Aula 02 - A História Do Paisagismo

PROJETO DE
PAISAGISMO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DANTE
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROFESSOR ÉDER KARPOVICZ ANDRADE – ESPECIALISTA EM PROJETO DE PAISAGISMO

A HISTÓRIA DO PAISAGISMO
Antiguidade
Pré História clássica Idade Moderna Atualidade
700 a.C. – 300 d.C.

antes de 3500 a.C.
depois do séc. XX
séc. XVI ao séc. XIX
- mesolítico - Grécia antiga -jardins
- neolítico - Roma antiga renascentistas
- jardins barrocos
-jardins rococó &
neoclássicos
3500 a.C. – 500 a.C
- jardins monacais
500 – 1500 d.C.
- Egito - jardins mouriscos
- Mesopotâmia (Persas + Romanos) - jardins modernos
- jardins modernistas
séc. XX
(Babilônios & Persas) - jardins de castelos
Idade
Antiguidade Idade Média Contemporânea
LI N H A D O TEM P O ● LI N H A D O TEM P O ● LI N H A D O TEM P O
“A história da humanidade é escrita sobre a paisagem. Cada

civilização, cada império que passou deixou sua marca de
alguma maneira importante.Aspessoas há milênios
sentem a necessidade de construir e criar, não apenas para
atender às necessidadesprimáriasde alimentação, abrigo e
companhia, mas também para edificar monumentos
gloriososque simbolizem suasambiçõescoletivas.”
WATERMAN, Tim. Fundamentos de paisagismo.
PA: Bookman, 2010.
The Garden of
O ofício do paisagismo é uma atividade que nos acompanha

desde as culturas antigas. Alternando entre períodos de
valorização e desvalorização, é somente na década de 80, no
Eden.
Brasil, que a profissão ganha espaço e torna-se relevante.

Já na Pré-História, os seres
humanos alteravam a
paisagem natural. Os primeiros
jardins, ou estruturas que
possam ser comparadas a um,
surgem junto à agricultura no
período Neolítico, em 10000
a.C
Dolmen de São Geraldo, Portugal.

Stonehenge, Wiltshare, Inglaterra – c. 3100-1900 a.C.
A ORIGEM DO PAISAGISMO
ANTIGUIDADE
Os primeiros esboços de paisagismo mais concretos, no entanto, surgiram no

Oriente Próximo, região geográfica que abrange países do Sudoeste Asiático, entre
o mar Mediterrâneo e o Irã, considerada o berço das civilizações.
A história começa na Mesopotâmia, onde as primeiras aproximações de
paisagismo eram relacionadas à prática da agricultura, na qual pequenos muros
que rodeavam hortas e plantações serviam como protótipos de jardins.
Antes de interromper seus trabalhos devido à invasão árabe, o povo assírio
dominava muito bem as técnicas de drenagem e irrigação.
Mapa da Mesopotâmia. Mapa do paraíso terrestre.

Você já deve ter ouvido

falar nos famosos “Jardins
Suspensos da Babilônia”.
Essa obra de paisagismo,
considerada uma das
maravilhas da
humanidade, era descrita
pelos babilônios, em
textos que datam de 3000
a.C., como “jardins
sagrados”.
Ilustração dos jardins suspensos da babilônia
Fonte: Aventuras na história
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•Reprodução de um cenário
natural distante
• Busca do paraíso terreno
•Jardins encerrados em muros
altos
•Irrigados por um complexo
sistema de bombeamento de
água e canais de irrigação
• Utilização de espécies
exóticas Gravura ilustrando as prováveis ruínas do Palácio de Nabucodonosor, que teria
várias plataformas elevadas, exuberantemente ajardinadas.
No Egito, os jardins
apresentavam simetria
rigorosa e eram
implantados de acordo
com os quatro pontos
cardeais.
A introdução de espécies
floríferas foi uma
contribuição da
civilização persa para o
paisagismo, que passou a
ser estimado pelo valor
decorativo.
• Rio Nilo → enchentes→ fertilização do solo
•complexo sistema de canais de irrigação a partir do Nilo
Inicialmente osjardins eram apenas Com o enriquecimento do país, osjardins
pomares e hortas, para subsistência passaram a ser grandiosos, chegando a níveis
familiar de monumentalidade e majestade
superiores àspróprias habitações
As colunas eram decoradas com capitéis que representavam
formas vegetais.
Palmiforme
Papiroforme
Lotiforme Império Novo
JARDINS
HORTUS
RECREATIVOS
•destinados ao •apareceram
cultivo de somente no final
legumes, ervas, do séc. II a.C.
frutase flores. •estátuas
•horta •pergolados
•residências •fontes
variadas
(grandese •bancos
pequenas, ricas •balneários
e pobres) •residências de
•subsistência alto poder
aquisitivo
• Osjardins romanos foram, em essência, releituras

e aperfeiçoamentos dos jardins gregos.
John William Waterhouse (1849-1917). No peristilo.

