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ATITUDE ÉTICA E FORMAÇÃO CONTINUADA: UMA RESPOSTA PARA A

NECESSIDADE DA SOCIEDADE NO CAMPO EDUCATIVO

Alcemir Cordeiro Campelo*


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RESUMO: Nesses novos tempos, quando se necessita que a escola se construa como um espaço
democrático em sua ação pedagógica, posicionar-se como educador crítico, competente,
responsável, utilizando o diálogo como forma de mediar os conhecimentos, percebendo-se como
agente na transformação real da sociedade, é ter uma atitude ética, posto que é a ética que norteia e
exige de todos – da escola e dos educadores em particular – propostas e iniciativas que visem à
superação das condições que oprimem, que garantem privilégios para uns poucos. Nesta linha de
abordagem, este artigo tem como centro de reflexão a atitude ética como necessidade do professor
em seu campo de atuação, discutindo também a importância deste profissional buscar continuamente
a valorização de sua formação para o seu aperfeiçoamento. O professor, de acordo com este artigo,
tem um papel na sociedade: cabe a ele, como agente pedagógico, ter sensibilidade para entender o
mundo dos que o rodeiam, escutar as pessoas que buscam conhecimento e com elas, delinear
perspectivas, projetos e propostas que venham responder, efetivamente, às necessidades sociais. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, com o estudo concebido dentro de um amplo marco
teórico fornecido pela literatura, tendo como base o pensamento de vários autores que escreveram
sobre o assunto e que deram subsídios para o alcance do objetivo proposto.

Palavras-Chave: Educadores; ética; agente pedagógico.

INTRODUÇÃO

A escola não é uma entidade abstrata, irreal, solta no espaço social. A escola é
uma instituição existente concretamente no seio de uma sociedade determinada,
padecendo e sofrendo todas as influências, e tendo que atender às suas exigências
imediatas.

Na dinâmica da vida moderna, escola, alunos e professores ganharam novos


papéis. Na escola está o aluno, que não é visto mais como aquela “página em
branco”, onde se gravava – por meio de um cem números de cópias e exercícios
repetitivos – as letras do saber; e o professor, que não é mais o detentor do
conhecimento, mas o parceiro entusiasta que, com inteligência e competência, deve
ajudar as pessoas a realizarem-se como cidadãos, como sujeitos do próprio
conhecimento.

Se o professor é consciente de que o seu papel é ajudar os alunos a


transformarem a informação em conhecimento prazeroso e produtivo, ele já está
contribuindo para que a educação melhore. Mas, para que atinja a excelência em
________________________________________________________________________
*Graduado em Engenharia Mecânica pelo Instituto de Tecnologia da Amazônia, aluno de pós-
graduação do cursos Docência do Ensino Profissional e Tecnológico do Centro Federal
Tecnológico do Amazonas.
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sala de aula, precisa ter comportamento ético, e está bem preparado


profissionalmente. Para está bem preparado profissionalmente, certamente precisa
investir em si mesmo, na sua capacitação e no seu aprimoramento, de forma
contínua e permanente.

Este estudo entende que a presença dos valores e da ética na ação do


professor e o aperfeiçoamento da prática pedagógica, enquanto uma necessidade
para a garantia de um ensino de qualidade, é uma conquista de muitas ajudas, mas
que é algo que pertence ao próprio professor, pois só ele é responsável por suas
atitudes, comportamento e formação.

A despeito da importância da busca por uma melhor formação e da


aprendizagem continuada, sempre que se pensa num professor, se imagina esse
profissional tentando ensinar alguma coisa a uma turma de alunos. Nunca se
imagina um professor aprendendo. Mas na verdade, o professor também aprende e
isso nunca foi tão importante quanto o é hoje, quando as pessoas se dedicam e
buscam realização profissional em qualquer área do conhecimento humano.

É neste contexto que se delineia o presente artigo, o qual se constitui de duas


partes. A primeira é dedicada à discussão sobre a ética em seus conceitos clássicos
e no campo da educação, contemplando uma análise dos diferentes
posicionamentos teóricos que tratam do assunto, através de uma abordagem
conceitual.

A segunda parte contém uma visão geral sobre a educação, a escola e seus
desafios; a profissão professor e suas dimensões, privilegiando informações sobre a
busca da formação profissional que deve ser contínua, para a melhor qualidade do
ensino.

Tendo-se em conta que todo trabalho científico necessita de um método que o


oriente, a metodologia utilizada é a bibliográfica, por incorporar uma revisão de
literatura sobre o tema, onde a coleta e análise dos dados foram feitas por meio de
artigos de livros e revistas especializadas.

Quanto às razões que levaram ao desenvolvimento do estudo, pode-se


destacar um motivo de ordem pessoal, ou seja, o interesse pelo tema decorre da
experiência própria deste pesquisador que vivenciou a profissão de professor e em
muitos momentos deparou-se inseguro e sem direito de atuar como educador, por
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sentir necessidade de buscar melhor qualificação profissional para ter domínio das
disciplinas pertinentes, tendo em vista que o processo ensino aprendizagem exige a
interação de vários fatores que se completam – formação do professor, processo
crítico e reflexivo sobre a prática pedagógica, formação de alunos autônomos,
participativos e assim por diante – para que o objetivo da educação seja efetivado.

