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Por vez a criminologia é A criminologia é uma ciência

social, filiada à Sociologia, e não uma ciência social inde-


pendente, desorientada, ela não é teorética. Em relação ao
seu objeto — a criminalidade — a criminologia é ciência
geral porque cuida dela de um modo geral. Em relação a
sua posição, a Criminologia é uma ciência particular, por-
4 – NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
que, no seio da Sociologia e sob sua égide, trata, particu-
1. O crime como fato social.
2. Instituições sociais relacionadas com o crime: as Polícias, o Poder larmente, da criminalidade.
Judiciário, o Ministério Público, os sistemas penitenciários etc.
3. A extensão da criminalidade no mundo e no Brasil. É uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do
4. O crime como fenômeno de massa: narcotráfico, terrorismo e crime estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do
organizado. controle social do comportamento delitivo, que trata de
5. O crime como fenômeno isolado: estudo do homicídio. atestar uma informação válida e contrastada sobre o gê-
6. Classificação de tipos criminosos: criminoso nato; criminoso ocasi-
nese, dinâmica e variáveis do crime, contemplando este
onal; criminoso habitual ou profissional; criminoso passional; crimi-
como problema individual e social, buscando programas
noso alienado; criminoso menor (delinquência juvenil); a mulher
criminosa. de prevenção eficazes e técnicos de intervenção positiva
7. As atividades repressivas, preventivas e educacionais para diminuir no homem delinquente conforme os diversos modelos ou
os índices de criminalidade. sistemas de respostas ao delito. Cabe destacar que este
conceito é bem cobrado nas provas.

Conceito e características da criminologia

Criminologia pode ser definida como ciência autônoma,


empírica e interdisciplinar, que se preocupa em estudar,
Antes de começarmos iremos fazer uma pequena abor- por meio de métodos biológicos e sociológicos, o cri-
dagem e diferenciar as 3 principais políticas criminais. me/delito, o criminoso/delinquente, a vítima e o controle
social, com escopo de controle e prevenção da criminali-
Direito Penal
dade, tratando do crime como problema social.
É a ciência penal responsável por analisar os fatos huma-
Ciência autônoma: a Criminologia é entendida como ciên-
nos considerados indesejados, definir quais fatos devem
cia autônoma e independente, por possuir função, méto-
ser rotulados como crimes ou contravenção penal, anun-
dos e objetos próprios. Logo, é incorreto afirmar que a
ciando pena.
Criminologia é um ramo, sub-ramo, “braço”, complemento
Criminologia ou extensão de outro ramo do saber (exemplo: a crimino-
logia não é um “braço do Direito Penal);
Ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima
e o comportamento da sociedade de maneira causa/ ex- Empirismo: trata-se de todo conhecimento proveniente da
plicativa. Em outras palavras, analisa o fenômeno criminal experiência, captado pelo mundo externo, físico, por meio
como um fato, observado as características dos casos dos sentidos. A Criminologia visa chegar a conclusões
concretos. seguras por meio de casos concretos, reais, de crimes,
observado os detalhes do ocorrido, tais como o local do
Exemplo: quais fatores contribuem para o crime de roubo crime, comportamento da vítima, motivações e compor-
(analisa, inclusive, a incidência do crime em determinados tamento do criminoso, reação da sociedade, etc. Após a
bairros considerados violentos e quais os fatores contri- observação dos fatos (empirismo ou método experimen-
buem para a sua ocorrência). Além de estudar o crime tal) é que a Criminologia chega a uma conclusão;
como um fato proveniente do convívio em sociedade,
estuda também os impactos e as influências das normais Interdisciplinaridade: apesar de se tratar de ciência autô-
penais quando aplicadas sobre o delinquente (análise noma, a Criminologia reúne e leva em consideração os
prática dos efeitos do Direito Penal sobre a sociedade) resultados de outros ramos do saber, tais como a socio-
logia, biologia, psicologia, medicina legal, etc. Ademais,
Política Criminal importante diferenciar interdisciplinaridade de multidisci-
plinaridade. A interdisciplinaridade (característica da Cri-
Possui caráter teleológico, buscando apresentar e aplicar
minologia) é mais profunda, reunindo conhecimento de
estratégias políticas e meios de controle da criminalidade
outros ramos do saber que convergem entre si, chegando
na sociedade.
a conclusões harmônicas, uniformes. Por outro lado, a
multidisciplinaridade (também característica da Crimino- • INCIDÊNCIA MASSIVA NA POPULAÇÃO (não se pode
logia, porém, com significado diverso) é mais esparsa, na tipificar como crime um fato isolado);
medida em que apresenta diversas conclusões de vários
ramos do saber, cada qual chegando a resultados de mo- • INCIDÊNCIA AFLITIVA DO FATO PRATICADO (o crime
do independente, ou seja, cada qual apresentando sua deve causar dor à vítima e à comunidade);
visão de determinado ponto de vista sem a preocupação
• PERSISTÊNCIA ESPAÇO – TEMPORAL DO FATO DELI-
de considerar as demais visões.
TUOSO (é preciso que o delito ocorra reiteradamente
Além disso, quando se busca a origem do crime, a Crimi- por um período significativo de tempo no mesmo terri-
nologia se vale da chamada Etiologia Criminal: ciência tório);
que estuda as origens e causas do crime, também chama
• CONSENSO INEQUÍVOCO ACERCA DE SUA ETIOLOGIA
de Criminogênese (Criminogênese = origem (gênese) +
E TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO EFICAZES (a criminali-
crime).
zação de condutas depende de uma análise minuciosa
Sendo assim, definida a Criminologia, como forma de desses elementos e sua repercussão na sociedade).
afastar qualquer dúvida, podemos destacar o que a Crimi-
Delito
nologia não é:
O delito é um fenômeno presente nas sociedades (não
- Não é teorética/abstrata: não se limita aos mundo das
existe afastado da sociedade) e revela múltiplas facetas,
ideias, não sendo ciência que se ocupa de meras pes-
sendo, antes de tudo, um problema social.
quisas e discussões de cunho puramente acadêmico e
teórico, sem aplicação prática. Conforme detalhare- Deliquente
mos em tópico próprio, a Criminologia apresenta duas
fases distintas, sendo a primeira a reunião de resulta- É a pessoa que infringe a norma penal, sem justificação e
dos de seus estudos e investigações (esta sim, teóri- de forma reprovável. Aos delinquentes condenados e
ca), seguida da fase clínica, onde os estudos são apli- submetidos a um devido processo legal aplica-se uma
cados na prática (por isso não se limita à uma ciência sanção criminal, uma pena (privativa de liberdade, restriti-
teorética, pois, para ter sentido, é necessário que seja va de direitos, multa, etc.) que tem como função prevenir
aplicado no dia a dia); e também a repressão do delito.

- Não é normativa/jurídica: a ciência que prescreve re- Podemos aproveitar o gancho para citar os tipos de cri-
gras (define crimes) e sanções é o Direito Penal. minosos/deliquentes que também foram abordados no
seu edital:
Conforme já tratamos, a Criminologia é ciência empírica;
Criminoso nato:
- Não é ciência do “dever ser”: O Direito Penal é um bom
exemplo de ciência do “dever ser”, preocupando-se em A teoria lombrosiana do criminoso nato implicava que,
prescrever condutas para que as pessoas não as pra- mediante a direta análise das características puramente
tiquem. Já a Criminologia, por analisar os fatos por físicas, seria possível prever os indivíduos que se voltari-
meio dos sentidos, busca identificar a realidade em si, am à vida criminosa, tendo a reincidência como um traje-
ou seja, a Criminologia é uma ciência do “ser”. to posterior e natural. Seria uma propensão congênita e
irrenunciável à delinquência.
- Não é uma ciência exata: em se tratando de ramo do
saber operado por seres-humanos, analisando fatos e Criminoso ocasional:
outros seres-humanos, a Criminologia é uma ciência
Geralmente esse tipo de criminoso são influenciados pelo
humana, passível de erro, sem conclusões de caráter
meio de seu convívio, são levados pelas condições pes-
insofismável, ao contrário das ciências exatas.
soais, eles costumam praticar crimes contra o patrimônio,
Objetos da Criminologia como furtos, estelionatos entre outros.

O estudo da Criminologia apoia-se em quatro elementos Criminoso habitual ou profissional:


essenciais (4 objetos): o delito, o delinquente, a vítima e o
Esses criminosos são adquirir uma vida honesta, eles
controle social.
praticam todos os tipos de delitos como tráfico, roubo,
Além dos objetos a criminologia vê um crime com pro- assassinato em série, geralmente são aqueles que tem o
blema social, abrangendo 4 elementos constitutivos: crime como profissão.
Criminoso passional: I - Delinquente Nato, Instintivo ou por tendência congêni-
ta:
Estes agem pelo impulso, durante o transtorno psíquico.
É o tipo instintivo de criminoso, com seus estigmas de
Criminoso alienado: degeneração, Ferri nota como traço característico nessa
modalidade de criminoso a completa atrofia do senso
O crime decorre de problemas permanentes de saúde
moral.Representa a própria revelação da antropologia
mental.
criminal, trata-se de uma realidade humana incontestável.
Criminoso menor (delinquência juvenil): Segundo o autor, se comparado as pessoas comuns, o
criminoso tem na maioria das vezes uma inteligência
A expressão menores infratores se refere aos menores comum, e as vezes até um pouco inferior a média, não
situados abaixo da idade penal, geralmente adolescentes, podendo ser classificados como "gênios do crime", nem
que praticam algum ato classificado como crime. tão pouco se encaixando nos casos de "delinquência pri-
mitiva" e "tipo bestial" em que a inteligência é obtusa e
Após esse resumo vamos aprofundar um pouco mais fa-
deficiente. O criminoso nato caracteriza-se antes de tudo
lando de Enrico Ferri.
pela vontade anormal, ou seja, pela impulsividade desta,
Ao falar em criminologia é de suma importância salientar passa precipitadamente da ideia para a ação, sendo leva-
a visão de Enrico Ferri acerca do criminoso. Apesar de do por motivos totalmente desproporcionais a gravidade
exposição anterior em relação ao autor, não custa salien- do delito, nesse sentido vemos uma falta de senso moral,
tar quem foi Enrico Ferri. Ferri foi um célebre advogado, que nos homens normais é a principal repulsa ao deli-
político militante e um reputado cientista, conhecido por to.Com relação aos delinquentes em estudo, Ferri o clas-
muitos como o "pai da moderna sociologia criminal" , foi sifica como o de maior periculosidade, devido suas condi-
também o principal expoente da chamada escola positiva, ções de anormalidade fisiopsíquica e já que recebem do
buscando incansavelmente aprimorar as teses Lombrosi- ambiente social apenas o incentivo, neles encontramos a
anas acerca das causas da criminalidade. tendência para cometer qualquer delito, frequentemente
com ferocidade anti-humana.
Ferri publicou sua obra Sociologia Criminal em 1914, dan-
do relevo não só aos fatores biológicos (destacados por II - Delinquente Louco:
Lombroso em etapa anterior) como também aos mesoló-
É levado ao crime não apenas por sua enfermidade men-
gicos ou sociológicos, além dos físicos, na etiologia de-
tal, mas também por sua atrofia do senso moral, que pode
linquêncial, ou seja, sustentou a existência do trinômio
ser tanto permanente como transitória e é condição deci-
causal do delito formado por fatores físicos, antropológi-
siva na gênese da delinquência. A enfermidade pode ser
cos e sociológicos.
verdadeira e própria forma clínica de alienação mental
Alguns criticam as idéias de Ferri pelo excesso de preo- (idiota, imbecil, paranóia etc) ou uma psicopatia em que a
cupação com a personalidade do infrator e a e os efeitos condição nevropática se junta a distúrbios psíquicos na
da sanção exercida sobre ele, deixando em segundo plano esfera do sentimento, da inteligência ou da vontade. A
o efeito das sanções penais sobre a sociedade em geral, enfermidade pode ser congênita ou adquirida, incurável
ou seja, enquanto a escola clássica se preocupava estri- ou curável, e podemos dizer que a readaptação do delin-
tamente com a função retributiva da pena, a escola posi- quente vaia variar de acordo com sua condição psicopato-
tiva em lado oposto pensava demasiadamente na função lógica.
ressocializadora.
III - Delinquente Habitual:
A pena, segundo Ferri, é ineficaz se atua isoladamente,
É aquele que, segundo Ferri, nascido e crescido em um
segundo o autor a sanção deve ser precedida ou acom-
ambiente de miséria material e moral, especialmente em
panhada de profundas reformas sociais, econômicas e
meios urbanos, começa desde logo com leves faltas (pe-
orientadas por uma análise científica e etimológica da
quenos furtos, por exemplo), e depois pela influência das
infração. Por isso é que o autor expõe como instrumento
prisões, pela falta de oportunidade e pela aprendizagem
de luta contra o delito uma Sociologia Criminal integrada,
da delinquência, recai obstinadamente no crime, fazendo
em que temos como base a Psicologia Positiva , a Antro-
do delito seu modo de vida. O criminoso em tela é aquele
pologia Criminal e a Estatística Social.
que melhor demonstra a impotência da justiça penal e da
Após breve estudo sobre Enrico Ferri vamos para sua "técnica judiciária" utilizada, em que a prisão e a pena não
divisão dos infratores segundo sua categoria antropológi- educam o indivíduo, apenas o mostra uma nova forma de
ca: viver, sem ao menos dar-lhe outra opção. No relatório
sobre o Projeto de Código Penal Italiano, Enrico Ferri sub- honra, amor etc) e raciocinadas (cobiça, vingança, ódio
dividiu os delinquentes habituais em 4 tipos principais: etc), classificação que tornou-se infrutífera uma vez que
em cada indivíduo a emoção age de uma maneira diferen-
A) Delinquente por tendência congênita aos crimes de te, por exemplo, para alguns a vingança se torna em pai-
sangue e de violência ou contra a propriedade, que, xão cega mais do que a honra e o amor noutrem. Em mo-
nas palavras do autor, antes ou depois da condenação, mento posterior aos clássicos, Ferri apresentou a distin-
repete as suas ações delituosas; ção qualitativa das paixões, classificando-as em úteis e
prejudiciais, favoráveis ou contrárias às condições de
B) Delinquente que comete habitualmente delitos leves,
existência social e chamou-as paixões sociais e anti-
especialmente contra a propriedade, por uma congêni-
sociais. A honra, o amor, o afeto familiar, são emoções
ta repugnância ao trabalho metódico, podemos citar
úteis à espécie humana, são as paixões sociais, sendo
aqui os estelionatários.
assim, somente por uma aberração extraordinária é que
C) Delinquente por hábito adquirido, ou seja, por uma ela leva ao crime, Ferri salienta nesse momento a neces-
infância moralmente abandonada, vai aos poucos evo- sidade de uma repressão Estatal de acordo com a quali-
luindo na gravidade de seus delitos e tornando estes dade da paixão incitadora, pois que ela demonstra um
seu modo de viver, vai piorando progressivamente na grau de periculosidade pequena, ou seja, uma personali-
sua personalidade fisiopsíquica. dade anti-social muito menor. Quando um indivíduo delin-
que (mesmo que em relação a espécies criminais graves
D) Delinquente por mister ou profissional, aquele que na como o homicídio) por honra ofendida ou amor contraria-
maioria das vezes se associa com outros criminosos do, ou por afeto paternal, o alarme social é muito menor
para juntos organizarem uma verdadeira indústria cri- do que quando o agente delinque por cobiça ou por ódio,
minosa, especialmente contra a propriedade (mafio- sendo assim a repressão deve também ser dosimetrada.
sos, falsários internacionais, ladrões de cargas, crimi-
nosos financeiros etc). Segundo Enrico Ferri a primeira Cumpre ressaltar que tanto o criminoso nato como o lou-
e a quarta categoria são as que apresentam maior co (consciente) pode vir a praticar um delito movido por
grau de periculosidade e de incorrigibilidade. honra ofendida ou por amor contrariado e nem por isso
torna-se um delinquente passional, para constituir essa
IV - Delinquente Ocasional: figura deve o agente delituoso ter precedentes ilibados,
motivo proporcionado, execução em estado de comoção
É considerado o de menor periculosidade e de maior cor-
e normalmente seguido de remorso sincero do mal feito.
rigibilidade, representa a grande maioria. É levado a delin-
Uma outra variedade do delinquente emotivo ou passional
quir devido a fortes influências do ambiente somadas a
é o criminoso político-social, ou seja, pratica o ato delitu-
uma insuficiência de repulsão orgânica ou psíquica ao
oso essencialmente político ou de índole econômico-
crime, ou seja, uma predisposição a atividade delituosa.
social, mas não por motivos egoísticos e sim uma repulsa
Aqui se encaixa perfeitamente o dito popular "a ocasião
a ordem pré-estabelecida, podemos aqui chamar de pai-
faz o ladrão", a influência do ambiente pode ser em rela-
xão político-social. Podemos concluir que as idéias de um
ção a facilidade de execução do crime, a necessidades
dos principais expoentes da Escola Positiva foram essen-
familiares ou próprias, comoção pública, etc. Aqui não se
ciais para o desenvolvimento da criminologia. Baseando-
vislumbra o delito por uma atrofia da moral e sim por irre-
se em aspectos mesológicos e sociológicos Ferri conse-
flexão e imprevidência com fraqueza de vontade, pode
guiu implementar as ideias Lombrosianas dando início a
cometer qualquer delito, porém, na maioria dos casos
um nova etapa nos estudos do delinquente. Enrico Ferri
tratam-se de delitos leves. Importante ressaltar a opinião
através de dados estatísticos e muita pesquisa de campo
de Ferri no sentido de que a repressão Estatal em tais
buscou através da motivação do crime estabelecer cate-
casos deve evitar o cárcere, buscando penas alternativas
gorias antropológicas aos delinquentes, dessa maneira
para educação social, nesse sentido o autor formulou a
fornecendo maior subsídio para a legislação combater a
teoria da “saturação criminosa” (que será objeto de estu-
criminalidade, auxiliando a política criminal principalmen-
do em exposição futura).
te em seu aspecto preventivo.
V – Delinquente Passional:
Vítima
É o mais complexo dos tipos de delinquência, os crimina-
Vítima é a pessoa, física ou jurídica, que sofreu, direta ou
listas clássicos não chegaram a resolver o problema da
indiretamente, os efeitos da ação danosa do delinquente.
relação do crime com a paixão e a relativa responsabili-
dade, primeiro se focaram no critério da intensidade, e
depois com Carrara classificaram-as em cegas (temor,
Controle Social Cifras Criminais

Toda convivência mínima em sociedade precisa de meca- Cifras Criminais segundo sociólogo Edwin H. Sutherland,
nismos e de instrumentos que assegurem a harmonia de seria uma espécie de nomenclatura seguida de um con-
seus membros. Busca-se a prevalência dos padrões de ceito próprio para cada delito. Observando de cada um
comportamento sociais dominantes. Nesse sentido, po- deles suas circunstâncias, vítima ou autoria, foi atribuído
demos destacar o conceito do professor Paulo Sumariva um conceito, classificando-os assim da maneira mais
que define controle social como “o conjunto de institui- apropriada possível pelos detalhes que expressam e pela
ções, estratégias e sanções sociais que pretendem pro- singularidade de cada um deles.
mover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas
de convivência social”. Cifras Negras: Esta é definida como todos os crimes que
não chegam ao conhecimento das autoridades, alguns
O controle social é dividido em duas partes, o controle dos fatores que mais contribuem para isso é o fato da
formal e o informal. vítima além de ter sofrido o crime, ela não tem o desejo de
reviver todo aquele trauma novamente, como por exem-
Controle/Agentes sociais INFORMAIS: plo, ir ao Departamento de Polícia prestar depoimento.

