o cotidiano desses dois grupos sociais.
A formação inicial e continuada dos professores deve ter como conceito norteador o
letramento digital, segundo Buzato, pois somente assim os projetos pedagógicos
que utilizam a internet serão significativos, e também poderão ser compatibilizados
materiais e recursos da salas de aula off-line com objetos e interações típicas online.
Letramento Digital
O autor coloca a definição de letramento digital com a qual trabalha para que o leitor
possa conceber sua abordagem de Tecnologia e Sociedade, mostrando
semelhanças e diferenças de três maneiras de se aplicar este letramento.
Segundo Mark Warschauer (2003), o desenvolvimento da tecnologia se dá por
caminhos que estão além do controle social ou cultural, onde a tecnologia é capaz
de exercer, de formas autônomas, inerentes à sua própria natureza técnica, efeitos
sobre o mundo social (reducionismo). Há também quem se paute por um
determinismo sociológico da tecnologia, isto é, há quem procure explicar os
desenvolvimentos tecnológicos como consequência única e exclusivamente da
estrutura social e das relações de poder que levam certos grupos a criar máquinas
que garantam sua hegemonia.
Numa segunda linha de pensamento, Buzato nos traz os discursos deterministas
que encaram as TIC como instrumentos neutros, que se utilizado “corretamente”,
grifo do autor, levaria a melhoria e desenvolvimento de pessoas e países, fechando-
se aos excluídos ou impossibilitados de utilizar os instrumentos digitais.
Faz ainda uma observação que ambos os pensamentos interpretam a tecnologia
como algo isolado sem relação direta com a sociedade, uma visão acrítica, deste
lugar a solução para a inclusão digital não estaria na escola e sim nas mãos de
produtores de softwares e hardwares, devemos concentrar forças para encontrar
soluções dentro das próprias escolas, capacitando professores e alunos
primeiramente.
A tecnologia deve ser vista como ação social coletiva que possibilita sua própria
prática a favor de sua inclusão.
O termo letramento no texto é definido por Kleiman (1995) e por Soares (2002) de
forma semelhante, “como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita
enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia em contextos específicos para
objetivos específicos” e “estado ou condição de quem exerce as práticas sócias de
leitura e de processo de interpretação dessa interação”, respectivamente.
A noção de prática social é a grande diferença entre letramento e o termo
alfabetização, pois este pressupõe o ensino das regras, códigos e técnicas para
diferentes finalidades sociais, assim sendo ser alfabetizado é próximo de ser letrado,
no entanto, não garante o letramento. Os letramentos são práticas sociais
identitárias, com finalidade e sentido específicos dentro de um grupo social e por
isso variam de um grupo para outro.
Um indivíduo para ser considerado letrado é alguém com bastante conhecimento
das diferentes formas de falar, ler e escrever construídas sócio historicamente, e são
formas relativas às experiências e atividades a que o indivíduo é ou foi exposto ao
longo de sua vida. O letramento repercute nas formas de falar, escutar e pensar dos
sujeitos que passam a dominar outra linguagem, que aproxima fala e escrita.
As perspectivas deterministas e instrumentalistas trazem crenças de que de que as
habilidades de ler e escrever seriam transformadas pelas práticas digitais, pois suas
próprias práticas de ensinar era muito focadas no domínio e na mensuração e não
consideravam a situação social do sujeitos, em contraposição a essa visão temos as
teorias do letramento , ou letramentos que propõem a inclusão , a consciência crítica
e participação política como formas de ensinar e aprender para além escola.
É necessário um novo olhar para as TIC relacionadas à educação para que se
possa avançar e não repetir erros do passado.
No letramento digital espera-se que o sujeito domine as regras, códigos e símbolos
ligados aos diferentes gêneros digitais, que estejam familiarizados com a nova
linguagem trazida pela TICs, o que implica na construção e manutenção de relações
sociais.
A palavra letramento é recente em nosso vocabulário, tradução de “literacy”, feita
por Mary Kato (1986), e é usada como conceito que engloba desde habilidades
básicas até práticas comunicativas que envolvem diferentes sistemas de
representação, meios/tecnologias e usos sociais. Importante ratificar que muitos
autores usam a palavra pela mudança de enfoque na compreensão do que
realmente é o letramento, situando-o em contextos culturais específicos.
