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SPDA – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas

CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

A fim de se evitar falsas expectativas sobre o sistema de proteção, gostaríamos de fazer os seguintes
esclarecimentos:

A descarga elétrica atmosférica (raio) é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível e


aleatório, tanto em relação à suas características elétricas (intensidade de corrente, tempo de duração,
etc.), como aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações.

Nada em termos práticos pode ser feito para se impedir a "queda" de uma descarga em determinada
região. Não existe "atração" a longa distância, sendo os sistemas prioritariamente receptores. Assim
sendo, as soluções internacionalmente aplicadas buscam tão somente minimizar os efeitos destruidores
a partir da colocação de pontos preferenciais de captação e condução segura da descarga para a terra.

Somente os projetos elaborados com base em disposições destas normas podem assegurar uma
instalação dita eficiente e confiável. Entretanto, esta eficiência nunca atingirá os 100 % estando, mesmo
estas instalações, sujeitas a falhas de proteção. As mais comuns são a destruição de pequenos trechos
do revestimento das fachadas de edifícios ou de quinas da edificação ou ainda de trechos de telhados.

Os sistemas implantados de acordo com a norma, visam a proteção da estrutura das edificações contra
as descargas que a atinjam de forma direta.

Não é função do sistema de pára raios proteger equipamentos eletro eletrônicos (comando de
elevadores, interfones, portões eletrônicos, centrais telefônicas, subestações, etc.), pois mesmo uma
descarga captada e conduzida a terra com segurança, produz forte interferência eletromagnética, capaz
de danificar estes equipamentos. Para sua proteção, deverá ser contratado um projeto adicional,
específico para instalação de supressores de surto individual (protetores de linha).

É de fundamental importância que após a instalação haja uma manutenção periódica anual a fim de se
garantir a confiabilidade do sistema. É também recomendada uma vistoria preventiva após reformas que
possam alterar o sistema e toda vez que a edificação for atingida por uma descarga direta.

SISTEMAS EXISTENTES:

Atualmente existem três métodos de dimensionamento:1) Método Franklin, porém com limitações em
função da altura e do Nível de proteção (ver tabela).2) Método Gaiola de Faraday ou Malha.3) Método da
Esfera Rolante, Eletrogeométrico ou Esfera Fictícia.O método Franklin, devido as suas limitações
impostas pela norma passa a ser cada vez menos usado em edifícios sendo ideal para edificações de
pequeno porte.O método da esfera Rolante é o mais recente dos três acima mencionados e consiste em
fazer rolar uma esfera, por toda a edificação. Esta esfera terá um raio definido em função do Nível de
Proteção.Os locais onde a esfera tocar a edificação são os locais mais expostos a descargas.
Resumindo, poderemos dizer que os locais onde a esfera tocar, o raio também pode tocar, devendo
estes serem protegidos por elementos metálicos (captores Franklim ou condutores metálicos).

ELEMENTOS QUE COMPÕEM UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

CAPTAÇÃO:

Tem como função receber as descargas que incidam sobre o topo da edificação e distribuí-las pelas
descidas.
É composta por elementos metálicos, normalmente mastros ou condutores metálicos devidamente
dimensionados.Ao projetar a captação o primeiro passo consiste em distribuir condutores metálicos pela
periferia da edificação, com fechamentos de acordo com a tabela, distribuindo as descidas também de
acordo com a tabela . Deverá ser dada preferência para as quinas da edificação.0 uso de mastros com
captores Franklin em prédios altos, visam a proteção localizada de antenas e outra estruturas existentes
no topo da edificação devendo o prédio ser protegido pelos cabos que compõem a malha da Gaiola de
Faraday.As edificações com altura superior a 10 metros, deverão possuir no subsistema de captação,
um condutor periférico em forma de anel, contornando toda a cobertura e afastado no máximo a 0,5m da
borda.

DESCIDAS:

Recebem as correntes distribuídas pela captação encaminhando-as rapidamente para o solo. Para
edificações com altura superior a 20 metros tem também a função de receber descargas laterais,
assumindo neste caso a função de captação devendo os condutores ser dimensionados como tal.No
nível do solo as descidas deverão ser interligadas com cabo de cobre nu # 50 mm2.As descidas deverão
ser distribuídas ao longo do perímetro do prédio, de acordo com o nível de proteção (tabela1) com
preferência para os cantos. Este espaçamento deverá ser médio e sempre arredondado para cima. Caso
o cálculo do número de descidas dê como resultado um número menor que 2, deverão ser instaladas
mesmo assim, pelo menos 2 descidas para qualquer tipo de edificação. Postes metálicos não
necessitam de descidas, podendo ter a sua estrutura aproveitada como descida natural.Nos casos onde
for impossível a execução do anel de aterramento inferior dentro de valetas, deverá ser feito um anel de
equalizacão a até 4 metros acima do nível do solo.Caso sejam utilizados cabos como condutores de
descida, estes não poderão ter emendas (exceto a emenda no ponto de medição), nem mesmo com
solda exotérmica. Evite utilizar descidas com fita de cobre, alumínio ou aço, pois estes possuem
normalmente 3 metros, o que acarretaria excessivos pontos de emendas podendo causar problemas
quanto à passagem da corrente elétrica.