São constituídos por aqueles indivíduos ou grupos res- Cifras Douradas: Termo criado por Edwin H. Sutherland
ponsáveis pela formação da base humana fundamental, que relaciona os crimes que são praticados por pessoas
caráter pessoal do indivíduo (sociedade civil), possuindo do alto-escalão, estes que por pertencerem as camadas
finalidade preventiva e educacional. mais altas da sociedade estariam mais propensos a prati-
car tais delitos, um exemplo disso seria os crimes de Cor-
Controle/Agentes sociais FORMAIS:
rupção, lavagem de dinheiro, e etc...
Trata-se da chamada ultima ratio (última razão/trincheira
Cifras Cinzas: São resultados daquelas ocorrências que
do Estado no controle social), de modo a intervir sempre
até são registradas porém não se chega ao processo ou
que os mecanismos de controle informal falharem na
ação penal por serem solucionadas na própria Delegacia
prevenção da criminalidade. Como o próprio nome já su-
de Polícia por meio de conciliação das partes.
gere (formal), são compostos por órgãos e instrumentos
constituídos pelo Estado. Cifras Amarelas: São aquelas em que as vítimas são pes-
soas que sofreram alguma forma de violência cometida
O Controle Social formal é classificado por seleções /
por um funcionário público e deixam de denunciar o fato
instâncias:
aos Órgãos responsáveis por receio e medo de represália.
Primeira Seleção / instância / primário: Apresenta-se com
Cifras Verdes: Consiste nos crimes não chegam ao co-
o início da persecução penal, visando esclarecer a autoria,
nhecimento policial e que a vítima diretamente destes é o
materialidade e circunstâncias do crime. Caracteriza-se
meio ambiente, como exemplo: maus tratos, provocar
pela atuação da Polícia Judiciária (Polícia Civil e Federal).
incêndio em plantio.
Já cai em concursos o fato de que a Polícia Civil é polícia
judiciária integrante do controle social formal (justamente Cifras rosas: São os crimes de caráter homofóbico que
por este motivo, o objeto de estudo da criminologia que não chegam ao conhecimento dos Órgãos.
melhor representa a atuação da polícia judiciária é o con-
trole social). FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

Segunda Seleção / instância / secundário: Caracteriza-se Há, segundo estudiosos, vários fatores sociais que podem
pela atuação do Ministério Público, com a oferta da de- desencadear a criminalidade, são eles:
núncia em face do delinquente.
Sistema econômico:
Terceira Seleção / instância / terciário: Com a tramitação
do processo judicial (recebimento da peça acusatória até A situação econômica é forte influência nos fenômenos
a condenação definitiva), caracteriza-se com a participa- da criminalidade, temos políticas salariais arbitrárias;
ção do Poder Judiciário. grandes indústrias fechando suas portas por estarem
passando por crises; atividade comercial na expandindo;
desempregos e dificuldade de achar colocação no merca-
do de trabalho; aumento velado da inflação e especula-
ção, aumentando o baixo poder aquisitivo popular e fi-
nalmente sob o escudo protetor da justiça, muitos acumu-
lam riquezas, pelas leis que fazem para proteger a coleti- A mal vivência étnica, exemplificando os ciganos, que por
vidade, e que, na verdade camuflam a impunidade dos seu parasitismo social não contribuem moralmente, nem
potentados da exploração da economia popular. A resul- materialmente para a coletividade, pois estes são deno-
tante é que a maioria dos explorados parte para o crime, minados como espertos, malandros, confeccionando e
multiplicando-se tão vorazmente que a criminalidade to- negociando objetos simulados (bijuterias, como ouro;
ma, segundo Liszt, “um caráter patológico-social”. latão como cobre, etc.) coagindo os ingênuos a comprá-
los.
Pobreza:
Há indivíduos que possuem uma impulsão à instabilidade,
A influência da pobreza sobre o crime acontece de forma não permanecendo em lugar fixo, são estes, andarilhos,
indireta. Sentimentos nobres são destruídos com a po- guias, tropeiros, etc. Destacam-se casos de nomadismo,
breza. Muitos advogados ressalvam-se na defesa de seus aqueles que deslocam pelo território de um país em busca
clientes tendo esse princípio. de melhores condições de vida, na maioria das vezes difí-
ceis de serem obtidas, levando os indivíduos à marginali-
Os assaltantes, de um modo geral, são indivíduos semi-
zação, ao desemprego e subemprego e a falta de moradia.
analfabetos, pobres ou ainda miseráveis. Não possuindo
formação moral adequada, são tidos como refugo da so- Longe da vida social sadia, tais indivíduos que vivem à
ciedade, onde nutrem ódio e aversão pelos que possuem margem da sociedade, que em virtude de fugas do lar
bens, especialmente os grandes patrimônios, como man- estão longe da família, sem emprego, sem moradia, de-
sões e automóveis luxuosos. Nutrindo essa revolta de não sempenham um direcionamento à delinquência, ao come-
possuir tais bens e vivendo na pobreza, adquire-se um timento de pequenos delitos, bagatelas delituosas, injú-
sentido de violência, onde esta insatisfação, de inconfor- rias, furtos de ocasião, mendicância e desacato à autori-
midade os leva a atos anti-sociais, desde uma pichação dade.
de muro até a conclusão de um crime bárbaro, pois o fato
é que estes não se apiedam das vítimas, matando-as por Fome e desnutrição:
uma desarmada defesa.
A fome de que se trata é aquela crônica, isto é, a falta de
A má distribuição de riquezas, as crises econômicas, a ter o que comer no dia a dia do indivíduo, impulsionando à
destruição de sentimentos virtuosos são algumas das prática de delitos.
causas da criminalidade.
A nutrição incompleta, faltando às vitaminas A e D, produz
Miséria: o raquitismo, doença grave, que coloca a criança em con-
dição inferior em relação as demais, podendo levá-la à
A miséria é a pobreza levada ao máximo da intensidade. É deformações corporais que na vida escolar começará a
a condição daqueles que tem ainda menos ou nada. Figu- aparecer complexos de inferioridade, ou outros, que terá
rando dentro das mínimas condições de sobrevivência ou reação negativa contra seus colegas, agindo com ressen-
dignidade. Sendo alvos fáceis para a trilha do crime. timentos que mais tarde podem ser extensivos à socieda-
de. Muitas dessas crianças submetidas à inferioridade
A carência de programas de assistência e do auxílio go-
física e intelectual, incapazes para o trabalho e vários
vernamental é a triste realidade dos países subdesenvol-
aspectos de uma vida normal (prática de esportes), po-
vidos.
dem mais tarde seguir um caminho para a delinquência.
Esses fatores agravam a diferença entre as classes soci- Sendo a desnutrição, ou a alimentação inadequada, al-
ais, aumentando o poderio da elite e subjugando a grande guns autores citam que em razão de estragos psicosso-
maioria a subproletarização. máticos que costumam produzir, pode ser fator que pre-
dispõe ou é determinante de criminalidade.
Malvivência:
Civilização, cultura, educação, escola, analfabetismo:
Sob a nomenclatura de vadiagem ou vagabundagem, os
mal viventes não passam de um subproduto das socieda- As classes sociais, tradicionalmente se dividem em: clas-
des desumanas em que vivem. Ou ainda, não passam, na se baixa, classe média e classe alta.
maioria, de pessoas mentalmente anormais, perturbadas
A classe baixa ou inferior é aquela estufada por todos os
ou fisiologicamente doentes. Existe outro grupo de mal
tipos de carência, principalmente carência cultural e eco-
viventes que se originam nas famílias de alcoólatras, e
nômica. A classe média ou burguesia, intermediária, é
por serem incapazes para o trabalho regular adentram
formada por pequenos comerciantes, operários categori-
frequentemente na embriagues, perdendo a noção de
zados, profissionais liberais, microempresários, etc. A
dignidade.
classe alta ou superior é a grande manipuladora das de- A dificuldade de absorver novos imigrantes e migrantes
mais, constituída pela aristocracia do dinheiro, mesmo no mercado de trabalho provoca o aumento da pobreza e
que desonesto. Segundo Aniyar de Castro pensa: O delin- da miséria, sendo fatores que desencadeiam a criminali-
quente estereotipado converte-se num bode expiatório da dade.
sociedade. Para este bode expiatório, dirige-se toda a
carga agressiva das classes baixas que, de outro modo, A mobilidade de um grupo de pessoas de um país a outro,
dirigir-se-ia contra os detentores do poder, às classes influi na criminalidade da segunda geração de imigrantes,
média e alta, permitindo-se descarregarem suas culpas estatisticamente é maior nos filhos de pais de nacionali-
sobre o criminoso da classe inferior. (CASTRO, apud AL- dades diferentes. Há um conflito de cultura, pois são obri-
BERGARIA, 1988: 180) gados a viver duas vidas distintas: uma em casa e outra
no trabalho, na rua ou na escola.
Não significando que a classe alta e média não tenha
seus criminosos, é a classe baixa que detém maior crimi- Política
nalidade, verifica-se esta afirmação pelo número de indi-
Quando as autoridades são maquiavélicas, preocupadas
víduos nos presídios. Porém, a classe alta tem um dos
mais com o fim do que com os meios, a atitude do povo,
piores criminosos, aqueles chamados de “colarinho bran-
acompanha a mesma filosofia. Passa-se a imitar a elite
co”, que dificilmente são encarcerados, mas é tão nocivo
governamental, vivendo nos limites do Código Penal, evi-
para a sociedade, quanto para os órgãos públicos, tama-
tando serem pegos pela lei.
nhos suas forças corruptoras.
Integrantes dos altos escalões do governo acumulam
A cultura funciona como inibidora do ato anti-social, mas
verdadeiras fortunas adquiridas por meios ilícitos e não
o crime também é praticado por intelectuais que infeliz-
declarados. O cidadão humilde assiste à corrupção go-
mente são cada vez menos intelectuais e parece ser ver-
vernamental, não vendo as leis serem aplicadas nem se-
dade que a todo instante aumenta o número de crimes
rem responsabilizados. Isso resulta na negligência da
chamados de colarinho branco.
moral, estimulando atos criminosos, ocorrendo furtos,
Se o ensino tivesse a capacidade de purificar o caráter de falências fraudulentas, estelionatos, apropriações, etc.
alguém, a educação teria grande importância para a cri- Não menos importante, as injúrias, calúnias, difamações
minologia. Mas o que é identificável é que a educação é são provocadas pelo ofício do político.
apenas um fator que atua sobre a infância, em se falando
da formação do caráter, sem contar a genética e outras
situações que faz com que esta criança participe de fatos
ou os assiste, determinando sua conduta. Muito mais do 01.São objetos de estudo da Criminologia moderna
que o ensino, as situações familiares agem sobre o inte- ________, o criminoso, _____________ e o controle social.
lecto, a sensibilidade e não menos o espírito. A educação
não deve ser a única posição que determinaria a conduta Assinale a alternativa que completa, correta e respec-
da criança, especialmente num comportamento anti- tivamente, as lacunas do texto.
social. A) a desigualdade social - o Estado
B) a conduta - o castigo
Inegavelmente a educação tem o poder de influenciar
C) o direito - a ressocialização
atitudes. Ela pode vir a ser um forte elemento auxiliar no
D) a sociedade - o bem jurídico
bom comportamento, principalmente se a ela unem prin-
E) o crime - a vítima
cípios de religiosidade, propondo a adoção de um verda-
deiro código moral, ditada pela religião.
02.A criminologia é conceituada como uma ciência
Migração e imigração; A) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis)
e monodisciplinar.
A migração e a imigração sempre trazem consequências B) empírica (baseada na observação e na experiência)
para a convivência social. Tanto para aqueles que che- e interdisciplinar.
gam, quantos para aqueles que já estão situados no lugar C) social (baseada somente nos estudos do compor-
escolhido pelos imigrados e migrados. tamento social do criminoso) e unidisciplinar.
D) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e
Esse convívio pode gerar conflitos sociais, pois novos multidisciplinar.
costumes, usos, valores e hábitos são trazidos para den- E) humana (baseada na observação do criminoso e da
tro da nova coletividade escolhida. vítima e unidisciplinar.
03.A Criminologia adquiriu autonomia e status de ciência E) a preocupação com o estudo da vítima motivou a
quando o positivismo generalizou o emprego de seu criação da criminologia como ciência autônoma,
método. Nesse sentido, é correto afirmar que a crimi- sendo este, por consequência, seu primeiro objeto
nologia é uma ciência. de estudo.
A) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método abstrato,
formal e dedutivo, baseado em deduções lógicas e 06.A criminologia:
da opinião tradicional. A) é uma ciência do dever ser, conceitual e teórica, que
B) empírica e teorética; logo, utiliza-se do método indu- não se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
tivo e empírico, baseado em deduções lógicas e B) é uma ciência do dever ser, empírica e experimental,
opinativas tradicionais. que se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
C) do “ser”; logo, serve-se do método indutivo e empíri- C) é uma ciência do ser, empírica e experimental, que
co, baseado na análise e observação da realidade. se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
D) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método indutivo e D) não é uma ciência, sendo reconhecida como doutri-
empírico, baseado na análise e observação da reali- na alicerçada no ser e que se utiliza de métodos bio-
dade. lógicos, sociológicos e empíricos.
E) do “ser”; logo, serve-se do método abstrato, formal e E) é uma ciência do ser, conceitual e teórica, que não
dedutivo, baseado em deduções lógicas e da opini- se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
ão tradicional.
07.Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar:
04.A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal A) o crime é um fenômeno social.
A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas nega- B) estuda o crime, o criminoso, mas não a vítima.
da pelos estudiosos do segundo. C) é uma ciência normativa e valorativa.
B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é D) o crime é um fenômeno filosófico.
considerada ciência, ao contrário do segundo. E) não tem por base a observação e a experiência.
C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a
primeira desenvolve em relação ao segundo. 08.Para a Criminologia, o crime pode ser considerado
D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os como:
conceitos da primeira são emprestados do segundo. A) uma relação jurídica de conteúdo individual e coleti-
E) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo vo.
objeto e são concretizados pelo mesmo método de B) um pecado praticado por quem escolheu o mal.
estudo, qual seja, o empírico. C) um fato típico e antijurídico.
D) um desvio de conduta que atenta contra a moral e
05.Em relação ao conceito e aos objetos de estudo da os bons costumes.
criminologia, é correto afirmar que: E) um problema social e comunitário.
A) a criminologia é o ramo das ciências criminais que
define as infrações penais (crimes e contravenções) 09.O objeto de estudo da Criminologia que mais traduz a
e comina as respectivas sanções (penas e medidas função exercida pela polícia judiciária é
de segurança). A) a vítima.
B) a criminologia extrapola a análise do controle social B) o criminoso.
formal do crime, preocupando-se também com os C) o autor do fato.
sistemas informais, e, sob um ponto de vista crítico, D) o crime.
pode até mesmo defender a extinção de alguns cri- E) o controle social.
mes para determinadas condutas.
C) após os inúmeros equívocos e abusos cometidos a 10.Para a Criminologia, o crime pode ser considerado
partir das visões lombrosianas, a criminologia mo- como:
derna afastou-se do estudo sobre o criminoso, pois A) uma relação jurídica de conteúdo individual e coleti-
funda-se em conceitos democráticos e respeita os vo.
direitos fundamentais da pessoa humana. B) um pecado praticado por quem escolheu o mal.
D) o estudo do crime por parte da criminologia tem por C) um fato típico e antijurídico.
objetivo principal a análise de seus elementos obje- D) um desvio de conduta que atenta contra a moral e
tivos e subjetivos indispensáveis à tipificação penal os bons costumes.
E) um problema social e comunitário.
11.Assinale a alternativa que NÃO engloba um objeto de 14.A instalação, na cidade de São Paulo, de câmeras de
estudo criminológico. videomonitoramento que possuem a funcionalidade de
A) O crime. leitura de placas de veículos e cruzamento com banco
B) A vítima. de dados criminais, com o objetivo de identificar veí-
C) O “dever-ser”. culos utilizados ou que foram objeto da prática de cri-
D) O controle social do comportamento delitivo. mes pode ser definida, no âmbito do conceito de Esta-
E) A personalidade do delinquente. do Democrático de Direito e dos modernos conceitos
de prevenção criminal do crime, como uma medida
12.A moderna criminologia se dedica, também, ao estudo prioritariamente de prevenção
do controle social do delito, tendo este objeto repre- A) secundária. D) terciária.
sentado um giro metodológico de grande importância. B) básica. E) primária.
Assinale a alternativa correta: C) quaternária.
A) a família, a escola, a opinião pública, por exemplo,
são instituições encarregadas de exercer o controle 15.Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de
social primário. política de prevenção criminal prioritariamente terciá-
B) a polícia, o Judiciário, a administração penitenciária, ria.
por exemplo, são instituições encarregadas de A) Previsão do direito do condenado de abreviar o
exercer o controle social informal. tempo imposto em sua sentença penal, mediante
C) a polícia, o Judiciário, a administração penitenciária, trabalho, estudo ou leitura.
por exemplo, são instituições encarregadas de B) Instalação de câmeras de videomonitoramento em
exercer o controle social formal. um estabelecimento que foi alvo de diversos rou-
D) a família, a escola, a opinião pública, por exemplo, bos.
são instituições encarregadas de exercer o controle C) Melhoria na regulação do sistema financeiro para
social terciário. prevenção às práticas de lavagem de dinheiro.
E) a família, a escola, a opinião pública, por exemplo, D) Programas de educação aos jovens para prevenção
são instituições encarregadas de exercer o controle ao uso de drogas.
social secundário. E) Instalação de iluminação pública em locais com alto
índice de criminalidade.
13.No Estado Democrático de Direito a prevenção criminal
é integrante da agenda federativa passando por vários 16.O saber criminológico, no Estado Democrático de Direi-
setores do Poder Público, não se restringindo à Segu- to, tem por objetivo evitar a ocorrência do delito; por-
rança Pública e ao Judiciário. Com relação à preven- tanto, são aspectos importantes de prevenção terciária
ção criminal, assinale a afirmativa correta: A) o policiamento, a assistência social e o conselho tu-
A) A prevenção primária se orienta aos grupos que os- telar.
tentam maior risco de protagonizar o problema cri- B) a educação, a religião e o lazer.
minal, se relacionando com a política legislativa pe- C) a laborterapia, a liberdade assistida e a prestação
nal e com a ação policial. de serviços comunitários.
B) A prevenção secundária corresponde a estratégias D) as posturas municipais, a classificação etária dos
de política cultural, econômica e social, atuando, por programas televisivos e o civismo.
exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e E) a cultura, a qualidade de vida e o trabalho.
bem-estar social.
C) A prevenção terciária se orienta aos grupos que os- 17.É correto afirmar que as medidas voltadas à população
tentam maior risco de protagonizar o problema cri- carcerária, com caráter punitivo e com desiderato na
minal, se relacionando com a política legislativa pe- recuperação do recluso para evitar, por meio da resso-
nal e com a ação policial. cialização, sua reincidência,
D) A prevenção secundária tem como destinatário o A) integram a prevenção primária, atacando a raiz do
condenado, se orientando a evitar a reincidência da conflito e visando à recuperação do criminoso, di-
população presa por meio de programas reabilitado- minuindo-se os indicadores criminais.
res e ressocializadores. B) são relevantes para a criminologia, impactando na
E) A prevenção primária corresponde a estratégias de diminuição dos indicadores criminais, entretanto
política cultural, econômica e social, atuando, por não podem ser consideradas como medidas de pre-
exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e venção.
bem-estar social.
C) são relevantes para a criminologia e integram a pre- E) A distribuição de renda adequada, a mão de obra
venção terciária, visando à recuperação do crimino- qualificada e um sistema de ensino de qualidade fa-
so. vorecem a criminalidade.
D) são relevantes para a criminologia, atacando a raiz
do conflito e visando à recuperação do criminoso, 21.A respeito dos fatores condicionantes e desencadean-
entretanto não podem ser consideradas como me- tes da criminalidade, é correto afirmar que
didas de prevenção. A) apenas os jovens pobres cometem crimes, o que
E) são relevantes para a vitimologia, atacando a raiz não é o caso dos jovens de classes sociais mais
do conflito e visando à recuperação do criminoso, abastadas.
entretanto não podem ser consideradas como me- B) a desagregação familiar vivida por uma criança ou
didas de prevenção. adolescente necessariamente o conduzirá a uma
carreira criminosa na vida adulta.
18.Com relação à criminologia no Estado Democrático de C) de acordo com as estatísticas, a mulher comete
Direito, é correto afirmar que as políticas públicas de menos crimes que o homem.
Segurança Pública devem D) não há qualquer constatação de aumento na prática
A) primar pela repressão ao crime e pelo combate à de crimes em períodos de guerras ou revoluções.
corrupção. E) a baixa produtividade escolar, o analfabetismo e o
B) priorizar a prevenção criminal integralizada com to- precoce abandono escolar são características ra-
dos os entes federativos. ramente observadas nos criminosos de classes so-
C) priorizar a prevenção criminal terciária e a repressão ciais baixas.
ao crime organizado.
D) primar pela repressão criminal integralizada com 22.Pode-se citar como um dos fatores sociais desenca-
todos os entes federativos. deantes da criminalidade:
E) primar pela repressão ao crime e pelo controle soci- A) as condições favoráveis de habitação ou moradia.
al. B) o desemprego, no caso dos crimes do colarinho
branco.
19.É correto afirmar que os programas de apoio, de con- C) a migração, pela facilidade de adaptação em hábi-
trole de meios de comunicação, de ordenação urbana tos e culturas locais.
estão inseridos como medidas de prevenção. D) o crescimento populacional ordenado e planejado.
A) secundária. E) a pobreza, no caso dos crimes contra o patrimônio.
B) primária.
C) imediata. 23.Entende-se por mal vivência:
D) terciária. A) o jovem que sai de casa antes de completar dezoito
E) controlada. anos.
B) o grupo polimorfo de indivíduos que vivem à mar-
20.Assinale a alternativa correta quanto aos fatores con- gem da sociedade.
dicionantes e desencadeantes da criminalidade. C) a família que discute constantemente.
A) A migração pode causar dificuldades de adaptação D) o homem que bate na mulher.
em face das diferenças culturais, hábitos e valores, E) o filho que agride os pais.
bem como um excedente de mão de obra, propici-
ando uma alta taxa de desemprego, o que influencia 24.É correto afirmar que a cifra negra corresponde à cri-
na criminalidade. minalidade
B) O desrespeito entre as pessoas quanto a raça, cor, A) sem registro oficial, desconhecida, impune e não
sexo e etnia não são fatores relevantes que propici- elucidada.
am a criminalidade na sociedade. B) registrada, investigada, todavia impune.
C) O crescimento populacional ordenado ou planejado, C) registrada, mas não investigada pela Polícia.
a presença do poder público em todas as áreas so- D) sem registro oficial, não investigada, porém denun-
ciais e a educação de qualidade são fatores desen- ciada pelo Ministério Público.
cadeantes da criminalidade. E) registrada, investigada, contudo não elucidada.
D) As condições desfavoráveis de habitação e moradia
propiciam a promiscuidade, o desaparecimento de 25.O termo cifra dourada é indicativo
valores, o desrespeito ao próximo e a baixa autoes- A) dos crimes praticados por membros da realeza.
tima, portanto, não são fatores desencadeantes da B) da violência doméstica ocorrida nas classes altas e
criminalidade. não relatadas à polícia.
C) dos crimes esclarecidos mediante à oferta de uma
recompensa.
D) do número de jovens de alto poder aquisitivo envol-
vidos com o narcotráfico.
E) dos crimes denominados de “colarinho branco”.

