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CURSO DIREITO
GUANAMBI-BA
2020
CAIO MORAIS BASTOS
GUANAMBI-BA
2020
1. INTRODUÇÃO
“A própria nomenclatura adotada pelo Código para nomear o novo instituto (o IRDR) revela
sua natureza jurídico processual, que é a de incidente processual, concebido como
instrumento voltado para a missão de buscar a consolidação de teses de direito e de promover
a uniformização da jurisprudência dos tribunais”.
Para ilustrar os comentários acima exarados, colhe-se IRDR de tema nº 06, apreciado
pelo Tribunal de Justiça da Bahia, em 11/04/2019, acerca de processo originário sob nº
0018000-84.2010.8.05.0001, também em trâmite em mesmo Juízo.
“Ante o exposto, acompanho o entendimento esposado pelo Relator Des. José Edivaldo
Rocha Rotondano e VOTO no sentido de: (i) aprovar a tese jurídica vinculante proposta no
voto condutor nos seguintes termos: “As Leis Estaduais n.7.145/199, n.7.622/2000 e
8.889/2003 implicaram na reestruturação das carreiras da Polícia Militar do Estado da Bahia
e dos servidores públicos civis e militares da administração direta, das autarquias e
fundações, figurando com o marco temporal para aplicação do percentual decorrente da
equivocada conversão do Cruzeiro Real em URV sobre a remuneração e proventos dos
servidores públicos estaduais do Poder Executivo estadual, ativos e inativos”; (ii) apreciar o
processo-piloto, para conhecer e dar provimento ao recurso de Apelação do Estado da Bahia
afim de, reformando-se a sentença, anunciar a prescrição da pretensão autoral e,
consequentemente, inverter-se o ônus da sucumbência, obrigação esta suspensa em razão do
deferimento da gratuidade da justiça na origem; (iii) desapensar os Incidentes de
Uniformização de Jurisprudência nº 00664488-36.2011.8.05.0001 e nº 0139621-
53.2007.8.05.0001, afim de que os processos-piloto sejam julgados no bojo do Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas nº 8013315-17.2018.8.05.0000.”
Sendo assim, o IRDR se insere na nova sistemática adotada pelo CPC/2015 com vistas
à valorização da jurisprudência, sob dupla perspectiva: proporcionar uniformidade,
previsibilidade e confiança na prestação jurisdicional, respeitando, efetivamente, as garantias
de isonomia e segurança jurídica. Apresentando uma natureza jurídica processual de incidente,
e não de um recurso ou ação, porém com o objetivo de resolver mérito de uma demanda, como
estabelecido os seus requisitos no art. 976 do CPC.
Ressalta-se que o IRDR inclui-se na competência dos tribunais, mas a legitimidade para
provocar sua instauração cabe tanto a juiz no primeiro grau de jurisdição como ao relator no
tribunal de segundo grau, o novo CPC, portanto, admite IRDR a partir tanto de processo em
curso em primeira instância como de processo já em andamento no tribunal. Todavia, não
condiz com o sistema do CPC o condicionamento do IRDR à necessária pendência de processo
no tribunal que irá julgá-lo, assim, sendo devida as suspensões dos processos com o fito de
prevenção de conflitos de decisões.