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Colégio e Curso Progressão Campo Grande

Elaine Arariba Linguagens

Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!


ANÁLISE DE POEMAS - ROMANTISMO Álvares de Azevedo

3) MEUS OITO ANOS (Casimiro de Abreu)


I) Canção do Exílio (Gonçalves Dias) Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Minha terra tem palmeiras, Da minha infância querida
Onde canta o Sabiá; Que os anos não trazem mais!
As aves, que aqui gorjeiam, Que amor, que sonhos, que flores,
Não gorjeiam como lá. Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Nosso céu tem mais estrelas, Debaixo dos laranjais!
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Como são belos os dias
Nossa vida mais amores. Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Em cismar, sozinho, à noite, Como perfumes a flor;
Mais prazer encontro eu lá; O mar é - lago sereno,
Minha terra tem palmeiras, O céu - um manto azulado,
Onde canta o Sabiá. O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Minha terra tem primores, Que auroras, que sol, que vida,
Que tais não encontro eu cá; Que noites de melodia
Em cismar — sozinho, à noite — Naquela doce alegria,
Mais prazer encontro eu lá; Naquele ingênuo folgar!
Minha terra tem palmeiras, O céu bordado d’estrelas,
Onde canta o Sabiá. A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
Não permita Deus que eu morra, E a lua beijando o mar!
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores Oh! dias da minha infância!
Que não encontro por cá; Oh! meu céu de primavera!
Sem qu'inda aviste as palmeiras, Que doce a vida não era
Onde canta o Sabiá. Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
2) SONETO De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada, Livre filho das montanhas,
Como a lua por noite embalsamada, Eu ia bem satisfeito,
Entre as nuvens do amor ela dormia! De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Era a virgem do mar, na escuma fria Correndo pelas campinas
Pela maré das águas embalada! À roda das cachoeiras,
Era um anjo entre nuvens d'alvorada Atrás das asas ligeiras
Que em sonhos se banhava e se esquecia! Das borboletas azuis!

Era a mais bela! Seio palpitando... Naqueles tempos ditosos


Negros olhos as pálpebras abrindo... Ia colher as pitangas,
Formas nuas no leito resvalando... Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Não te rias de mim, meu anjo lindo! Rezava às Ave-Marias,
Por ti - as noites eu velei chorando, Achava o céu sempre lindo,
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Elaine Arariba Linguagens

Adormecia sorrindo Que nem o leite de pranto


E despertava a cantar! Têm que dar para Ismael.

Oh! Que saudades que tenho Lá nas areias infindas,


Da aurora da minha vida, Das palmeiras no país,
Da minha infância querida Nasceram crianças lindas,
Que os anos não trazem mais! Viveram moças gentis...
Que amor, que sonhos, que flores, Passa um dia a caravana,
Naquelas tardes fagueiras Quando a virgem na cabana
À sombra das bananeiras, Cisma da noite nos véus ...
Debaixo dos laranjais! ... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
4) O Navio Negreiro (quinta parte) ... Adeus, amores... adeus!...

Senhor Deus dos desgraçados! Questões ENEM – ROMANTISMO


Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?! 1) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem,
Ó mar, por que não apagas critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?... “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou
Astros! noites! tempestades! dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa
Rolai das imensidades! raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já
Varrei os mares, tufão! lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do
tempo, porque isto não é romance, em que o autor
Quem são estes desgraçados sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e
Que não encontram em vós espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto
Mais que o rir calmo da turba nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das
Que excita a fúria do algoz? mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno,
Quem são? Se a estrela se cala, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins
Se a vaga à pressa resvala secretos da criação.”
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa... ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás
Dize-o tu, severa Musa, Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.
Musa libérrima, audaz!...
A frase do texto em que se percebe a crítica do
São os filhos do deserto, narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto a) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os
A tribo dos homens nus... olhos às sardas e espinhas …”
São os guerreiros ousados b) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa
Que com os tigres mosqueados raça …”
Combatem na solidão. c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza,
Ontem simples, fortes, bravos. cheia daquele feitiço, precário e eterno, …”
Hoje míseros escravos, d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou
Sem luz, sem ar, sem razão. . . dezesseis anos … “
e) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os
São mulheres desgraçadas, fins secretos da criação.”
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas, 2) TEXTO A
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos, Canção do exílio
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel... Minha terra tem palmeiras,
Como Agar sofrendo tanto, Onde canta o Sabiá,
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As aves, que aqui gorjeiam, conclui-se que:


Não gorjeiam como lá.
a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha
Nosso céu tem mais estrelas, excessivamente do país em que nasceu, e o tom de que se
Nossas várzeas tem mais flores, revestem os dois textos.
Nossos bosques tem mais vida, b) a exaltação da natureza é a principal
Nossa vida mais amores. característica do texto B, que valoriza a paisagem tropical
realçada no texto A.
[...] c) o texto B aborda o tema da nação, como o texto
A, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira.
Minha terra tem primores, d) o texto B, em oposição ao texto A, revela
Que tais não encontro eu cá; distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.
Em cismar - sozinho, à noite - e) ambos os textos apresentam ironicamente a
Mais prazer eu encontro lá; paisagem brasileira.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá. 3) Leia o soneto abaixo:

Não permita Deus que eu morra, “Já da morte o palor me cobre o rosto,
Sem que eu volte para lá; Nos lábios meus o alento desfalece,
Sem que desfrute os primores Surda agonia o coração fenece,
Que não encontro por cá; E devora meu ser mortal desgosto!
Sem qu'inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá. Do leito embalde no macio encosto
DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Tento o sono reter!… já esmorece
Aguilar, 1998. O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
TEXTO B
Canto de regresso à Pátria O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
Minha terra tem palmares E tenha os olhos meus na escuridade.
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Não cantam como os de lá Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!”
Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores (AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro:
Minha terra tem mais ouro Nova Aguilar, 2000)
Minha terra tem mais terra
O núcleo temático do soneto citado é típico da
Ouro terra amor e rosas segunda geração romântica, porém configura um lirismo
Eu quero tudo de lá que o projeta para além desse momento específico. O
Não permita Deus que eu morra fundamento desse lirismo é:
Sem que volte para lá
a) A angústia alimentada pela constatação da
Não permita Deus que eu morra irreversibilidade da morte.
Sem que volte pra São Paulo b) A melancolia que frustra a possibilidade de
Sem que eu veja a Rua 15 reação diante da perda.
E o progresso de São Paulo c) O descontrole das emoções provocado pela auto
piedade.
ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno d) O desejo de morrer como alívio para a desilusão
Oswald. São Paulo: Círculo do Livro. s/d. amorosa.
e) O gosto pela escuridão como solução para o
Os textos A e B, escritos em contextos históricos e sofrimento.
culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a
paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, 4) O canto do guerreiro
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silenciados pela colonização, como demonstra a presença


Aqui na floresta do narrador, no segundo texto.

Dos ventos batida,


Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?

Gonçalves Dias.

Macunaíma
(Epílogo)

Acabou-se a história e morreu a vitória.


Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo
na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em
um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles
campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos,
aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto...
Um silêncio imenso dormia à beira do rio
Uraricoera.
Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem
falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem
podia saber do Herói?

Mário de Andrade.

A leitura comparativa dos dois textos acima indica


que
a) Ambos têm como tema a figura do indígena
brasileiro apresentada de forma realista e heróica, como
símbolo máximo do nacionalismo romântico.
b) A abordagem da temática adotada no texto
escrito em versos é discriminatória em relação aos povos
indígenas do Brasil.
c) As perguntas “— Quem há, como eu sou?” (1.o
texto) e “Quem podia saber do Herói?” (2.o texto)
expressam diferentes visões da realidade indígena
brasileira.
d) O texto romântico, assim como o modernista,
aborda o extermínio dos povos indígenas como resultado
do processo de colonização no Brasil.
e) Os versos em primeira pessoa revelam que os
indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas foram
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