Escola Estadual de Ensino Fundamental Ildefonso Gomes

Estagiárias de Português: Christini Roman e Thiele Silveira

Professora Responsável: Carla Perez
Turma: 80

Slam - explicação
AU
AU

Slam! A palavra é uma onomatopeia (da língua inglesa).

Só para entendermos melhor: Onomatopeia busca reproduzir, por

Bora trabalhar! escrito, sons e ruídos do mundo, como barulhos, sons de fenômenos da
natureza ou emitidos por animais, entre outras coisas.

ATIVIDADE A palavra foi utilizada no inglês para representar algo como um

O que vocês acharam da leitura desse poema?
Na sua opinião, o título do poema faz sentido com o decorrer do texto? Por quê? bater de palmas. Além disso, Slam, em tradução de um dicionário
Vocês costumam imitar, por meio de sons de letras e/ou palavras, os mais diversos sons e inglês, significa “bater com força”. Para a poesia realizada pelos
ruídos existentes no nosso dia a dia?
jovens de comunidades pobres brasileiras, o “bater com força” é por
Vocês conseguiram perceber essa ocorrência no texto? Se sim, o que você acha que essas
repetições representam na construção do poema? meio das palavras, como expressão para suas reivindicações e
questões que os envolvem. O slam é um grito.
Vamos pensar nas onomatopeias do texto, circule-as com canetas coloridas. Depois disso,
pense em outros exemplos. Escreva em seu caderno.
 Curiosidade Slam são batalhas de poesia falada que surgiram nos anos 1980 nos Estados
Unidos. Muitos chamam de “esporte da poesia falada”.

As onomatopeias são transcrições de barulhos e sons na forma como estes são ouvidos,
sejam sons de animais, pessoas, objetos ou situações.
Elas são diferentes das falas e são frequentes na literatura e em nossa fala comum,
coloquial.
Elas são parte das figuras de linguagem, no caso das onomatopéias, enquadram-se como
figuras de som - reprodução escrita de um som.
Nas histórias em quadrinhos, notem:
O Slam tem algumas regras simples:
•Poesias autorais (decoradas ou lidas na hora) de até três minutos;
•Proibição da utilização de figurino, cenário ou instrumento musical;
•São escolhidos, aleatoriamente, cinco jurados na plateia que serão os
responsáveis por dar notas de zero a dez (ganha a competição aquele que
tiver a maior nota).
No Brasil, o Slam chegou em 2008, por intermédio da artista Roberta
Estrela D’Alva, na cidade de São Paulo.

O Slam é um espaço livre para se falar do que quiser: dor, amor,

“E era tudo silêncio na saleta de
Na literatura: Exemplo do
costura; não se ouvia mais que o
conto de Machado de Assis,
plic-plic-plic-plic da agulha no
“Um apólogo”:
pano.”
natureza, família.
Os temas relacionados à sociedade, por exemplo, são muito recorrentes
nas poesias.
O surgimento de Slams voltados para um público específico é prova da
capacidade de organização de grupos como o Slam das Minas, onde
apenas mulheres podem batalhar; o Slam Marginália, onde apenas
travestis, pessoas trans e gênero-dissidentes podem batalhar, e o Slam
do Corpo, protagonizado por surdos, ouvintes e intérpretes; entre
outros.
No poema O Relógio, de Vinícius de Moraes:

Passa, tempo, tic-tac

Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
"SLAM DAS MINAS"!
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
E na música, temos vários exemplos. Dois deles SOBRE A OBRA
podem ser percebidos em "Quando você passa",
Meu tic-tac de Sandy e Junior: O slam das Minas/RS é construído e organizado por diferentes pessoas, sendo
Dia e noite considerado um espaço aberto para quem quiser contribuir de alguma maneira.
Noite e dia Como surgiu o Slam das Minas/RS?
Esse turu, turu, turu aqui dentro
Tic-tac
Que faz turu, turu,quando você passa Inicialmente pela necessidade de recuperar e incentivar ambientes de construções
Tic-tac
Meu olhar decora cada movimento coletivas e trocas de experiências. Em vista disso, mulheres poetas da nossa cidade
Tic-tac
Até seu sorriso me deixa sem graça de Porto Alegre e das regiões metropolitanas iniciaram juntas a construção de
(...) encontros todos os meses do Slam das Minas/RS inspiradas pelo Movimento Slams no
Brasil, principalmente pelos slams de São Paulo e do Distrito Federal.
Quando aconteceu a primeira edição?
dia 10 de dezembro de 2016 na praça da Matriz em Porto Alegre. A partir do mês
de fevereiro do ano de 2017 o Slam passou a acontecer todo segundo sábado do
mês.
ou na canção Rindo à toa, de Vídeo publicado de celebração de um ano da edição:
Falamansa: https://www.youtube.com/watch?v=F8mEUYailRQ
Continua acontecendo?
Há há há há há Sim! O movimento já conta com o 45º evento e está na quarta edição do ano de
Mas eu tô rindo à toa 2023. Ele continua acontecendo na praça da Matriz na nossa cidade de Porto
Não que a vida esteja assim tão Alegre.
boa Vídeo postado dia 31 de maio de 2023: Apresentação do Slam das Minas RS.
Mas um sorriso ajuda a Produzido pelo projeto entre estudantes da UFRGS e o Slam das Minas RS 2023:
melhorar https://www.youtube.com/watch?v=gAmVGQo4bIM.
Aha, aha
 Onomatopeia da dor
Renata Aquino Medeiros dos Santos, Poesia contamina: Slam das Minas,
OINC OIN
2021. Ebook, p. 21-23.
C Rá-tá-tá-tá.
Um corpo preto cai ao chão.
Bum.
O baque surdo de um sujeito sem vida,
sem nome e sem sobrenome,
apenas mais um número nas
estatísticas.
Chin-chin-chin-chin...
É só fechar os olhos e consigo ouvir
o barulho das correntes consigo
sentir
os passos arrastados,
a dor do preto que foi amarrado,
raptado,
humilhado,
subjugado,
retirado de sua vida,
O poema que vamos ler foi escrito pela poetisa Renata de forçado a ficar em correntes,
Aquino Medeiros dos Santos. Ela é gaúcha, nascida na cidade perdendo seu status de gente,
de Rio Grande. Ela é uma jovem negra, estudante de coisificado no papel de servente.
Licenciatura em História na FURG. Ela conta que a escrita é Entre gemidos, murmúrios e orações,
para ela um fator fundamental na sua vida porque a ajudou almas destruídas.
enfrentar um período de depressão. A seguir o comentário dela Entre rajadas de vento e ação de
engrenagens,
que está descrito no livro intitulado “Slam das Minas”: “A
não é possível abafar
escrita me salvou e eu vivo para tentar salvar outras pessoas
o barulho de um corpo preto
através dos meus escritos. A dificuldade maior - além de todas
jogado ao mar.
as outras - é vencer a timidez para expor meus escritos, o que
520 anos de genocídio ao povo preto
sempre me travou. Espero (sobre)viver para continuar
nesse país.
escrevendo e me aprofundar em Libras e Cultura AfroBr a fim
minutos
de me sentir completa enquanto ser”. Entre rajadas de vento e ação de
engrenagens,
não é possível abafar
o barulho de um corpo preto
jogado ao mar.
520 anos de genocídio ao povo preto
nesse país.
minutos
é o tempo que contabiliza as mortes
dos nossos jovens cheios dos sonhos,
agora dizimados
pelo Estado.
Governados por uma necropolítica
onde vidas pretas viram estatística.
Não há descanso.
Não há paz.
há muita treta
enquanto um povo sente a dor
de mais uma mãe preta
que enterra seu filho inocente;
na Cidade Maravilhosa
que joga corpos pretos em valeta.
AAAAAAAAAAHHHHHH!
É o grito de dor
de ser preta na “pátria amada”,
onde dor é tudo o que consigo sentir
enquanto meu povo implora
e chora
pelo “simples” - ai ai! -
direito de existir