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1 Objetivo

Em 2018 entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e a


proteção aos dados pessoais passa a ser um direito fundamental. Tendo em vista a
democratização da tecnologia, como os smartphones, a internet – conexão 5G já é
realidade para muitas pessoas redor do mundo, e no caso do estudo a seguir: os
aplicativos. A LGPD carrega grandes modificações para a defesa dos direitos dos
indivíduos impedindo que haja coleta e uso de dados pessoais sem consentimento do
usuário. Nesse sentido, o projeto a seguir almeja trazer uma análise do conceito de
privacidade na sociedade informacional, assim como apresentar as principais
características e conceitos trazidos pela referida lei. Não se pretende esgotar o assunto do
LGPD, nem citar man-in-the-midle, spyware, aplicativos maliciosos, entre outros, mas
apenas fazer um paralelo com alguns dos desafios a serem observados a fim de garantir a
efetividade da norma.

2 Justificativa
Quando a internet se transformou em parte da vida dos civis, os celulares e
sobretudo os Smartphones se tornaram não só acessíveis, mas essenciais na vida das
pessoas, inumeras questões intrínsecas da internet, como a transnacionalidade da rede e a
difusão de informações passaram a ser levantadas.
Com o fluxo de informações atingindo parâmetros jamais vistos na história, a
segurança do que é privado ao indivíduo fica cada vez mais ameaçada, computadores
podem ser invadidos, dados podem ser tratados de maneira errônea e etc. Exatamente
por isso, direito fundamental à privacidade fica em evidência por conta dessas conexões
com o mundo digital.
Porém dentro desse pacote “internet e smartphone” vem incluso os aplicativos –
Pois sem eles, como é possível navegar na internet? E não só navegar, mas realizar
diversas atividades, como pedir comida, viagem, jogar sozinho ou com mais pessoas.
São inúmeras possibilidades, e todos os aplicativos (principalmento os gratuítos)
conseguem monetizar com os dados do usuário, seja coleta e análise ou propagandas
direcionadas, por exemplo.
Cada vez que o usuário instala um aplicativo, há uma lista de permissões que ele
deve aceitar para poder usufruir do mesmo. Infelizmente, as permissões são complexas e
nem sempre é fácil entender o que significam ou porque o aplicativo as exigem,
principalmente para o usuário comum. As permissões geralmente são relacionadas à
funcionalidade do aplicativo, como um app de edição de fotos precisam da permissão de
acesso à galeria do celular. Existem também as permissões de coleta e uso de dados,
geralmente acompanhadas de um texto, que o usuário obviamente não lê e aceita.
O que acontece quando a coleta, uso e propagação de dados pessoais é
teoricamente legal, mas indesejável? No documentário da Netflix “The Great Hack”,
analisa a empresa de dados Cambridge Analytica e como os dados coletados,
principalmente através de redes sociais, estavam sendo usados nas eleições para
persuadir os eleitores na hora de votar. Outro exemplo, mais presente no cotidiano do
brasileiro: o usuário instala um aplicativo de aluguel apartamentos, e em seguida passa a
ser bombardeado com ligações de corretoras de imóveis, não só em seu telefone celular
mas também no residencial, ou seja, outro número associado ao nome e CPF.

3 Hipóteses
Com as questões pertinentes ao funcionamento da internet e à disseminação de
informação, combinadas com o direito fundamental à privacidade, tornam-se evidentes
os obstáculos que o Estado enfrenta na tentativa de manter a sua tutela jurisdicional no
âmbito digital, seja pela dificuldade no rastreamento dos indivíduos que violam o direito
à privacidade, seja pelo caráter transnacional da internet, seja pela elevada velocidade de
difusão da informação com a sua característica quase irreversível: quando a informação é
incorporada à internet dificilmente será excluída.
Marcel Leonardi (2011, p. 39) comenta sobre o assunto no artigo “Tutela e Privacidade”:
“ A Internet não exige apenas novas soluções jurídicas para os novos problemas; ela também afeta a maneira como os

problemas e as soluções jurídicas devem ser analisados. Ao romper com os paradigmas jurídicos tradicionais e

desafiar os mecanismos convencionais de tutela, a Rede representa um dos principais objetos de estudo dos

doutrinadores preocupados com essa nova realidade social.”

Segundo de Leonardi (2011), a corrente de autorregulação enxerga o CyberSpace como


um ambiente completamente anárquico, onde os conflitos seriam resolvidos pelos
próprios usuários, sem nenhuma interferência governamental; ou seja, resta ao usuário
final restringir as informações que estão sendoa dissipadas, porém é obvio que o civil
não tem conhecimento do que está sendo feito com as informações, e nem das boas
práticas que estudantes e proficionais de segurança da informação tem. O usuário
comum não lê cookies ou permissões antes de aceitar, ele simplesmente quer usufruir da
aplicação, ou site.
Programas de conscientização são a solução? O estudo e consientização não chega
ao usuário comum, principalmente se for relacionado à utilização para fins de
entreterimento. Portanto, como a rede mundial de computadores não possui fronteiras no
território físico mundial, seria impossível impor a tutela jurisdicional prestada por apenas
um Estado, defendendo então a criação de um direito global específico, originado através
de uma cooperação internacional para regular as interações no mundo virtual.

4 Metodologia da Pesquisa
O que podemos analisar nessa situação é que os provedores de aplicativos se
adaptaram á LGPD de uma maneira simplória que impede o usuário de usufruir a
aplicação sem que ele concorde com o que está sendo proposto. Para investigar sobre essa
problemática, que não exatamente é benéfica ao usuário, proponho o estudo de
permissões abusivas em aplicações, como o exemplo mais famoso de aplicativos de
lanterna que pedem acesso à lista de contatos.

5 Referencia Bibliográfica

MARCEL, Leonardi. Tutela e Privacidade na Internet. Disponível em:

<http://leonardi.adv.br/wp-content/uploads/2012/01/mltpi.pdf> . Acesso em:4 de abril de

2021.

LEMOS, Ronaldo. Direito, Tecnologia e Cultura. São Paulo: FGV, 2005. Disponível

em:<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2190/Ronaldo

%20Lemos%20%20Direito%20Tecnologia%20e%20Cultura.pdf?

sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 3 de abril de 2021

MANN, Dillon. Marco Civil: Statement of Support from Sir Tim Berners-Lee.

Disponível em:

<https://webfoundation.org/2014/03/marco-civil-statement-of-support-from-sir-tim-

bernerslee/>. Acesso em:3 de abril de 2021.

THE GUARDIAN. Russia-backed Facebook posts ‘reached 126m Americans’ during US

Election. Disponível em:

<https://www.theguardian.com/technology/2017/oct/30/facebookrussia-fake-accounts-

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UNITED NATIONS. Human Rights Council: Thirty-second session. Disponível em:

<http://undocs.org/A/HRC/32/L.20>. Acesso em: 23 de abril de 2021

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