Assim sendo, espera-se que este estudo contribua de alguma maneira para
uma nova concepção da função de professor aos que ainda se encontram sob uma
perspectiva de desvalorização profissional e de descrédito quanto ao papel
fundamental que representam na transformação da sociedade, cuja qualidade de
ensino, se pressupõe, está diretamente relacionada também à sua competência e ao
seu comportamento ético: atuar com competência, dignidade e responsabilidade. A
seguir adentraremos na discussão sobre a ética em seus conceitos clássicos e no
campo da educação, contemplando uma análise através de uma abordagem
conceitual.

1 AS IDÉIAS SOBRE A MORAL E A ÉTICA

Os volumes de produção de textos que discutem a questão da moral e da ética


nos últimos tempos têm sido intensos. E o exame da literatura tem mostrado que,
salvo poucas exceções, a falta de moral e de ética funda-se na noção de que o
supremo alvo da existência é o êxito pessoal, pelo qual se pagará qualquer preço, e
o que importa é avançar, progredir, enriquecer ainda que sobre a ruína de todas as
virtudes que fizeram a grandeza da civilização.

Mas, afinal, o que é moral, e o que é ética?

Na opinião de Rios (2005), os conceitos de moral e ética se confundem ou se


identificam. Conquanto, na concepção desta autora, a ética se apresenta como uma
reflexão crítica sobre a moralidade, sobre a dimensão moral do comportamento do
homem. Para esta autora, cabe à ética, enquanto investimento que se dá no interior
da filosofia, procurar ver claro, fundo e largo os valores, problematizá-los, buscar sua
consistência.

Para Imbert (2001), enquanto a ética diz respeito às proposições fundadoras do


discurso e das condutas, questionando a unicidade singularidade do sujeito,
permitindo que cada um adquira a discernibilidade, ou seja, a capacidade de ter uma
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percepção crítica do mundo, a fim de não se deixar enganar, massificar, a moral


exige ordem e disciplina; seu domínio é o do previsível, do simplificado e do
controlável.

Na concepção de Santosi (2006, p. 2), pode-se considerar a ética como uma


área do saber á qual corresponde o estudo dos juízos de valor referente à conduta
humana vigente numa determinada sociedade. “A ética, em sua acepção mais usual
pode ser entendida como relativa à moralidade, como avaliação dos costumes,
deveres e modos de proceder dos homens para com os seus semelhantes”, assinala
esta autora.

Tais conceitos sugerem, portanto, que moral e ética são termos


freqüentemente empregados como sinônimos, sendo também princípios ou padrões
de conduta, discursos de justificação, poderosos mecanismos de hábitos virtuosos,
porque definem o que é permitido e proibido, o que lícito e ilícito, certo e errado.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), a


etimologia dos termos (mores, no latim, e ethos, no grego), é indicativa de um
significado comum: ambos os termos remetem à idéia de costume, que são os
primeiro conteúdo da cultura, são maneiras de viver ‘inventadas’ pelos seres
humanos.

Entretanto, segundo ainda este documento, embora os vocábulos (mores e


ethos) tenham o mesmo significado, os conceitos de ética e moral incorporam, em
seu percurso histórico, definições diferenciadas.

Deste modo

é importante ressaltar que, ao se estabelecer distinção, procura-se


apontar de modo preciso a estreita relação que mantêm e que diz
respeito exatamente ao terreno dos valores, presentes na prática e na
reflexão teórica de homens e mulheres nas sociedades (BRASIL,
1998, p. 50).

Seja definido-se como conjunto de crenças, princípios, regras que norteiam o


comportamento humano, o fato é que a moral e a ética é, como destacam os
estudiosos, o campo em que dominam os valores relacionados ao bem e ao mal. A
moralidade, por exemplo, é componente de todas as culturas, e sua dimensão está
presente no comportamento de cada pessoa em relação com as outras, e se
modifica, conforme mudam as sociedades.
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Apresentando aspectos históricos da questão, Aranha (1996, p. 113) lembra


que na Grécia antiga, por exemplo, os valores morais e políticos eram idênticos. As
pessoas deveriam viver em conformidade com a natureza cósmica e com a ordem
social, política e familiar. Seguir os preceitos da moral significava ter sempre
comportamento virtuoso, “viver moralmente era a felicidade naquele momento”,
salienta esta autora.

Na atualidade, discutem-se questões éticas e morais como sendo a atenção à


igualdade, o respeito aos direitos dos outros seres humanos, o não preconceito, a
não violência, embora ainda se enfrente situações em que tais valores são negados,
em que direitos são desrespeitados, com domínio dos preconceitos, da violência,
entre outras situações.

