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Como plantar sementes

Cuidados e Dicas

mar/2010

Germinar sementes é fácil, basta seguir alguns cuidados.


Foto: Daniel Morrison

A produção de mudas de plantas através de sementes é tarefa geralmente simples, mas que exige alguns
cuidados básicos. Ela pode ser feita em bandejas, tubetes, vasos ou saquinhos próprios para mudas. Em casa
é possível aproveitar embalagens de garrafas pet, caixas de leite, latas, potes, bandejas plásticas, caixas de
ovos, etc, perfazendo uma infinidade de recipientes recicláveis. O tamanho do recipiente é importante e está
diretamente relacionado com o tamanho esperado da muda na época de transplante. Mudas de árvores e
arbustos se desenvolvem melhor em embalagens maiores, enquanto que plantas herbáceas, como flores
anuais, temperos e hortaliças, ficam bem nos menores. Recipientes de mudas podem ser reutilizados, mas é
imprescindível que sejam escrupulosamente lavados e esterilizados antes de cada uso, evitando assim a
transmissão de doenças entre os lotes. Algumas sementes exigem semeadura diretamente no local definitivo,
pois são muito sensíveis ao transplante, como as cenouras por exemplo. Neste caso, prepare bem os
canteiros e dispense os recipientes.

Até mesmo saquinhos feitos de jornal podem ser utilizados..


Foto: Jennifer

A escolha das sementes deve ser criteriosa. Elas devem possuir boa genética e serem livres de pragas e
doenças. Sementes fracas e contaminadas são certeza de insucesso. Adquira sementes de empresas idôneas e
responsáveis por sua qualidade, que fazem testes de germinação regularmente em todos os lotes. Escolha as
sementes tendo como critério o local de origem das plantas e a estação do ano. Algumas espécies podem
necessitar de frio para o seu desenvolvimento e desta forma não é indicado o seu plantio no centro-oeste,
norte e nordeste por exemplo. Outras só devem ser plantadas na primavera, evitando-se as outras estações do
ano.
Na maioria das vezes, quanto mais frescas as sementes, melhor é o seu poder germinativo. No entanto,
muitas sementes de árvores, arbustos e plantas anuais, possuem dormência, o que faz com que o passar do
tempo e das estações seja importante para a sua germinação. Essa dormência pode ser superada no caso de
sementes duras de diversas árvores. Técnicas especiais de quebra de dormência, que podem incluir
escarificação mecânica, imersão em água quente, ou até mesmo ácido sulfúrico, garantem germinação em
tempo recorde e de maneira mais uniforme, facilitando o futuro manejo das mudas. Verifique sempre se as
sementes que você está adquirindo necessitam quebra de dormência, para realizar os procedimentos
corretamente, evitando frustrações futuras.

Estufas simples podem ser construídas em qualquer cantinho.


Foto: Bev Wagar

Tenha em mente que o substrato ideal para o plantio está estritamente relacionado com o habitat da espécie
escolhida. Cactáceas por exemplo, vão necessitar de um substrato mais arenoso. Plantas carnívoras
preferirão turfas levementes ácidas e esfagno. Utilize substrato preferencialmente esterilizado, evitando
assim que suas sementes entrem em contato com bactérias, fungos ou pragas, e desta forma apodreçam ou
sejam devoradas antes mesmo de germinar. É possível comprar substratos prontos para semear, já
fertilizados e esterilizados, mas a tarefa de encontrá-los pode ser difícil, então disponibilizamos uma receita
simples, que deve funcionar bem na maioria dos casos:

 1/4 de terra comum de jardim


 1/4 de areia (ou vermiculita)
 2/4 de terra vegetal (composto orgânico)

Esterilize o solo, colocando-o no sol até secagem completa, revirando de vez em quando, perfazendo pelo
menos 24 horas de solarização. Alternativamente é possível esterilizar o substrato colocando-o no forno por
30 minutos ou no microondas por 3 minutos para cada quilo de substrato.