• peristilos
• plantas em vasos ou golas
• composiçõesgeométricas e simétricas
• mais ornamental que utilitário
• voltadospara o lazer,
• meditação e contemplação
• definiam o status e a importância da
família
Peristilo de uma domus romana.

Peristilo da domus romana.

Ao contrário dos jardins egípcios, os
jardins gregos fugiam do rigor e da
simetria, possuindo características
naturais, talvez em razão da
topografia acidentada da região.
Neles, eram cultivadas plantas
frutíferas e inseridos elementos
decorativos, como esculturas
humanas e de animais.
Em Roma, as mesmas
características puderam ser
observadas, com a diferença de que,
aqui, os jardins eram mais
grandiosos e pomposos.
Na Idade Média, os jardins

praticamente desapareceram,
reduzindo-se a áreas confinadas
em claustros e destinadas ao
cultivo.
O luxo e o requinte do Império
Romano foram abandonados,e
uma nova hierarquia de valores
surgiu.
Ilustração de uma cidade medieval.
JARDINS JARDINS
MONACAIS MOURISCOS
•nosclaustros •nosgrandes
dos mosteiros. paláciose/ou
•essencialmente castelos
funcionais •hispano-árabes
•composições •composições livres de
geométricas e regras, orgânicasou
simétricas geométricas
•subsistência •água –
elemento
essencial
Detalhe de um jardim mourico.
JARDINS MONACAIS
• asigrejase mosteiros eram oscentros de toda

a atividade social
• qualquer espaço útil tinha um usofuncional:
• alimentos e hortaliças
Planta ilustrativa de um jardim monacal.
• ervas aromáticase medicinais

• árvoresfrutíferas
• flores
• viveiros de peixes
• pássaros(livres ou em gaiolas)
• locaispara banho
JARDINS MONACAIS
Claustro e jardim do Mosteiro de Tibães, Portugal.

JARDINS MONACAIS
Claustro e jardim do Mosteiro da Batalha, Portugal.
JARDINS MOURISCOS
• hispano-árabes– fusão das culturas árabe
e espanhola, em decorrência da fixação dos
árabesna Espanha
• água – elemento essencial de composição
(climatização e paisagem sonora)
• plantas aromáticas– paisagem
olfativa
• variação de cores(plantas eflores)
• usode azulejaria
Jardins do Palácio de Alhambra, Granada, Espanha.

JARDINS MOURISCOS
“No séculoVI, na Espanha, osárabes criaram oschamados

"jardinsda sensibilidade" que secaracterizavam pela
água, cor e perfume, com osobjetivosde sedução e
in: http://www.jardimdeflores.com.br/
encantamento. O emprego de canais, fontese pequenos
regatos formavam um aspecto hidráulico para a
irrigação e para amenizar o calor, além do aspecto de
ornamentação destes jardins.A cerâmica e o azulejo eram
bastante utilizados.As espéciesvegetais mais cultivadas
foram osjasmins,os cravos, osjacintos, asalfazemas, asrosas,
as primaverase as anêmonas.”
Pergolado colorido do Palácio de

Alhambra.
JARDINS MOURISCOS
in: http://www.jardimdeflores.com.br/
JARDINS MOURISCOS

Enquanto osjardinsdesapareceram da
paisagem urbana, e passaram a ficar
confinadosentre muros, por sua vez,
apareceram aspraças, que se
tornaram espaços importantes na
cidade, devido àsfunçõesque
desempenhavam.
Piazza del Campo, Siena, Itália.

PRAÇAS PRAÇA DO PRAÇA DA

MERCADO IGREJA
•no centro da urbe •ampliação da
ou junto à rua área de alcance
principal das missas
•rodeada de
edifícios de •reunião e
altura convívio de fiéis
semelhante
•galerias por
Piazza dele Erbe e dei Signori, Verona, Itália.
baixo dos
edifícios
•formasmuito
variáveis
PRAÇAS
Piazza dell'Anfiteatro, Lucca, Itália.
Praça do Comércio, Lisboa, Portugal.

PRAÇAS
Praça do Comércio, Lisboa, Portugal.