Mas a despeito disso, a verdade é que a dimensão moral e ética das ações
implica em um posicionamento em relação aos valores, aos deveres. Como coloca
os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 51):

Por se caracterizarem como seres livres, com capacidade de


superar, de alguma maneira, o determinismo da natureza, os seres
humanos têm possibilidade de escolha, que implica comparar e
valorar. Assim torna-se necessária a elaboração de critérios que
classifiquem as ações como boas ou más, corretas ou inadequadas, e
que orientem e justifiquem a escolha, que se configura como uma
resposta diante das prescrições da sociedade.

Com efeito, cada sujeito deve posiciona-se diante de um conjunto de valores


que certamente não foram criados isoladamente para ele e por ele, mas no contexto
das relações com outros seres humanos, do qual faz parte.

Todas as instâncias da vida social têm uma dimensão moral e


ética. É preciso possuir critérios, valores e, mais ainda, estabelecer
relações e hierarquia entre esses valores para viver em sociedade. O
cotidiano coloca clara e constantemente essa necessidade (BRASIL,
1998, p. 52).

Na prática educativa, que nas sociedades de todos os tempos, mesmo que em


caráter informal, tem tido papel de socialização da cultura, do conhecimento e dos
valores, como acredita Imbert (2001, p. 22), a moral e a ética constituem a própria
essência da empreitada pedagógica. “A escola continua sendo o espaço e o tempo
da aquisição dos “bons hábitos”, dos quais dependem não só o surgimento de um
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indivíduo conforme às normas, mas ainda o da alma coletiva”, sintetiza este autor. A
seguir, refletiremos sobre a relação entre ética e a função docente.

1.1 A Ética e a função docente

A ética é um eterno pensar, refletir, construir. Na escola, sua presença deve


contribuir para que os alunos possam, nessa construção, serem livres e autônomos
para pensar, julgar e problematizar, fazendo o exercício da cidadania. Assim afirma
os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), ao discorrem sobre a
dimensão da ética na educação escolar.

A relação entre moral e ética na educação vem sendo tematizada há muito


tempo. Nos relatos de Goergen (2007), tais reflexões, que fazem parte das obras
dos mais eminentes representantes da história do pensamento ocidental,
culminaram, não raro, na estilização de uma figura ideal de educador que, além de
suas habilidades didáticas, também se distingue por sua postura moral e exemplar.

Fazendo comentários sobre os ensinamentos e as posturas edificantes do


educador a partir dos ensinamentos de Sócrates/Platão, Goergen (2007) revela que,
para Sócrates, havia uma relação intrínseca entre ética e educação e que o
conhecimento ético deveria orientar o agir. Deste modo, segundo a premissa de
Sócrates/Platão, o educador não atua nem como exemplo, nem como autoridade,
mas como aquele que ajuda o educando a agir segundo a idéia de virtude (Bem)
que se encontra em seu interior.

Esta forma de pensar a moral e a ética, a partir do indivíduo e da subjetividade,


segundo Goergen (2007), perdurou pelos séculos afora, passando por Agostinho,
Tomás de Aquino e pelos renascentistas, chegando até Jean Jacques Rousseau,
que inaugura a perspectiva moderna, assumida e desenvolvida por Kant, para quem
a educação tem função de transformar o ser humano em ser humano. Segundo
Goergen (2007) Kant afirmava que o homem não pode tornar-se um verdadeiro
homem senão pela educação, e que ele é aquilo que a educação dele faz.

Na atualidade, Rios (2005) acredita que ao se investigar o fenômeno educativo


do ponto de vista da totalidade, deve-se procurar vê-lo em todos os seus
componentes: econômico – enquanto relacionado à produção da vida material, parte
do trabalho humano na sociedade; político – no que diz respeito ao poder que
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permeia as relações na educação; e ético – a partir do que diz respeito aos valores
que subjazem à prática dos educadores.

No que se refere a esse último, nas ponderações de Habermas (1990), trazer a


ética para o espaço escolar significa enfrentar o desafio de instalar, no processo de
ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento,
uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos
sujeitos e das circunstâncias, de problematização das ações e relações e dos
valores e regras que os norteiam.

Configura-se assim, ainda segundo Habermas (1990), a proposta de realização


de uma educação moral e ética que proporcione aos educandos condições para o
desenvolvimento de sua autonomia, entendida como capacidade de posicionar-se
diante da realidade, fazendo escolhas, estabelecendo critérios, participando da
gestão de ações coletivas.

Neste sentido, acredita-se que a função docente exige do professor uma série
de condutas éticas que o farão reconhecido como alguém que utiliza o seu saber
como um recurso para o bem da coletividade com quem trabalha, exigindo também
determinadas virtudes, qualidades, que poderão auxiliá-los no dia-a-dia como a
humildade, a curiosidade, a coragem, a capacidade de decidir e de colocar limites,
comprometendo-se na busca dos objetivos que se propõe.

Nas reflexões de Imbert (2001), o engajamento ético do professor o ajuda não


só a modificar os seus enclausuramentos imaginários nos quais tomam forma as
práticas de ensino, mas também a afirmar um além desse imaginário.