26.Uma vítima que, ao querer registrar uma ocorrência,


encontra resistência ou desamparo da família, dos co-
legas de trabalho e dos amigos, resultando num de-
sestímulo para a formalização do registro, ocasiona o
O Sistema de Justiça Criminal Brasileiro é formado por
que é chamado de “cifra negra”. Neste caso, estamos
instituições policiais pertencentes à União, polícias Fede-
diante da vitimização.
ral e Rodoviária Federal, e aos estados-membros, polícias
A) primária. D) quintenária
Militar e Civil, além, é claro, do Ministério Público, Poder
B) secundária E) terciária.
Judiciário e Sistema Penitenciário.
C) quaternária
No plano estadual, normalmente, as engrenagens desse
27.São conhecidas por __________os crimes que não são sistema são acionadas a partir do registro de um suposto
registrados em órgãos oficiais encarregados de sua fato criminoso por parte da Polícia Militar, por meio do
repressão, em decorrência de omissão das vítimas, por boletim de ocorrência, que é encaminhado à Polícia Civil.
temor de represália. É atribuição dela verificar se a ocorrência tem fundamen-
to e, em caso positivo, buscar indícios e evidências da
Assinale a alternativa que preenche corretamente a autoria e da materialidade do crime.
lacuna.
A) estatísticas azuis O trabalho de investigação realizado pela Polícia Civil,
B) estatísticas brancas denominado inquérito policial, é um procedimento admi-
C) cifras douradas nistrativo, anterior à ação penal oferecida pelo Ministério
D) cifras negras Público, mantido sob a guarda do escrivão de polícia e
E) cifras cinza presidido pelo delegado de polícia, que tem por objetivo
reunir os elementos necessários (provas) à apuração da
28.Os “crimes de colarinho branco” são delitos conheci- prática de uma infração penal e sua autoria.
dos na Criminologia por
A) crimes contra a dignidade social. Mencionado documento, uma vez elaborado, é encami-
B) crimes de menor potencial ofensivo. nhado ao Poder Judiciário (juiz de direito) que, imediata-
C) cifras cinza. mente, o remete ao Ministério Público (nos casos de ação
D) cifras amarelas. pública), para que analise o conjunto probatório nele con-
E) cifras douradas. tido. Uma vez convencido da existência de elementos
suficientes de autoria e materialidade, o promotor de Jus-
29.Marque a alternativa CORRETA, no que diz respeito à tiça tem a obrigação de oferecer a denúncia contra o su-
classificação do criminoso, segundo Lombroso: posto autor. Caso contrário, deve solicitar ao Poder Judi-
A) Criminoso louco: é o tipo de criminoso que tem ins- ciário o arquivamento do inquérito.
tinto para a prática de delitos, é uma espécie de sel-
Uma vez oferecida pelo Ministério Público e acatada pelo
vagem para a sociedade.
juiz, a denúncia dá origem ao processo penal, que tem a
B) Criminoso nato: é aquele tipo de criminoso malvado,
função de buscar, por meio da prova, a restituição do fato
perverso, que deve sobreviver em manicômios.
considerado criminoso. Essa busca leva em consideração
C) Criminoso por paixão: aquele que utiliza de violência
os princípios constitucionais - e tem como finalidade for-
para resolver problemas passionais, geralmente é
mar a convicção do juiz a respeito da verdade ou não da
nervoso, irritado e leviano.
acusação que paira sobre o réu.
D) Criminoso por paixão: este aponta uma tendência
hereditária, possui hábitos criminosos influenciados Desde o oferecimento da denúncia até o fim do processo,
pela ocasião. que ocorre por meio da sentença prolatada pelo juiz, con-
E) Criminoso louco: é o criminoso sórdido com defici- denando ou absolvendo o réu, há intensa participação do
ência do senso moral e com hábitos criminosos in- promotor de Justiça, que figura como parte acusadora, e
fluenciados pela situação. do advogado (ou defensor público), que atua realizando a
defesa do réu. Uma vez definitivamente considerado cul-
pado pela prática do ilícito penal, entra em cena o sistema isto é, exige a participação constante do juiz e das partes
penitenciário, abrigando o condenado durante a execução nos diversos atos processuais, em observância ao que
da pena. preconiza o princípio constitucional da ampla defesa e do
contraditório - gerando óbices, muitas vezes irreversíveis,
O que parece um sistema teoricamente perfeito, na ver- para a celeridade da sistemática de persecução criminal.
dade apresenta enormes problemas de ordem prática. O
sociólogo e professor Luís Flávio Sapori, ao concentrar Do exposto, pode-se observar que os diversos atores que
estudos no grau de articulação das organizações que atuam no Sistema de Justiça Criminal pertencem a orga-
compõem o Sistema de Justiça Criminal, afirma que os nizações distintas, com tarefas específicas a serem de-
diferentes segmentos organizacionais tendem a agir se- sempenhadas no curso do processo penal. Referidas tare-
gundo lógicas distintas e muitas vezes conflitantes, con- fas, apesar de não serem divergentes - vez que têm como
trariando a divisão de trabalho harmoniosa teoricamente escopo a manutenção e restauração da ordem pública -
prevista. Em decorrência disso, acrescenta, disputas por caminham por interesses diversos, contribuindo para o
espaços de poder são recorrentes, críticas recíprocas afrouxamento do sistema.
entre os diversos segmentos organizacionais são comuns
- e a intensidade desses conflitos pode se constituir em Agora vamos detalhar mais um pouco sobre cada um
foco crônico de ineficiência do sistema, afetando o de- desses elementos.
sempenho das instituições.
POLÍCIA MILITAR, CIVIL, FEDERAL E GUARDA MUNICI-
Como já demonstrado, cabe à Polícia Civil a elaboração de PAL.
um documento, o inquérito policial, que normalmente
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito
serve de base para o convencimento do Ministério Públi-
e responsabilidade de todos, é exercida para a preserva-
co e o consequente oferecimento (ou não) da denúncia
ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
contra o suposto autor do delito. O inquérito policial, devi-
do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
do às suas peculiaridades, tem um lado "descolado" dos
ditames legais, na medida em que não proporciona ao I - polícia federal;
indiciado a garantia de direitos basilares, como o da am-
pla defesa e do contraditório, que somente serão assegu- II - polícia rodoviária federal;
rados ao acusado durante o processo criminal.
III - polícia ferroviária federal;
Observa-se, assim, na visão do renomado sociólogo, um
IV - polícias civis;
fluxo processual que transpassa do desrespeito implícito
para o respeito explícito da lei, o que acaba por ensejar V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
críticas e acusações recíprocas entre as organizações
envolvidas. Juízes e promotores corriqueiramente des- § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
qualificam o trabalho investigativo realizado pela Polícia permanente, estruturado em carreira, destina-se a:
Civil, atribuindo-lhe o "lado sujo" do sistema. Ao passo
que os policiais civis criticam o excesso de formalismo da I - apurar infrações penais contra a ordem política e
fase judicial e sua extrema condescendência para com os social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
criminosos. União ou de suas entidades autárquicas e empresas pú-
blicas, assim como outras infrações cuja prática tenha
Na prática, demonstra Sapori, muito do trabalho policial é repercussão interestadual ou internacional e exija repres-
simplesmente repetido na fase judicial. O resultado dessa são uniforme, segundo se dispuser em lei;
ambiguidade não é apenas a desconfiança recíproca en-
tre as organizações, como é o caso da polícia e do Minis- II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
tério Público, mas também a persistência de focos crôni- e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem preju-
cos de violação dos direitos civis na Justiça criminal bra- ízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas
sileira. respectivas áreas de competência;

A frouxa articulação do sistema é também evidenciada III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de
quando se analisa a atuação do Poder Judiciário. Movida fronteiras;
pelo princípio da inércia, a atividade jurisdicional somente
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
é exercida quando provocada pela parte ou pelo interes-
judiciária da União.
sado. Soma-se a isso o fato de que o processo penal em
vigor se utiliza da técnica típica do modelo acusatório,
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, es- O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também está inse-
truturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa- rido na Justiça Federal. Ele é o responsável pelo controle
trulhamento ostensivo das rodovias federais. da atuação administrativa e financeira dos tribunais. E
ainda, ele responde pelo planejamento estratégico do
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, es- judiciário e pela fiscalização da conduta dos magistrados.
truturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa-
trulhamento ostensivo das ferrovias federais. Junto com o STF e CNJ, há o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) que é também um dos órgãos máximos do Poder
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polí- Judiciário do Brasil. Ele possui a responsabilidade de
cia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da padronizar a aplicação e interpretação da Lei no Brasil.
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de Por exemplo, é ele que garante que um tribunal do Rio
infrações penais, exceto as militares. Grande do Sul aplique uma lei da mesma forma que é
aplicada em Rondônia. Em resumo, ele define a forma
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a
mais adequada da lei ser seguida pelas instâncias inferio-
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
res.
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil. Já a Justiça Estadual, a qual está inserida na Justiça Co-
mum, possui a competência de julgar matérias que não
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros mili-
estão inseridas na Justiça Especializada, como eleitoral,
tares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-
militar e trabalhista. Para isso, ela é dividida em duas
se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores
instâncias.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
A primeira instância é composta pelos juízes de direito,
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento
fóruns, juizados especiais cíveis e criminais que julgam
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de ma-
casos de baixo potencial ofensivo e as turmas recursais.
neira a garantir a eficiência de suas atividades.
Em seguida, a segunda instância, é constituída pelos de-
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni- sembargadores, que possuem a função de julgar recursos
cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e interpostos contra as decisões provenientes da primeira
instalações, conforme dispuser a lei. instância.

MINISTÉRIO PÚBLICO

PODER JUDICIÁRIO O Ministério Público (por vezes chamado também de Pro-


curadoria-Geral, Ministério Fiscal e Promotoria Geral) é
O Poder Judiciário é o órgão que possui a função de ad- um organismo público, geralmente estatal, ao que se atri-
ministrar a lei e a justiça perante a sociedade. Isso signi- bui, dentro de um Estado de direito democrático, a repre-
fica que esse setor possui a finalidade de defender os sentação dos interesses da sociedade mediante o exercí-
direitos de pessoa física, jurídica, animal ou ambiental. cio das faculdades de direção da investigação dos fatos
Desta forma, ele promove a justiça e resolve os conflitos que revestem os caracteres de delito, de proteção às víti-
que possam surgir na sociedade, através de métodos mas e testemunhas, e de titularidade e sustento da ação
como investigação, apuração, julgamento e punição. penal pública.

O Poder Judiciário é dividido em duas partes, sendo elas: Da mesma forma, está encarregado de contribuir para o
Justiça Comum e Justiça Especializada. A primeira é estabelecimento dos critérios da política criminal ou da
composta pela Justiça Federal e Justiça Estadual. Já a persecução penal dentro do Estado, à luz dos princípios
Justiça Especializada é constituída pela Justiça do Traba- orientadores do Direito penal moderno (como o de mínima
lho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar. intervenção e de seletividade).

Dentro da Justiça Federal há o Supremo Tribunal Federal Por sua qualidade no procedimento e sua vinculação com
(STF) que é o maior órgão dentro desta divisão. O STF os demais intervenientes no processo penal, é um sujeito
tem entre suas principais funções a guarda da Constitui- processual e parte no mesmo, por sustentar uma posição
ção Federal, ou seja, ele é responsável por efetivar todos oposta ao imputado e exercer a ação penal (em alguns
os direitos descritos neste livro de conjunto de leis. Ele países em forma monopólica). No entanto, é parte formal
também possui a função de julgar ações penais contra e não material, por carecer de interesse parcial (como um
autoridades com foro privilegiado, como é o caso de par- simples particular) e por possuir uma parcialidade que
lamentares como deputados e senadores. encarna à coletividade (ao Estado) e que exige, para tanto,
que seja um fiel reflexo da máxima probidade e virtude 02.A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
cívica no exercício de suas atribuições e no cumprimento ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação
de seus deveres. da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio. Sobre o tema, assinale a alternativa corre-
SISTEMA PENITENCIÁRIO ta.
A) A polícia federal, instituída por lei como órgão per-
Sistema penitenciário é o conjunto dos estabelecimentos
manente, organizado e mantido pela União e estru-
de regime aberto, fechado e semi-aberto, masculinas e
turado em carreira, destina-se a exercer as funções
femininas, incluindo os estabelecimentos penais em que
de polícia judiciária da União, mas sem exclusivida-
o recluso ainda não foi condenado, sendo estas unidades
de.
chamadas de estabelecimento penal
B) A segurança viária compete, no âmbito dos Estados,
O sistema penitenciário brasileiro tem como objetivo a do Distrito Federal e dos Municípios, aos respecti-
ressocialização, educação e a referente punição ao seu vos órgãos ou entidades executivos e seus agentes
delito. É uma forma de vingança social, pois uma vez que de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da
a autotutela é proibida, o Estado assume a responsabili- lei.
dade de retaliação dos crimes, isolando o criminoso para C) A lei não disciplinará a organização e o funciona-
que ele possa refletir sobre os seus atos, alheio a influên- mento dos órgãos responsáveis pela segurança pú-
cias externas. Através da prisão, o infrator é privado da blica, cabendo a cada órgão determinar suas diretri-
sua liberdade, deixando de ser um risco para a sociedade. zes a fim de garantir a eficiência de suas atividades.
D) As polícias militares e os corpos de bombeiros mili-
tares, forças auxiliares e reserva do Exército subor-
dinam-se, ao contrário das polícias civis e das polí-
cias penais estaduais e distrital, aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
01.A segurança pública, dever do Estado, direito e res- E) A polícia ferroviária federal, órgão transitório, orga-
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação nizado e mantido pelos Estados e estruturado em
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha-
patrimônio. Sobre o tema, assinale a alternativa corre- mento ostensivo das ferrovias federais.
ta.
A) A polícia federal, instituída por lei como órgão per- 03.Segundo as disposições do Art. 144 da Constituição
manente, organizado e mantido pela União e estru- Federal, o órgão permanente, integrante da segurança
turado em carreira, destina-se a exercer as funções pública, organizado e mantido pela União e estrutura-
de polícia judiciária da União, mas sem exclusivida- do em carreira, que se destina, na forma da lei, ao pa-
de. trulhamento ostensivo das rodovias federais, denomi-
B) A segurança viária compete, no âmbito dos Estados, na-se:
do Distrito Federal e dos Municípios, aos respecti- A) Polícias Civis.
vos órgãos ou entidades executivos e seus agentes B) Polícia Ferroviária Federal.
de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da C) Corpo de Bombeiros Militares.
lei. D) Polícia Rodoviária Federal.
C) A lei não disciplinará a organização e o funciona- E) Guarda Municipal.
mento dos órgãos responsáveis pela segurança pú-
blica, cabendo a cada órgão determinar suas diretri- 04.De acordo com o art. 144, da Constituição Federal de
zes a fim de garantir a eficiência de suas atividades. 1988, a polícia federal, instituída por lei como órgão
D) As polícias militares e os corpos de bombeiros mili- permanente, organizado e mantido pela União e estru-
tares, forças auxiliares e reserva do Exército subor- turado em carreira, destina-se a,
dinam-se, ao contrário das polícias civis e das polí-
cias penais estaduais e distrital, aos Governadores Assinale a alternativa INCORRETA:
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. A) Apurar infrações penais contra a ordem política e
E) A polícia ferroviária federal, órgão transitório, orga- social ou em detrimento de bens, serviços e interes-
nizado e mantido pelos Estados e estruturado em ses da União ou de suas entidades autárquicas e
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha- empresas públicas, assim como outras infrações
mento ostensivo das ferrovias federais. cuja prática tenha repercussão interestadual ou in-
ternacional e exija repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei.
B) Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes A) Dirigida por delegados de polícia de carreira, incum-
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem bem, ressalvada a competência da União, as fun-
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos pú- ções de polícia judiciária e a apuração de infrações
blicos nas respectivas áreas de competência. penais, exceto as militares
C) Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá- B) Cabe a ela o exercício da polícia ostensiva e a pre-
ria e de fronteiras. servação da ordem pública
D) Exercer a função de polícia ostensiva e a preserva- C) Destina-se a apurar infrações penais contra a ordem
ção da ordem pública. política e social ou em detrimento de bens, serviços
E) Exercer, com exclusividade, as funções de polícia e interesses da União ou de suas entidades autár-
judiciária da União. quicas e empresas públicas, assim como outras in-
frações cuja prática tenha repercussão interestadu-
05.A respeito da Segurança Pública na Constituição Fede- al ou internacional e exija repressão uniforme, se-
ral de 1988, art. 144, é correto afirmar que gundo dispuser em lei
A) Os Municípios são obrigados a constituir guardas D) Exerce as funções de polícia marítima e execução
municipais destinadas à proteção de seus bens, de atividade da defesa civil
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. E) Destina-se ao patrulhamento ostensivo das ferrovi-
B) As polícias militares, forças auxiliares e reserva das as federais, bem como prevenir e reprimir o tráfico
Forças Armadas, exercerão a polícia ostensiva e a ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contra-
preservação da ordem pública. bando e o descaminho
C) a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal são
forças auxiliares e reserva da Marinha, do Exército e 08.A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
da Aeronáutica. ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação
D) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
de carreira, incumbem, ressalvada a competência patrimônio. Considerando sua estrutura, assinale a al-
da União, as funções de polícia judiciária e a apura- ternativa que não contém um de seus órgãos.
ção de infrações penais, exceto as militares. A) Guardas Municipais
E) As polícias militares e os corpos de bombeiros mili- B) Polícia Federal
tares, subordinam-se, juntamente com as polícias C) Polícia Rodoviária Federal
civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos D) Polícias Civis
Governadores e aos Presidentes das Assembleias E) Polícias militares e corpos de bombeiros militares
Legislativas dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios. 09.No tocante à segurança pública é correto afirmar:
A) A segurança pública é de competência exclusiva
06.É correto afirmar que a Constituição Federal de 1988 dos Estados.
contempla que: B) A segurança pública é restrita à atuação dos órgãos
A) As Guardas Municipais serão criadas obrigatoria- policiais legalmente constituídos.
mente com a denominação de “Guarda Civil Munici- C) A segurança pública na esfera municipal deve ser
pal”. exercida prioritariamente pelas guardas municipais,
B) Os uniformes das Guardas Municipais não poderão cabendo à polícia militar atuar apenas de maneira
ser semelhantes aos das Polícias Militares. reativa.
C) Os municípios que possuírem mais de 50 mil habi- D) O governo federal não vê como legítima a atuação
tantes deverão possuir Guarda Municipal. dos Municípios na segurança pública.
D) A atuação da Guarda Municipal será fiscalizada, em E) É permitido aos Municípios, através do Fundo Naci-
âmbito federal, pela Polícia Federal e em âmbito es- onal de Segurança Pública requisitar recursos do
tadual, pelas Polícias Militares. governo federal para apoiar projetos de segurança.
E) Os Municípios poderão constituir guardas munici-
pais destinadas à proteção de seus bens, serviços e 10.Analise o enunciado abaixo:
instalações.
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsa-
07.A Polícia Federal, instituída por lei como órgão perma- bilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
nente, é organizada e mantida pela União e estruturada pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio...
em carreira. Sobre suas atribuições, assinale a alterna- (Artigo 144, Constituição da República Federativa do
tiva correta. Brasil, 1988)
Sobre o tema aponte o item INCORRETO: A) O Ministério Público dos Estados tem por chefe o
A) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia Procurador-Geral da República, nomeado pelo Pre-
de carreira, incumbem, ressalvada a competência sidente da República.
da União, as funções de polícia judiciária e a apura- B) O Ministério Público é instituição intermitente, es-
ção de infrações penais, exceto as militares. sencial à função jurisdicional do Estado, incumbin-
B) Os Municípios poderão constituir guardas munici- do-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime demo-
pais destinadas à proteção de seus bens, serviços e crático e dos interesses individuais indisponíveis.
instalações, conforme dispuser a lei. C) São princípios institucionais do Ministério Público a
C) Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a unidade, a divisibilidade e a independência funcio-
preservação da ordem pública; aos corpos de bom- nal, bem como a estabilidade dos seus servidores
beiros militares, além das atribuições definidas em D) O Ministério Público elaborará sua proposta orça-
lei, incumbe a execução de atividades de defesa ci- mentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
vil. diretrizes orçamentárias.
D) A polícia rodoviária federal, órgão permanente, es-
truturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao 14.O Ministério Público é uma instituição permanente,
patrulhamento ostensivo de todas as rodovias do essencial à função jurisdicional do Estado. São princí-
país. pios institucionais do Ministério Público:
A) a dualidade, a indivisibilidade e a dependência fun-
11.A respeito dos diferentes órgãos e suas atribuições cional.
constitucionais específicas, é correto afirmar: B) a dualidade, a divisibilidade e a dependência funci-
A) A Polícia Federal previne e reprime o tráfico ilícito onal.
de entorpecentes e drogas afins. C) somente a dependência funcional.
B) A Polícia Civil exerce com exclusividade as atribui- D) a unidade, a indivisibilidade e a independência fun-
ções de polícia judiciária da União. cional.
C) A Polícia Militar exerce as funções de polícia marí- E) somente a unidade.
tima, aeroportuária e de fronteiras.
D) A Guarda Municipal, órgão policial de segurança 15.Ao Ministério Público compete, de acordo com o art.
pública, exerce a prevenção e a repressão de ilícitos 257 do CPP, fiscalizar a execução da lei e promo-ver,
no âmbito dos municípios. privativamente, a ação penal
E) O Corpo de Bombeiros destina-se ao policiamento A) pública.
preventivo contra incêndios. B) pública incondicionada, e manifestar--se como cus-
tos legis, nas ações penais públicas condi-cionadas.
12.O Ministério Público é um órgão independente, que C) privada, quando houver representação da vítima
não está vinculado a nenhum dos Poderes (Executivo, D) pública condicionada, e manifestar--se como custos
Legislativo e Judiciário). De acordo com a Constituição legis, nas ações penais públicas incondicionadas.
da República, é uma instituição permanente que pos- E) pública e, quando houver representação da vítima,
sui autonomia e independência funcional. promover em seu nome a ação penal privada