ANÉIS DE CINTAMENTO:

Os anéis de cintamento assumem duas importantes funções:A primeira é equalizar os potenciais das
descidas minimizando assim o campo elétrico dentro da edificação.

A segunda é receber descargas laterais e distribuí-las pelas descidas. Neste caso também deverão ser
dimensionadas como captação.Sua instalação deverá ser executado a cada 20 metros de altura
interligando todas as descidas.

ATERRAMENTO:

Recebe as correntes elétricas das descidas e as dissipam no solo.Tem também a função de equalizar os
potenciais das descidas e os potenciais no solo, devendo haver preocupação com locais de freqüência
de pessoas.0 valor máximo da resistência de aterramento de 10 ohms, recomendado, porém, em locaís
onde o solo apresente alta resistividade, poderão ser aceitos valores maiores, desde que sejam feitos
arranjos que minimizem os potenciais de passo, e que os procedimentos sejam tecnicamente
justificados.Quanto a malha de aterramento, o modo mais prático, consiste em colocar uma haste
deaterramento tipo "Copperweid" (alta camada = 250u) em cada descida e cabo de cobre nu #50mm2 a
50 cm de profundidade, conectado ás hastes.

 
TABELA DE DIMENSIONAMENTO:
 

Ângulo do Captor Franklin


Nível de Raio até 20m h21 a h30 a h45 a h>60 Malha da Espaçamento
Proteção 29m 44m 59m Gaiola das
Espera a ----
(m) a a a Descidas
I 20 25º A A A B 5x10 10
II 30 35º 25º A A B 10x15 15
III 45 45º 35º 25º A B 10x15 20
IV 60 55º 45º 35º 25º B 20x30 25
Unidades metros Graus Graus Graus Graus Graus metros Metros

A=Aplicar somente Gaiola de Faraday ou Esfera Rolante

B=Aplicar somente Gaiola de Faraday

h=Altura do captor

a =Ângulo de proteção (franklin)

GENERALIDADES:

Todas as peças e acessórios de origem ferrosa, usados no SPDA, deverão ser galvanizadas à fogo ou
banhadas com 254 micrômetros de cobre. Fica assim proibida a zincagem eletrolítica.

Para efeito de projeto devemos seguir os parâmetros indicados na norma para dimensionamento das
bitolas dos condutores (tabela 2) e o nível de proteção adequado para cada edificação (tabela 3), só
assim chegará a um nível satisfatório de eficiência do SPDA (tabela 4), sendo que a NBR5419/01 não
garante 100% de eficiência.

Todas estruturas metálicas, inclusive as antenas de TV que estiverem sobre a edificação são obrigadas
a estarem interligadas ao sistema de pára-raios. Neste caso o cabo utilizado pode ser de 16mm2.

Instalações providas de Captores Radioativos (proibidos desde 1989) e instalações executadas antes de
2000 devem ser revisados. Os captores radioativos deverão ser recolhidos ao CNEN.

Lembramos que no caso de ocorrência de algum sinistro ou acidente mais grave com morte,
estando o sistema de proteção fora dos padrões da norma, a seguradora pode negar-se a cobrir
os prejuízos, e o responsável pela edificação responderá civil e criminalmente pelo ocorrido.

TABELA DAS BITOLAS DOS CONDUTORES (mm2):

NÍVEL DE  MATERIAL  Captação  Descidas  Aterramento Equalizações Equalizações


PROTEÇÃO mm2 mm2 mm2 Alta Corrente Baixa
mm2 Corrente
mm2
  Cobre 35 16 * 50 16 6
I a IV Alumínio 70 25 * --- 25 10
  Aço 50 50 * 80 50 16

 Para edificações acima de 20 metros, dimensionar a bitola das descidas e anéis de cintamento,
igual à bitola de captação devida à presença de descargas laterais.
 Obs.: As bitolas acima se referem à seção transversal dos condutores em mm.

TABELA PARA SELEÇÃO DO NÍVEL DE PROTEÇÃO:

TIPO DE EDIFICAÇÃO NÍVEL DE PROTEÇÃO


Edificações com explosivos, inflamáveis, industriais Químicos, Nucleares,
Laboratórios bioquímicos, Fábricas de munição e fogos de artifício,
 NÍVEL I 
Estações de telecomunicações, Usinas Elétricas, Indústrias com risco de
incêndio, Refinarias, etc.
Edifícios Comerciais, Bancos, Teatros, Museus, Locais arqueológicos,
Hospitais, Prisões, Casas de Repouso, Escolas, Igrejas, Áreas  NÍVEL II
Esportivas.
Edifícios Residenciais, Industrias, Casas, Estabelecimentos
 NÍVEL III
Agropecuários e Fazendas com estruturas em madeira.
Galpões com sucata ou de conteúdo desprezível, fazendas e/ou
 NÍVEL IV
estabelecimentos agropecuários com estrutura em madeira.

Obs.: No caso de edificações muito perigosas (inflamáveis, produtos tóxicos, explosivos, etc.) deverá ser
consultado um especialista para análise do grau de periculosidade para a vizinhança, determinar a área
de inalação de gases e até onde a ignição poderá ser iniciada,etc.

Nível de Eficiléncia do SPDA:

Nível de Proteção Eficiência de Proteção


I 98%
II 95%
III 90%
IV 80%

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