Em outros termos, o reconhecimento da dimensão ética pelo educador,


introduz no âmago da problemática pedagógica conceitos objetivos (o sujeito, a
autonomia e assim por diante), que transbordam as práticas propriamente ditas.

Destaca também Imbert (2001) que a questão ética substitui uma perspectiva
fabricadora-manipuladora da educação, por uma perspectiva praxista, entendida em
seu sentido mais profundo, portadora de um intuito de autonomia que reconhece o
outro como agente de sua própria transformação.

O trabalho educativo equivale as coisas em referência a um Outro;


não se trata de repetir o discurso e as práticas das regras instituídas,
tampouco refletir as imagens talvez fascinantes de um fora-da-lei,
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mas garantir “o aberto” necessário à emergência de um sujeito


(IMBERT, 2001, p. 140).

A partir destas constatações, pressupõe-se que o conhecimento crítico da


realidade em que desenvolve o trabalho pedagógico e dos valores que aí se
encontram e que o norteiam é o ponto de partida para a organização do trabalho do
professor.

Nos comentários de Santosi (2006), para que a fundamentação ética do


trabalho docente seja pautada pela convicção íntima no valor absoluto da pessoa
humana e não seja vivenciada de modo mecânico, será necessário que o professor
seja impulsionado e estimulado a compreender a dimensão de seu trabalho e a
assumir, também, um compromisso como colaborador no estabelecimento de
relações sociais menos autoritárias e individualistas, mais voltadas para o
desenvolvimento da empatia entre as pessoas, condição essencial para as ações
pautadas pela ética.

Em suma, a verdade é que os valores existem e valorar é uma experiência


fundamentalmente humana que se encontra no centro de toda escolha de vida, seja
escolhendo o que é melhor, seja evitando o que é prejudicial para atingir os fins
propostos. “A conseqüência de qualquer valoração é, sem dúvida, dar regras para a
ação prática...Se a credibilidade é um valor, não podemos mentir o tempo todo, caso
contrário as relações humanas ficam prejudicadas”, enfatiza Vázquez (1970, p.117).

Isso é válido também no âmbito escolar, pois no que se refere a ética e a ação
do professor, a opinião é unânime: há um proximidade bem próxima entre ambas,
pelo fato de haver uma influência mútua entre moral e educação. Como destaca
Goergen (2007, p. 27), o ser humano não é um ser moral por natureza, mas precisa
ser educado para a moralidade. Assim, diz este autor:

O homem busca por natureza a vantagem própria, ou seja, a


satisfação de suas necessidades, instintos e desejos. Se a este
estado natural não fosse contraposta a exigência moral do
reconhecimento, em grau de igualdade, das necessidades dos outros
seres humanos, instalar-se-ia aquela situação em que saem
vencedores os mais fortes e hábeis.

A função fundamental, portanto da ética e da moral é, entre outras coisas, dá


ao ser humano limites em suas ações e comportamento, para assim ajudar na
construção de uma sociedade melhor, mais digna e mais justa. Do ponto de vista da
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educação, como acredita Goergen (2007, p. 28), cabe ao professor refletir e levar
seus alunos a refletir sobre quais são os valores com os quais podem sentir-se
comprometidos e responsáveis. “Atuar como pessoa moralmente adulta implica
assumir a sua responsabilidade sem esperar dos demais respostas sem soluções
para os próprios conflitos”, argumentar este autor.

A importância da discussão da ética e sua relação com a prática pedagógica,


leva necessariamente a uma reflexão sobre a as dimensões da profissionalidade do
docente, o que veremos a seguir.

2 A PROFISSÃO PROFESSOR: REPENSANDO SUAS DIMENSÕES NA


EDUCAÇÃO – ATITUDE, AJUSTAMENTOS E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

2.1 Atitudes e ajustamentos

À medida que se redefine o papel do aluno perante o saber, faz-se necessário,


também, redimensionar o papel do professor. Nesta perspectiva, considerando-se o
aluno como protagonista da construção de sua aprendizagem, a importância do
professor ganha novas dimensões: passa da condição de professor que
simplesmente expõe o conteúdo, para o professor que fornece as informações
necessárias, que promove a confrontação das propostas curriculares com as dos
alunos, oferecendo-lhes condições para intervir, expor soluções, questionar,
contestar, enfim aquele professor que estabelece condições necessárias, incorpora
soluções alternativas, reestrutura e amplia a compreensão acerca dos conceitos
envolvidos nas situações.

Sacristan (1992) propõe que, além de formar alunos ativos na construção de


seu conhecimento, capazes de interpretar, analisar, discutir, criar e ampliar idéias, é
essencial que o professor conheça as condições socioculturais, os propósitos, as
necessidades e as capacidades dos seus alunos, bem como propor situações que
possibilitem a construção de conceitos e procedimentos e acompanhar o processo
de resolução, caracterizando-se como organizador da aprendizagem.