Não utilize fertilizantes orgânicos não decompostos nesta fase, pois eles podem fermentar matando as
pequenas plantas. Evite também o nitrogênio, pois pode ser muito forte para as frágeis raízes em
desenvolvimento. No entanto, não abra mão de um bom fertilizante rico em fósforo e potássio, como um
NPK 0.20.20, 0.30.20, ou 4.14.8, que garante raízes fortes e vigorosas, além de calcário para neutralizar o
pH do substrato, evitando a toxidez por alumínio. Depois de completamente frio, adicione os fertilizantes e
coloque o substrato nos recipientes (bandejas, potes, tubetes).
Sementes pequenas são mais facéis de distribuir com
a ajuda de um papel dobrado.
Foto: Dwight Sipler

Faça uma pequena cova e deposite de 2 a 5 sementes em cada tubete, saco plástico ou célula da bandeja. A
profundidade de cada sementes deve ser calculada em função do seu tamanho e necessidade de luz para
germinar. A regra geral é cobrir cada semente com substrato peneirado em uma camada com cerca de 2 a 3
vezes o seu tamanho. Algumas sementes são tão pequenas que não necessitam ser cobertas. Não esqueça de
identificar cada sementeira com uma plaquinha de identificação.

Irrigue com água da torneira descansada, para evitar os efeitos danosos do cloro. A freqüência das regas
deve ser o suficiente para manter o substrato úmido, sem encharcar. Se faltar água no processo de
germinação das sementes, elas se desidratam e morrem. Utilize para irrigar um regador de crivo muito fino,
ou até mesmo um pulverizador, evitando-se assim molestar as sementes. Após a germinação é possível
reduzir gradativamente as regas, de acordo com o desenvolvimento das raízes.

Uma janela pode ser o local ideal para germinação. Repare


que os recipientes são biodegradáveis e não precisam
ser retirados no transplante ao local definitivo.
Foto: DrStarbuck

Mantenha em local de bastante luz, porém sem sol direto. O ideal é construir um pequeno viveiro aberto nas
laterais e coberto com sombrite, para o verão e locais quentes, ou uma estufa coberta com lona branca ou
transparente, para o inverno e em locais frios. Se não for possível, coloque em local que receba luz
indiretamente, como uma janela pegando o sol da manhã ou da tardinha, protegido de ventos fortes.

Quando as plantas estiverem com 2 a 3 pares de folhas, faça o raleio, retirando cuidadosamente das
sementeiras àquelas que forem mais fracas e doentes, deixando apenas uma em cada célula. As mudas
saudáveis, retiradas durante o raleio, poderão ser repicadas (replantadas) em novos recipientes preparados.
Depois que as mudas atingirem 10 cm de altura (para herbáceas e arbustos), ou 15 a 20 cm de altura (para
árvores), o que se dá cerca de 30 a 45 dias após a germinação; elas poderão ser plantadas para local
definitivo ou para recipientes maiores. O transplante é uma ocasião delicada, que exige mãos habilidosas.
Ele deve ser realizado preferencialmente em dias nublados e úmidos, e, se não for possível este tempo,
prefira transplantar à tardinha. Se efetuado de bandejas sem divisórias utilize um garfo para auxiliar.

A repicagem e o transplante são tarefas delicadas.


Foto: Dwight Sipler

Transplantar de saquinhos e tubetes já é tarefa mais fácil, mas exige igual cuidado. Plante as mudinhas em
covas bem dimensionadas, fertilizadas com 150 gramas de esterco curtido e 30 gramas de NPK 04.14.08.
Misture bem os fertilizantes e estercos com a terra. Acomode a muda no centro e preencha as laterais com a
terra adubada. Cuide para que o colo da muda permaneça no mesmo nível do solo. Irrigue diariamente até o
perfeito "pegamento da muda", ou seja, quando ela der claros sinais de desenvolvimento. Respeite o
espaçamento entre mudas e entre linhas da espécie que você estiver cultivando.

Uma sementeira bem preparada e identificada.


Foto: Dwight Sipler

Algumas mudas podem necessitar de tutores na fase de transplante, como árvores e trepadeiras, evitando
assim tombamentos acidentais enquanto não estiverem fortes e enraizadas. Proteja as mudas de formigas
cortadeiras com produtos específicos para este fim.

Por fim, desejo boa sorte a todos os jardineiros que se aventurarem no plantio de sementes. O plantio das
suas próprias mudas de plantas ornamentais e hortaliças é uma tarefa realmente gratificante, mas o trabalho
não termina por aqui: o cuidado com as plantas deve ser contínuo, não deixando faltar água e nutrientes,
fazendo a manutenção com podas e tutoramentos e resguardando-as de pragas e doenças.

Texto: Raquel Patro

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