RENASCIMENTO
A partir do século XVI aspraçase os jardins
passaram a ter maior importância no espaço
urbano.
Nessafaseadquiriram valor estético e utilitário,

principalmente na Itália, França e Inglaterra,
onde se transformaram em elementos
fundamentais de composição da cidade
renascentista e barroca.
Leonardo da Vinci, Leda e o Cisne.

•período de transição dos jardins murados para

osjardins abertos.
•fontes de inspiração:
•domuse villasromanas
•técnica hidráulica espanhola
•influência medieval – pomares e hortas
(subsistência); plantas de valor utilitário e
ornamental
•projeto anterior à execução
•modulação classicista e
antropocentrismo
Rafael, Sonho do cavaleiro.
ITALIANOS FRANCESES INGLESES
Jardim Giusti, Verona, Itália. Château et Jardinsde Villandry. Jardim inglês.

JARDINS ITALIANOS
•eram inspirados nosjardins da Roma
Antiga;
•colinas e encostas – vistas
panorâmicase bom clima;
•manteneção do relevo natural.
Jardim do Palácio Giusti, Verona,

- uso de escadarias e terraços
acompanhadosde corredeiras de água;
•eram tidos como centros de retiro
intelectual;
Vêneto.
JARDINSITALIANOS
•união dos jardinsà casa por meio de

galerias externase prolongamentos
arquitetônicos;
•projeto feito com régua e compasso→
simetria de linhas geométricas;
•fortes contrastes entre asformas naturais
e ascriadas pelo homem;
•vegetação tinha importância
secundária
Estátuas fontesmonumentais
Villa Lante, Bagnaia, Itália.
JARDINS ITALIANOS
Villa Lante, Bagnaia, Itália.
JARDINS ITALIANOS Villa Lante, Bagnaia, Itália.
JARDINS ITALIANOS Villa Lante, Bagnaia, Itália.
JARDINS ITALIANOS
Villa Giulia, Roma, Itália.

JARDINS FRANCESES Jardim do Palácio de Versailles, Paris, França.
• Rígida distribuição axial,

• Simetria e perspectiva;
• geometria: nos caminhos e
passeios bem como na
vegetação;
• topiarias
• magestade e
monumentalidade;
André Le Notrê – Palácio deVersalhes.
Jardins do Château de Villandry, Vale do Loire, França.
JARDINSFRANCESES Jardins do Château de Villandry, Vale do Loire, França.
JARDINS FRANCESES
Jardins do Palácio de Versailles, Paris,

França.
JARDINS FRANCESES
Jardins do Palácio de Versailles, Paris, França.

JARDINS INGLESES
•Imitação da natureza em seu

traçado livre e sinuoso
•Água: lagos ou riachos, naturais
ou artificiais;
•A inspiração vem dos nos jardins
chineses,tidoscomo "jardins
paisagísticos”;
•Irregularidade e a falta de simetria
noscaminhos, que passam a ser
planejados com maior liberdade;
JARDINS INGLESES
•Jardim lírico
•Gosto pelo exótico – buscade plantas oriundas de
várias partes do mundo
•Osparquesurbanossãovalorizados como ilhas verdes
em meio à árida malha urbana
•Calorização do natural, minimização dos elementos
arquitetônicos
•Objetivo: que aspessoaspercebessem como jardim toda
a natureza que estava ao seuredor.
JARDINS INGLESES
Sir William Chambers.

Pagode no Royal Botanical Gardens, Londres, Inglaterra.
JARDINS INGLESES
William Kent (1685-1748).

Rousham Park, Oxforshire, Inglaterra.
JARDINS INGLESES
Humphry Repton (1752-1818).
Sheringam Park, Norfolk, Inglaterra.
SÉCULO XIX
É nesse período que aparecem os

primeiros parques urbanos públicos,
provenientes da necessidade de
criação de espaços de lazer,
educação e hábitos de
higiene.
Um dos exemplos mais relevantes, e
pioneiro desse tipo de parque, é o
Central Park, na cidade de Nova
Iorque
O PAISAGISMO NO BRASIL
O país das florestas

Pujança; Riqueza;
Jardins botânicos e passeios
públicos (Carta Régia 1798):
Pará, Pernambuco, Bahia, Minas
Gerais e São Paulo.
preocupação da Coroa Portuguesa:
conhecimento e potencialidades
econômicas da flora local e
aclimatação da exótica, nos
caracteres: científico, agrícola e
econômico
Mata Atlântica, São Paulo.
Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro.
Glaziou introduz o jardim paisagista

inglês, com traços formalistas do jardim
francês: “o olhar do paisagista e a
ciência da botânica são os
instrumentos de trabalho
Parque do Anhangabaú,
déc.1920. Bouvard e
Cochet;
Várzeas saneadas e
parques centrais.
Parque do Anhangabaú, em
postais; Bouvard e Cochet;
Parque dom Pedro II, várzea do Carmo.