Para Libâneo (1992, p. 47), o trabalho docente constitui o exercício profissional


do professor e este é o seu primeiro compromisso com a sociedade. Suas
responsabilidades, segundo este autor, é preparar os alunos para se tornarem
cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho, na vida cultural e política. “É
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uma atividade fundamentalmente social, porque contribui para a formação cultural e


científica do povo, tarefa indispensável para outras conquistas democráticas”,
assinala este autor.

Ainda segundo Libâneo (1992), o professor precisa adquirir sólida cultura geral,
capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de aula,
habilidade comunicativa, capacidade de assumir o ensino como mediação, ou seja,
a aprendizagem ativa do aluno com a ajuda pedagógica do professor; conhecer
estratégias do ensinar a pensar, persistindo no empenho de auxiliar os alunos a
buscarem uma perspectiva crítica dos conteúdos, habilitando-os a aprender as
realidade enfocadas nos conteúdos escolares de forma crítico-reflexiva, respeitando
as diferenças no contexto da escola e sala de aula; integrar no exercício da docência
a dimensão afetiva, desenvolvendo comportamento ético e sabendo orientar os
alunos a respeito dos valores e atitudes em relação á vida, ao ambiente, às relações
humanas e a si próprios.

Na proposta dos Parâmetros Curriculares (1998, p. 40), o professor deve ser


visto como o facilitador no processo de busca de conhecimento que deve partir dos
alunos. “Cabe ao professor organizar e coordenar as situações de aprendizagem,
adaptando suas ações às características individuais dos alunos, para desenvolver
suas capacidades e habilidades intelectuais.”, enfatiza este documento.

Niskier (2006, p. 2), por sua vez, lembra que, com a complexidade da relação
ensino-aprendizagem, o professor tornou-se não apenas o transmissor de
conhecimento, mas o executor de atividades extra-educacionais.

Assim, o professor quase ideal deve ter uma série de qualidades:


compromisso com o ensinar, saber contar histórias, promover
situações significativas de aprendizagem, mediar problemas e
conflitos, servir de exemplo, enxergar o conhecimento de forma não
fragmentada, saber trabalhar em equipe; ampliar o próprio repertório
cultural; ter conhecimento teórico sobre grandes áreas do saber, para
além da didática e da pedagogia, entender o aluno, estar aberto ao
novo, mas com critério; estar preparado para ser o elo de
comunicação entre famílias e escola, saber gerenciar a sala de aula.

Estes são, portanto, os muitos desafios que se colocam para o professor neste
novo século. Portanto, o professor precisa ter uma formação acadêmica sólida, que
lhe proporcione, além de tecnicamente, uma preparação psicologia e emocional para
enfrentar esses desafios, que entre outras coisas, requer segurança e tranqüilidade
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para construir caminhos para a transformação da nova realidade, capazes de atuar


com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.

Nos comentários de Boufleuer (1993, p. 97), vencer desafios, viver a realidade


pedagógica, por vezes não é fácil.

Em meio à labuta diária, nós, educadores, deparamo-nos com a


complexidade de todo e qualquer processo educativo. A percepção
que temos do nosso trabalho não constitui uma constante de nitidez,
uma visão clara dos inúmeros aspectos que envolvem o nosso dia-a-
dia. Nosso estado de ânimo costuma ser variado por causa dos êxitos
e fracassos inesperados. Por vezes cansamos e somos tentados a
negar a historicidade de nossa práxis. Vamos atrás de algo que nos
dê segurança, de uma receita ou orientação que nos prever tudo
exatamente e distinguir o “bem” e o “mal”, o “certo” e o “errado”.

Quer dizer, mesmo sabendo que nenhum professor duvidará que sua missão
consiste em auxiliar seus alunos a completar sua natureza humana, ele pode ser
mais ou menos limitado quando solicitado por alguma coisa que o transcende, a qual
lhe proporciona, ao mesmo tempo, desejo de oferecer o melhor, angústia, medo e
insegurança. Essa situação, como afirma Boufleuer (1993, p. 97), levando-o a seguir
trilhas de algum teórico ou intelectual que aparentemente tem a resposta a todos os
seus problemas. “Receita fácil é tudo o que se apresenta como claro, sem mistério,
bastando seguir os passos indicados”, argumenta este autor.

Com esta mesma visão crítica da atuação do professor, mas acreditando que o
educador deve caminhar, porque caminhar significa assumir a educação como um
processo histórico, significa encarar a situação dialética da educação, Moreira
(1990) alega que, não raro, o âmbito da atuação educadores-educandos, costuma
se apresentar como carente de uma iluminação capaz de definir nitidamente seus
contornos, de desvendar exatamente seu sentido e de expor com clareza as tarefas
que importa realizar.

A percepção de que estamos a andar sem que lá na frente haja


uma luz a nos indicar o caminho significa que estamos a assumir
nossa historicidade. A única luz com a qual podemos contar é aquela
que emerge da nossa práxis, aquela que sempre sujeita aos
percalços de uma busca constante e que, por isso, nos obriga a um
quase tatear, a um hesitar volta e meia frente aos desafios que se nos
apresentam (MOREIRA, 1990, 110).