Sobre a atuação dos Ministério Público, analise os 16.O Ministério Público é instituição permanente, essen-
itens abaixo e a alternativa INCORRETA: cial à função jurisdicional do Estado, incumbido-lhe a
A) É responsável por garantir que todos se comportem defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
de acordo com a legislação vigente. Isso vale para interesses sociais e individuais indisponíveis (Art. 127
os governos e para os particulares. da Constituição).
B) Zela pelo respeito dos serviços de relevância públi-
ca. A esse respeito, analise as afirmativas a seguir.
C) Exerce o controle interno da atividade policial. I. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão
D) Requisita diligências investigatórias e a instauração nos processos em que o juiz ou qualquer das partes
de inquérito policial. for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim,
E) É uma espécie de “ouvidoria da sociedade brasilei- em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu-
ra” sive, e a eles se estendem, no que lhes for aplicável,
as prescrições relativas à suspeição e aos impedi-
13.Em conformidade com a Constituição da República mentos dos juízes.
Federativa do Brasil de 1988 é correto afirmar:
II. A participação de membro do Ministério Público na D) unidades prisionais femininas ou masculinas, a cri-
fase investigatória criminal não acarreta impedi- tério do juiz.
mento ou suspeição para o oferecimento da denún- E) unidades prisionais específicas para apenados
cia. LGBT.
III. No caso de ação penal privada subsidiária da públi-
ca, cabe ao Ministério Público aditar a queixa, repu- 20.Em 2017, houve uma série de rebeliões de detentos
diá-la e oferecer denúncia substitutiva, interpor re- em Roraima, em Minas Gerais, em Santa Catarina, no
curso e, no caso de negligência do querelante e Amazonas, no Paraná e no Rio Grande do Norte. Essas
desde que haja sua concordância, retomar a ação ocorrências demonstram a séria crise do sistema pri-
penal como parte principal. sional brasileiro.

Assinale: A respeito desse assunto, julgue os itens a seguir:


A) se somente a afirmativa I estiver correta. I. A população carcerária brasileira é composta em
B) se somente a afirmativa II estiver correta. sua totalidade por detentos que cumprem penas já
C) se somente a afirmativa III estiver correta. sentenciadas pela justiça.
D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. II. Um dos problemas dos presídios brasileiros é a su-
E) se todas as afirmativas estiverem corretas. perlotação, resultante de políticas de segurança ine-
ficazes e da falta de celeridade da justiça.
17.Nos termos do art. 257 do CPP cabe, ao Ministério III. As referidas rebeliões ocorreram devido às precá-
Público, rias condições e falhas do sistema carcerário, não
I. promover, privativamente, a ação penal pública, na guardando relação com disputas entre grupos do
forma estabelecida no CPP; crime organizado de outras regiões do país.
II. buscar a condenação dos indiciados em inquérito IV. Para assegurar o controle do sistema carcerário, a
policial; privatização ou terceirização dos presídios tem sido
III. fiscalizar a execução da lei. apresentada como opção para solucionar a atual
crise desse sistema.
É correto o que se afirma em
A) I e II, apenas. Estão certos apenas os itens
B) II e III, apenas. A) I e III.
C) I e III, apenas. B) II e IV.
D) I, II e III. C) III e IV.
E) I, apenas. D) I, II e III.
E) I, II e IV.
18.É função do Ministério Público, no Processo Penal:
A) Promover a ação penal pública, condicionada e in-
condicionada.
B) Promover a ação penal privada, se a vítima não o fi-
zer no prazo legal.
C) Promover apenas a ação penal pública incondicio-
nada.
D) Desistir da ação penal em curso quando não houver
interesse público.
E) Promover o andamento da ação penal no caso de
inércia do Juiz.

19.De acordo com a Resolução Conjunta nº 1/2014 do


Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
e do Conselho Nacional LGBT, as pessoas transexuais
masculinas, no cumprimento de suas penas, devem
ser encaminhadas para
A) unidades prisionais masculinas.
B) unidades prisionais femininas.
C) unidades prisionais masculinas ou femininas, po-
dendo optar por uma das duas.
A primeira situação fatídica relacionada ao homicídio
remonta à Bíblia Sagrada, mais especificamente ao livro
de Gênesis, capítulo 4 e seguintes. O livro introdutório do
Pentateuco (os primeiros cinco livros do Velho Testamen-
to da Bíblia Sagrada) apresenta o crime praticado por
A morte de um ser humano por outro homem se mostra
Caim contra seu irmão Abel. Segundo os relatos, Abel era
presente na história da humanidade desde os tempos
pastor de ovelhas e ofereceu, em oferta a Deus, o primeiro
mais remotos do surgimento da civilização. Ocorre que tal
carneiro nascido de seu rebanho, enquanto que Caim, que
prática, por vezes, foi vislumbrada pela sociedade com
era agricultor, ofereceu alguns produtos da terra.
muitos sentimentos distintos a se manifestar, seja de
medo, de curiosidade, de revolta, de não aceitação, enfim, Depois teve outro filho, chamado Abel, irmão de Caim.
um pluralismo de visões sempre cercou a ação homicida. Abel era pastor de ovelhas, e Caim era agricultor. O tempo
A sociedade, em uma parcela considerável, viu com repú- passou. Um dia Caim pegou alguns produtos da terra e os
dio à prática de tirar a vida de um ser humano por outro ofereceu a Deus, o Senhor Abel, por sua vez, pegou o pri-
humano. Tal posicionamento ocasionou, no legislador meiro carneirinho nascido no seu rebanho, mato-o e ofe-
ordinário, uma busca por reprimir essa ação e colocá-la receu as melhores partes ao Senhor. O Senhor ficou con-
como criminosa, além de gerar uma grande quantidade de tente com Abel e com a sua oferta, mas rejeitou Caim e a
meios jurídicos preventivos e repressivos contra essa sua oferta. Caim ficou furioso e fechou a cara. Então o
prática humana. Senhor lhe disse:
Rogério Greco coaduna com Cleber Masson (v. 2, p. 14), - Por que você está com raiva? Porque anda carrancudo?
que assim aduz:
[...]
Cuida-se de um dos primeiros crimes conhecidos pela
humanidade, razão pela qual se sustenta que a história do Aí Caim disse a Abel, o seu irmão:
homicídio pode ser confundida com a própria história do
direito penal. Em todos os tempos e em todas as civiliza- - Vamos até o campo. Quando os dois estavam no campo,
ções, a vida humana sempre foi o primeiro bem jurídico a Caim atacou Abel, o seu irmão, e o matou. (BÍBLIA SA-
ser tutelado. GRADA, Gn 4: 2-8).

A sociedade continua a se ver cercada por uma grande Segundo o livro bíblico, Caim por desgosto ao ver que sua
quantidade de ações delituosas, entretanto o crime de oferta não foi recebida por Deus da mesma forma que a
homicídio ainda se mantém como uma infração de consi- de seu irmão, ceifou a vida de Abel, gerando, na história
derável capacidade de causar repúdio na humanidade. bíblica o primeiro caso de homicídio.
Pelo exposto, pesquisas jurídicas continuam a se manter
No decorrer da evolução histórica, o delito de homicídio
necessárias dentro desse elemento delitivo de rubrica
foi vislumbrado por várias civilizações e povos, ainda que
marginal homicídio.
com outras nomenclaturas. Na evolução histórica, chega-
Esse artigo não busca, até porque não conseguiria exaurir se ao Brasil onde, em sua raiz colonizadora, imperou um
as visões jurídicas a respeito da prática homicida, mas se direito não escrito, onde, por vezes, a família da vítima era
projeta sobre a análise do delito em apreço frente ao atual responsável por determinar os castigos que o agressor
ordenamento penal brasileiro. Ainda que existam diver- deveria receber pelo ilícito causado. No período colonial,
gências aparentes em determinados pontos do estudo do vigorou as ordenações Filipinas, que tratavam, em seu
crime de homicídio, propor-se-á apresentar a tendência último capítulo, sobre questões penalistas. Com a inde-
moderna, a qual os tribunais e a doutrina vêm seguindo. pendência do Brasil, surge a necessidade de criar um
novo ordenamento, sem a pena de morte, surgindo assim
Neste contexto, o fim máximo a que se propõe este estu- a evolução para o atual sistema normativo penalista.
do é estudar o delito de homicídio em seus aspectos jurí-
dicos. Ato contínuo, para alcançar o objetivo proposto fez- Ao ser apresentado por Guilherme de Sousa Nucci, na
se uso de recursos metodológicos que tomam como base obra Código Penal Comentado, o direito a vida é inerente à
pesquisas bibliográficas, utilizando-se da literatura lega- formação do próprio homem, visto que procede do direito
lista já existente na doutrina, bem como o considerável das gentes no mais alto grau de importância.
arcabouço literário existente na mídia eletrônica digital,
[...] a proteção à vida, bem maior do ser humano, tem seu
ambos pormenorizados nas referências ao final deste
fundamento na Constituição Federal, propagando-se para
artigo científico.
os demais ramos do ordenamento jurídico. O direito à
vida, previsto, primordialmente, no art. 5.º, caput, da Cons- cardiopulmonar poder ser mantida por avançados siste-
tituição, é considerado um direito fundamental em senti- mas de suporte vital e mecanismos de ventilação. (MAS-
do material, ou seja, indispensável ao desenvolvimento da SON, 2017).
pessoa humana, o que PONTES DE MIRANDA chama de
supraestatal, procedente do direito das gentes ou direito Ato contínuo, em relação ao momento de consumação do
humano no mais alto grau. (NUCCI, 2017). crime, o homicídio se caracteriza como sendo um crime
instantâneo, visto que a consumação se verifica em um
O conceito de homicídio se apresenta, dominantemente, momento determinado, sem continuidade no tempo. Ain-
como sendo a supressão da vida extrauterina praticada da assim, há na doutrina, como exemplo Luiz Flávio Go-
por outra pessoa. Verifica-se, claramente, nesse breve mes, que entende como melhor classificação para o ho-
conceito, que a supressão da vida, por si só, não ensejará micídio, em relação ao momento de consumação, a defi-
a subsunção ao crime de homicídio. Frisa-se que suprimir nição de crime instantâneo com efeitos permanentes,
uma vida intrauterina não ensejará o delito de homicídio, visto que seus efeitos são duradouros.
mas sim outras capitulações.
Crime instantâneo de efeito permanente é o que se con-
[...] é a supressão da vida de um ser humano causada por suma instantaneamente (não há continuidade temporal
outro. Constituindo a vida o bem mais precioso que o na conduta onfensiva), porém, seus efeitos são duradou-
homem possui, trata-se de um dos mais graves crimes ros (às vezes eternos). Exemplo: homicídio consumado.
que se pode cometer, refletindo-se tal circunstância na Note-se que quanto ao efeito permanente não há nenhu-
pena, que pode variar de 6 a 30 anos (mínimo da forma ma interferência da conduta do agente. Não está presente
simples até o máximo da forma qualificada). (NUCCI, neste momento nenhum desvalor da ação, dominada pelo
2017). agente. (GOMES, Luiz Flavio. 2007).

A expressão homicídio tem origem no latim, designando- A tentativa, a seu turno é o início da execução criminosa
se homicidium, que, em suma, traduz “matar o homem”. que somente não se consumou por circunstâncias ou
No Brasil, comumente muitos são aqueles que associam motivos alheios à vontade do agente ativo. Observa-se
o vocábulo homicídio a assassinato, entretanto, vale ma- que o conatus, ou tentativa, é um crime incompleto, pois,
nifestar que as origens são distintas, pois, enquanto o apesar de estar eivado de atos executórios, não se con-
primeiro origina-se do latim, o segundo tem nascimento sumou.
no árabe.
O crime de homicídio suporta diversas formas de tentati-
O objeto material, a seu turno, é a pessoa, ou coisa, sobre va, como a tentativa branca ou incruenta, que é aquela
o qual recai a conduta criminosa. No tocante ao delito de onde o objeto material não foi atingido pela ação crimino-
homicídio o objeto material apresenta-se como sendo o sa. A conatus dito cruenta ou vermelha é aquela em que o
ser humano, a pessoa, que suporta a conduta criminosa. objeto é alcançado, mas a ação não se consuma por cir-
No crime de homicídio, tem-se a figura da infração uninu- cunstancias alheias a vontade do agente. Há ainda a ten-
clear, visto que o núcleo do tipo é apenas o verbo “matar”. tativa perfeita ou acabada que é aquela em que o agente
exaure todos os meios executórios e ainda assim não
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa, não se neces- consegue consumar seu intento. A tentativa imperfeita ou
sitando de nenhuma qualidade especial, visto que o delito inacabada, o agente inicia os atos executórios, mas, antes
de homicídio é considerado crime comum. Em relação ao de exaurir todos os meios que possui é impedido por cir-
sujeito passivo, este, pode ser qualquer pessoa viva, nas- cunstâncias alheias a sua vontade.
cido de mulher, ou seja, tem que ser um humano nascido
vivo. O crime de homicídio vem, no atual ordenamento brasilei-
ro, disposto no capítulo dos Crimes Contra a Vida, do Títu-
A consumação para o delito de rubrica marginal aqui em lo I, da Parte Especial, do atual Código Penal Brasileiro
estudo se dá no momento da morte do sujeito passivo. (CP). O art. 121, Código Penal Brasileiro (CP), apresenta as
Ocorre que a definição de morte aqui deve ir, moderna- seguintes modalidades de homicídio: simples, privilegia-
mente, além dos parâmetros biológicos por si só, mas se do, qualificado e culposo.
alicerça sim sobre a morte encefálica, dada por um esta-
do de irreversibilidade das funções neurais. O homicídio simples doloso se apresenta como sendo o
tipo básico fundamental. Evidenciam-se nele as elementa-
Para a Sociedade Americana de Neurorradiologia, morte res para a ocorrência do delito da rubrica marginal anun-
encefálica é o estado irreversível de cessação de todo o ciada. Tal modalidade vem no caput do art. 121, CP. A
encéfalo e funções neurais, resultante de edema e maciça doutrina apresenta que a classificação em homicídio
destruição dos tecidos encefálicos, apesar da atividade
simples se dará subsidiariamente, dentro do gênero ho- podendo ser até por prestação de favores sexuais, pro-
micídio, visto que somente o será se não for privilegiado, messas subjetivas, etc. O motivo torpe mostra-se como
qualificado ou culposo. sendo aquele motivo repugnante, vil, ou seja, moralmente
reprovável.
No tocante ao homicídio privilegiado (expressão posta
pela doutrina), esse recai no parágrafo 1º, do art. 121, CP. O motivo ensejador da qualificadora descrita como “por
Observa-se uma causa de diminuição de pena, também motivo fútil” substancia-se naquilo que é insignificante, de
denominada de minorante, existente na terceira fase da pouca importância, desproporcional. Importante analisar,
dosimetria penal, com possibilidade de reduzir de um se o homicídio dito “sem motivo” restaria na caracteriza-
sexto a um terço. ção de fútil. Evidenciar o homicídio “com ausência de
motivo” como fútil seria entender que o “nada” restaria
Em relação ao termo “o juiz pode reduzir a pena”, presente como desproporcional para gerar a execução da morte de
no homicídio privilegiado, modernamente há uma com- outra pessoa. Ocorre que, Guilherme de Souza Nucci ma-
preensão, segundo Cleber Masson, de que o entendimen- nifesta argumentos interessantes pontuando que a quali-
to prevalecente é aquele que alicerça a obrigatoriedade de ficadora definida como fútil deve aportar-se em algo para
aplicação da minorante, caso exista subsunção, e a pos- ser considerado como tal, portanto a ausência de motivo
sível discricionariedade estaria aportada somente no demonstrado não poderia ensejar a subsunção a qualifi-
quantum de redução que seria aplicado. Cezar Roberto cadora aqui em apreço.
Bitencourt também se manifesta no mesmo entendimen-
to. Em relação a qualificadora que manifesta o meio insidio-
so ou cruel, tem-se que o mesmo se apresenta como sen-
Há grande divergência doutrinária sobre a obrigatoriedade do aquele que faz uso de estratagema, ou seja, de uma
ou faculdade de redução da minorante prevista neste fraude para se cometer o crime de homicídio. O meio cru-
dispositivo. No entanto, o Supremo Tribunal sumulou el, a seu passo, manifesta quando se proporciona a vítima
cominando nulidade absoluta à não formulação de quesi- um intenso e desnecessário sofrimento físico e/ou men-
to da defesa relativamente ao homicídio privilegiado, an- tal, ocasião essa que a morte poderia ter sido causada por
tes das circunstâncias agravantes (Súmula 162). Não se meios menos dolorosos.
pode esquecer, ademais, que se trata de um quesito de
defesa. Logo, não teria sentido atribuir extraordinária im- Na expressão “ou outro recurso que dificulte ou torne
portância à necessidade da formulação de tal quesito, a impossível a defesa do ofendido” tem-se, por interpreta-
ponto de inquinar de nulidade a sua omissão, e, num se- ção analógica, a presença de hipóteses análogas a trai-
gundo momento, deixar a exclusivo arbítrio do juiz a redu- ção, emboscada ou dissimulação. O legislador, aqui, apre-
ção ou não da sanção penal reconhecida pelo corpo de sentou que existem outras possibilidades que podem
jurados. (BITENCOURT, 2017). gerar a dificuldade ou impossibilidade de defesa do agen-
te passivo, como, por exemplo, a surpresa, que constitui
O crime de homicídio poderá ser acometido sob circuns- um ato inesperado, imprevisível e imprevisto.
tâncias que o qualificarão, ampliando a pena base em
abstrato. Enquanto a pena suporta-se no limite de 6 (seis) A elementar “assegurar a execução” manifesta que aquilo
a 20 (vinte) anos no homicídio simples, no qualificado pelo qual qualifica realmente o crime é o fim de assegurar
teremos um acréscimo considerável, subsistindo a pena que com essa ação homicida se estará conseguindo. Há
base de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Vale manifestar que uma necessidade de se analisar a conexão teleológica ou
a qualificação para o homicídio é vislumbrada sob os consequencial existente em tal norma.
seguintes aspectos: do motivo, do meio, do modo e dos
fins acometidos. Tais circunstâncias qualificadoras estão A figura do feminicídio propriamente dito, em norma posi-
evidenciadas no art. 121, § 2º e § 2º-A, CP. tivada, surge com a lei 13.104/2015 que trouxe alterações
no código penal brasileiro em vigor. Importante diferenci-
No tocante a qualificadora de “mediante paga ou promes- ar o femicídio e o feminicídio. O primeiro relaciona-se com
sa de recompensa, ou por outro motivo torpe”, tem-se a a morte da mulher, enquanto o segundo alicerça-se no
presença da interpretação analógica, visto que resta claro, animus de matar a mulher devido a sua condição de mu-
além de mediante pagamento ou promessa de recompen- lher. A lei trouxe a baila o feminicídio e não o femicídio
sa, existem outros motivos ditos torpes que serão sub- propriamente dito. O feminicídio não deve ser visto como
sumidos ao homicídio qualificado. Pode-se vislumbrar o um novo crime, mas sim como uma nova qualificadora do
acometimento de tais qualificadoras, ainda que o paga- crime de homicídio.
mento seja em outra espécie de bem que não dinheiro,
como uma joia, um carro, uma casa, ou outro qualquer,
O art. 121, § 2º, VI, do Código Penal brasileiro (CP) apre- I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
senta a motivação principal, qual seja, “contra a mulher outro motivo torpe;
por razões de sexo feminino”, verificando-se, de plano, a
subsunção a uma qualificadora com um aspecto subjeti- II – por motivo fútil;
vo, ou seja, motivacional.
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
A lei 13.104/2015 manifestou ainda critérios ensejadores tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
de vislumbre da condição feminina, pois, conforme o pa- resultar perigo comum;
rágrafo 2º-A, da referida norma penalista, considera-se
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimula-
que há razões da condição de sexo feminino quando o
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
delito envolver violência doméstica e/ou menosprezo ou
defesa do ofendido;
discriminação à condição de mulher.
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
A figura do crime culposo é vislumbrada pela legislação
dade ou vantagem de outro crime:
moderna como sendo excepcionado, ou seja, em regra as
ações criminosas serão penalizadas em sua vertente do- Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
losa, salvo se a lei descrever especificamente a figura
culposa. No caso do crime de homicídio, presente na Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
norma do art. 121, CP, tem-se, em seu parágrafo 3º, a figu-
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
ra culposa. A culpa se apresenta como sendo um elemen-
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
to normativo do tipo do crime.
Homicídio funcional
Em relação a determinação da hediondez o Brasil adotou
o critério legal, ou seja, o ordenamento é que definirá VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
quais delitos serão reconhecidos como hediondos e so- 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
frerão determinados tratamentos distintos, como, por prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exemplo, maior cumprimento de pena para estar sob os exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
benefícios da progressão de regime. A lei 8072/1990 defi- cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até ter-
ne quais crimes são vislumbrados como hediondo, entre ceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº
eles tem-se a figura do homicídio, desde que seja pratica- 13.142, de 2015)
do em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente. Outro homicídio apresentado VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
na referida lei é o homicídio qualificado, seja por qualifi- proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
cadoras subjetivas ou objetivas.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Art 121
§ 2º -A Considera-se que há razões de condição de se-
Homicídio simples xo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
Art 121. Matar alguem:
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. 13.104, de 2015)
Caso de diminuição de pena II - menosprezo ou discriminação à condição de mu-
lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de Homicídio culposo
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de
terço. 1965)

