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Ana Luiza Pingnatari Acarino


Bruna Batista Gomes Onofre

A vida após a morte

Itatiba
2021
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RESUMO

Este ensaio tem como objetivo trazer reflexões sobre a prática do psicólogo hospitalar
junto a pacientes e familiares, os quais, diante do processo do adoecimento, vivenciam
sentimentos intensos e conflitos despertados pela possibilidade de morte. Embora a
morte e o morrer sejam fenômenos inevitáveis e inerentes a nossa condição humana,
refletir sobre a finitude humana é algo desafiador. Na nossa sociedade, encarar a
possibilidade da nossa própria morte e das pessoas que amamos é quase da ordem
do insuportável, sobretudo quando se leva em consideração o atual contexto cultural
em que vivemos. No caso do adoecimento, ou mesmo da vivência de hospitalização,
observamos que esta situação nos aproxima de reflexões internas mais intensas e
que, em muitos momentos, pessoas mudam todo um modo de viver. Cada um reage a
essas situações de uma maneira singular e nos faz refletir sobre a padronização de
técnicas e conceitos a respeito da doença e do doente que podem tanto aprisionar a
nossa forma de ver a pessoa que sofre quanto nos impedir de ouvir o que realmente
se passa; ouvir um ser em devir.

Palavras-chave: Vida, mote, doença, reflexão

ABSTRACT

This essay aims to bring reflections on the practice of the hospital psychologist with
patients and family members, who, in the face of the illness process, experience
intense feelings and conflicts aroused by the possibility of death. Although death and
dying are inevitable phenomena and inherent to our human condition, reflecting on
human finitude is challenging. In our society, facing the possibility of our own death and
the people we love is almost unbearable, especially when considering the current
cultural context in which we live. In the case of illness, or even the experience of
hospitalization, we observed that this situation brings us closer to more intense internal
reflections and that, in many moments, people change a whole way of living. Each one
reacts to these situations in a unique way and makes us reflect on the standardization
of techniques and concepts about the disease and the patient that can both imprison
our way of seeing the person who suffers and prevent us from hearing what is really
happening. raisin; to hear a being in becoming.

Keywords: Life, death, illness, reflection


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1. INTRODUÇÃO

Como muitos sabem a morte é algo desconhecido e o homem sempre obteve um


medo ou uma percepção de como seria a vida após a morte. Nossa mente não aceita
a morte como algo natural que faz parte da própria lei da vida.
Muitas pessoas durante uma conversa associam a morte como uma base religiosa
de céu ou inferno. Com isso numa análise comum, a vida se inicia com o nascimento e
termina com a própria morte.
A única coisa evidente para qualquer um é que a morte é certa e representa com
certeza o fim de um ciclo.
Todos nós enfrentaremos a morte um dia. Porém, a vida em si é eterna, é como
dormir depois dos afazeres de um dia. O Filosofo Daisaku Ikeda cita “Tudo é
impermanente. Ninguém consegue evitar o ciclo do nascimento, envelhecimento,
doença e morte. Por isso, devemos viver com base na lei da vida e nos dedicar ao
cumprimento de nossa missão, fazendo-a brilhar intensamente a cada momento.”
Portanto o momento da morte é um descanso para quem vai e uma mistura de
sofrimento, angustia e saudade para quem fica.

Nos capítulos a seguir serão abordados algumas teorias sobre a relação de vida e
morte / Suplemento do Jornal Brasil Seikyo, ed.2.481, 31 agosto 2019 / jornal Brasil
seikyo- Edição 2542 – 05/12/ 2020- pág 1
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2. PARAGRAFO