Verifica-se, portanto, que para assumir e vencer desafios, o professor trilha


campos conflitantes. Numa perspectiva mais geral, significa que muitos educadores,
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em sua prática pedagógica, por vezes se encontram desnorteados. Como diz


Moreira (1990, p. 110), “desnorteamento próprio de quem leva tapas de todos os
lados e perde a noção dos pontos cardeais”.

Com efeito, observa que o professor de hoje, seja ele de que nível for, sente-
se, cada vez mais envolvidos no dilema do processo do ensino-aprendizagem, tendo
necessidade de renovar seus métodos e técnicas, e o que é mais importante, ter
condições emocionais e nível de ajustamento psicológico satisfatório, para poder
enfrentar situações cada vez mais complexas de ensino.

Na opinião de Fontana (1991, p. 168), o professor, antes de qualquer coisa,


deve compreender que zelar pela sua saúde mental é medida imprescindível para
manter o equilíbrio emocional e a segurança profissional, que o levará a analisar as
causas das suas dificuldades de ajustamento e a buscar possíveis soluções,
partindo do princípio de que, assim fazendo, estará garantindo e protegendo a saúde
mental de seus alunos.

Ressaltando o respeito que merece a personalidade do professor e os


cuidados com a manipulação de seus problemas, Fontana (1991) destaca a
importância também das vivências de intra-relação grupal, num sentido de
crescimento individual, de organização pessoal dentro das experiências no campo
pedagógico que, segundo este autor, favorecem o autoconhecimento e a
compreensão dos comportamentos dos alunos.

Vários atributos e qualidade pessoais têm sido considerados como


imprescindíveis para o exercício da profissão, contudo, não se deve
considerar um protótipo determinado de personalidade do professor
para garantir sua eficiência e a qualidade de sua interação com os
alunos (FONTANA,1991, p. 168).

Ao caracterizar a postura dos professores, Nidelcoff (1992) busca compreender


os significados sócio-político de suas atitudes, sua maneira de agir na prática diária
da escola. Na opinião desta autora, os objetivos a que um professor se propõe
alcançar junto aos alunos são fundamentais e que, portanto, devem ser claros.

Como se vê, há um debate público incansável a respeito do papel do professor


na dinâmica escolar, chegando alguns autores à conclusão de que, dentre os fatores
que interferem no exercício satisfatório da atividade estão as condições emocionais
básicas deste profissional, que levam à falta de motivação, de interesse de
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participação. Entretanto, atualmente está sendo dado destaque especial aos estilos
pessoais de ensinar e de aprender tanto por parte de professores como de alunos.
Isso leva, obviamente à questão da formação do professor, a revalorização da
profissão, que tem tudo a ver com os novos tempos de mercados mais abertos, de
emprego mais difícil e concorrência mais feroz.

Como afirma Marcolin (1999, p. 60):

A imagem do docente como um missionário do saber, que existia


nos tempos de nossos avós, ou do eterno militante por melhores
salários, de um passado tão distante, ficou para trás. Hoje predomina
a idéia do professor eficiente, que ensina melhor e consegue bons
resultados por alunos.

De fato, sendo uma das funções essenciais do professor ajudar o aluno a se


desenvolver, só poderá fazê-lo se tiver condições para se desenvolver pessoal e
profissionalmente, conhecendo a si mesmo, lutando pela sua auto-realização, uma
vez que na atividade docente diária, enfrenta situações difíceis, sendo, muitas
vezes, obrigado a fazer opções, a tomar decisões, a se responsabilizar por suas
conseqüências e a contornar limitações pessoais. A seguir, refletiremos sobre a
formação continuada do professor.

2.2 O professor e a formação profissional continuada

Segundo Ramalho (2001, p. 18), faltava mexer no personagem principal, o


professor. Faltava, porque hoje, o que está em jogo é brigar por uma qualificação
melhor, lutar para que o educador tenha acesso à informação às tecnologias e
garantir o aperfeiçoamento contínuo do seu trabalho. “ Agora só se fala numa coisa:
a formação, porque a prioridade daqui para frente é a melhoria da qualidade de
ensino, o que exige mais investimento dos e nos docentes", salienta esta autora.

Nos relatos de Aranha (1996), no decorrer da história da educação, tem


variado a imagem do professor a partir da expectativa a respeito do papel por ele
assumido em cada sociedade. Na explicação desta autora, essa oscilação vai desde
sua supervalorização na educação tradicional magistrocêntrica até a extrema não-
diretividade, onde sua atuação é sobremaneira minimizada.

Segundo ainda Aranha (1996), qualquer que tenham sido as funções


reservadas ao professor e as que ainda lhe caberão, não se pode deixar de insistir
na valorização de uma boa formação ao mesmo, criando boas escolas de magistério
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e pedagogia, implementando plano de carreira e promovendo a reciclagem


constante do corpo docente.