Projeto de Bouvard, década 1920.
Inundação na Várzea do Carmo, Benedito Calixto

Parque do Carmo, Ilha dos Amores, década de 1930.
PAISAGISMO MODERNO Parque do Flamengo, B. Marx.
Roberto Burle Marx (1909 –

1994) – fusão (mimese) das
artes plásticas com a botânica
moderna;
Inaugura o paisagismo moderno em escala

mundial transição da arte abstrata para a
paisagem; fusão entre as artes e a ciência,
técnica e estética para o desenho da paisagem –
cria o paisagismo moderno, no Brasil, em 1932;
Utiliza vegetação por sua individualidade e por sua

textura como conjunto.
Residência Odette Monteiro - RJ. 1948 e 1988.
Próxima à serra dos Órgãos, RJ, valorização das
montanhas e uso de vegetação autóctone;
Modelado de terreno com criação de morrotes e
depressões para conduzir o olhar à riqueza da paisagem
circundante.
Residência Kronsfoth, Teresópolis, 1955.
Exploração de valores como cor, textura, luz – uso

de uma série de elementos vegetais, pouco
utilizados até então;
O jardim captura a paisagem circundante, como
experiência sensitiva.
“São formas de tocar, sublimar, sentir ou

estabelecer valores culturalmente
determinados”
Flávio Motta, 1986.
Hospital Sul-América, RJ, 1955.
Intensas relações formais entre o gramado e o piso,

o muro e o banco, entre espelho d’água,
calçamento de pedra e vegetação colorida;
Sentido de complementaridade e precisão

absoluta dos elementos incorporados;
Tensão na descentralização.
Calçadão de Ipanema, RJ

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PROJETO DE

PROFESSOR ÉDER KARPOVICZ ANDRADE – ESPECIALISTA EM PROJETO DE PAISAGISMO

700 a.C. – 300 d.C.

“A história da humanidade é escrita sobre a paisagem. Cada

O ofício do paisagismo é uma atividade que nos acompanha

Brasil, que a profissão ganha espaço e torna-se relevante.

Dolmen de São Geraldo, Portugal.

Os primeiros esboços de paisagismo mais concretos, no entanto, surgiram no

Mapa da Mesopotâmia. Mapa do paraíso terrestre.

Você já deve ter ouvido

BABI LÔ N I A ● N Í N I V E ● BABI LÔ N I A ● N Í N I V E ● BABI LÔ N I A ● N Í N I V E

• Osjardins romanos foram, em essência, releituras

John William Waterhouse (1849-1917). No peristilo.

Peristilo de uma domus romana.

Peristilo da domus romana.

Na Idade Média, os jardins

• asigrejase mosteiros eram oscentros de toda

• ervas aromáticase medicinais

Claustro e jardim do Mosteiro de Tibães, Portugal.

Jardins do Palácio de Alhambra, Granada, Espanha.

“No séculoVI, na Espanha, osárabes criaram oschamados

Pergolado colorido do Palácio de

Jardins do Palácio de Alhambra, Granada, Espanha.

Piazza del Campo, Siena, Itália.

PRAÇAS PRAÇA DO PRAÇA DA

Praça do Comércio, Lisboa, Portugal.

Praça do Comércio, Lisboa, Portugal.

Nessafaseadquiriram valor estético e utilitário,

Leonardo da Vinci, Leda e o Cisne.

•período de transição dos jardins murados para

Jardim Giusti, Verona, Itália. Château et Jardinsde Villandry. Jardim inglês.

Jardim do Palácio Giusti, Verona,

•união dos jardinsà casa por meio de

Villa Giulia, Roma, Itália.

• Rígida distribuição axial,

Jardins do Palácio de Versailles, Paris,

Jardins do Palácio de Versailles, Paris, França.

•Imitação da natureza em seu

Sir William Chambers.

William Kent (1685-1748).

É nesse período que aparecem os

O país das florestas

Glaziou introduz o jardim paisagista

Parque dom Pedro II, várzea do Carmo.

Inundação na Várzea do Carmo, Benedito Calixto

Roberto Burle Marx (1909 –

Inaugura o paisagismo moderno em escala

Utiliza vegetação por sua individualidade e por sua

Exploração de valores como cor, textura, luz – uso

“São formas de tocar, sublimar, sentir ou

Intensas relações formais entre o gramado e o piso,

Sentido de complementaridade e precisão

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