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REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DE CPI Nº

Requer a criação de COMISSÃO PARLAMENTAR DE


INQUÉRITO - CPI, com a finalidade de investigar supostas
irregularidades nos CONTRATOS CELEBRADOS PELO
ESTADO DURANTE A PANDEMIA.

Exmº Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia,

Os Excelentíssimos Deputados infrafirmados, correspondente a mais de um


terço dos integrantes desta Augusta Casa, nos termos do art. 83, § 3º da
Constituição Estadual, conjugado com o art. 132, inc. XV e da seção II do
Regimento Interno desta Casa, requerem a CRIAÇÃO DA COMISSÃO
PARLAMENTAR DE INQUÉRITO-CPI, destinada a INVESTIGAR, no prazo de
180 (cento e oitenta) dias, a contar de sua instalação, as supostas
irregularidades ocorridas com os CONTRATOS CELEBRADOS PELO ESTADO
DURANTE A PANDEMIA, podendo este prazo ser prorrogado por igual período,
quando justificável, tendo como fato determinado a compra no valor de R$ 49
milhões por 300 respiradores, que não foram entregues, considerando, inclusive,
a possibilidade de superfaturamento, com valor unitário de R$ R$ 160 mil por
cada respirador, além de outras contratações sem os devidos cuidados legais,
como passar a expor.

JUSTIFICATIVA

1. DA COMPRA DOS RESPIRADORES / PRODUTOS NÃO ENTREGUES/


VALORES NÃO DEVOLVIDOS / IRREGULARIDADES

O Governo do Estado da Bahia, que preside o consórcio de estados do nordeste,


assinou o contrato com a empresa Ocean 26, sediada na Califórnia. Segundo o
documento, havia previsão de entrega de 600 respiradores até o dia 20 de abril
e outros 400 no dia 5 de maio.

O governo da Bahia ficaria com metade do carregamento e os demais seriam


repassados a estados da região, após reembolso. Semanas após a assinatura
do contrato, a empresa californiana afirmou que só poderia entregar 100
ventiladores pulmonares e pedia ampliação do prazo até 28 de abril. Alegou que
o acordo não poderia ser cumprido totalmente em razão de questões políticas e
diplomáticas.

No dia 29 de abril, o secretário de Saúde da Bahia, notificou a empresa sobre o


cancelamento do contrato e solicitou o reembolso do adiantamento pago. O valor
ainda não foi devolvido e rendeu à Bahia prejuízo (estimado) de R$ 10 milhões
com a negociação.

Considerando os reflexos que a pandemia vem causando em todo país e do


empenho de todos os órgãos e instituições em combatê-la, exigindo da
administração pública a adoção de medidas que visem resguardar a saúde
pública, mas, também, todos os demais setores, inclusive o da economia, a
presente instauração, recai no entendimento da observância dos fundamentos e
no dever de fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial do Estado, não podendo ser admitida, em nenhuma hipótese, a
celebração de contratos duvidosos.

Segundo informações veiculadas, o responsável por assinar o contrato com o


governo da Bahia, senhor Jack Banafsheha, descrito no contrato como CEO da
empresa., não aparece em nenhum dos documentos oficiais da firma no site da
Secretaria de Estado da Califórnia.

Há fortes indícios, inclusive, de que a empresa contratada é “fantasma”. O que


nos faz ter a certeza da necessidade de investigações mais aprofundadas, POIS
é dever de qualquer gestor a aplicação correta dos recursos públicos, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, cabendo à Assembleia Legislativa,
quanto ao Estado, o controle externo destes recursos.

Ademais, foi deflagada operação policial para apurar a situação, o que resultou
na prisão de três pessoas envolvidas, relacionadas as empresas Hempcare e
Biogeoenergy.

Registre-se, ainda, que as empresas investigadas não têm registro na Anvisa, o


que demonstra completa irresponsabilidade administrativa ou, possivelmente,
“improbidade administrativa” do governo do estado e das secretarias
correspondentes.

A administração pública comporta elevados gastos públicos, principalmente


neste momento de pandemia. Cabe ao estado cumprir sua autonomia
administrativa de forma responsável, zelando pela eficiência na gestão
institucional e em consequência demonstrar um melhor desempenho de sua
atividade-fim, voltada ao interesse público, contribuindo significativamente em
todas as situações, o que não ocorreu.

Leia-se: deixou de observar os cuidados mínimos necessários para a celebração


de contrato com vulto de mais R$ 49 milhões. Mais grave ainda, foram as
declarações de uma das envolvidas na operação, envolvendo o nome do então
secretário da casa civil:

“Dias antes da operação, na semana passada, Cristiana disse em entrevista ao


jornalista Dinarte Assunção, do Rio Grande do Norte, que Bruno Dauster foi o
principal responsável pela negociação da compra dos respiradores. De acordo
com ela, foi ele quem entrou em contato com a empresa em abril para comprar
os equipamentos. Agora, em entrevista à TV Bahia, Cristiana repetiu: “A minha
negociação, noventa e nove vírgula nove por cento, foi com Bruno Dauster”.
(Fonte: Bahia Notícias)

Após as declarações, Bruno Dauster pede exoneração do cargo, o que levanta


fortes suspeitas, tendo em vista que o ex-secretário foi um dos responsáveis pela
compra dos 300 respiradores com a empresa Hempcare pelo Consórcio do
Nordeste.