Mas já sobram motivos para festejar mudanças com os protagonistas dessa


história. “A cada novo dia o professor brasileiro tem encontro marcado com o
conhecimento”, salienta Ferrari (2003, p. 8), comentando que nas mais populosas ou
remotas regiões do país, em salas de aula improvisada ou diante de modernos
equipamentos, sozinhos ou com colegas, o professor tem apostado na educação
como um processo permanente, ou seja, com ou menor apoio, muitos os
profissionais de educação estão marcando presença em cursos de aperfeiçoamento,
graduação e pós-graduação, procurando fazer sua parte na melhoria do processo de
ensino. “Mesmo diante de uma realidade às vezes pouco generosa, os professores
estão dispostos a dar sua contribuição”, afirma Ferrari (2003, p. 8).

Conquanto, é sabido que para crescer e fazer diferença na profissão, o


professor precisa estar interessado, e envolvido com as mudanças propostas para o
roteiro da educação brasileira, e ter, entre seus principais objetivos, a reflexão sobre
o trabalho pedagógico na escola.

Ao analisar os critérios que o professor deve considerar ao buscar formas para


qualificar-se melhor, Nóvoa (1992), alega que há dois pólos essenciais: o professor
como agente e a escola como a organização. Segundo este autor, a preocupação
com a pessoa do professor é central na reflexão educacional e pedagógico, mas a
formação depende do trabalho de cada um e que mais importante do que formar é
formar-se, que todo conhecimento é autoconhecimento, e que toda formação é
autoformação. Por isso, argumenta Novoa (2001, p. 113): "A prática pedagógica
inclui o indivíduo com suas singularidades e afetos".

Complementando, Nóvoa (2001) acrescenta que o desenvolvimento pessoal e


profissional depende muito do contexto em que se exerce uma atividade. Logo, todo
professor deve ver a escola não somente como um lugar onde ele ensina, mas onde
aprende, e que a atualização e a produção de novas práticas de ensino só surgem
de uma reflexão partilhada entre os demais colegas de profissão.
Além dos aspectos relacionados com a formação, com a qualificação e com o
desempenho do professor, vale ressaltar, também, a sua própria realização pessoal
pela escolha profissional. Nesse sentido, entende-se que para o sucesso do trabalho
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educativo, é importante que o professor goste do que faz, acredite que está
alcançando os resultados esperados e se sinta satisfeito e realizado.
Como afirma Bloom (1989, p. 21):

Um professor frustrado é um fator de frustração para os alunos.


Sabe-se que uma atitude positiva do professor em relação às
matérias, aos alunos e a seu próprio trabalho é de fundamental
importância para a eficiência da aprendizagem por parte dos alunos.

Segundo este princípio, o professor, sobretudo o professor de hoje, se bem


preparado profissionalmente, se direcionado por uma gestão mais participativa,
liberal, criativa e estimulante, certamente terá os olhos voltados para o objetivo da
perfeição humana e, por outro lado, para a natureza de seus alunos, buscando
compreender aqueles e avaliar a capacidade destes para alcançá-los. Acredita
Bloom (1989), que o segredo do êxito reside em dar atenção aos alunos, sabendo
quais seus anseios e suas condições de assimilação.

Nas observações ainda deste autor, o ponto de vista do professor não é


arbitrário, não depende simplesmente daquilo que os alunos pensam desejar ou
acontece estar neste lugar ou nesta época, nem lhe é imposto pelas exigências de
uma sociedade em particular ou pelos caprichos do mercado. Na opinião de Bloom
(1989, p. 22),

embora já se tenha gasto muito esforço na tentativa de provar que o


professor é sempre o agente de tais forças, na realidade ele é, queira
ou não, guiado pela consciência ou pela intuição de que existe uma
natureza humana e que lhe compete ajudar a realizá-la na sua
plenitude. Não chegará aí por meio de abstrações ou argumentos
complexos. Ele o vê nos olhos dos alunos.

Assim é certo que o professor, respeitando o aluno, sua liberdade de


manifestação, estimulando seu crescimento, inspirando-lhe entusiasmo e a
curiosidade está ajudando a desabrochar novos talentos. O professor sabe que não
é uma máquina de ensinar ou um gravador. Como os alunos, ele também é uma
pessoa que aprende e não apenas instrutor ou transmissor de ordens ou
conhecimento.

Não há dúvida de que aceitar ser professor e ter êxito nessa profissão implica,
fazer a diferença na vida dos alunos, está numa sala numerosa, lidar com muita
papelada burocrática rígida, alunos apáticos e salário inadequado. “Se para alguns
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ser professor é um ideal, para a maioria não é nada fácil, exige muita abnegação, e
problemas gigantescos”, comenta Charlot (1990, p. 98).

Ainda assim, há que se admitir que a chamada "profissão mais importante do


mundo", ainda que repleta de desafios – salários inadequados, salas de aulas
desconfortáveis, classes numerosas, indiferença dos pais – ainda atrai milhares de
homens e mulheres, porque ensinar, como acredita Libâneo (1990) é entendido
como fator de construção do ser humano, porque através do ensino se faz e se
constrói, e enquanto ensina e constrói, pela natureza de seu trabalho, o professor
humaniza-se a si mesmo, construindo a história através de suas ações.