O tema da morte tornou-se um interdito no século XX, sendo banido da comunicação


entre as pessoas.
A morte no início do século XXI está cada vez mais próxima das pessoas, em função,
principalmente, da violência urbana, das guerras e do desenvolvimento das
telecomunicações.
A TV, especialmente, introduz, em milhões de lares, cenas de morte, de guerras, de
violência, de acidentes e doenças, sem nenhuma possibilidade de elaboração, dada o
ritmo propositalmente acelerado desse veículo.
O que é nítido é que apesar da forma clara e veloz com que o homem toma
conhecimento sobre a morte, através dos meios de comunicação, o assunto não é
levantado como um fato inerente à vida.
Porém, se oculta sistematicamente das crianças a morte e os mortos, guardando
silêncio diante de suas interrogações, da mesma maneira que se fazia antes quando a
questão era referente à concepção e nascimentos dos bebês, “Quando se
surpreendem com o desaparecimento do avô, alguém lhes diz: ‘Vovô foi fazer uma
longa viagem’(...)”
À
A obscenidade não encontra mais espaço nas alusões às coisas referentes ao início
da vida, mas sim aos fatos relacionados com o seu fim.
Ao mesmo tempo em que é proibida, a morte torna-se companheira evasiva e sem
limites e, embora esteja tão próxima (real ou simbolicamente), reina uma conspiração
do silêncio.
Importância de enfocar o tema da morte está ligada ao fato que, ao falar desta, está se
falando de vida e, ao falar de vida, é inegável que a qualidade da mesma seja revista.
E quanto mais o homem moderno nega a morte, mais esta parece fazer-se presente
através da violência urbana, do crescimento dos números de pessoas portadoras do
HIV, do suicídio, das guerras.
Morin (1997) considera que com o avanço das tecnologias médicas, muitas doenças
puderam ser eliminadas, outras, que já foram fatais, hoje não são mais, ocorrendo um
prolongamento da vida.
Entretanto, mesmo com a sofisticação dos tratamentos, ainda são muito frequentes
estes virem acompanhados de intenso sofrimento, fazendo com que os profissionais
da área de saúde tenham que viver situações de intenso sofrimento e processos de
morte prolongados.
o tema da morte tornou-se um interdito no século XX, sendo banido da comunicação
entre as pessoas.
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A morte no início do século XXI está cada vez mais próxima das pessoas, em função,
principalmente, da violência urbana, das guerras e do desenvolvimento das
telecomunicações.
A TV, especialmente, introduz, em milhões de lares, cenas de morte, de guerras, de
violência, de acidentes e doenças, sem nenhuma possibilidade de elaboração, dada o
ritmo propositalmente acelerado desse veículo.
O que é nítido é que apesar da forma clara e veloz com que o homem toma
conhecimento sobre a morte, através dos meios de comunicação, o assunto não é
levantado como um fato inerente à vida.
Porém, se oculta sistematicamente das crianças a morte e os mortos, guardando
silêncio diante de suas interrogações, da mesma maneira que se fazia antes quando a
questão era referente à concepção e nascimentos dos bebês, “Quando se
surpreendem com o desaparecimento do avô, alguém lhes diz: ‘Vovô foi fazer uma
longa viagem’(...)”
À
A obscenidade não encontra mais espaço nas alusões às coisas referentes ao início
da vida, mas sim aos fatos relacionados com o seu fim.
Ao mesmo tempo em que é proibida, a morte torna-se companheira evasiva e sem
limites e, embora esteja tão próxima (real ou simbolicamente), reina uma conspiração
do silêncio.
importância de enfocar o tema da morte está ligada ao fato que, ao falar desta, está se
falando de vida e, ao falar de vida, é inegável que a qualidade da mesma seja revista.
E quanto mais o homem moderno nega a morte, mais esta parece fazer-se presente
através da violência urbana, do crescimento dos números de pessoas portadoras do
HIV, do suicídio, das guerras.
Morin (1997) considera que com o avanço das tecnologias médicas, muitas doenças
puderam ser eliminadas, outras, que já foram fatais, hoje não são mais, ocorrendo um
prolongamento da vida.
Entretanto, mesmo com a sofisticação dos tratamentos, ainda são muito freqüentes
estes virem acompanhados de intenso sofrimento, fazendo com que os profissionais
da área de saúde tenham que viver situações de intenso sofrimento e processos de
morte prolongados.
(...) não satisfeita em privar o indivíduo de sua agonia, de seu luto e da nítida
consciência da morte, de impor à morte um tabu, de marginalizar socialmente o
moribundo, de esvaziar todo o conteúdo semântico dos ritos fanáticos, a sociedade
mercantil vai além, ao transformar a morte num resíduo irreconhecível.
Este mesmo autor fala ainda que a negação da mortalidade pessoal se dá de várias
formas, uma delas consiste em considerá-la como algo impessoal, “anônima”, que
atinge a todos, porém a ninguém em particular.
Outra maneira de banir a idéia de morte da consciência é reduzi-la a um “acidente”,
algo que decorre de uma falha humana: atraso da ciência, imperícia do médico,