O conceito de letramentos digitais a partir de Buzato (2006): são conjuntos de
letramentos que se apoiam, entrelaçam, e apropriam mútua e continuamente por
meio de dispositivos digitais para finalidades específicas, tanto em contextos
socioculturais geograficamente e temporalmente limitados, quanto naqueles
construídos pela interação mediada eletronicamente. Partindo dessa definição, são
necessários dois esclarecimentos: o primeiro ressalta o quanto os letramentos
digitais são híbridos e instáveis, explicitando a necessidade de constante atualização
e o segundo que mostram o quanto podem ser variáveis os letramentos digitais
oscilando em função dos contextos sociais e culturais e ainda pelas finalidades
propostas.
O letramento digital desfaz a ideia de professor como único detentor do
conhecimento porque muitas vezes os alunos são mais letrados digitalmente do que
seus professores, enquanto o professor provavelmente será mais letrado
academicamente falando.
São possíveis dois caminhos em relação aos letramentos digitais e a escola, o
isolamento e a integração, no isolamento o conhecimento é manipulado para que o
professor possa continuar sendo o detentor do saber e perpetuam–se os papéis já
determinados de professor, aluno, autor e texto vigente até hoje na escola, e a
integração, que prima pela ideia de conjuntos de letramentos que se entrelaçam com
diferentes finalidades de uso e de escrita.
É importante reconhecer que ninguém é totalmente letrado, pois não há letramento
absoluto, cada um de nós domina alguns letramentos, mais ou menos do que outros,
o fato é que alguns letramentos são mais valorizados e tudo depende de se estar
familiarizado ou não com eles. Em alguns momentos, o professor será o mais
letrado, em outros, o mais letrado será o aluno e é nesse sentido que a colaboração
se faz necessária, para que juntos com a escola, todos aprendam e deem a
sociedade respostas às demandas contextuais urgentes.
Buzato apresenta uma concepção de letramento, que segundo ele mesmo, torna o
processo mais fácil de entender, mas difícil de implantar: o professor deve aprender
o letramento do aluno e o aluno aprender o letramento do professor e juntos poderão
fazer o que se espera dos letrados digitais, no entanto esta não é uma tarefa fácil , a
priori todos juntos, escola, sociedade, professor e aluno deverão reconhecer que
para que aconteça a inclusão digital é necessário começar, tentar fazer, embasar e
mutuamente começar.
A formação de professores
A partir do conceito de letramento digital, a formação de professores já está
passando por mudanças, pequenas e localizadas, mas está mudando, a
necessidade de acesso, subsídios para compra de computadores e sua capacitação
básica para uso de tecnologias e alguns locais de treinamento, entretanto ainda há
muito a se fazer.
Buzato coloca a necessidade de mudança de concepção no sentido de que as
tecnologias estão a serviço da educação, são fruto de estudo e pesquisa que vieram
para tornar mais prática e eficientes tarefas e não são nem estão, separadas da
educação.
A ampliação do acesso às tecnologias digitais deve trazer o domínio pleno sobre
estas, e que todos os professores e alunos possam avaliar a credibilidade de fontes,
determinar a aplicabilidade e relevância de conteúdos, que aprendam planilhas de
cálculo, apresentações eletrônicas e websites e outros aspectos que contam para a
inclusão digital no cotidiano escolar.
Além da infraestrutura necessária a implantação das tecnologias nos cursos de
formação é preciso que se fomente o trabalho de inclusão, que sejam mediadores
de aprendizagem, de forma natural e colaborativa, tendo em mente o contexto
escolar, evitando o ambiente competitivo e a exclusão.
A capacidade de criar redes de interesse e conhecimentos que mantenham as
pessoas interessadas na própria aprendizagem e a adequação de currículo são
pressupostos básicos de um professor que se dispõe a ensinar o letramento digital
para os professores em formação, evitando a fórmula posta de poder, professor-
aluno, é necessário partilha de saberes, de letramentos e ambiente colaborativo.
Já concluindo, Buzato coloca que o entrelaçamento de saberes entre o que se sabe
e o que se tem que saber, nesse caso, os letramentos digitais, as TICs, torna a
formação dos professores um desafio que pode transformar as práticas docentes e
que não se pode prescindir do ensino das tecnologias na escola, um grande canal
de inclusão, só assim poderemos apropriar-nos crítica e criativamente desses meios,
e não sermos consumidos por ela.

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