E assim é o profissional professor, sujeito, agente da educação, figura-chave


na escola, em cuja pessoa está centrada a possibilidade de eficácia do processo
educativo, que por sua vez centra-se em seus conhecimentos, em suas atitudes e
relações com os alunos a quem deve motivar.

Assim é o professor, que deve ter olhar atento e sensível a todos os elementos
que estão posto em uma sala de aula, principalmente com relação a forma como
seus alunos ocupam este espaço e como interagem com ele – isso são
características reveladoras de uma concepção pedagógica inovadora, acreditam
muitos teóricos.

Assim é, enfim, este mestre que deve saber que em cada ato ou atitude do
aluno, se percebe a existência de diferentes aspectos que formam sua
personalidade.
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CONCLUSÃO

Não resta dúvida de que não é fácil ser um facilitador de aprendizagem, um


orientador de grupo, amplificador de conhecimentos, informador atualizado, agente
de mudanças de atitudes, ou simplesmente professor, diante da atual complexidade
social e tecnológica. Mas cabe ao educador estar preparado para tais desafios e
exigências, procurando adaptar-se à realidade, pautando sua ação educativa com
postura ética e com inesgotável interesse por uma boa formação profissional.

A prática pedagógica hoje implica ensino de qualidade que busca formar


cidadãos capazes de interferir criticamente na realidade, sendo fundamental que a
intervenção educativa do professor propicie um desenvolvimento em direção à
disponibilidade exigida pela aprendizagem significativa, neste sentido, o grande
desafio dos educadores é, sem dúvida investir fundamentalmente na busca de
novos conhecimentos para o seu aperfeiçoamento, e que isso possa repercutir nas
práticas concretas, sem esquecer os fundamentos da ética no desenvolvimento de
um projeto de vida e de trabalho orientado para os diferentes valores que sustentam
o convívio na escola e fora dela.

Entretanto, acredita-se, para que isso realmente aconteça, o professor, deve


aprender a conviver com as suas emoções e os seus sentimentos, controlando-os.
O professor de hoje, como se sabe vive sob tensão emocional forte, alguns
sentindo-se até incapaz de organizar o trabalho em bases efetivas, haja vista a
impaciência, o descontentamento, as frustrações advindas das tarefas mal feitas, da
monotonia da atividade, da fadiga mental. Quando este profissional lida com uma
classe de alunos que constantemente apresentam resistência a seu comando, à sua
ação, ao seu trabalho de instrução, a situação é ainda mais difícil, mais frustradora,
mais preocupante. Assim sentido-se, acaba comprometendo a missão de preparar
os alunos para se tornarem cidadãos ativos, participantes na sociedade.

Finalmente, à luz das idéias bases submetidas à análise neste estudo, que
permitiram também conhecimentos sobre o papel do professor no novo contexto
social e seus desafios para oferecer uma educação com qualidade, ficou claro que,
tendo-se em conta que o sinal mais indicativo da responsabilidade do professor é
seu permanente empenho na instrução e educação dos alunos, dirigindo o ensino e
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as atividades de estudo de modo que estes dominem os conhecimentos básicos e


as habilidades, e desenvolvam suas forças e capacidades intelectuais, o professor
deve saber zelar por suas condições físicas, emocionais e psicológicas, procurando
manter o equilíbrio emocional e a segurança profissional, pois se sabe que conflitos
intrapessoais traduzem-se por atitudes rígidas, distorções perceptivas, falta de
comunicação, fechamento de personalidade às experiência de vida. E mais: essas
atitudes podem levar os alunos ao conformismo, à passividade, e até mesmo à
agressão constante que prejudica os contatos em sala de aula, a relação
aluno/professor.

É certo que, assim como a conduta ética e o aperfeiçoamento profissional, as


condições emocionais do professor são importantes para o seu ajustamento em sala
de aula, além de serem imprescindíveis aos processos de adaptação e da
aprendizagem escolar.

Deste modo, diante da complexidade e do grande desafio que é ser professor


hoje em dia, acredita-se que o educador sem negligência e autoritarismo, propicia na
sala de aula uma atmosfera que possibilita espontaneidade de ação, a utilização de
potencialidades, a coerência de atitudes, comunicação direta e autêntica, abertura
para novas experiências, capacidade de autocrítica, e não apenas monitoramento,
cobrança. A relação pedagógica, como acreditam os autores no estudo, deve ser
entendida e vivenciada como vínculo dinâmico, assumindo diferentes significados,
de acordo com as diferenças de cada um.

Finalmente, se o professor conseguir caminhar junto com o aluno, dialogando


com ele, facilitando experiência de vida significativas e de relacionamento autêntico,
sem dúvida poderá ter decisiva influência no seu desenvolvimento cognitivo,
emocional e social, e assim conquistar fonte inesgotável de satisfação pessoal e
profissional.
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