Homicídio qualificado Quando homicídio decorre por causa de negligência,


imperícia, imprudência.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
Pena – detenção, de um a três anos.
Aumento de pena 04.Pode constituir exemplo de homicídio qualificado por
motivo torpe o crime praticado
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 A) com o propósito de vingança.
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra B) por motivação insignificante.
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa C) com extrema crueldade contra a pessoa da vítima.
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir D) por vários agentes para subtrair bens de pessoa
as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão idosa.
em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumen-
tada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pes- 05.Acerca do delito de homicídio doloso, assinale a opção
soa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) correta.
anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) § 5º Na A) Constitui forma privilegiada desse crime o seu co-
hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de metimento por agente impelido por motivo de rele-
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem vante valor social ou moral, ou sob influência de vio-
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal lenta emoção provocada por ato injusto da vítima.
se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de B) A qualificadora do feminicídio, caso envolva violên-
24.5.1977) cia doméstica, menosprezo ou discriminação à
condição de mulher, não é incompatível com a pre-
sença da qualificadora da motivação torpe.
C) A prática desse crime contra autoridade ou agente
das forças de segurança pública é causa de aumen-
to de pena.
01.Se o agente X mata alguém por motivo fútil, responde D) É possível a aplicação do privilégio ao homicídio
pelo crime de: qualificado independentemente de as circunstân-
A) homicídio simples. cias qualificadoras serem de ordem subjetiva ou ob-
B) homicídio qualificado. jetiva.
C) latrocínio. E) Constitui forma qualificada desse crime o seu co-
D) corrupção. metimento por milícia privada, sob o pretexto de
E) furto. prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
02.O reconhecimento do homicídio privilegiado é incom-
patível com a admissão da qualificadora 06.Hércules havia cometido um crime de roubo e ficou
A) do motivo fútil. sabendo que Medusa foi testemunha ocular desse de-
B) do emprego de explosivo. lito. Assim, resolve tirar a vida de Medusa, crime este
C) do meio cruel. que veio a executar, pessoalmente, mediante disparo
D) do emprego de veneno. de arma de fogo. Nessa situação hipotética, conside-
E) da utilização de meio que possa resultar em perigo rando apenas essas informações, segundo o Código
comum. Penal, é correto afirmar que Hércules cometeu o crime
de
03.Assinale a opção correta acerca do homicídio privilegi- A) homicídio simples.
ado. B) homicídio simples, com atenuante, por ter agido sob
A) A natureza jurídica do instituto é de circunstância o domínio de violenta emoção.
atenuante especial. C) feminicídio em razão de a vítima ser mulher.
B) Estando o agente em uma das situações que ense- D) homicídio qualificado, por ter agido para assegurar
jem o reconhecimento do homicídio privilegiado, o a impunidade de outro crime.
juiz é obrigado a reduzir a pena, mas a lei não de- E) homicídio qualificado, em razão de a vítima ser mu-
termina o patamar de redução. lher.
C) O relevante valor social não enseja o reconhecimen-
to do homicídio privilegiado. 07.O homicídio (artigo 121 do Código Penal) será qualifi-
D) A presença de qualificadoras impede o reconheci- cado se cometido, EXCETO:
mento do homicídio privilegiado. A) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida
E) A violenta emoção, para ensejar o privilégio, deve a injusta provocação da vítima.
ser dominante da conduta do agente e ocorrer logo B) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
após injusta provocação da vítima. outro motivo torpe.
C) Por motivo fútil. 12.A policial Michele Putin, na noite de 14 de março de
D) Para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- 2018, quando retornava para sua casa, após liderar
dade ou vantagem de outro crime. uma exitosa operação contra o tráfico de entorpecen-
tes na comunidade de “Miracema do Norte”, foi abor-
08.Segundo o Código Penal, quando o crime de homicídio dada por dois homens armados e friamente assassi-
é culposo, nada. Num fenomenal trabalho investigatório, a Polícia
A) a pena prevista é maior do que a do homicídio doloso. Civil logrou êxito em identificar os assassinos como
B) não será admitido agravante de aumento de pena. sendo os irmãos Jorge e Ernesto Petralha, apurando
C) o agente ficará, necessariamente, sujeito à pena de que tal homicídio se deu em represália pelas prisões
reclusão. ocorridas quando da citada operação policial.
D) o agente poderá ficar isento de pena se agir para
compensar os familiares da vítima. Diante desse quadro, podemos asseverar que os as-
E) o juiz poderá deixar de aplicar a pena em hipótese sassinos responderão por:
determinada. A) Feminicídio, conduta tipificada no art. 121, § 2°, VI
CP.
09.No tocante aos crimes contra a vida, é circunstância B) Homicídio funcional, conduta tipificada no art. 121,
qualificadora do crime § 2°, VII CP.
A) a reincidência. C) Homicídio qualificado por motivo fútil, conduta tipi-
B) ser contra mulher por razões da condição de sexo ficada no art. 121, § 2°, II CP.
feminino. D) Homicídio qualificado por motivo torpe, conduta ti-
C) o abuso de poder ou violação de dever inerente a pificada no art. 121, § 2°, II CP.
cargo, ofício, ministério ou profissão.
D) ser contra ascendente, descendente, irmão ou côn- 13.Ficou comprovado que houve assassinato, pela única
juge. razão de menosprezo à condição de mulher, praticado
E) o estado de embriaguez preordenada. por Samuel contra sua vizinha Maria de Fátima, de
trinta anos de idade, que possuía um filho ao qual deu
10.Sobre o Crime de Homicídio, assinale a alternativa à luz dois meses exatos antes do crime. Com base nas
INCORRETA. disposições da Lei nº 13.104/2015 (Lei do Feminicí-
A) Se o agente age sob o domínio de violenta emoção, dio), nesse caso, o crime de feminicídio
logo em seguida a injusta provocação da vítima, ele A) está caracterizado e a pena prevista em lei será
comete homicídio privilegiado. aumentada de um terço até a metade.
B) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada se o B) não está caracterizado, pois não houve violência
crime é praticado contra pessoa menor de 14 (qua- doméstica.
torze) ou maior de 60 (sessenta) anos. C) está caracterizado em sua modalidade simples, não
C) No homicídio culposo, a pena é aumentada, se o havendo aumento de pena.
crime resulta de inobservância de regra técnica de D) está caracterizado e a pena prevista em lei será
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de aumentada de um a dois terços.
prestar imediato socorro à vítima, não procura dimi- E) está caracterizado e a pena prevista em lei será
nuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evi- aumentada de um sexto a um terço.
tar prisão em flagrante.
D) O perdão judicial pode ser aplicado em caso de ho- 14.Sobre o crime de homicídio qualificado, é possível
micídio culposo ou privilegiado. assinalar apenas como afirmativa correta:
E) A pena do feminicídio é aumentada se o crime for A) São meios de execução que o qualificam: o veneno;
praticado na presença de descendente ou de as- a emboscada; a asfixia ou outro meio insidioso ou
cendente da vítima. cruel.
B) São formas de execução que o qualificam: a traição;
11.O indivíduo que mata um integrante do sistema prisio- a dissimulação; a tortura ou outro recurso que difi-
nal, no exercício da função ou em decorrência dela, em culte ou tome impossível a defesa da vítima.
razão dessa condição, comete crime de: C) O motivo fútil consiste numa escala de desvalor que
A) tortura. vai da desproporção entre o crime e a causa, pas-
B) homicídio culposo. sando pela insignificância, até a ausência de moti-
C) homicídio qualificado. vo.
D) feminicídio.
E) homicídio simples.
D) O fogo é um meio cruel para a execução do homicí- 19.O homicídio difere-se tecnicamente do latrocínio pe-
dio, e também pode resultar perigo comum confor- lo(a):
me as circunstâncias. A) resultado preterdoloso, que existe necessariamente
E) A superioridade de armas e a força física, são cir- no segundo e não ocorre no primeiro;
cunstâncias que sempre qualificam o homicídio, B) existência de qualificadoras no primeiro;
como meios que dificultam a defesa da vítima. C) diversidade dos bens jurídicos tutelados;
D) impossibilidade de tentativa abandonada no segun-
15.O Código Penal qualifica o homicídio doloso quando do;
praticado contra servidores públicos, no exercício de E) impossibilidade de erro de tipo acidental no latrocí-
atividade de segurança pública. Podem, dentre outros, nio.
ser vítimas do crime
A) integrantes do sistema prisional, da Força Nacional 20.O feminicídio é um qualificador do crime de homicídio
de Segurança Pública e do corpo de bombeiros mili- e o inclui como crime hediondo.
tares.
B) policiais civis, policiais federais e promotores de É correto afirmar que a pena do feminicídio é aumen-
justiça criminais. tada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for pra-
C) policiais rodoviários federais, policiais militares e ju- ticado
ízes com competência criminal. A) durante a gestação e nos 06 (seis) meses posterio-
D) policiais civis, policiais federais e promotores ou res ao parto.
procuradores que atuam no combate ao crime or- B) contra pessoa menor de 12 (doze) anos.
ganizado. C) contra pessoa maior de 65 (sessenta e cinco) anos.
E) policiais civis e militares na ativa ou aposentados. D) na presença de descendente ou de ascendente da
vítima.
16.De acordo com o Código Penal, há homicídio qualifica-
do quando for cometido 21.O homicídio é doutrinariamente classificado como
A) por grupo de extermínio. crime:
B) para assegurar a impunidade de outro crime. A) vago. permanente e multitudinário
C) estando o ofendido sob a imediata proteção da au- B) de concurso necessário, comum e de forma livre
toridade. C) de dano. material e instantâneo de efeitos perma-
D) contra pessoa menor de quatorze ou maior de ses- nentes.
senta anos. D) próprio, de perigo individual e de consumação ante-
E) por milícia privada, sob o pretexto de prestação de cipada.
serviço de segurança. E) de mão própria, habitual e de forma vinculada.

17.A condenação por homicídio privilegiado qualificado é 22.Diz o parágrafo 5º do artigo 121 do Código Penal Bra-
possível na hipótese em que sileiro, que: “na hipótese de homicídio culposo, o juiz
A) o crime for cometido com emprego de fogo. poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências
B) o crime for qualificado pela motivação fútil. da infração atingirem o próprio agente de forma tão
C) o crime for qualificado pela vingança. grave que a sanção penal se torne desnecessária”. Tra-
D) o agente embriagado agir por motivo irrelevante. ta-se de
E) a vítima atingida for pessoa diversa da que se pre- A) graça.
tendia matar por questão de ódio. B) perdão judicial.
C) anistia.
18.Maria, foi morta por seu companheiro Gilmar motivado D) indulto.
por razões de sua condição de sexo feminino, com o
menosprezo e discriminação à condição feminina e vi- 23.O homicídio é classificado como crime:
olência doméstica e familiar. A tipificação penal para A) Complexo, permanente e formal.
este crime é B) Próprio, complexo e formal.
A) homicídio culposo. C) Comum, de dano e instantâneo.
B) homicídio qualificado à traição, por se tratar de D) Próprio, formal e instantâneo.
companheiro. E) Permanente, instantâneo e formal.
C) feminicídio.
D) genocídio.
E) homicídio simples.
Para manter os negócios transnacionais, as organizações
criminosas participam de diferentes esquemas, como
roubos e desmontes de carros, assaltos a bancos, contra-
bando de armas, prostituição, lavagem de dinheiro e fi-
nanciamento de campanhas políticas. Alguns grupos
ainda dominam as zonas periféricas dos grandes centros
INTRODUÇÃO urbanos, cobrando dos moradores os serviços que deveri-
am ser mediados pelo poder público, como água e ener-
O narcotráfico caracteriza-se pela venda ilegal de subs- gia.
tâncias psicoativas, conhecidas popularmente como dro-
gas. É uma atividade considerada altamente lucrativa e MEDIDAS PREVENTIVAS
dinâmica, pois envolve a participação de grupos especia-
Alguns estudiosos do tema acreditam que a guerra às
lizados no cultivo e/ou produção, distribuição e a comer-
drogas não tem se mostrado eficaz, pelo contrário, impul-
cialização de grandes quantidades.
siona ainda mais os assassinatos cometidos pela política
O tráfico de drogas tornou-se um problema mundial, uma e organizações criminosas, além do aumento na quanti-
vez que não existem países isentos das consequências dade de presos. Para eles, o combate ao narcotráfico
geradas, como violência, corrupção entre os membros da depende de iniciativas como:
segurança pública, controle de territórios por parte do
1. Descriminalização e legalização das drogas;
crime organizado, lavagem de dinheiro nos chamados
paraísos fiscais, entre outras questões. 2. Redução do encarceramento e agilidade nos proces-
sos judiciais;
Com as atuais facilidades para o desenvolvimento e
transporte dos diversos tipos de drogas, o narcotráfico 3. Inserção e execução de medidas socioeducativas no
gera faturamentos maiores que o valor do PIB (Produto sistema prisional;
Interno Bruto) de muitos países. Segundo dados do Escri-
tório da ONU contra Drogas e Crimes, a renda anual chega 4. Criação de políticas eficazes e voltadas para as desi-
a 500 bilhões de dólares. Já no Brasil, o mercado ilegal gualdades sociais e raciais.
movimenta 17 bilhões ao ano.
Lei de Drogas
Hoje, os maiores produtores do mundo são Afeganistão
(ópio), Colômbia, Peru e Bolívia (cocaína). Já o consumi- LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006
dor é os Estados Unidos, seguido da Europa.
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
E NO BRASIL? Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
De acordo com os relatórios da Organização dos Estados dependentes de drogas; estabelece normas para repres-
Americanos e das Nações Unidas, o Brasil tornou-se um são à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de dro-
dos principais exportadores de entorpecentes no mundo. gas; define crimes e dá outras providências.
Por ser um país de grande extensão territorial, favorece as
rotas de distribuição para os outros continentes e man- TÍTULO I
tém um grande mercado consumidor – estima-se mais de DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
1,5 milhões de brasileiros fizeram uso de cocaína e crack
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas
no ano de 2019.
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
Além disso, como faz fronteira com dez países, três dos prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
quais são os maiores fabricantes de cocaína (Peru, Bolívia usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
e Colômbia), e com o Paraguai – que produz maconha e para repressão à produção não autorizada e ao tráfico
cocaína, mesmo que em menor quantidade –, as tentati- ilícito de drogas e define crimes.
vas de fiscalização e ações de combate ao tráfico muitas
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se
vezes são prejudicadas. Por esses e outros fatores, o
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de
Brasil consegue exportar volumosas remessas de cocaína
causar dependência, assim especificados em lei ou rela-
para a Europa Central e Ocidental, Ásia e África.
cionados em listas atualizadas periodicamente pelo Po-
der Executivo da União.
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, de proteção para o uso indevido de drogas e outros com-
as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a portamentos correlacionados;
exploração de vegetais e substratos dos quais possam
ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla
de autorização legal ou regulamentar, bem como o que participação social, para o estabelecimento dos funda-
estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, mentos e estratégias do Sisnad;
sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de
V - a promoção da responsabilidade compartilhada en-
plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
tre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a participação social nas atividades do Sisnad;
cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos,
correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua
em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
respeitadas as ressalvas supramencionadas.
VII - a integração das estratégias nacionais e interna-
TÍTULO II
cionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinser-
DO SIS TEMA NACIONAL DE POLÍTICAS
ção social de usuários e dependentes de drogas e de re-
PÚBLICAS SOBRE DROGAS
pressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, ilícito;
organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser- e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à coopera-
ção social de usuários e dependentes de drogas; ção mútua nas atividades do Sisnad;

II - a repressão da produção não autorizada e do tráfi- IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reco-
co ilícito de drogas. nheça a interdependência e a natureza complementar das
atividades de prevenção do uso indevido, atenção e rein-
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de serção social de usuários e dependentes de drogas, re-
princípios, regras, critérios e recursos materiais e huma- pressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
nos que envolvem as políticas, planos, programas, ações drogas;
e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os
Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
de 2019) usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema garantir a estabilidade e o bem-estar social;
Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assis-
tência Social - SUAS. (Incluído pela Lei nº 13.840, de XI - a observância às orientações e normas emanadas
2019) do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.

CAPÍTULO I Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objetivos:


DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SISTEMA
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando
NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos
Art. 4º São princípios do Sisnad: de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e
outros comportamentos correlacionados;
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu-
mana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua II - promover a construção e a socialização do conhe-
liberdade; cimento sobre drogas no país;

II - o respeito à diversidade e às especificidades popu- III - promover a integração entre as políticas de pre-
lacionais existentes; venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida- produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da Uni-
ão, Distrito Federal, Estados e Municípios;
IV - assegurar as condições para a coordenação, a in- VII – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
tegração e a articulação das atividades de que trata o art.
3º desta Lei. VIII - promover a integração das políticas sobre drogas
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Inclu-
CAPÍTULO II ído pela Lei nº 13.840, de 2019)
DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO D O SISTEMA
NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Municí-
pios, a execução das políticas sobre drogas, observadas
CAPÍTULO II as obrigações dos integrantes do Sisnad; (Incluído pela
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) Lei nº 13.840, de 2019)
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS
PÚBLICAS SOBRE DROGAS X - estabelecer formas de colaboração com Estados,
Distrito Federal e Municípios para a execução das políti-
Seção I cas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XI - garantir publicidade de dados e informações sobre
Da Composição do Sistema Nacional de
repasses de recursos para financiamento das políticas
Políticas Públicas sobre Drogas
sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 6º (VETADO)
XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos na-
Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação cionais de prevenção, tratamento, acolhimento, reinser-
central e a execução descentralizada das atividades reali- ção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de
zadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, esta- drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dual e municipal e se constitui matéria definida no regu-
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes
lamento desta Lei.
transfronteiriços; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 7º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de
XIV - estabelecer uma política nacional de controle de
2019)
fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no País.
Art. 8º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Seção II Art. 8º-B . (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de


(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)
Das Competências
Art. 8º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de
Art. 8º-A.Compete à União:(Incluído pela Lei nº 13.840, 2019)
de 2019)
CAPÍTULO II-A
I - formular e coordenar a execução da Política Nacio- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
nal sobre Drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS

II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Dro- Seção I


gas, em parceria com Estados, Distrito Federal, Municí- (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pios e a sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas

III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas
2019) sobre Drogas, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e funci-
onamento do Sisnad e suas normas de referência; (Incluí- I - promover a interdisciplinaridade e integração dos
do pela Lei nº 13.840, de 2019) programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e
entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, educa-
V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prio- ção, trabalho, assistência social, previdência social, habi-
ridades, indicadores e definir formas de financiamento e tação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção do
gestão das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº uso de drogas, atenção e reinserção social dos usuários
13.840, de 2019) ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
VI – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - viabilizar a ampla participação social na formula- § 2º O poder público deverá dar a mais ampla divulga-
ção, implementação e avaliação das políticas sobre dro- ção ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre
gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Drogas.