Por certo, diante de todos os percalços que envolvem a situação, com claras
possibilidades de fraude, cabe a esse poder legislativo apreciar a legalidade,
legitimidade, economicidade e razoabilidade dos procedimentos contratuais,
devendo instaurar a competente Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI para
tanto.

2. DESTINAÇÃO E USO DE VERBAS/CONTRATAÇÃO DE EMPRESA


SEM HABILITAÇÃO TÉCNICA E SUBCONTRATAÇÃO/CANCELAMENTO

Tomamos conhecimento, também, que a empresa Dealers Comércio e Serviços,


contratada pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) por cerca de 2,8
milhões para efetuar manutenção preventiva e corretiva de ventiladores
pulmonares e monitores multiparamétricos, supostamente pode ter descumprindo
uma série de pré-requisitos obrigatórios, como não possuir endereço fixo, além de
possuir dívidas trabalhistas e subcontratar empresas, o que é proibido por lei.

É de conhecimento legal que, para celebrar contrato junto à administração pública,


além de comprovar a regularidade fiscal, toda empresa deverá demonstrar a
inexistência de débitos perante a Justiça do Trabalho, devidamente através da
Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas – CNDT, o que não ocorreu.

Ademais, este parlamentar, no uso de suas atribuições legais, devidamente


amparado nas prerrogativas da função, esteve na rua João Chagas Ortins de
Freitas, 577, Buraquinho, em Lauro de Freitas, endereço que consta no registro da
empresa, entretanto, tomou conhecimento através do segurança do local que a
empresa não funciona ali há mais de seis meses.

De igual modo, após consultar o cadastro do responsável técnico no CREA-BA, não


foi possível localizar, o que denota outra possível irregularidade, tendo em vista que
o inciso I do art. 30 da Lei de Licitações, 8.666/1993, assim o exige, capacitação
técnico-profissional, em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da
proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela
entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por
execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas
exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da
licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos.
No mesmo viés, o contrato celebrado não permite subcontratação:

Ocorre que, a contratada, indevidamente, repassou parte do fornecimento do


serviço contratado pela SESAB a uma outra empresa, a Validatec, que também
responde a processos na Justiça do Trabalho:
Diante de tais circunstâncias, foi protocolada representação junto ao Tribunal de
Contas do Estado da Bahia – TCE/BA, dando origem ao Processo n.º
TCE/003442/2020, a fim de apurar as irregularidades ou abusos na contratação
da empresa Dealers Comércio e Serviços pela Secretaria da Saúde do Estado
da Bahia.

Em resposta, o TCE se posicionou:

“Vistos, etc. Trata o presente expediente de requerimento subscrito pelo Exmo.


Deputado Estadual Capitão Alden, no qual requer a apuração de possíveis
irregularidades ou abusos na contratação da empresa Dealers Comércio e
Serviços pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, objetivando a realização
de “manutenção preventiva e corretiva de ventiladores pulmonares e monitores
multiparamétricos, supostamente pode ter descumprindo uma série de pré-
requisitos obrigatórios, como não possuir endereço fixo, além de possuir dívidas
trabalhistas e subcontratar empresas, o que é proibido por lei” (Ref. 2412872-1).

A SUTEC deste TCE/BA, mediante o Ref. 2415462-1, informa “que já existe uma
auditoria específica em curso versando sobre a aquisição de insumos e
equipamentos para o enfrentamento da pandemia. Ademais, a pedido do
Ministério Público de Contas, o Plenário do TCE/BA também aprovou uma
auditoria específica para o acompanhamento das despesas do combate à
pandemia pelo Estado da Bahia. Por fim, esclarecemos que, assim que
disponíveis, os resultados serão divulgados”, de sorte que a promoção deduzida
pelo Exmº Deputado Capitão Alden já se encontra contemplada no âmbito das
ações de controle desenvolvidas pela Corte.

Assim, uma vez ativada de ofício a fiscalização em derredor das ações de


combate à pandemia pelo convid-19, entendo que o presente expediente deva
ser apensado aos autos da Auditoria já reportada, disso dando ciência ao Exmº
Deputado Capitão Alden.

À GECON com o fito de proceder à cientificação do Exmº Deputado Capitão


Alden, após o que este expediente deve ser encaminhado à SUTEC para a
providenciar sua juntada, assim que possível, aos autos da auditoria promovida
para o acompanhamento das despesas do combate à pandemia pelo Estado da
Bahia.”

