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( Marido entrega uma flor para Antônia e a mesma começa a plantar. Se sentam e começam
a cantar a cantiga)
ANTONIA E MARIDO:
Marido: Não importa, todas as coisas tem o seu chamado, inclusive esta que em dia será uma
rosa. O que sei, é que se a rosa tivesse outro nome, isso não alteraria a sua como você aflorou
dentro de mim, primeiro em semente e depois uma flor no mundo.
Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele do que eu. Ainda sou
homem depois disso? Agora sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e
temo abreviar com a vida nos rasos do mundo. Saudade é ser depois de ter.
O problema não é a morte: se você nasceu, você está morrendo. O problema não é a vida: se
você está aqui hoje, está vivo. O problema é como se vive. Como se vive faz a vida e a morte
valerem a pena. Ou não.
Todo oceano é feito de esperança para o corpo que se faz navio.
O fato, é que as pessoas não morrem, elas ficam encantadas. No fim das contas, a gente
morre pra provar que viveu.
(Marido morre e sai. Antônia aceita a morte do marido e olha pra filha, que sai correndo
atrás do pai)
Antonia: (beijando a rosa e colocando no peito) As pessoas não morrem, elas ficam
encantadas.
Filha: Mãe, a vida é feita só de traiçoeiros altos e baixos? Não haverá, para a gente, algum
tempo de felicidade, de verdadeira segurança? Como vivemos agora?
Filha: O que de tudo há e tudo a gente encontra? De si para si, quem sabe, só o que inútil,
novo e necessário, segredasse; ele consigo mesmo muito se calava. Pois era assim que era, se;
só estamos vivendo os futuros antanhos. Ele, por detrás de si mesmo, pondo-se de parte, em
ambíguos âmbitos e momentos, como se a vida fosse ocultável; não o conheceriam através de
figuras, e sim sombras. O que a gente não percebia por de trás é que ele estava partindo.
(Antônia fica e filha sai e logo entra e fica em cima do praticado de trás arrumando a mala)
Filha: Mãe? Mãe? A senhora nem me escuta, e eu não aguento mais ficar aqui, sem o papai e
…quase que sem você. Eu não aguento isso e eu vou embora!
Silêncio
(Filha sai cheirando as flores, olhando para casa e o Nada toma mais conta de Antônia que
começa a pintar o broto de flor morto. Antonia tira a roupa e o nada fica)
TRANSFORMANDO EM NADA:
Me consomem
Na certeza da incerteza
Do controle do incontrolável
(Tira a roupa da Antônia e começa fazer uma trouxinha para levar embora)
impermeável às palavras.
Nele, nem a vida teme a morte,
Há coisas…
Este exato instante, que nunca mais vai se repetir e é completamente insuficiente.