III - priorizar programas, ações, atividades e projetos Seção II


articulados com os estabelecimentos de ensino, com a (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
sociedade e com a família para a prevenção do uso de Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas,
IV - ampliar as alternativas de inserção social e eco- constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios,
nômica do usuário ou dependente de drogas, promovendo terão os seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº 13.840,
programas que priorizem a melhoria de sua escolarização de 2019)
e a qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019) I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - promover o acesso do usuário ou dependente de
drogas a todos os serviços públicos; (Incluído pela Lei nº II - colaborar com os órgãos governamentais no plane-
13.840, de 2019) jamento e na execução das políticas sobre drogas, visan-
do à efetividade das políticas sobre drogas; (Incluído pela
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade Lei nº 13.840, de 2019)
dos programas, ações e projetos das políticas sobre dro-
gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - propor a celebração de instrumentos de coopera-
ção, visando à elaboração de programas, ações, ativida-
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento te- des e projetos voltados à prevenção, tratamento, acolhi-
lefônico com orientações e informações para apoio aos mento, reinserção social e econômica e repressão ao
usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
13.840, de 2019) 2019)

VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo IV - promover a realização de estudos, com o objetivo
ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas;
objetivo de promover a inserção profissional da pessoa (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
que haja cumprido o plano individual de atendimento nas
fases de tratamento ou acolhimento; (Incluído pela Lei nº V - propor políticas públicas que permitam a integra-
13.840, de 2019) ção e a participação do usuário ou dependente de drogas
no processo social, econômico, político e cultural no res-
IX - promover formas coletivas de organização para o pectivo ente federado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de
trabalho, redes de economia solidária e o cooperativismo, 2019)
como forma de promover autonomia ao usuário ou de-
pendente de drogas egresso de tratamento ou acolhimen- VI - desenvolver outras atividades relacionadas às polí-
to, observando-se as especificidades regionais; (Incluído ticas sobre drogas em consonância com o Sisnad e com
pela Lei nº 13.840, de 2019) os respectivos planos. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
2019)
X - propor a formulação de políticas públicas que con-
duzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos Seção III
no art. 22; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Dos Membros dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
XI - articular as instâncias de saúde, assistência social
e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e Art. 8º-F. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)

XII - promover estudos e avaliação dos resultados das CAPÍTULO III


políticas sobre drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de (VETADO)
2019)
Art. 9º (VETADO)
§ 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5
Art. 10. (VETADO)
(cinco) anos a contar de sua aprovação.
Art. 11. (VETADO) II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamenta-
ção científica como forma de orientar as ações dos servi-
Art. 12. (VETADO) ços públicos comunitários e privados e de evitar precon-
ceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que
Art. 13. (VETADO)
as atendam;
Art. 14. (VETADO)
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabili-
CAPÍTULO IV dade individual em relação ao uso indevido de drogas;
DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a co-
DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS
laboração mútua com as instituições do setor privado e
CAPÍTULO IV com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio
DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO do estabelecimento de parcerias;
DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e
Art. 15. (VETADO) adequadas às especificidades socioculturais das diversas
populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da
atenção à saúde e da assistência social que atendam VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
usuários ou dependentes de drogas devem comunicar ao do uso” e da redução de riscos como resultados desejá-
órgão competente do respectivo sistema municipal de veis das atividades de natureza preventiva, quando da
saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preser- definição dos objetivos a serem alcançados;
vando a identidade das pessoas, conforme orientações
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
emanadas da União.
vulneráveis da população, levando em consideração as
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão suas necessidades específicas;
ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informa-
VIII - a articulação entre os serviços e organizações
ções do Poder Executivo.
que atuam em atividades de prevenção do uso indevido
TÍTULO III de drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, de drogas e respectivos familiares;
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS
IX - o investimento em alternativas esportivas, cultu-
E DEPENDENTES DE DROGAS
rais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de
CAPÍTULO I inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
DA PREVENÇÃO
X - o estabelecimento de políticas de formação conti-
Seção I nuada na área da prevenção do uso indevido de drogas
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de en-
Das Diretrizes sino;

Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso XI - a implantação de projetos pedagógicos de preven-
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcio- ção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino
nadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares
risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;
proteção.
XII - a observância das orientações e normas emana-
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de das do Conad;
drogas devem observar os seguintes princípios e diretri-
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de contro-
zes:
le social de políticas setoriais específicas.
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso
fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e
indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
na sua relação com a comunidade à qual pertence;
deverão estar em consonância com as diretrizes emana-
das pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao
Adolescente - Conanda. uso de drogas.

Seção II Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do


(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) usuário ou do dependente de drogas e respectivos famili-
Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas ares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua
integração ou reintegração em redes sociais.
Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políti-
cas sobre Drogas, comemorada anualmente, na quarta Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção
semana de junho. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) social do usuário e do dependente de drogas e respecti-
vos familiares devem observar os seguintes princípios e
§ 1º No período de que trata o caput , serão intensifi- diretrizes:
cadas as ações de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, in-
I - difusão de informações sobre os problemas decor- dependentemente de quaisquer condições, observados os
rentes do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e
2019) diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacio-
nal de Assistência Social;
II - promoção de eventos para o debate público sobre
as políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e
2019) reinserção social do usuário e do dependente de drogas e
respectivos familiares que considerem as suas peculiari-
III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento,
dades socioculturais;
acolhimento e reinserção social e econômica de usuários
de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - definição de projeto terapêutico individualizado,
orientado para a inclusão social e para a redução de ris-
IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de
cos e de danos sociais e à saúde;
prevenção do uso indevido de drogas; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos
respectivos familiares, sempre que possível, de forma
V - mobilização da comunidade para a participação
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais;
nas ações de prevenção e enfrentamento às drogas; (In-
cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V - observância das orientações e normas emanadas
do Conad;
VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos na
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
e Bases da Educação Nacional , na realização de ativida- social de políticas setoriais específicas.
des de prevenção ao uso de drogas. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) VII - estímulo à capacitação técnica e profissional;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
CAPÍTULO II
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO VIII - efetivação de políticas de reinserção social volta-
SOCIAL DE USUÁRIOS O U DEPENDENTES DE DROGAS das à educação continuada e ao trabalho; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)
CAPÍTULO II
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) IX - observância do plano individual de atendimento na
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO, forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.840,
ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA de 2019)
DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
X - orientação adequada ao usuário ou dependente de
Seção I drogas quanto às consequências lesivas do uso de dro-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) gas, ainda que ocasional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
Disposições Gerais 2019)

Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e


dependente de drogas e respectivos familiares, para efei-
to desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade
Seção II § 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técni-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) cos de tratamento, em âmbito nacional. (Incluído pela Lei
Da Educação na Reinserção Social e Econômica nº 13.840, de 2019)

Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integran- § 2º A internação de dependentes de drogas somente
tes do Sisnad terão atendimento nos programas de edu- será realizada em unidades de saúde ou hospitais gerais,
cação profissional e tecnológica, educação de jovens e dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obriga-
adultos e alfabetização. (Incluído pela Lei nº 13.840, de toriamente autorizada por médico devidamente registrado
2019) no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde
se localize o estabelecimento no qual se dará a interna-
Seção III ção. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Do Trabalho na Reinserção Social e Econômica § 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação:
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 22-B. (VETADO).
I - internação voluntária: aquela que se dá com o con-
Seção IV sentimento do dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 13.840, de 2019)

Do Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o
consentimento do dependente, a pedido de familiar ou do
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolve- público da área de saúde, da assistência social ou dos
rão programas de atenção ao usuário e ao dependente de órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de
drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e servidores da área de segurança pública, que constate a
os princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória existência de motivos que justifiquem a medida. (Incluído
a previsão orçamentária adequada. pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de § 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº
drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à 13.840, de 2019)
saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento
ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de in- I - deverá ser precedida de declaração escrita da pes-
ternação em unidades de saúde e hospitais gerais nos soa solicitante de que optou por este regime de tratamen-
termos de normas dispostas pela União e articuladas com to; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
os serviços de assistência social e em etapas que permi-
tam: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - seu término dar-se-á por determinação do médico
responsável ou por solicitação escrita da pessoa que
I - articular a atenção com ações preventivas que atin- deseja interromper o tratamento. (Incluído pela Lei nº
jam toda a população; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 13.840, de 2019)
2019)
§ 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, 13.840, de 2019)
baseados em evidências científicas, oferecendo atendi-
mento individualizado ao usuário ou dependente de dro- I - deve ser realizada após a formalização da decisão
gas com abordagem preventiva e, sempre que indicado, por médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
ambulatorial; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 2019)

III - preparar para a reinserção social e econômica, res- II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de
peitando as habilidades e projetos individuais por meio de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprova-
programas que articulem educação, capacitação para o da da impossibilidade de utilização de outras alternativas
trabalho, esporte, cultura e acompanhamento individuali- terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde; (Inclu-
zado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) ído pela Lei nº 13.840, de 2019)

IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sis- III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desin-
nad, de forma articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de toxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo
2019) seu término determinado pelo médico responsável; (Inclu-
ído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - a família ou o representante legal poderá, a qual- § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
quer tempo, requerer ao médico a interrupção do trata-
mento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 3º O PIA deverá contemplar a participação dos fami-
liares ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir
§ 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, com o processo, sendo esses, no caso de crianças e ado-
só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se lescentes, passíveis de responsabilização civil, adminis-
mostrarem insuficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de trativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de
2019) julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei
deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e § 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a respon-
duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e sabilidade da equipe técnica do primeiro projeto terapêu-
a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema in- tico que atender o usuário ou dependente de drogas e
formatizado único, na forma do regulamento desta Lei. será atualizado ao longo das diversas fases do atendi-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) mento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis § 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Incluí-
no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido do pela Lei nº 13.840, de 2019)
apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena
de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de
internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras. II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído pe-
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) la Lei nº 13.840, de 2019)

§ 10. O planejamento e a execução do projeto tera- III - a previsão de suas atividades de integração social
pêutico individual deverão observar, no que couber, o pre- ou capacitação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840,
visto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 , que dispõe de 2019)
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de
IV - atividades de integração e apoio à família; (Incluí-
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial
do pela Lei nº 13.840, de 2019)
em saúde mental. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - formas de participação da família para efetivo
Seção V
cumprimento do plano individual; (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019)
Do Plano Individual de Atendimento
VI - designação do projeto terapêutico mais adequado
Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente de
para o cumprimento do previsto no plano; e (Incluído pela
drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: (Incluí-
Lei nº 13.840, de 2019)
do pela Lei nº 13.840, de 2019)
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar
atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
e multissetorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta)
II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento
dias da data do ingresso no atendimento. (Incluído pela
– PIA. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a
§ 7º As informações produzidas na avaliação e as re-
elaboração e execução do projeto terapêutico individual a
gistradas no plano individual de atendimento são consi-
ser adotado, levantando no mínimo: (Incluído pela Lei nº
deradas sigilosas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019)
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído pe-
Municípios poderão conceder benefícios às instituições
la Lei nº 13.840, de 2019)
privadas que desenvolverem programas de reinserção no
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou de- mercado de trabalho, do usuário e do dependente de dro-
pendente de drogas ou das pessoas com as quais convi- gas encaminhados por órgão oficial.
ve. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lu- TERRORISMO
crativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da
assistência social, que atendam usuários ou dependentes Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, por
de drogas poderão receber recursos do Funad, condicio- meio de ataques localizados a elementos ou instalações
nados à sua disponibilidade orçamentária e financeira. de um governo ou da população governada, de modo a
incutir medo, pânico e, assim, obter efeitos psicológicos
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, inclu-
razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo indo o restante da população do território. É utilizado por
pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de uma grande gama de instituições como forma de alcançar
segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua seus objetivos, como organizações políticas, grupos se-
saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário. paratistas e até por governos no poder.

Seção VI Segundo especialistas da área, existem centenas de defi-


(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) nições da palavra terrorismo. A inexistência de um con-
Do Acolhimento em Comunidade Terapêutica Acolhedora ceito amplamente aceito pela comunidade internacional e
pelos estudiosos do tema significa que o terrorismo não é
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de um fenômeno entendido da mesma forma, por todos os
drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracteri- indivíduos, independentemente do contexto histórico,
za-se por: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) geográfico, social e político.
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou de- No Brasil, a Lei n° 13.260 (de 16 de março de 2016) define
pendente de drogas que visam à abstinência; (Incluído que:
pela Lei nº 13.840, de 2019)
“o terrorismo consiste na prática por um ou mais indiví-
II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por duos dos atos previstos neste artigo, por razões de xeno-
escrito, entendida como uma etapa transitória para a fobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e
reinserção social e econômica do usuário ou dependente religião, quando cometidos com a finalidade de provocar
de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa,
patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
III - ambiente residencial, propício à formação de víncu-
los, com a convivência entre os pares, atividades práticas Tratados ratificados pelo Brasil com organismos interna-
de valor educativo e a promoção do desenvolvimento cionais reconhecem, nominalmente, como organizações
pessoal, vocacionada para acolhimento ao usuário ou terroristas, os grupos de vertente islâmica Al-Qaeda e
dependente de drogas em vulnerabilidade social; (Incluído Talebã.
pela Lei nº 13.840, de 2019)
As preocupações com o terrorismo no território brasileiro,
IV - avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei nº no entanto, não se restringem à atuação de organizações
13.840, de 2019) terroristas formal ou publicamente estabelecidas. Tam-
bém envolvem ameaças provenientes de potenciais atos
V - elaboração de plano individual de atendimento na
de violência com motivação política, religiosa, ideológica
forma do art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.840,
e étnica que apresentem propósito de geração de pânico,
de 2019)
terror e sensação de insegurança na sociedade brasileira.
VI - vedação de isolamento físico do usuário ou depen-
Exemplos de indícios que, combinados, revelam sinais de
dente de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
possíveis planos terroristas em andamento:
§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas
 Falsificação de documentos como passaporte, CPF,
com comprometimentos biológicos e psicológicos de
Carteira de Identidade, Carteira de habilitação, entre
natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar
outros
contínua ou de emergência, caso em que deverão ser
 Aquisição e manuseio de armas, munições, acessórios
encaminhadas à rede de saúde.
e equipamentos de uso restrito e sem a devida autori-
zação
 Aquisição e manuseio não autorizado de produtos
biológicos, químicos, nucleares, radiológicos de uso
controlado
 Aquisição em larga escala de produtos de venda libe- Tipos de Terrorismo
rados, mas que podem ser utilizados para fabricação
de explosivos, tais como acetona, água oxigenada, Apesar de serem caracterizados por ações violentas é
ácido sulfúrico, nitrato de amônia, entre outros possível diferenciar alguns tipos de terrorismo.
 Posse não autorizada de dados como imagens, vídeos,
1. Terrorismo Indiscriminado
plantas, croquis, mapas, posicionamento de câmeras e
vigilantes de alguma instalação pública ou privada de O próprio nome já indica que não existe um alvo específi-
grande circulação co. A principal característica é atentar contra a vida da
 Vínculo com organizações terroristas ou extremistas população civil de forma indiscriminada.
 Envio de dinheiro a organizações terroristas ou extre-
mistas Um dos meios é depositar bombas em latas de lixo, cafés,
 Transferências de grandes somas de dinheiro para cinemas, metrôs e outros locais públicos, com o intuito de
países onde há maior atuação de terroristas ou onde chamar atenção do governo e propagar o temor na popu-
há zonas de conflito lação.
 Tentativas de acesso não autorizado a áreas restritas
Esse tipo de terrorismo pode ser praticado tanto em tem-
de instalações públicas ou privadas de grande circula-
po de paz como em guerra.
ção
 Discursos extremados, inclusive em redes sociais, de 2. Terrorismo Seletivo
ódio e incitação à violência
 Divulgação de ameaças, inclusive em redes sociais, de Nesse caso, há um alvo específico e suas ações são prin-
atentados terroristas cipalmente pautadas na chantagem, tortura, terror psico-
lógico, dentre outros.
Ações de contraterrorismo
Um notório exemplo desse tipo de terrorismo é o grupo
Em resposta à ameaça do terrorismo, a ABIN desenvolve estadunidense protestante e racista Ku Klux Klan (KKK),
ações de Inteligência permanentes para prevenir atenta- fundado em 1865.
dos no País e o financiamento de organizações terroristas
a partir do território nacional. Seus alvos eram principalmente a população negra dos
Estados Unidos e, em menor medida, judeus e brancos
As ações de contraterrorismo da ABIN envolvem a troca que lutavam pelos direitos civis destas minorias.
de informações com serviços de Inteligência estrangeiros
e a cooperação internacional por meio dos Adidos de Inte- 3. Terrorismo de Estado
ligência.
As ditaduras, com o pretexto de impor a ordem, praticam
A Agência trabalha em parceria com outros órgãos do violações aos Direitos Humanos contra grupos políticos
governo brasileiro para promover a cooperação e a troca que não se enquadram nas leis do Estado de exceção.
de informações sobre ações de grupos terroristas em
âmbito nacional. A ABIN também participa de grupos e Dessa forma, suspendem garantias constitucionais e
comissões do Governo Federal destinados a combater o encobrem as violências praticas pelas forças policiais.
financiamento do terrorismo.
Como exemplo, temos o terrorismo de Estado na época da
A ABIN representa, ainda, o governo brasileiro em orga- Alemanha Nazista ou as ações do Estado inglês contra
nismos internacionais focados na cooperação para o manifestações realizadas pelos irlandeses, como o Do-
combate ao terrorismo, como: mingo Sangrento.