Após, no dia 10/06/2020, foi publicado no Diário Oficial do Estado – DOE,


PROCESSO N° 019.7441.2020.0052729-29 - PORTARIA nº 223, de 09 de
junho de 2020 O SECRETÁRIO DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA, no uso
das suas atribuições, tendo em vista o constante no PA nº
019.7441.2020.0052729-29, com fulcro na disposição contida no art. 183 da Lei
Estadual nº 12.209/11, e considerando o entendimento adotado pela
Procuradoria Geral do Estado - PGE, através do opinativo inserto nos autos
referenciado, resolve aplicar medida cautelar à DEALERS COMÉRCIO E
SERVIÇOS LTDA, CNPJ nº 13.184.330/0001-26, para determinar a suspensão
da execução do contrato nº 039/2020 a partir da data da publicação deste ato.
DATA DA ASSINATURA: 09/06/2020. Fábio Vilas-Boas Pinto. Secretário
Estadual da Saúde.

Em seguida, houve a notificação da empresa sobre a resolução do contrato:

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Destarte, demonstra-se, mais uma vez, a possibilidade de irregularidades nas
contratações, levando a necessidade de apuração através de CPI. Pelo que
requer!

3. DA FUNDAMENTAÇÃO

Neste aspecto, a atuação desta Casa Legislativa deve ser pautada no


cumprimento da sua função fiscalizadora, e atender, por conseguinte, os anseios
da sociedade, para uma forte compreensão do caso e solução dos problemas
apresentados.

O § 3º do art. 83 da Constituição do Estado da Bahia, cristaliza que as Comissões


Parlamentares de Inquérito, observada a legislação específica no que couber,
terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciárias, além de
outros previstos no Regimento Interno, e serão criadas mediante requerimento
de um terço dos deputados, para apuração de fato determinado e por prazo
certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Por sua vez, o art. 56 e ss do Regimento Interno estabelecem:

Art. 56 - As Comissões de Inquérito serão criadas sobre o


fato determinado e por prazo certo, mediante requerimento
de 1/3 (um terço) dos membros da Assembleia.

ART. 57 - Constituída a Comissão de Inquérito cabe-lhe


requisitar por intermédio da Mesa, os funcionários dos
serviços administrativos da Assembleia, necessários aos
seus trabalhos, bem como, nos termos da legislação em
vigor, solicitar os de qualquer órgão do Poder Executivo ou
Judiciário que possam cooperar no desempenho de suas
funções.

No mesmo pensar, o art. 89 da Constituição Estadual da Bahia estabelece que


a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do
Estado e dos Municípios, incluída a das entidades da administração indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções,
renúncia de receitas e isenções fiscais, será exercida pela Assembleia
Legislativa, quanto ao Estado, e pelas Câmaras Municipais, quanto aos
Municípios, mediante controle externo e sistema de controle interno de cada
Poder.
O parágrafo único do mesmo dispositivo afirma que prestará contas qualquer
pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais o Estado responda,
ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Ventiladas, então, as argumentações de possíveis irregularidades ou fraudes,


nas mais adequado do que a correta apuração. Por bem expor, a Lei de
Improbidade Administrativa – Lei. 8.429/1992, dispõe sobre as sanções
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício
de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta
ou fundacional, e o Art. 1° estabelece:

Art. 1º - Os atos de improbidade praticados por qualquer


agente público, servidor ou não, contra a administração
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de
Território, de empresa incorporada ao patrimônio público
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento
do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma
desta lei.

Por sua vez, a Seção II elenca os Atos de Improbidade Administrativa que


Causam Prejuízo ao Erário, em especial o Art. 10, XI, XII, XIV e XV:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que


causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
notadamente:
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
enriqueça ilicitamente;
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão
associada sem observar as formalidades previstas na
lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar
as formalidades previstas na lei.

Assim, revelados os fortes indícios que e preenchidos os requisitos legais,


PEDEM o recebimento deste requerimento, de modo a determinar a instauração
de Comissão Parlamentar de Inquérito, a fim de investigar as supostas
irregularidades apresentadas.

Sala das Sessões, 15 de junho de 2020

Deputado Capitão Alden

DEPUTADOS

1. TARGINO MACHADO
2. PASTOR TOM
3. TALITA OLIVEIRA
4. JURAILTON SANTOS
5. LUCIANO SIMÕES FILHO
6. TIAGO CORREIA
7. SOLDADO PRISCO
8. TOM ARAÚJO
9. PEDRO TAVARES
10. ALAN SANCHES
11. JOSÉ DE ARIMATEIA
12. LAERTE DE VANDO
13. SAMUEL JÚNIOR
14. SANDRO REGIS
15. TUM
16. JÚNIOR MUNIZ
17. KÁTIA OLIVEIRA
18. DAVI D RIOS
19. PAULO CÂMARA
20. MARCELL MORAES
21. NEUZA LULA CADORE
22. BOBÔ
23. HILTON COELHO

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