ocorrência de um fator externo e aleatório.
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Ter a plena consciência que este dia é apenas um dia a menos na sua vida e que o
homem é mortal pode trazer incômodo ao indivíduo, mas essa vivência atribui à vida
seu peso de sentido e seu valor, evitando a angústia que traz a negação da morte.
Apesar da notória necessidade de evitar a negação da morte, o mundo
contemporâneo não ensina a morrer, tudo é feito para esconder a morte e induzir o
homem a viver sem pensar na morte, voltado para objetivos a serem alcançados e
apoiados em valores de efetividade.
Para Hennezel e Leloup (1999) a valorização pelo ato, de “fazer” e de “ter” aumenta
cada vez mais, em uma corrida em busca de uma felicidade material a respeito da
qual, mais cedo ou mais tarde, será percebida como insuficiente para conferir um
sentido às nossas existências.
Kubler-Ross (1975) esclarece que os pontos de vista sobre a morte, seu reflexo do
aprendizado cultural, o modo pelo qual uma sociedade ou subcultura explica a morte,
tem significativo impacto sobre o modo através do qual seus membros vêem e
experimentam a vida.
(Kubler-Ross, 1975) Para Kastenbau e Ainsenberg (1983) o conceito de morte
relaciona-se com o comportamento, de acordo com o significado que cada pessoa tem
da morte, seu comportamento estará relacionado direto ou positivamente com sua
cognição de morte.
Mas a relação raramente, ou nunca, é simples assim”.Em uma mesma cultura, com os
mesmos princípios, portanto com cognições de morte semelhantes podem levar a
diferentes comportamentos, bem com comportamentos semelhantes podem ser
precedidos por diferentes seqüências de pensamento.
(p.05) Utilizando o exemplo citado por Kastenbau e Ainsenberg (1983), um indivíduo
que tem a morte como “beatitude eterna”, acredita na necessidade de permanecer
vivo com o objetivo de oferecer sua mensagem de esperança e conforto ao próximo.
Nível de desenvolvimento não significa necessariamente idade cronológica do
indivíduo, embora a idade cronológica forneça pistas importantes para se conhecer a
maneira de pensar de uma pessoa.Morin-1998-
Este mesmo autor fala ainda que a negação da mortalidade pessoal se dá de várias
formas, uma delas consiste em considerá-la como algo impessoal, “anônima”, que
atinge a todos, porém a ninguém em particular.
Outra maneira de banir a idéia de morte da consciência é reduzi-la a um “acidente”,
algo que decorre de uma falha humana: atraso da ciência, imperícia do médico,
ocorrência de um fator externo e aleatório.
Ter a plena consciência que este dia é apenas um dia a menos na sua vida e que o
homem é mortal pode trazer incômodo ao indivíduo, mas essa vivência atribui à vida
seu peso de sentido e seu valor, evitando a angústia que traz a negação da morte.
Apesar da notória necessidade de evitar a negação da morte, o mundo
contemporâneo não ensina a morrer, tudo é feito para esconder a morte e induzir o
homem a viver sem pensar na morte, voltado para objetivos a serem alcançados e
apoiados em valores de efetividade.
Para Hennezel e Leloup (1999) a valorização pelo ato, de “fazer” e de “ter” aumenta
cada vez mais, em uma corrida em busca de uma felicidade material a respeito da
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qual, mais cedo ou mais tarde, será percebida como insuficiente para conferir um
sentido às nossas existências.
Kubler-Ross (1975) esclarece que os pontos de vista sobre a morte, seu reflexo do
aprendizado cultural, o modo pelo qual uma sociedade ou subcultura explica a morte,
tem significativo impacto sobre o modo através do qual seus membros vêem e
experimentam a vida.
(Kubler-Ross, 1975) Para Kastenbau e Ainsenberg (1983) o conceito de morte
relaciona-se com o comportamento, de acordo com o significado que cada pessoa tem
da morte, seu comportamento estará relacionado direto ou positivamente com sua
cognição de morte.
Mas a relação raramente, ou nunca, é simples assim”.Em uma mesma cultura, com os
mesmos princípios, portanto com cognições de morte semelhantes podem levar a
diferentes comportamentos, bem com comportamentos semelhantes podem ser
precedidos por diferentes seqüências de pensamento.
(p.05) Utilizando o exemplo citado por Kastenbau e Ainsenberg (1983), um indivíduo
que tem a morte como “beatitude eterna”, acredita na necessidade de permanecer vivo
com o objetivo de oferecer sua mensagem de esperança e com

A morte consiste em um conceito relativo e complexo, que passa por diferentes


configurações, de acordo com cada cultura, cada pessoa e cada momento da vida de
cada pessoa. Para a criança, a compreensão da morte é um processo que representa
um desafio intelectual e afetivo.
Kastenbau e ainsrnberg(1983)

Nível de desenvolvimento não significa necessariamente idade cronológica do


indivíduo, embora a idade cronológica forneça pistas importantes para se conhecer a
maneira de pensar de uma pessoa.

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