 Comitê Interamericano contra o Terrorismo, da 4. Terrorismo Comunal


Organização dos Estados Americanos (CIC- Chamado também de Terrorismo Comunitário é caracteri-
TE/OEA) zado por manifestações e atentados que visam controlar
e debilitar a capacidade produtiva da comunidade.
 Foro Especializado em Terrorismo (FET) da Reuni-
ão de Ministros do Interior do Mercosul e Estados Assim são atingidos alvos como cisternas, pastos, gado,
o direito de ir e vir e tudo que serve de sustento econômi-
Associados, em âmbito sul-americano
co para uma população.
Um exemplo claro são as regiões que são controladas por por isso conseguem manipular regras institucionais em
narcotraficantes, os quais passam a ditar as regras de benefício próprio.
convivência daquela população.
A “lavagem de dinheiro” é uma das principais atividades
CRIME ORGANIZADO ligadas ao crime organizado. Ela consiste na troca do
dinheiro “sujo” obtido por meio do crime, por investimen-
A definição literal de crime é a de todo comportamento tos em fontes de renda “limpa” e legais. Ou seja, o dinhei-
desviante que quebre ou infrinja o código de leis escritas ro obtido ilegalmente é usado em investimentos legais, de
vigentes de uma nação. Comumente no referimos às forma que o grupo criminoso continua obtendo rendimen-
ações cometidas por um ou um pequeno grupo de indiví- tos com o dinheiro “sujo”, mas sem os riscos ligados ao
duos, com pouca ou nenhuma preparação, aproveitando- crime.
se de um momento específico e tendo em vista um pro-
veito imediato e, geralmente, em pequena escala. Organizações criminosas no Brasil:

No entanto, podemos observar a existência organizações A gênese da criminalidade organizada no Brasil é assunto
e grupos que se estabelecem na prática do crime com dos mais controversos na doutrina pátria. Há quem de-
tamanho preparo e maestria que, em alguns casos, con- fenda que a primeira manifestação concernente ao crime
seguem se passar por organizações legítimas. Esses são organizado no território nacional ocorreu na região nor-
os grupos dedicados a atividades criminosas que inte- deste do Brasil, a partir do surgimento do cangaço. Tal
gram a categoria de “crime organizado”. Desses, o exem- movimento pode ser observado entre os séculos XIX e XX,
plo mais utilizado ao nos referirmos a esse tipo de crime é tendo como maior representante “Lampião”, apelido do
o do tráfico de drogas, contudo não é o único. Atividades famigerado bandido Virgulino Ferreira da Silva.
como o jogo ilegal, mercado de contrabando e roubos em
larga escala são todas atividades criminosas que reque- Constata-se que a estrutura do bando era hierarquizada e
rem grande preparação e cooperação das pessoas envol- permanente, e que de seus afiliados partia a prática de
vidas para que possam se estabelecer; e essa é a princi- variados crimes, dentre eles ameaças, extorsão, o seques-
pal característica do crime organizado: a cooperação tro de pessoas importantes e os saques de algumas cida-
sistemática entre as partes envolvidas. des. Vale ressaltar ainda que os cangaceiros mantinham
estreitas relações com chefes políticos, os “coiteiros”, que
O exemplo clássico de um grupo organizado voltado para lhes concediam proteção e refúgio em momentos de per-
a prática de atividades ilegais é a famosa máfia italiana, seguição por parte das volantes.
que esteve ativa entre os anos de 1930 e 1960. O grupo
criminoso era formado por famílias de imigrantes italia- Para outros, entretanto, a prática do jogo do bicho foi
nos que chegavam aos Estados Unidos e que já tinham, considerada a primeira infração penal organizada no país.
anteriormente, a ideia de grupo “familiar” formada. Um Ela foi criada no início do século XX pelo Barão de Dru-
dos grupos mais famosos se denominam “Cosa nostra”, mond, que a idealizou com a finalidade de conseguir di-
que ainda existe e atua no mundo criminoso dos Estados nheiro para salvar os bichos do Jardim Zoológico no Rio
Unidos. de Janeiro. O jogo deu tanto lucro que começou a chamar
a atenção dos que buscavam obter dinheiro sem muita
A violência está intimamente ligada ao mundo do crime dificuldade. Nas palavras de Severino Coelho Viana: (...) a
organizado, sendo uma das ferramentas utilizadas para a ideia popularizou-se e passou a ser patrocinada por gru-
manutenção de sua existência. A cooperação de órgãos pos organizados, os quais monopolizaram o jogo, cor-
institucionais, seja pela omissão ou pela corrupção, tam- rompendo policiais e políticos. Consta que, na década de
bém é um fator determinante. 80, o jogo do bicho movimentou cerca de R$ 500.000 por
dia com as apostas realizadas, sendo que de 4% a 10%
É parte do senso comum relacionar o crime e a sua inci- deste montante foi destinado aos banqueiros”.
dência à realidade econômica e ao nível educacional de
uma região ou de um indivíduo. Entretanto, muito embora O Decreto- Lei nº 3.688/1941, conhecido como Lei das
estejam relacionados e possam se tornar um dos agra- Contravenções Penais, foi alterado pelo Decreto-Lei
vantes da incidência de atos criminosos em uma região, 6.255/1944, dando ao jogo do bicho o status de contra-
não são fatores determinantes. Os chamados “crimes de venção penal, gerando, por outro lado, a organização da
colarinho branco” são geralmente cometidos por indiví- criminalidade no país, uma vez que este texto legal proi-
duos altamente especializados com alto nível de educa- biu expressamente a realização do jogo e punia a conduta
ção formal. Possuem contato direto com meios ou pes- dos bicheiros.
soas influentes nos cenários políticos e econômicos, e
De forma contrária, existem aqueles que entendem que o Minas Gerais, Bahia e Paraná. Atualmente, seu líder é o
surgimento da delinquência organizada no país ocorreu “Marcola”, codinome de Marcos Willians Herbas Cama-
entre as décadas de 70 e 80 do século passado, atrelado cho.
à troca de experiências que ocorreu nos presídios cario-
cas entre criminosos comuns e políticos. Destarte, mos- Vale destacar, por fim, que várias organizações crimino-
tra-se oportuno trazer à baila trechos da obra do jornalista sas estrangeiras desenvolvem suas atividades ilícitas em
Carlos Amorim: território nacional, a exemplo da Cosa Nostra, que tem
membros instalados em alguns estados do Nordeste (pre-
“A experiência da luta armada foi mesmo transferida aos ferência pelo Ceará), praticando o tráfico de entorpecen-
bandidos comuns lentamente, no convívio eventual den- tes, de armas, exploração sexual e de jogos de azar, lava-
tro das cadeias, tanto na Ilha Grande quanto no Complexo gem de dinheiro etc; da máfia chinesa, que desenvolve em
Penitenciário da Frei Caneca. Mas foi na Ilha que esta larga escala a pirataria de inúmeros produtos, prostitui-
relação se tornou mais produtiva para o criminoso co- ção, corrupção de agentes públicos e extorsão de comer-
mum. Lá estavam representantes do Movimento Revolu- ciantes nos mercados da Avenida Liberdade (São Paulo) e
cionário 8 de outubro (MR-8), da Aliança Libertadora Na- do Saara (Rio de Janeiro); e da máfia japonesa, que está
cional (ALN ou ALINA), da Vanguarda Popular Revolucio- conectada ao PCC E CV no cometimento de tráfico de
nária (VPR) e da VAR-Palmares. Esses tinham para contar drogas, de armas, ganhando força ultimamente na explo-
operações complexas, que envolviam estruturas intrica- ração da prostituição e jogos de azar.
das e muitos recursos: os sequestros de diplomatas e os
assaltos a residências milionárias[32]. Lei de Organizações Criminosa

Decorrentes deste contexto e das condições desumanas CAPÍTULO I


existentes nos presídios brasileiros da época, surgem as DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
principais organizações criminosas brasileiras: o Coman-
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe
do Vermelho e o Primeiro Comando da Capital.
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da
O Comando Vermelho foi fundado no Instituto Penal Cân- prova, infrações penais correlatas e o procedimento cri-
dido Mendes, em 1979. A facção criminosa inicia suas minal a ser aplicado. Ver tópico.
atividades dentro do Presídio de Ilha Grande, prestando
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação
assistência aos presidiários e às suas famílias, além de
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada
financiar inúmeras fugas dos seus integrantes. Fora das
e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que infor-
dependências do “Caldeirão do Diabo” a organização pas-
malmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
sa a praticar assaltos a bancos e, atualmente, controla o
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
tráfico de drogas no Estado do Rio de Janeiro. Seu líder
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores
atual é Luiz Fernando da Costa, vulgo “Fernandinho Beira-
a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Mar”.
§ 2º Esta Lei se aplica também:
O Primeiro Comando da Capital (PCC), foi fundado em
1993 no “Piranhão”, como é conhecido o presídio de Se- I - às infrações penais previstas em tratado ou con-
gurança Máxima de Taubaté, sendo influenciado sobre- venção internacional quando, iniciada a execução no País,
maneira pelas ideias do Comando Vermelho, na medida o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro,
em que tem, também, como uma de suas características ou reciprocamente;
essenciais o assistencialismo prestado aos seus inte-
grantes e familiares, funcionando como um verdadeiro II - às organizações terroristas internacionais, reco-
“Estado paralelo” dentro e fora das penitenciárias. Acredi- nhecidas segundo as normas de direito internacional, por
ta-se que a organização criminosa nasceu com o escopo foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao
de enfrentar as condições degradantes existentes dentro terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execu-
dos estabelecimentos prisionais paulistas e vingar a mor- ção de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em
te dos 111 presos que foram massacrados no Carandiru. território nacional.
As atividades criminosas principais desenvolvidas pelo
II - às organizações terroristas, entendidas como aque-
grupo são os roubos a instituições bancárias e a carros
las voltadas para a prática dos atos de terrorismo legal-
de transporte de valores, extorsões de familiares de pre-
mente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de
sos, extorsão mediante sequestro e, notadamente, tráfico
2016) Ver tópico (26 documentos)
ilícito de entorpecentes com conexões internacionais.
Possui ramificações nos estados do Mato Grosso do Sul,
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pes- § 8º As lideranças de organizações criminosas arma-
soalmente ou por interposta pessoa, organização crimi- das ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o
nosa: cumprimento da pena em estabelecimentos penais de
segurança máxima. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa,
sem prejuízo das penas correspondentes às demais infra- § 9º O condenado expressamente em sentença por in-
ções penais praticadas. tegrar organização criminosa ou por crime praticado por
meio de organização criminosa não poderá progredir de
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de regime de cumprimento de pena ou obter livramento con-
qualquer forma, embaraça a investigação de infração dicional ou outros benefícios prisionais se houver elemen-
penal que envolva organização criminosa. tos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo
associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atua-
ção da organização criminosa houver emprego de arma CAPÍTULO II
de fogo. DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS
DE OBTENÇÃO DA PROVA
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando,
individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão
que não pratique pessoalmente atos de execução. permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os
seguintes meios de obtenção da prova:
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
terços): I - colaboração premiada;
I - se há participação de criança ou adolescente; II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, óp-
ticos ou acústicos;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a
organização criminosa dessa condição para a prática de III - ação controlada;
infração penal;
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e tele-
III - se o produto ou proveito da infração penal desti- máticas, a dados cadastrais constantes de bancos de
nar-se, no todo ou em parte, ao exterior; dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou
comerciais;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com
outras organizações criminosas independentes; V - interceptação de comunicações telefônicas e tele-
máticas, nos termos da legislação específica;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a trans-
nacionalidade da organização. VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fis-
cal, nos termos da legislação específica;
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcioná-
rio público integra organização criminosa, poderá o juiz VII - infiltração, por policiais, em atividade de investi-
determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego gação, na forma do art. 11;
ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medi-
da se fizer necessária à investigação ou instrução pro- VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais,
cessual. distritais, estaduais e municipais na busca de provas e
informações de interesse da investigação ou da instrução
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará criminal.
ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego
ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de fun- § 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo
ção ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subse- sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada
quentes ao cumprimento da pena.) licitação para contratação de serviços técnicos especiali-
zados, aquisição ou locação de equipamentos destinados
§ 7º Se houver indícios de participação de policial nos à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de
crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº
instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério 13.097, de 2015)
Público, que designará membro para acompanhar o feito
até a sua conclusão.
§ 2º No caso do § 1º , fica dispensada a publicação de nhuma das informações ou provas apresentadas pelo
que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade.
21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
controle interno da realização da contratação. (Incluído
pela Lei nº 13.097, de 2015) Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve
estar instruída com procuração do interessado com pode-
Seção I res específicos para iniciar o procedimento de colabora-
Da Colaboração Premiada ção e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor
público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio
jurídico processual e meio de obtenção de prova, que § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada
pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela deve ser realizada sem a presença de advogado constitu-
Lei nº 13.964, de 2019) ído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formaliza-
ção de acordo de colaboração demarca o início das nego- § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de
ciações e constitui também marco de confidencialidade, colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar
configurando violação de sigilo e quebra da confiança e a presença de outro advogado ou a participação de de-
da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de fensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
documento que as formalize, até o levantamento de sigilo
por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º No acordo de colaboração premiada, o colabora-
dor deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais con-
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada correu e que tenham relação direta com os fatos investi-
poderá ser sumariamente indeferida, com a devida justifi- gados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
cativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019). § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colabora-
ção e os anexos com os fatos adequadamente descritos,
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e
deverão firmar Termo de Confidencialidade para prosse- os elementos de corroboração. (Incluído pela Lei nº
guimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envol- 13.964, de 2019)
vidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior
sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, con-
ceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
análise ou o Termo de Confidencialidade não implica, por direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntari-
si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em amente com a investigação e com o processo criminal,
contrário quanto à propositura de medidas processuais desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas seguintes resultados:
processuais cíveis admitidas pela legislação processual
civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - a identificação dos demais coautores e partícipes da
organização criminosa e das infrações penais por eles
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser praticadas;
precedido de instrução, quando houver necessidade de
identificação ou complementação de seu objeto, dos fa- II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de
tos narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e tarefas da organização criminosa;
interesse público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de colabo- atividades da organização criminosa;
ração e de confidencialidade serão elaborados pelo cele-
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
brante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo advo-
proveito das infrações penais praticadas pela organiza-
gado ou defensor público com poderes específicos. (In-
ção criminosa;
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - a localização de eventual vítima com a sua integri-
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por
dade física preservada.
iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de ne-
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício leva- § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º , o respectivo
rá em conta a personalidade do colaborador, a natureza, termo, acompanhado das declarações do colaborador e
as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do de cópia da investigação, será remetido ao juiz para ho-
fato criminoso e a eficácia da colaboração. mologação, o qual deverá verificar sua regularidade, lega-
lidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosa-
§ 2º Considerando a relevância da colaboração pres- mente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor.
tada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado
de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifes- § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo,
tação do Ministério Público, poderão requerer ou repre- serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo,
sentar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao cola- as declarações do colaborador e cópia da investigação,
borador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acom-
na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 panhado de seu defensor, oportunidade em que analisará
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada
de Processo Penal). pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o pro- I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº
cesso, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por 13.964, de 2019)
até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspen- II - adequação dos benefícios pactuados àqueles pre-
dendo-se o respectivo prazo prescricional. Ver tópico (86 vistos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas
documentos) as cláusulas que violem o critério de definição do regime
inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput , o Ministério nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as
Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colabo- regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal
rador: e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução
Penal) e os requisitos de progressão de regime não
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o abrangidos pelo § 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº
Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se 13.964, de 2019)
a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração
de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o III - adequação dos resultados da colaboração aos re-
colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) sultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do
caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - não for o líder da organização criminosa;
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, espe-
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos cialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve
termos deste artigo. sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio
da infração quando o Ministério Público ou a autoridade § 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fun-
policial competente tenha instaurado inquérito ou proce- damentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e
dimento investigatório para apuração dos fatos apresen- das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do
tados pelo colaborador. (Incluído pela Lei nº 13.964, de Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
2019) Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
(Código de Processo Penal), antes de conceder os benefí-
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena
cios pactuados, exceto quando o acordo prever o não
poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a pro-
oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A des-
gressão de regime ainda que ausentes os requisitos obje-
te artigo ou já tiver sido proferida sentença. (Incluído pela
tivos.
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de re-
entre as partes para a formalização do acordo de colabo-
núncia ao direito de impugnar a decisão homologatória.
ração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investi-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
gado e o defensor, com a manifestação do Ministério
Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e § 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta
o investigado ou acusado e seu defensor. que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às
partes para as adequações necessárias. (Redação dada III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.964, de 2019)

§ 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador § 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em
poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ou- caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da colabo-
vido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado ração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de polícia responsável pelas investigações.
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso que o colaborador cesse o envolvimento em conduta ilíci-
em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo ta relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de
colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente rescisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
em seu desfavor.
Art. 5º São direitos do colaborador:
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garan-
tir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após I - usufruir das medidas de proteção previstas na legis-
o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. (In- lação específica;
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informa-
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homo- ções pessoais preservados;
logado e sua eficácia.
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos de-
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não mais coautores e partícipes;
denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
IV - participar das audiências sem contato visual com
requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade
os outros acusados;
judicial.
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de co-
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colabora-
municação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua
ção deverá ser feito pelos meios ou recursos de gravação
prévia autorização por escrito;
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das in- VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso
formações, garantindo-se a disponibilização de cópia do dos demais corréus ou condenados.
material ao colaborador. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019) VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabeleci-
mento penal diverso dos demais corréus ou condenados.
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador re- (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
nunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao si-
lêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada
verdade. deverá ser feito por escrito e conter:

§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
execução da colaboração, o colaborador deverá estar
II - as condições da proposta do Ministério Público ou
assistido por defensor.
do delegado de polícia;
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu
com fundamento apenas nas declarações de agente co-
defensor;
laborador.
IV - as assinaturas do representante do Ministério Pú-
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada
blico ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu
ou proferida com fundamento apenas nas declarações do
defensor;
colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - a especificação das medidas de proteção ao cola-
I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela
borador e à sua família, quando necessário.
Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigi-
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluído
losamente distribuído, contendo apenas informações que
pela Lei nº 13.964, de 2019)
não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento
serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distri- ou proveito do crime.
buição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) ho-
ras. Seção III
Da Infiltração de Agentes
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Minis-
tério Público e ao delegado de polícia, como forma de Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas
garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao de investigação, representada pelo delegado de polícia ou
defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos requerida pelo Ministério Público, após manifestação
elementos de prova que digam respeito ao exercício do técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso
direito de defesa, devidamente precedido de autorização de inquérito policial, será precedida de circunstanciada,
judicial, ressalvados os referentes às diligências em an- motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá
damento. seus limites.

§ 3º O acordo de colaboração premiada deixa de ser § 1º Na hipótese de representação do delegado de po-


sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o dis- lícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministé-
posto no art. 5º. rio Público.

§ 3º O acordo de colaboração premiada e os depoi- § 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de


mentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não pu-
recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo ve- der ser produzida por outros meios disponíveis.
dado ao magistrado decidir por sua publicidade em qual-
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6
quer hipótese. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, des-
Seção II de que comprovada sua necessidade.
Da Ação Controlada
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório cir-
Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a inter- cunstanciado será apresentado ao juiz competente, que
venção policial ou administrativa relativa à ação praticada imediatamente cientificará o Ministério Público.
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polí-
mantida sob observação e acompanhamento para que a
cia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
medida legal se concretize no momento mais eficaz à
Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da
formação de provas e obtenção de informações.
atividade de infiltração.
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou admi-
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia
nistrativa será previamente comunicado ao juiz compe-
infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput do
tente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e
art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes pre-
comunicará ao Ministério Público.
vistos nesta Lei e a eles conexos, praticados por organi-
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de zações criminosas, desde que demonstrada sua necessi-
forma a não conter informações que possam indicar a dade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os
operação a ser efetuada. nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando
possível, os dados de conexão ou cadastrais que permi-
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos tam a identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº
autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao de- 13.964, de 2019)
legado de polícia, como forma de garantir o êxito das in-
vestigações. § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se:
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto cir-
cunstanciado acerca da ação controlada. I - dados de conexão: informações referentes a hora,
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou ad- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
ministrativa somente poderá ocorrer com a cooperação
das autoridades dos países que figurem como provável II - dados cadastrais: informações referentes a nome e
itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os endereço de assinante ou de usuário registrado ou auten-
ticado para a conexão a quem endereço de IP, identifica-
ção de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos ele-
no momento da conexão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de trônicos praticados durante a operação deverão ser regis-
2019) trados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e
ao Ministério Público, juntamente com relatório circuns-
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de po- tanciado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
lícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministé-
rio Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados cita-
dos no caput deste artigo serão reunidos em autos apar-
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de tados e apensados ao processo criminal juntamente com
infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as pro- o inquérito policial, assegurando-se a preservação da
vas não puderem ser produzidas por outros meios dispo- identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos
níveis. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a re-
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, me- presentação do delegado de polícia para a infiltração de
diante ordem judicial fundamentada e desde que o total agentes conterão a demonstração da necessidade da
não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja com- medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando
provada sua necessidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas
2019) e o local da infiltração.
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o rela- Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro pú-
tório circunstanciado, juntamente com todos os atos ele- blico poderão incluir nos bancos de dados próprios, medi-
trônicos praticados durante a operação, deverão ser regis- ante procedimento sigiloso e requisição da autoridade
trados, gravados, armazenados e apresentados ao juiz judicial, as informações necessárias à efetividade da iden-
competente, que imediatamente cientificará o Ministério tidade fictícia criada, nos casos de infiltração de agentes
Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) na internet. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polí- Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente dis-
cia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério tribuído, de forma a não conter informações que possam
Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente
tempo, relatório da atividade de infiltração. (Incluído pela que será infiltrado.
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º As informações quanto à necessidade da opera-
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do dis- ção de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz
posto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, após manifestação do Ministério Público na hipó-
Art. 10-B. As informações da operação de infiltração
tese de representação do delegado de polícia, devendo-se
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
adotar as medidas necessárias para o êxito das investi-
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído
gações e a segurança do agente infiltrado.
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Os autos contendo as informações da operação
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegu-
Público e ao delegado de polícia responsável pela opera-
rando-se a preservação da identidade do agente.
ção, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Havendo indícios seguros de que o agente infil-
trado sofre risco iminente, a operação será sustada medi-
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
ante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de
identidade para, por meio da internet, colher indícios de
polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e
autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º
à autoridade judicial.
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar
devida proporcionalidade com a finalidade da investiga-
de observar a estrita finalidade da investigação responde-
ção, responderá pelos excessos praticados.
rá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltra- que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a
ção, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:
investigação, quando inexigível conduta diversa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 14. São direitos do agente:
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das inves-
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; tigações que envolvam a ação controlada e a infiltração
de agentes:
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que
couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
julho de 1999, bem como usufruir das medidas de prote-
ção a testemunhas; Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Minis-
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua tério Público ou delegado de polícia, no curso de investi-
voz e demais informações pessoais preservadas durante gação ou do processo:
a investigação e o processo criminal, salvo se houver
decisão judicial em contrário; Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotogra-
fado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de
prévia autorização por escrito. forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos
dados cadastrais de que trata esta Lei.
Seção IV
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, CAPÍTULO III
Documentos e Informações DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações


Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público te-
penais conexas serão apurados mediante procedimento
rão acesso, independentemente de autorização judicial,
ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
apenas aos dados cadastrais do investigado que infor-
de 1941 (Código de Processo Penal), observado o dispos-
mem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o
to no parágrafo único deste artigo.
endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas tele-
fônicas, instituições financeiras, provedores de internet e Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encer-
administradoras de cartão de crédito. rada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120
(cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogá-
Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo
veis em até igual período, por decisão fundamentada,
prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do
devidamente motivada pela complexidade da causa ou
juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos
por fato procrastinatório atribuível ao réu.
bancos de dados de reservas e registro de viagens.
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel
pela autoridade judicial competente, para garantia da
manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das
celeridade e da eficácia das diligências investigatórias,
autoridades mencionadas no art. 15, registros de identifi-
assegurando-se ao defensor, no interesse do representa-
cação dos números dos terminais de origem e de destino
do, amplo acesso aos elementos de prova que digam res-
das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e
peito ao exercício do direito de defesa, devidamente pre-
locais.
cedido de autorização judicial, ressalvados os referentes
Seção V às diligências em andamento.
Dos Crimes Ocorridos na Investigação
Parágrafo único. Determinado o depoimento do inves-
e na Obtenção da Prova
tigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos
autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o co-
mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo
laborador, sem sua prévia autorização por escrito:
ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. investigação.

Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colabora-


ção com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa
Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de- 02.A nova Lei n.º 11.343/06, com relação ao crime de
zembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a tráfico de entorpecentes, manteve a incriminação dos
seguinte redação: dezoito núcleos do tipo prevista no caput do antigo ar-
tigo 12 da Lei n.º 6.368/76, e
“ Associação Criminosa A) manteve a mesma terminologia "substância entor-
pecente ou que determina dependência física ou
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para psíquica" adotada pela lei antiga.
o fim específico de cometer crimes: B) diminuiu a pena mínima prevista no caput do art. 33
da Lei n.º 11.343/06 para 3 (três) anos de reclusão.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
C) acrescentou uma nova modalidade de conduta con-
sistente no oferecer droga sem o intuito de lucro pa-
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a
ra o consumo em conjunto.
associação é armada ou se houver a participação de cri-
D) acrescentou uma nova modalidade de conduta con-
ança ou adolescente.” (NR)
sistente em semear ou cultivar droga.
Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de- E) revogou a conduta assemelhada ao tráfico consis-
zembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a tente em utilizar local de que tem a propriedade pa-
ra o tráfico de drogas.
seguinte redação:

“Art. 342. 03.É certo que a pena de prestação de serviços à comuni-


................................................................................... dade, à qual poderá ser submetido aquele que guarda
drogas para consumo pessoal,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. A) será cumprida em entidades educacionais que se
ocupem, exclusivamente, da recuperação de depen-
............................................................................................ dentes de drogas.
......” (NR) B) prescreve em um ano.
C) será aplicada pelo prazo máximo de cinco meses.
Art. 26. Revoga-se a Lei nº 9.034, de 3 de maio de D) será aplicada pelo prazo máximo de um ano, em ca-
1995. so de reincidência.
E) não poderá ser aplicada cumulativamente com a
Art. 27. Esta Lei entra em vigor após decorridos 45
pena de advertência.
(quarenta e cinco) dias de sua publicação oficial. Ver tó-
pico (52 documentos) 04.Qual o entendimento do Supremo Tribunal Federal
relativamente ao art. 28 da Lei n. 11.343/2006 (Nova
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192º da Independência e
Lei de Tóxicos)?
125º da República.
A) Implicou abolitio criminis do delito de posse de dro-
gas para consumo pessoal.
B) A posse de drogas para consumo pessoal continua
sendo crime sob a égide da lei nova, tendo ocorrido,
contudo, uma despenalização, cuja característica
marcante seria a exclusão de penas privativas de li-
01.De acordo com a Lei nº 11.343/06, a conduta de culti- berdade como sanção principal ou substitutiva da
var, para seu consumo pessoal, plantas destinadas à infração penal.
preparação de pequena quantidade de substância ou C) Pertence ao Direito penal, mas não constitui "crime",
produto capaz de causar dependência física ou psíqui- mas uma infração penal sui generis; houve descri-
ca, é considerada minalização formal e ao mesmo tempo despenali-
A) típica, mas não punível. zação, mas não abolitio criminis.
B) atípica. D) Não pertence ao Direito penal, constituindo-se numa
C) típica e punida com pena de reclusão de 5 (cinco) a infração do Direito judicial sancionador, seja quando
15 (quinze) anos, podendo ser reduzida de um sexto a sanção alternativa é fixada em transação penal,
a dois terços, desde que o agente seja primário, de seja quando imposta em sentença final (no proce-
bons antecedentes e não integre organização cri- dimento sumaríssimo da Lei dos Juizados), tendo
minosa. ocorrido descriminalização substancial (ou seja:
D) típica e punida, por exemplo, com pena de presta- abolitio criminis).
ção de serviços à comunidade.
E) típica e punida com pena de reclusão de 5 (cinco) a
15 (quinze) anos.
05.O agente que adquire e guarda, para consumo pessoal, 09.A atual Lei de Drogas brasileira (Lei nº. 11.343, de
drogas sem autorização ou em desacordo com deter- 2006) paira entre os esforços de organizações da so-
minação legal ciedade civil para mitigação da repressão penal, nos
A) poderá ser preso em flagrante, desde que apresen- casos de uso de drogas, e recrudescimento dessa re-
tado imediatamente após o fato à autoridade judici- pressão nos casos de tráfico e condutas afins. Dentro
al. dessa lógica, a referida lei:
B) deverá ser imediatamente encaminhado à autorida- A) eliminou a pena privativa de liberdade para o crime
de policial, que o submeterá a exame de corpo de de posse de droga para consumo pessoal, exceto
delito e o dispensará. em caso de reincidência, caso em que se aplicam as
C) será processado e julgado na forma da Lei nº regras do Código Penal sobre fixação de regime pe-
9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especi- nitenciário.
ais Criminais. B) determinou que a pena de prestação de serviços à
D) será processado e julgado segundo as disposições comunidade seja cumprida preferencialmente em
do Código de Processo Penal e da Lei de Execuções estabelecimentos, públicos ou privados, destinados
Penais. a promover a prevenção e a recuperação dos usuá-
E) não poderá se beneficiar da proposta de aplicação rios.
imediata de pena prevista no artigo 28 da Lei nº C) criminalizou a indução, a instigação e o auxílio ao
11.343/2006 pelo Ministério Público. uso indevido de droga, por isso é proibida a realiza-
ção de eventos nos quais, a pretexto de debater ou
06.As ações do SISNAD limitam-se ao plano interno, ou educar, pessoas se manifestem ostensivamente fa-
seja, aos limites do território nacional, razão pela qual voráveis ao consumo.
esse sistema não comporta a integração de estraté- D) descriminalizou a conduta de ceder imóvel para que
gias internacionais de prevenção do uso indevido de o mesmo seja usado em atividades ligadas ao tráfi-
drogas. co de drogas, desde que a cessão seja gratuita.
C E E) eliminou a pena privativa de liberdade para o crime
de fornecimento eventual de droga, sem objetivo de
07.As instituições que atuam nas áreas de atenção à sa- lucro, para que o terceiro consuma junto com o for-
úde e assistência social e que atendam usuários ou necedor.
dependentes de drogas devem comunicar ao órgão
competente do respectivo sistema municipal de saúde 10.Dentre as penas previstas pela Lei n.º 11.343/2006,
os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando para quem adquirir, guardar, tiver em depósito, trans-
a identidade das pessoas. portar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, dro-
C E gas sem autorização ou em desacordo com determi-
nação legal ou regulamentar, encontra-se a:
08.Nos termos do que estabelece a Lei sobre Drogas (Lei A) prisão domiciliar.
n.º 11.343/2006), quem adquirir, guardar, tiver em de- B) advertência sobre os efeitos das drogas
pósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo C) prisão civil
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo D) prisão preventiva
com determinação legal ou regulamentar poderá sofrer E) detenção de 6 meses a um ano e multa.
a seguinte pena:
A) medida educativa de comparecimento a programa 11.Roberval Taylor consumiu droga sem autorização ou
ou curso educativo, pelo prazo máximo de cinco em desacordo com determinação legal ou regulamen-
meses, se não reincidente. tar. Essa conduta, segundo a Lei sobre Drogas (Lei n.º
B) detenção. 11.343/06), pode submeter Roberval, entre outras, às
C) reclusão. seguintes penas:
D) pagamento de multa a ser revertida ao patrimônio A) prisão e prestação de serviços à comunidade.
da Defensoria Pública. B) advertência sobre os efeitos das drogas e prestação
E) prestação de serviços à comunidade, pelo prazo de serviços à comunidade
máximo de um ano, a ser cumprida em programas C) medida educativa de comparecimento a programa
comunitários ou entidades que se ocupem da pre- ou curso educativo e detenção
venção do consumo ou da recuperação de usuários D) cassação dos direitos políticos e advertência sobre
e dependentes de drogas. os efeitos das drogas.
E) multa e reclusão.
12.Entende-se como o uso sistemático da violência para II. Para ser reconhecida uma organização criminosa,
intimidar um governo ou uma população, de modo a exige-se a prática de infrações penais cujas penas
alcançar um objetivo político, ideológico ou religioso: máximas sejam superiores a quatro anos ou, que
A) Racismo; sejam de caráter transnacional, o que, como se per-
B) Homofobia; cebe, é um requisito objetivo e alternativo.
C) Terrorismo; III. As penas previstas para infrações penais praticadas
D) Guerra Civil. por organização criminosa e por associação crimi-
nosa são majoradas no mesmo percentual, se na
13.Nos termos da Lei nº 13.260/2016 (Lei Antiterroris- atuação de uma ou outra houver emprego de arma
mo), assinale a alternativa correta. ou participação de criança ou adolescente.
A) Os crimes previstos na referida Lei são praticados
contra o interesse da União, cabendo à Polícia Fe- Quais estão CORRETAS?
deral a investigação criminal, em sede de inquérito A) Apenas I
policial. B) I e II
B) Aquele que for flagrado constituindo uma organiza- C) II e III
ção terrorista, não cometerá um crime, estando su- D) Apenas III
jeito a responsabilização por realizar atos prepara-
tórios do terrorismo. 16.No que se refere a organização criminosa, assinale a
C) O terrorismo consistirá sempre na prática por mais opção correta, com base na Lei n.º 12.850/2013.
de um indivíduo de atos criminosos por razões de A) Organização criminosa não configura um tipo penal
xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, incriminador autônomo, mas meramente a forma de
cor, etnia e religião, quando cometidos com a finali- praticar crimes.
dade de provocar terror social ou generalizado. B) A associação estável e permanente de três ou mais
D) São atos de terrorismo incendiar, depredar, saquear, pessoas para a prática de crimes é requisito para a
destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer configuração de organização criminosa.
bem público ou privado. C) É circunstância elementar da organização crimino-
E) São atos de terrorismo incendiar, interferir, sabotar sa a finalidade de obtenção de vantagem de qual-
ou danificar sistemas de informática ou bancos de quer natureza mediante a prática de infrações pe-
dados, quando cometidos com a finalidade de pro- nais, consumando-se com a prática, pelos membros
vocar terror social ou generalizado. da organização, de quaisquer ilícitos com penas
máximas superiores a quatro anos.
14.Nos termos da Lei n° 13.260/16 (Lei Antiterrorismo), D) É circunstância elementar da organização crimino-
aquele que realizar atos preparatórios de terrorismo sa a estrutura ordenada, caracterizada pela divisão
com o propósito inequívoco de consumar tal delito formal de tarefas entre os membros da sociedade
A) responderá por tentativa de terrorismo e também criminosa.
por organização criminosa. E) Organização criminosa é crime comum, não exigin-
B) responderá por contravenção penal. do qualidade ou condição especial do agente, mas
C) responderá somente por crime previsto na Lei de terá pena aumentada se houver concurso de funci-
Organização Criminosa. onário público e a organização valer-se dessa con-
D) responderá pelo delito consumado com diminuição dição para a prática de infrações penais.
de pena.
E) não responderá por qualquer delito, por se tratar de 17.Abel é investigador da Polícia Federal, sendo integran-
fato atípico. te de equipe que trabalha em inquérito sobre organiza-
ções criminosas. Como orientação da chefia do setor
15.A propósito da Lei de Organização Criminosa, Lei nº especializado, busca utilizar todas as autorizações le-
12.850/2013, e do crime de Associação Criminosa, Art. gais para produzir provas. Nos termos da Lei nº
288 do Código Penal, analise as assertivas a seguir: 12.850/2013, um dos meios de obtenção de prova
I. O critério distintivo entre associação criminosa e consiste em:
organização criminosa não é o número de indiví- A) investigação social
duos, mas, sim, o fato de ser a organização crimino- B) decisão judicial prévia
sa estruturada e organizada, com tarefas divididas. C) colaboração premiada
É possível que um grupo tenha mais do que três in- D) ato de execução
tegrantes, finalidade de praticar crimes com penas
superiores a 04 anos e ser enquadrado como asso-
ciação criminosa.
18.João, Mário, Nicolau e José praticam, em conjunto, 20.A Lei n° 12.850, de 2 de agosto de 2013, dentre outras
uma série de crimes. Para que essa empreitada crimi- disposições, definiu organização criminosa e dispôs
nosa possa ser considerada “organização criminosa”, é sobre a investigação criminal, os meios de obtenção
necessário que: da prova, infrações penais correlatas e o procedimento
A) exista divisão de tarefas, ainda que de maneira in- criminal. A seu respeito, é correto afirmar que
formal. A) tanto aquele que promove organização criminosa
B) ao menos um dos crimes tenha sido praticado con- quanto o que, de qualquer forma, embaraça a inves-
tra a Administração Pública. tigação de infração penal que envolva organização
C) ao menos um dos criminosos seja funcionário pú- criminosa serão apenados com pena de reclusão,
blico. de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das
D) exista participação de funcionário de instituição fi- penas correspondentes às demais infrações penais
nanceira. praticadas.
E) ao menos mais um criminoso integre o grupo. B) por expressa disposição legal, não existirá organi-
zação criminosa típica voltada a obter vantagem, de
19.De acordo com a Lei nº 12.850/2013, considera-se qualquer natureza, mediante a prática de contra-
Organização Criminosa: venções penais.
A) A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estru- C) se houver participação de criança ou adolescente
turalmente ordenada e caracterizada pela divisão de na organização ou na associação criminosa, a pena
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de será aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois ter-
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qual- ços).
quer natureza, mediante a prática de infrações pe- D) quando a medida se fizer necessária à investigação
nais cujas penas máximas sejam superiores a 4 ou instrução processual, se houver indícios sufici-
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacio- entes de que o funcionário público integra organi-
nal. zação criminosa, poderá o juiz determinar seu afas-
B) A associação de 3 (três) ou mais pessoas estrutu- tamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem
ralmente ordenada e caracterizada pela divisão de remuneração.
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de E) ao tratar da colaboração premiada, em seu artigo 4°,
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qual- a lei restringe expressamente a concessão do per-
quer natureza, mediante a prática de infrações pe- dão judicial à hipótese da localização de eventual
nais cujas penas máximas sejam superiores a 4 vítima com a sua integridade física preservada.
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacio-
nal. 21.Acerca do crime de organização criminosa, julgue os
C) A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estru- itens a seguir, tendo como referência a Lei n.º
turalmente ordenada e caracterizada pela divisão de 12.850/2013.
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de I. Considera-se organização criminosa a associação
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qual- composta por, pelo menos, três participantes que
quer natureza, mediante a prática de infrações pe- tenham por objetivo obter, direta ou indiretamente,
nais cujas penas máximas sejam superiores a 8 (oi- vantagem de qualquer natureza, mediante a prática
to) anos, ou que sejam de caráter transnacional. de infrações penais.
D) A associação de 3 (três) ou mais pessoas estrutu- II. Uma organização criminosa tem como característi-
ralmente ordenada e caracterizada pela divisão de ca elementar a estrutura ordenada e a divisão de ta-
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de refas.
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qual- III. A associação de pessoas com o fim de cometer in-
quer natureza, mediante a prática de infrações pe- frações penais cujas penas cominadas forem inferi-
nais cujas penas máximas sejam superiores a 8 (oi- ores a quatro anos será reconhecida como organi-
to) anos, ou que sejam de caráter transnacional. zação criminosa somente se pelo menos um de
E) A associação de pessoas estruturalmente ordenada seus membros for servidor público.
e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que IV. Para a consumação do crime de organização crimi-
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indi- nosa, é prescindível a prática de outros atos crimi-
retamente, vantagem de qualquer natureza, median- nosos pela organização.
te a prática de infrações penais cujas penas máxi-
mas sejam superiores a 8 (oito) anos, ou que sejam Assinale a opção correta.
de caráter transnacional. A) Apenas o item I está certo.
B) Apenas o item II está certo.
C) Apenas os itens I e III estão certos.
D) Apenas os itens II e IV estão certos.
E) Apenas os itens III e IV estão certos.
22.Assinale a opção correta, a respeito do crime de orga- 25.Em determinada cidade, quatro oficiais de justiça, de
nização criminosa previsto na Lei n.º 12.850/2013. maneira recorrente e organizada, com plena divisão de
A) Para que se configure o referido crime, tem de se tarefas, com o objetivo de obter vantagem indevida, se
comprovar a ocorrência de associação estável e reuniam para orquestrar e praticar crimes de falsidade
permanente de três ou mais pessoas para a prática ideológica de documento particular (art. 299. Pena: re-
criminosa. clusão de 1 a 3 anos e multa) na própria cidade, docu-
B) Constitui circunstância elementar desse delito a fi- mentos esses que não tinham qualquer relação com a
nalidade de obtenção de vantagem de qualquer na- função pública que exerciam.
tureza mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a quatro anos ou Descobertos os fatos, a conduta dos funcionários pú-
que sejam de caráter transnacional. blicos:
C) A estruturação organizada e ordenada de pessoas, A) configura crime de organização criminosa, não inci-
com a necessária divisão formal de tarefas entre dindo a majorante pelo fato de serem os agentes
elas, é circunstância elementar objetiva do crime funcionários públicos, já que os crimes praticados
em apreço. não estavam relacionados à função pública que
D) A prática de pelo menos um ato executório das in- exercem;
frações penais para as quais os agentes se tenham B) não configura crime de organização criminosa em
organizado constitui condição para a consumação razão da sanção penal prevista para os delitos que
do referido delito. praticavam e pretendiam praticar;
E) E Ao agente que exercer o comando, individual ou C) configura crime de organização criminosa, incidindo
coletivo, de organização criminosa, ainda que não qualificadora pelo fato de os membros serem funci-
pratique pessoalmente atos de execução, será apli- onários públicos;
cada causa de aumento de pena de um sexto a dois D) configura crime de organização criminosa, incidindo
terços. causa de aumento pelo fato de os membros serem
funcionários públicos;
23.A Lei nº 12.850/2013 disciplina a atuação de agentes E) não configura o crime de organização criminosa em
de polícia infiltrados em tarefas de investigação. razão da quantidade de agentes envolvidos na em-
preitada delitiva.
Nesse sentido, qual é o prazo pelo qual será autorizada
a referida infiltração do agente? 26.Sobre a ação controlada prevista na Lei 12.850/13, é
A) 1 (um) ano, vedada sua renovação. CORRETO afirmar:
B) 1 (um) ano, autorizada sua renovação. A) A intervenção policial ou administrativa poderá ser
C) 6 (seis) meses, podendo o prazo ser renovado. postergada sem que exista prévia comunicação ao
D) 2 (dois) anos, vedada sua renovação. juízo competente.
E) 2 (dois) anos, podendo o prazo ser renovado. B) Consiste na imediata intervenção policial ou admi-
nistrativa relativa à ação praticada no âmbito de or-
24.A Lei nº 12.850/2013 disciplina a possibilidade de ganização criminosa ou a esta vinculada.
agentes de polícia em tarefas de investigação. C) Mesmo que envolva a transposição de fronteiras,
não haverá necessidade de cooperação do país tido
Nesse sentido, assinale a alternativa que NÃO apre- como provável destino do investigado.
senta um dos direitos do agente. D) Poderá ter seus limites definidos pelo juiz compe-
A) Recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada. tente.
B) Ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua
voz e demais informações pessoais preservadas 27.Determinada conduta configurará organização crimi-
durante a investigação e o processo criminal, salvo nosa somente se
se houver decisão judicial em contrário. A) o objetivo exclusivo dos agentes for o de obter van-
C) Não ter sua identidade revelada, nem ser fotografa- tagem de natureza patrimonial.
do ou filmado pelos meios de comunicação, sem B) a associação for ordenada para a prática da infra-
sua prévia autorização verbal. ção, ainda que inexista a divisão de tarefas entre os
D) Usufruir das medidas de proteção a testemunhas. agentes.
E) Ter sua identidade alterada. C) os agentes cometerem infrações sujeitas a pena de
reclusão.
D) houver escalonamento hierárquico entre os agen-
tes.
E) estiverem associadas, no mínimo, três pessoas.
CRIMINOLOGIA

ANDERSON SANTOS

INTRODUÇÃO À CRIMINOLOGIA
01 E 11 C 21 C
02 B 12 C 22 E
03 C 13 E 23 B
04 C 14 A 24 A
05 B 15 A 25 E
06 C 16 C 26 E
07 A 17 C 27 D
08 E 18 B 28 E
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10 E 20 A
INSTITUIÇÕES SOCIAIS RELACIONADAS AO CRIME
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CRIMES EM MASSA
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ESTUDO DO HOMICÍDIO
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